quinta-feira, março 01, 2007

Uma Mulher de Sonho


Uma cacilhense, quase octagenária, contou-me uma história deliciosa, quando foi convidada por um realizador para participar num filme português.

Clara foi descoberta numa viagem de cacilheiro por Arthur Duarte (realizador de dezenas de filmes, dos quais destaco "O Leão da Estrela", o "Costa do Castelo" e "A Menina da Rádio"), no final da década de cinquenta.

Arthur não sabia muito bem o que queria, sabia só que queria alguém que não fosse profissional e tivesse uma beleza especial. Atravessou o rio por acaso, para almoçar no "Gonçalves". Assim que viu a mulher de cabelos e olhos claros, percebeu que era ela, que procurava...

O mais curioso foi que ao fim de uma semana, já tinha esquecido o filme, queria era conquistar aquela mulher, de pouco mais de trinta anos. Claro que não o conseguiu. Por várias razões.

Porque Clara estava bem casada com o João e porque não gostava de homens mais velhos. Além disso, apesar de gostar de se vestir bem e ser vistosa, era uma mulher séria, que nunca pensou ser actriz, nem mesmo nos palcos amadores...
Este retrato pintado por Eduardo Malta foi a imagem mais parecida que encontrei da Dona Clara, uma mulher que continua bonita, por dentro e por fora...

14 comentários:

António disse...

Amor cinéfilo à primeira vista.
Digo eu...

Alice C. disse...

Se a senhora é parecida com o "retrato", é linda.

Mas aquela frase, em que a Clara se diz séria, e que nunca lhe passou pela cabeça pisar qualquer palco, não deixa as actrizes muito bem no "retrato".

Rosa dos Ventos disse...

Era mesmo assim que pensavam as mulheres sérias!
Quem fazia teatro, cantava ou fazia cinema não era séria!
Mas afinal o que é ser séria?

Maria P. disse...

Fantástica história.

Mas concordo com a questão deixada pela Rosa dos Ventos...


Um abraço*

Anónimo disse...

Uma achega...
Não são raros, mesmo em pleno século XXI, os pensamentos de que quem faz teatro, cinema, bailado, etc.,não é uma pessoa séria.
Obviamente um pensamento impróprio.
Mas que existiu, em grande quantidade, no passado, e se mantém, ainda que com uma considerável adaptação à realidade.

Luis Eme disse...

Parece que sim Repórter. Só não foi correspondido...

Luis Eme disse...

A senhora é linda, Alice.

A frase tem o valor que tem, se bem que deve ser analisada à luz da época.

Luis Eme disse...

Perguntas muito bem, Rosa, o que isso de ser séria?...
De certeza que tem várias interpretações...

Luis Eme disse...

Acho que todos concordamos com a Rosa, Maria.

Luis Eme disse...

Creio que tens razão, Repórter. Ainda não está totalmente esbatida, a "má fama" das mulheres artistas...

Maria disse...

Esta coisa de eu ir a Caldas e ficar limitada de computador terá de acabar.
Venho tarde, mas fica aqui a minha questão, aliás já colocada: "O que é ser uma mulher séria?"

Bom fim de semana

Luis Eme disse...

Concerteza que não se deixa de ser "séria", por se ser actriz, pintora, cantora ou outra coisa qualquer... se bem que esta palavra, há cinquenta anos tinha uma conotação diferente, Maria.

Era um tempo em que as mulheres andavam na rua, cabisbaixas, sem olhar para outros homens... quase uma coisa das arábias.

Ida disse...

Bonito pedacinho de história (ou de vida). Cheio de delicadeza e sensibilidade, freqüentes neste teu blog. E o dado curioso é q, por travessuras do destino, eu assisti ao filme "O costa do castelo" há alguns anos, quando vivia no Porto. Delicioso o filme, e ficou-me na memória com cenas e falas engraçadas.

And last but not least, "a pequena" acaba de chegar ao Rio. Tá um calor insuportável, que eu já tinha esquecido, entre uns deliciosos 13 graus à noite em Lx e o eclipse de sábado, visto a caminhar com amigos na rua.

Vou arranjar um tempo para contar, no blog, um pouco desta viagem, a mais estranha q fiz a Portugal. Beijos!

Luis Eme disse...

Gostei de te "ler" Ida...

Fico à espera do relato dessa tal viagem, a mais estranha que fizeste a Portugal...

Bjs.