domingo, outubro 01, 2023

175 Anos de História e de (tantas) Estórias...


A Sociedade Filarmónica Incrível Almadense festeja hoje o seu 175.º aniversário, um momento impar na história de Almada e do Associativismo Popular Português.

Apesar dos muitos problemas que enfrenta o associativismo (em particular o almadense, devido à falta de apoios autárquicos...), a Incrível faz o que sempre fez, segue em frente, tentando aproveitar o que de melhor lhe pode oferecer o futuro, sem esquecer o passado, tão rico em história e em estórias.

A sua idade maior, nunca fez da Incrível uma "sociedade velha" (mesmo que tenha sido apelidada desta forma na primeira metade do século XX, porque a Academia Almadense era a "sociedade nova"...), é sim a mais antiga de todas as de Almada. Sempre se tentou adaptar aos novos desafios. E é o que tem feito neste primeiro quarto do século XXI.

Não existem colectividades sem pessoas. É por isso que presto homenagem aos milhares de Incríveis, que tornaram possível ultrapassar mais este marco histórico na vida da nossa Sociedade Filarmónica. 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, setembro 30, 2023

O Busto de Romeu Correia nos Jardins do Museu do Teatro


Na manhã de domingo fui ao Museu do Teatro e do Traje, propositadamente para ver o busto de Romeu Correia, da autoria de Francisco Simões, colocado nos seus jardins.

Tudo isto porque um dos meus amigos me disse, com alguma lata: «Aquilo parece-se tudo menos com o Romeu. Pode ser qualquer careca, que não rape o cabelo na totalidade.» Além de sorrir fiquei a pensar que tinha de "ver para crer" (sou muito como S. Tomé)...

E o que encontrei nos jardins foi um busto demasiado grande e um pouco desproporcionado, diga-se de passagem. 

Ao contrário do meu amigo encontrei parecenças com o grande escritor de Almada, mas na minha opinião está longe de ser um trabalho perfeito. 

Mas o que mais me "chocou" foi a Obra de Arte estar colocada na relva, sem qualquer base de apoio. Penso que se tivesse uma base (como todos os outros bustos colocados naquela parte do jardim), ficaria mais "normal"...

Mas é o Romeu que está ali. Sem qualquer dúvida.

Não faço ideia porque razão foi colocado nos jardins deste Museu e não em Almada. Mas isso já são "contas de outro rosário"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, setembro 28, 2023

Calúnias, Mentiras e Ignorância...


Ao ler a notícia publicada na revista "Sábado" ainda sobre a estátua de Camilo, no Porto, obra do escultor almadense, Francisco Simões, perdi todo o respeito intelectual que tinha por Alexandre Pomar.

O antigo crítico de arte escreve (no facebook, claro...) sobre a ligação de Francisco Simões ao "PCP de amigalhaços e cumplicidades em várias direcções", ao mesmo tempo que fala também "corrupção autárquica e dinheiro fácil". Refere depois que Simões foi vereador "da APU na Margem Sul, por onde multiplicou estátuas e monumentos".

O crítico é ignorante porque devia saber que Francisco Simões saiu do PCP no começo dos anos 1980, numa das primeiras cisões do partido (pós-Abril). E que eu saiba, nunca mais voltou (normalmente trata-se de uma viagem sem retorno...).

É mentiroso e caluniador, porque Francisco Simões durante anos não teve qualquer obra pública da sua autoria em Almada, onde foi vereador da Cultura. E as obras que existem, hoje, estão patentes nas estações da Fertagus. Ou seja, não tiveram qualquer intervenção autárquica.

Eu como escrevi mais que uma vez contra a "arte da ferrugem" de José Aurélio (até aqui no "Casario"), que ocupa demasiadas praças e jardins de Almada, tal como também lamentei que não existisse uma única obra de Francisco Simões (que não conheço pessoalmente...) no Concelho onde nasceu, não poderia deixar de me manifestar contra esta "cultura de ódio, mentira e inveja" que continua a proliferar nas redes sociais.

(Fotografia de Luís Eme - Pragal)


sexta-feira, setembro 22, 2023

Uma boa conversa de café com livros (de Almada)...


Passei pelo café e pensava beber a bica ao balcão, porque tinha um destino no horizonte.

