segunda-feira, janeiro 29, 2007

O Novo Jornalismo de Almada


Quando uma cidade deixa de possuir qualquer jornal de referência, passa-se uma coisa muito simples, as pessoas deixam de saber o que acontece de importante nas suas terras...

Porque não basta distribuir uma agenda informativa e um boletim municipal, gratuitamente, pelos cidadãos - à partida viciado e cheio de notícias felizes, da obra feita ou por fazer da Autarquia - , ou um semanário, mais preocupado em ganhar dinheiro com publicidade que em informar as pessoas. É preciso mais...

Infelizmente, o panorama informativo de Almada é este...

As cartas começam a ficar baralhadas porque, graças às novas tecnologias, a blogosfera começa a ocupar o lugar vago e a dar as notícias em cima da hora, que escapam aos jornais gratuitos e aos boletins das autarquias.

Sabem que mais? Hoje estavam a tapar com tapumes de madeira as janelas e portas da "Leitaria Estrela do Sul".

Adivinhem onde foi transmitida e discutida a notícia, em primeira mão? Claro, na blogosfera.
Parece que houve alguém que ficou com as orelhas a arder e resolveu fazer alguma coisa...
O texto está ilustrado com o óleo, "Alto de Santa Catarina", de João Abel Manta

quinta-feira, janeiro 25, 2007

E Agora, Qual vai ser a Desculpa?


Sim, e agora, qual vai ser a desculpa do Município, por ter arrancado com as obras do metro de superfície, sem existirem os tão falados parques de estacionamento para os moradores e utentes de Cacilhas?
Como disse, muito bem, o "Blackbird", no seu comentário ao "post" anterior: «Nunca deveriam ter arrancado estas obras, sem que os vários parques de estacionamento, que a Câmara tanto publicitou, estivessem a funcionar.»
Não percebo porque razão a nossa Autarquia não aproveitou todos estes meses de indefinições, para realizar as obras que só agora está a iniciar em Cacilhas (no alto da Margueira...).
Talvez culpe o governo central, ou então a MST...
Pois, capote, para que te quero, senão para sacudir, para cima de alguém?...

quarta-feira, janeiro 24, 2007

O Pesadelo Aproxima-se...


Parece que desta vez é que é....
A confusão já está a começar.
Na Avenida 25 de Abril já suprimiram uma faixa de rodagem, com uma sinalética eloquente, de «inicio de obras» e ainda da redução do limite de velocidade de cinquenta para trinta, junto à Praça Gil Vicente.
Também já começaram a trocar sinais e sentidos de ruas (Rua Emília Pomar e Rua Romeu Correia), mas o pior ainda está para vir, como todos nós sabemos.
Só espero que este sacrifício dos almadenses valha a pena, que Almada se torne numa cidade melhor e que o cada vez mais famoso metro de superfície (pelas piores razões...) nos traga mais qualidade de vida.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Justiça Debaixo de Fogo


Se tivesse dúvidas de que os portugueses não confiam na nossa justiça, elas ficavam desfeitas com o desenrolar do processo complicado e delicado, que envolve o pretenso crime de sequestro e a condenação de um "pai-militar", a seis anos de prisão.
A comunicação social teve uma influência decisiva neste "acordar" generalizado das pessoas, ao dramatizar um caso, igual a tantos outros, que decorrem por este país fora (se exceptuarmos a pena do pai adoptivo, bastante exagerada...).
Todos nós sabemos que as razões do coração, por vezes afastam-nos da realidade, tiram-nos o discernimento e a capacidade de analisar os factos com a frieza necessária.
Provavelmente as pessoas envolvidas no processo já devem ter parado para pensar. Além de reviverem alguns dos seus actos, infelizes e repletos de erros (sim, este processo está cheio de erros, desde a forma como a mãe biológica entregou a filha, ao modo como os pais adoptivos e o pai biológico têm respondido aos inúmeros obstáculos que foram surgindo pela frente, nos últimos anos), devem ter consciência que a única pessoa que vai sair a perder com isto tudo, é uma menina com apenas cinco anos de idade, escondida algures, em parte incerta.
Há questões demasiado pertinentes que não têm sido trazidas para a praça pública, de uma forma clara. Por exemplo: qual era a ocupação da cidadã brasileira quando esteve entre nós; se a sua gravidez foi provocada por uma relação ocasional; se a mãe vendeu a criança aos pais adoptivos; se o pai biológico só accionou este processo, por causa do dinheiro que poderá receber de indeminização; desde quando é que o pai biológico quis ver a criança; porque razão os pais adoptivos não o permitiram, etc.
Este caso fez com que eu percebesse um pouco melhor como funciona a nossa justiça. Não acho que funcione mal, é sim, muito pouco flexível.
Os juizes fingem-se autómatos, como se fossem desprovidos de quaisquer sentimentos, restringindo-se apenas à lei. É preciso que os juizes se lembrem que além da sua função (demasiado séria e importante), também são seres humanos.
Quando isso acontecer, há casos que deixam de ser casos...

