quinta-feira, julho 30, 2020

Detesto Portas Fechadas "Apenas porque Sim"...

Continuo a não perceber o porquê do encerramento do "Museu da Música Filarmónica"  por parte do Município (não fixei a data, mas já deve ter sido há mais de um ano...), em Almada, até porque as suas instalações, novas, não voltaram a ter qualquer outra utilidade.

Isto lembra-me sempre o que fizeram na minha Cidade Natal ao "Cine-Teatro Pinheiro Chagas" (foi todo esventrado por dentro, para que não se fizesse cultura, cinema, teatro ou outra coisa, mas deixaram o mono  - a estrutura exterior - anos e anos, de pé, sem qualquer utilidade)...

Há gente com muitos complexos sobre algumas culturas, diferentes das que tanto gostam... 

Em Almada há ainda outra questão: será que o "fantasma comunista" também está por detrás da falta de apoio que é dado às bandas filarmónicas centenárias, assim como no desprezo pela sua história?

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, julho 27, 2020

A Ignorância Atrevida dos Políticos


Percebe-se que os políticos (e provavelmente todos aqueles que não sentem curiosidade em aprender coisas novas...) demonstram cada vez mais ignorância sobre os vários saberes. Descobrimos isso graças à sua obsessão por microfones e câmaras de televisão. Tanto querem falar que, facilmente sai asneira...

O que eles aprendem com facilidade, são as frases feitas que colam aos discursos, sem tão pouco se importarem muito com o seu "distanciamento" da realidade local.

Onde noto mais a sua "pobreza pouco franciscana", é quando "chocam de frente" com a história dos lugares que governam. Limitam-se a debitar uma série de lugares comuns, com algumas lendas bonitas e fantasiosas à mistura, que, felizmente, graças ao trabalho de vários historiadores, têm sido afastadas da história "real".

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)

domingo, julho 26, 2020

O que o Tejo Une e Separa...


Penso que o Tejo é o principal responsável pelo facto das localidades ribeirinhas, próximas da Capital, possuírem uma identidade própria, que também tem sido alicerçada por séculos de história.

Almada, Barreiro, Seixal ou Montijo, por exemplo, são muito diferentes da Amadora, de Odivelas ou de Loures.

Esta "fronteira" natural só começou a ser esbatida nos últimos cem anos, com a melhoria das condições de travessia do rio, com o começo da oferta de carreiras regulares entre as duas margens do rio. 

E a partir de 1966, com a construção da Ponte 25 de Abril (é muito mais bonito que o nome anterior...) que liga Alcântara ao Pragal, tudo ficou mais próximo...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

segunda-feira, julho 20, 2020

A Quase Desaparecida "Política (Autárquica) de Proximidade" em Almada...

Como se costuma dizer, os exemplos (bons e maus...) "vêm sempre de cima". Embora não rime, é verdade. E tanto podem ser transpostos para um governo (nacional ou local), para uma empresa ou para as nossas casas...

Um comentário bastante pertinente feito ao último texto que aqui publiquei, revela muitos dos pecadilhos cometidos pela actual presidente e pelo seu executivo, que antes do "covid 19" já tinha algum cuidado com o distanciamento em relação aos almadenses.

Há uma década ainda era possível assistir à prática de uma política de proximidade, especialmente por parte das Juntas de Freguesia, que faziam questão de se encontrarem próximas dos seus cidadãos (a malfadada redução destes órgãos autárquicos, com o dedo do Relvas, não justifica toda esta "invisibilidade" dos últimos anos...). O mesmo se passava com a presidente do Município de então. Embora Maria Emília de Sousa cultivasse um estilo quase de "evita péron", ela ia a todas. Não faltava a um aniversário de uma colectividade, a uma inauguração ou a a outra festividade, que lhe permitisse estar junto da população almadense.