Só que descobri sentado na esplanada um amigo, que tinha a mesa cheia de papéis, para um seu novo projecto literário.

Acabei por trazer o café para a sua mesa e acabámos por ficar a conversar, uma boa meia-hora, sobre livros, sobre culturas, sobre o associativismo e sobre algumas pessoas que nos são queridas.

Uma das coisas que retive na nossa conversa, foi o "deserto" que se começa a fazer notar nos meios literários locais. Há vinte anos havia cerca de três dezenas de pessoas que escreviam sobre história local e hoje estas resumem-se a meia-dúzia.

Ambos estivemos de acordo com as causas. A principal talvez seja de este tempo fingir que já não é para livros, pelo menos em papel. E depois há um decréscimo de apoio (bastante significativo...) à publicação de obras sobre história local por parte das autarquias (Município e Juntas de Freguesia...).

As pessoas além de terem menos poder monetário (somos todos mais pobres, com a excepção da meia-dúzia de pessoas do costume), também já não são parvas, para se aventurarem em pagar do seu bolso, livros que são de interesse local (é o meu caso pessoal...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, setembro 13, 2023

50 Associações, 50 Fotógrafos...


Desta vez não procurei ficar bem informado (e até tenho uma boa fonte...), sobre uma iniciativa do Município, em que convidou 50 fotógrafos para tirara fotografias a 50 Colectividades Almadenses. Mas imagino que a iniciativa se prenda com os "50 anos de Almada como Cidade".

Fiquei a saber desta acção cultural porque um dos meus amigos foi requisitado como "modelo fotográfico". E explicou-me de uma forma sintética o que se passava.

Não estou contra. Apenas estranho que a história do Associativismo se misture com a história da Cidade, quase de uma forma panfletária, ao mesmo tempo que se finge que está tudo bem nas colectividades almadenses, cada vez mais sufocadas economicamente. E sem que recebam o apoio devido do Poder autárquico, para além de serem usadas neste quase "concurso de fotografias"...

Tudo isto me cheira mais a salazarismo que a Abril, que também está quase a chegar aos 50 anos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, agosto 25, 2023

Não levantar ondas, manter o "mar chão"...


Estou a fazer um trabalho sobre o papel da Incrível Almadense durante a ditadura salazarista e marcelista e noto que foram feitas muitas actividades entre 1926 e 1974, que colocavam, de alguma forma, em causa o regime, nomeadamente vários colóquios cuja temática enaltecia os valores democráticos.

Um dos truques usados era fazer o anúncio do colóquio sem o nome do orador. Outro era amenizar o título da temática, não colocando algumas das "palavras proibidas" pelo regime. Mesmo assim não sei como é que algumas palestras não foram "canceladas", como por exemplo: "As Virtudes e os Defeitos da Republica" (por Raul Esteves do Santos em 1946); "O Recreio na Vida dos Trabalhadores"  (por Raul Esteves do Santos em 1948); "As Instituições populares e a Emancipação do Povo" (por Gomercindo de Carvalho, em 1964); ou "O Sentido da Vida Social" (por José Correia Pires em 1966). 

As pessoas das Colectividades faziam estas coisas com a maior naturalidade possível, pois sabiam que o mais importante era não levantar ondas, manter o "mar chão"...

(Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, agosto 23, 2023

Cacilhas voltou a ficar liberta das "casas azuis"...


Era mais que previsível, acabavam-se as Jornadas da Juventude, acabavam-se as casas de banho azuis no Largo de Cacilhas.

E lá voltaram os cantos mais recônditos desta porta de entrada para a Margem Sul a ficar perfumados, por quem precisa, urgentemente, de "verter águas".

Não é menos previsível o habitual fechar de olhos de quem governa e tem mais que fazer que se preocupar com o xixi alheio...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, agosto 11, 2023

"Os três jovens que ajudaram a fundar a SCALA"...


Escrevi há pouco tempo um texto sobre os três associativistas que possuíam o espírito mais jovem, entre os 15 fundadores da SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada, que no próximo ano faz 30 anos de vida. O título que lhe dei diz quase tudo: "Os três jovens que ajudaram a fundar a SCALA".