sexta-feira, janeiro 19, 2007

O Primeiro Olhar


Como sei que nem todos os visitantes do "Casario" têm a possibilidade de fazer um "cruzeiro" fluvial entre Lisboa e Cacilhas, mostro-vos o edifício que se vislumbra com o nosso "primeiro olhar", assim que deixamos o cais de desembarque.
A fotografia nem é muito contundente, já que só mostra o aspecto exterior da antiga Leitaria "Estrela do Sul", propriedade do Estado - desta vez não há espaço para as desculpas habituais, os sempre úteis, proprietários desconhecidos dos imóveis abandonados...
Quem passar a poucos metros das janelas e portas franqueadas, vê uma autêntica lixeira, no interior do antigo café da família Mendes.
Concerteza que não será com estes exemplos, que conseguiremos cativar mais turistas para a Margem Sul....

terça-feira, janeiro 16, 2007

A Recepção de Turistas em Cacilhas


Apesar de saber que o gosto "arqueológico" de muitos turistas, leva-os a adorarem as nossas cidades em ruínas e ao abandono, fico sempre na dúvida, sobre o que realmente pensam, das terras e gentes lusíadas...
É por isso que pergunto: o que será que estes visitantes pensarão da Margem Sul, assim que desembarcam dos cacilheiros e pisam o Largo de Cacilhas (oficialmente Largo Alex Dinis)?
Não consigo encontrar respostas muito animadoras...
Ao olhar para a antiga Leitaria "Estrela do Sul" - a primeira coisa que salta à vista assim que se pisa terra -, completamente vandalizada, penso que pior cartão de visita, não deve existir por estes lados.
Se me desviar um pouco para o lado, encontro o Ginjal, que poderá dar a entender que existe por ali, qualquer centro de exploração arqueológica, por se encontrar tão despido de cor e de vida, mas apenas num primeiro olhar... mas se começa a caminhar, percebe-se que o abandono é recente, não tem nada de romano ou muçulmano...
É por isso que me interrogo: «será que as excelências do Município não sabem que Cacilhas continua a ser a porta que recebe mais turistas de visita ao Concelho de Almada?»

domingo, janeiro 14, 2007

A Blogosfera é uma Mulher


Na minha opinião a Blogosfera, embora seja assexuada, possui, cada vez mais, o perfume de mulher. Digo isto por sentir que falo de um universo maioritariamente feminino, sem estar sequer a pensar no género da palavra (do qual não existem dúvidas que é feminino).
Sei que esta opinião pode ser considerada polémica e até falaciosa, mas trata-se apenas de uma apreciação, sem estar baseada em nenhum estudo estatístico. Os únicos dados em que me apoiei foram a minha experiência enquanto "viajeiro" e "navegador" pelas estradas, caminhos, rios e mares da blogosfera.
A maior parte dos blogues que conheço são de mulheres; a maior parte dos comentários que recebo são femininos; a maior parte dos comentários que leio noutros blogues continuam a ser de damas, de múltiplos encantos e opiniões.
Não sei explicar de uma forma conclusiva porque razão é que isto acontece. Quanto muito posso atirar para o ar várias pistas, mas como já disse, não me atrevo a chegar a conclusões. Aí vão elas:
1.
Este universo está longe de ser considerado um feudo masculino (como tantos outros na nossa sociedade...), pelo que acaba por ser um terreno mais apetecível e aberto para as mulheres.
2. As mulheres partilham e falam com mais facilidade dos seus problemas pessoais, que os homens.
3.
Há uma tradição maior na existência de diários femininos que masculinos (mesmo nos nossos dias, há uma maior tendência de oferecer diárias às meninas, que aos meninos - a oferta comercial é nitidamente feminina).
4.
As mulheres possuem mais sensibilidade que os homens, para apreciar as pequenas coisas da vida. Isso leva-as a comentar e a escrever com mais naturalidade neste mundo aberto e livre.
5.
A poesia (existem blogues excelentes de poesia...) ainda é olhada em muitos sectores da nossa sociedade como uma coisa de mulheres.
Não me alongo mais. Fico à espera das vossas palavras sobre este tema aparentemente banal, que será, sem qualquer dúvida, enriquecido com a vossas opinião.
Este texto está ilustrado com as "Les Demoiselles d'Avignon", óleo de Pablo Picasso de 1907.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