É também por isso que volto ao comentário de "Alma de Almada". Como ele muito bem disse, a democracia não se resume às Assembleias Municipais, nem às reuniões de Vereação. A democracia pratica-se diariamente nas ruas, nas colectividades, nas empresas e nas escolas do Concelho.

Embora não faça qualquer sentido (e é assim que se perdem eleições...), a sensação que se tem na actualidade, é que a coligação PS/PSD, governa de costas voltadas para a população almadense...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, julho 17, 2020

As Portas Fechadas que não Voltam a Abrir...


Vou transcrever aqui para o "Casario", uma parte do texto que escrevi hoje no "Largo". Porque além de ser um retrato social, é também uma reflexão sobre Almada e sobre o Associativismo...

«Muitas das pessoas que agora passam a maior parte do tempo em casa (quase todos nós...), quando puderem voltar a sair para a rua, para voltarem a ter uma vida quase normal, percebem que isso não é possível.
Terras como Almada, com muitas colectividades, quando acordarem deste pesadelo, vão descobrir que uma boa parte delas já passou à história (para satisfação dos governantes actuais, que olham para todas as associações, como se estivessem pintadas de vermelho e tivessem nos seus emblemas foices e martelos...). 
Pois é, continuarão a receber "convites" invisíveis, para voltarem para casa...
É por isso que eu digo, que já apareceram por aqui muitos vírus, mas nenhum tão fascista e anti-social como este...»

Gostaria muito de estar enganado, mas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

domingo, julho 12, 2020

A Parábola Sempre Actual de "O Velho, o Rapaz e o Burro" (a ordem é arbitrária...)


Não faço ideia de quem escreveu a parábola de "O Velho, o Rapaz e o Burro". Sei apenas que ela irá permanecer actual enquanto existirem no mundo pessoas de idade, jovens e animais.

Pensei nela numa conversa que tive recentemente com alguém, mais jovem que eu, que queria saber o que tinham sido as "Tertúlias da SCALA no Dragão". 

Fiz uma pequena síntese histórica onde tive obrigatoriamente de falar no seu ideólogo, Fernando Barão, sem me retirar do retrato (fui eu que continuei o seu legado durante vários anos...). Mas o que este rapaz quis saber era quais eram os nossos objectivos, e se eles tinham sido conseguidos, ao longo de mais de onze anos, em que realizámos tertúlias culturais no primeiro andar do café "Dragão Vermelho", por onde passaram algumas das personagens mais importantes e curiosas da Cultura Almadense (e também algumas figuras nacionais, como foram o caso de Raul Solnado ou Vasco Lourenço).

Disse-lhe que os nossos objectivos, enquanto associação cultural (a SCALA é sobretudo uma associação cultural), foram amplamente conseguidos. Destruímos alguns mitos, o maior talvez fosse a capacidade de fazer algo de importante, sem ter nenhuma ligação ao Poder Local (o único apoio que recebemos foi dos donos do "Café Dragão Vermelho", que sempre nos deram apoio e a única contrapartida que recebiam era a despesa que fazíamos, quem queria ía lá jantar, quem queria apenas assistir à "Tertúlia", podia apenas beber um café...).

Por sabermos que havia uma grande défice cultural no nosso país, achámos por bem, fazer algo de diferente, que enriquecesse as pessoas, ao mesmo tempo que lhes oferecia um convívio familiar (e durante anos sentimos-nos mesmo uma "família", os meus filhos cresceram lá, apaparicados por todos aqueles amigos...). 

Claro que tivemos alguns "inimigos" de peso. O maior talvez fosse o futebol (a "Tertúlia" era mensal e realizava-se na primeira quinta-feira no mês e muitas vezes coincidia com as jornadas europeias. Notava-se a ausência de alguns amigos quando jogava o Benfica, o Sporting e o Porto...).

Mas estou a "estender o lençol", sem dizer o que queria... Quando fui buscar "O Velho, o Rapaz e o Burro", tem muito a ver com as reacções dispares de algumas pessoas, para justificarem a sua ausência: uns não iam porque era demasiado "intelectual"; outras achavam que aquela cultura era demasiado popular; e outros ainda, achavam que deviam ser só para a SCALA e com pessoas da SCALA...