Claro que não medi a sua juventude pelos números que constavam nos seus Bilhetes de identidade (em 1994 ainda não existia a CC...). Se o fizesse ultrapassava os 200 anos e acabava por estragar a "loiça toda".

Falo de Henrique Mota, Fernando Barão e Diamantino Lourenço, que felizmente ainda está entre nós e festeja hoje os seus 92 anos de vida e vai continuando em boa forma (tendo em atenção o seu escalão etário, claro...). física e intelectual.

Mesmo tratando-se de uma opinião, que apenas vincula o seu autor, ela é feita com conhecimento de causa. Estas três grandes figuras locais, além de oferecerem o seu historial cultural e associativo a uma Colectividade que dava os seus primeiros passos, também arregaçaram as mangas e deram um contributo decisivo para o crescimento da SCALA nos primeiros anos. 

Diamantino tinha ainda uma outra característica pessoal, que fazia dele um verdadeiro "operário da cultura", não se escusava a nenhuma tarefa, tanto podia pregar um prego na parede para uma exposição como escrever um texto escorreito, sobre qualquer grande figura de Almada ou do País, para o boletim. 

Sei que na parte final do texto que escrevi, sobre o grande contributo que estes três amigos deram à SCALA e à Cultura Almadense, levanto uma questão pertinente: como teria sido esta Associação, se tem sido fundada dez anos antes (o Henrique em vez de ter 73, tinha 63 anos, o Fernando em vez de ter 70 tinha 60 anos e o Diamantino em vez de 62 tinha 52 anos). Com toda a certeza, teriam  dado ainda mais de si ao Associativismo Cultural de Almada, tornando a SCALA ainda mais relevante.

E já me estava a esquecer: "Parabéns Diamantino!"

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas, a "Tertúlia do Repuxo")


sábado, agosto 05, 2023

A Vida é Isto...


Talvez possam achar que duas pessoas não fazem uma "Tertúlia", mas eu e o Chico não pensamos assim, porque não nos é nada difícil convocar um ou outro amigo ausente, a pretexto de um nada que pode ser tudo...

Neste Verão temos contado quase semana sim semana não com o Tomás (uma ou outra vez com companhia), o bisneto do Chico, que com os seus treze, catorze anos, se insere muito bem nas nossas conversas, e coisa melhor, sabe ouvir e sabe falar. Ou seja, é um bom tertuliano. Quando o Carlos nos diz a brincar que estamos a renovar a "Tertúlia" com sangue novo, sorrimos. Não tanto pela tal renovação, mas por sabermos que o Tomás nos trás coisas novas (até uma ou outra anedota...), recebidas com um sorriso fraterno, por mim e pelo avô.

Pode parecer que não tem nada a ver, mas para mim tem tudo a ver. 

Falo do telefonema que recebi hoje do Chico a dizer-me que o nosso companheiro Luís Serra tinha partido. O Luís fez parte da nossa "Tertúlia do bacalhau com grão", durante vários anos. Problemas familiares e de saúde ditaram o seu afastamento voluntário (ainda insistimos para quem ele continuasse a aparecer, porque o nosso encontro semanal podia funcionar como um "bálsamo", como acontecia com o bom do Orlando, que nos dizia que "renascia" às segundas-feiras...). Não conseguimos inverter esta sua "marcha solitária" e agora recebemos a notícia do seu adeus.

Fica a saudade do amigo, do associativista e do artista almadense (construía miniaturas de barcos com uma minúcia e uma arte digna de realce).

(Fotografia de Carlos - Almada)


quarta-feira, agosto 02, 2023

A ausência nas ruas do tal "gesto que valoriza o resto"...


A teoria sempre foi diferente da prática. Sempre foi mais fácil falar que fazer.

Mas não deixam de ser curiosos alguns anúncios "verdes" e "ecológicos" do Município (como este), quando as ruas são o melhor exemplo do desleixo com que as autarquias locais tratam os almadenses.

Talvez os políticos almadenses sejam tão modernos que olhem para os nichos que se criam à volta dos contentores, ou a sujidade que se cola aos espaços verdes (e por ali se mantém semanas e semanas), como "instalações artísticas"...

E eles até estão certos na publicidade, é de facto "o gesto que valoriza o resto". Só que, infelizmente, trata-se apenas de publicidade. "Gestos que valorizem o resto"  vêem-se muito pouco nas ruas de Almada...

(Fotografias de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, julho 26, 2023

Quase que podia dizer: "não há Papa que não dê fartura"...


No domingo tinha descoberto um conjunto de oito casinhas portáteis, para as necessidades liquidas e sólidas, já na saída do Largo de Cacilhas, na direcção do Canecão e até fiz um ligeiro comentário no meu "largo". Ontem, reparei que perto do Farol estavam instaladas bastantes mais.

Pois é, felizmente, os visitantes mais afoitos e necessitados já não precisam de procurar os cantos mais escondidos de Cacilhas para pelo menos "verter águas".

A grande questão é que irá acontecer a todas aquelas "casinhas azuis" quando terminarem as Jornadas da Juventude. Provavelmente, desaparecem...

E lá voltam os cantos a ficarem "perfumados" com o xixi de várias nacionalidades... Nada de estranhar, num País como o nosso e com políticos como os nossos, que gostam sobretudo de impressionar o "Mundo", ou seja quem vem de fora...

(Fotografias de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, julho 12, 2023

Esta indiferença e indolência, em relação ao Poder Local, a cair no exagero...


O comentário de "Alma'Almada" ao último texto que escrevi, deixou-me a pensar.

Ele levanta uma série de questões, pertinentes e reais.

-Será que teremos de considerar Almada um concelho e uma cidade como casos perdidos?
- Saberão estes autarcas para que foram eleitos?
- Pensarão estes autarcas, só por terem sido eleitos, que sabem tudo e estão no procedimento certo?

E depois responde:

Eles sabem tudo... eles sabem tudo...
(E) não querem que os outros pensem, opinem, sugiram, critiquem construtivamente, façam "reparos".
São no fundo os construtores de um autoritarismo democrático para instauração de ditadura democrática porque chegaram ao poder por via do voto dito democrático.
Repudiamos estas atitudes e esta postura.

E eu fiquei a pensar, entre outras coisas, que talvez os almadenses estejam demasiado velhos e cansados para se revoltarem, para olharem à sua volta com olhos de ver (somos uma população cada vez mais envelhecida)... 

Uma boa parte dos jovens que se vêem na Cidade são originários de outros continentes (asiático e sul-americano). Para eles Almada é apenas um ponto de passagem...

E estamos condenados a isto...

Só penso é que este partido que governa Almada e o País, devia mudar de nome. Nem sequer é social democrata, quanto mais socialista.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, julho 07, 2023

A dificuldade cada vez maior em não entrar na "onda pessimista"...


Embora eu por natureza, não seja pessimista, tenho cada vez mais dificuldade em olhar para Almada, com esperança e com uma boa perspectiva de futuro.

E também por isso que escrevo menos aqui no "Casario", não me apetece nada fazer o papel de "profeta da desgraça".

Mas há problemas sérios, que ninguém se preocupa em resolver. O lixo continua a acumular-se junto aos contentores, em muitos lugares da Cidade. Sei que a culpa muitas vezes é das pessoas que nem se dão ao trabalho de abrir o contentos e colocar lá os sacos do lixo. Há zonas verdes que parecem "matagais". Mas o mais grave são os buracos nas estradas. É difícil encontrar uma rua que não tenha um buraco (apesar de não chover, alguns transformam-se em "crateras" obrigando-nos a pequenos desvios, que nos fazem mudar de faixa de rodagem).

Não estou a pensar em criar algo parecido com a "Associação de Cidadãos Automobilizados", que além de ter feito um trabalho extraordinário na divulgação dos grandes problemas que existiam em Lisboa no trânsito e nas ruas (havia coisas completamente absurdas...), até chegou à vereação do Município. Mas esta falta de respeito por todos nós, por parte das Autarquias locais (Câmara e Junta), continua a ultrapassar os limites do razoável.

Por exemplo, o "buraco" que existe próximo do mercado, continua lá (já se pode dizer, meses depois...). A única diferença, foi que tiraram o balde de tinta vazio que lá estava e colocaram uma peça de plástico, usada quando existem obras nas estradas, que o mantém quase escondido...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)