Estavam todos errados. Embora soubéssemos (eu e o Fernando, falámos várias vezes sobre o assunto...) que a cultura era uma coisa de minorias, queríamos chegar ao maior número de pessoas, sem qualquer tipo de prurido social ou cultural.

E foi muito bom, enquanto durou... Como tudo na vida, teve o seu tempo. Mas foi uma boa "pedrada no charco" na cultura de Almada.

(Fotografia de Gena de Souza - Almada)


domingo, julho 05, 2020

A "Ligação à Comunidade Local"


Há quase 27 anos realizou-se em Almada o "3.º Congresso Nacional de Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto".

Houve dezenas de intervenções, algumas bastante importantes, mas que acabaram por passar ao lado de quase todos os participantes, inclusive dos Almadenses. Uma delas foi da autoria do meu amigo Fernando Barão (em representação da Incrível Almadense), que nos deixou em Maio, que passados estes anos, não só mantém a actualidade como nos demonstra todo o tempo que se perdeu, sem fazer essa coisa simples e praticável, que é a "Ligação (das Colectividades) à Comunidade Local", que temos todo o gosto em transcrever os seus três primeiros parágrafos:

«A verdadeira e única saída para a evolução do Movimento Associativo será a sua ligação à comunidade que o rodeia.
Assim é da máxima importância, o estabelecimento de ligações pragmáticas e afectivas de todos os núcleos colectivistas de uma localidade com a sua população, de forma a que esta reconheça as suas validades e sintam, no dia a dia, as suas acções benéficas e altruístas.
Uma instituição colectiva, nos tempos que vão correndo terá de ir ao encontro da sua comunidade local, com objectivos certeiros, perscrutando primordialmente as suas carências. Terá de ser, insofismavelmente, o elemento necessário ao seu abastecimento de índices que alterem superiormente, as formações físicas e anímicas dessas gentes vítimas de uma sociedade consumista onde impera  o lucro fácil em troca de péssimos serviços.»

Todos aqueles que fizeram o que o Fernando, muito bem escreveu, que conseguiram com que as suas Colectividades se aproximassem das comunidades onde estão inseridas e lhes oferecessem o que necessitavam, de certeza que ficaram melhor que, os que se limitaram apenas a assobiar para o ar ou a bater à porta das autarquias, para pedir o respectivo "subsídio"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

quarta-feira, julho 01, 2020

"Lista Negra" no Associativismo Almadense?

É muito triste quando quem ocupa o poder, acabe por seguir os mesmos métodos, que antes criticava (e com razão), de quem governava.

Desde que o PS  conquistou a Câmara de Almada, que trata a generalidade das Colectividades Almadenses como um "alvo a abater", associando-as à  CDU, ou para sermos mais claros, ao PCP.

Esta é a forma mais eficaz de "destruir" este tecido colectivo, já de si enfraquecido pelo modelo de sociedade em que vivemos (cada vez menos solidária e com menos princípios colectivos...), cortando de uma forma quase radical com os subsídios que eram atribuídos, como se todas as associações fossem "subsídio-dependentes" e não funcionassem como uma mais valia para as populações onde estão inseridas,  oferecendo cultura, desporto e recreio, a quem não tem dinheiro para frequentar "escolinhas de futebol", ginásios ou escolas de música e de dança, entre outras actividades.

Estou a vontade para escrever isto, porque antes era contra a "política associativa" da CDU, por ser pouco criteriosa nos apoios que oferecia. Ou seja, apoiava com mais facilidade quem lhe era próximo politicamente, que quem realmente fazia um trabalho associativo exemplar.

É sobretudo por isso que lamento que o PS, que antes criticava esta "política de favorecimento", agora acabe por fazer o mesmo, vendo "fantasmas comunistas" em tudo o que lhes cheire a associativismo.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)