A Avaliação na Função Pública

Preparava-me para sair de casa quando me senti quase seduzido pela conversa das funcionárias de limpeza do Município, que limpavam a minha rua e falavam das avaliações na função pública.
A afirmação de uma das mulheres foi sintomática: «Se o chefe não for com a tua cara, posso estar aqui de costas direitas, que tenho sempre melhores notas que tu. E se lhe fizer olhos bonitos, então, é que não tens a mínima hipótese...»
Esta visão feminina foi de uma clareza quase brutal.
Continuei a minha caminhava, perguntando aos meus botões: «Porque razão não confiamos nos nossos chefes?»
Vieram-me uma série de coisas à cabeça. A primeira foi que, provavelmente, a sua subida profissional não se deveu a uma maior competência, mas sim à capacidade de "bufar" e também à subserviência exagerada (ainda existe muito boa gente que parece ter coluna de contorcionista), ainda tão presentes no mundo do trabalho.
Também temos dificuldade em confiar em chefes, que têm a mania que são "garanhos", por sabermos que basta uma das nossas colegas passear junto dele de mini saia e com um decote apetecível, para que se derreta e fique a salivar (para não dizer outra coisa...), para ter melhor avaliação que nós.
A minha questão é esta: «É possível mudar este estado de coisas?»
Claro que é.
É preciso que as chefias na função pública se tornem mais competentes e profissionais. Só desta forma é que podem e devem exigir mais dos seus subordinados.
Mas ainda falta um longo caminho. Aquelas senhoras que conversavam à minha porta, sabem disso e parecem preparadas para a luta diária que se avizinha por aí...

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Nostalgia pelos Campos Agricolas


Enquanto os grandes projectos da Almada do futuro não avançam, alguns espaços, quase abandonados, são utilizados por vários almadenses, que sentem uma grande nostalgia pela sua vivência campestre.
Estou a falar dos Morros de Cacilhas (junto ao moinho) e da Margueira (na encosta frente à Lisnave).
As searas destes agricultores urbanos, não variam muito: as batatas, as couves e outros legumes, têm sempre a primazia...
Acredito que o fazem mais por paixão que por necessidade.
Quem já teve o prazer de semear qualquer planta, de a ver nascer e crescer, e depois colher... sabe que fica sempre uma ligação especial a este ciclo de vida, tão simples e tão intenso...

sábado, janeiro 06, 2007

Almada no Estudo das Melhores Cidades

O “Expresso” realizou um estudo curioso, sobre as melhores cidades portuguesas para se viver, que devemos analisar com alguma atenção.
Começo por achar extremamente duvidoso que Lisboa seja a melhor cidade para viver, embora este estudo tenha assentado em vinte critérios diferentes, aos quais foram atribuídas notas (penso que de 0 a 100...) que oscilaram entre o valor máximo de 85 e mínimo de 0.
Mas o que me interessa abordar é a posição de Almada (34º lugar entre as cinquenta escolhidas) e algumas aspectos merecedores de reparo.
Se fizesse parte da equipa de propaganda do Município, destacava o 1º lugar, entre todas as cidades estudadas, no desempenho económico (70), desempenho esse aliado às novas tecnologias, à «economia do conhecimento» (com destaque na revista “Única”, onde foi apresentado o estudo).
Como não gosto de esconder o sol com uma peneira, acho que foram anunciados aspectos preocupantes sobre a nossa cidade neste estudo. Como por exemplo: os espaços verdes (35); a qualidade urbanística (35); o comércio (30); a relação com a água e a paisagem (35); o alojamento turístico (30); o património (30); e a qualidade dos espaços públicos (30).
De entre estes problemas focados há alguns que têm sido debatidos no “Casario”, como a relação com a água e a paisagem e a qualidade dos espaços públicos.
São dois problemas de extrema importância, que poderão ser resolvidos no futuro, com os projectos que existem para a zona do Almaraz e do Ginjal e para os terrenos da Lisnave (Projecto Almada Nascente).
Mas como se tratam de projectos a médio e longo prazo... não se devem esperar melhorias nos próximos tempos...
Só espero que o Município não embandeire em arco com o seu destaque no desempenho económico, esquecendo as notas negativas recebidas...

sexta-feira, janeiro 05, 2007

A Estrela de Famoso

A fama continua a ser uma faca de dois gumes, nos dias que correm.
Levantam-se inclusive várias questões. A mais pertinente é: «mas afinal o que é que é isso de se ser famoso?
Não é fácil responder a esta questão, por sabermos que existe quase uma indústria que vive da "invenção" de celebridades instantâneas.
A participação de qualquer "manjerico" num programa televisivo mediocre, é suficiente para que receba a "estrela de famoso" e passe a ser explorado, até ao tutano, pelas produtoras e revistas que se alimentam de banalidades.
Este processo é de tal forma artificial, que assim que estas pessoas começam a perder o brilho, são enviadas à remetência, como se nunca tivessem existido.
Outro aspecto curioso é a forma como esta gente vive os momentos de glamour. Muitos afastam-se dos meios onde cresceram e mudam-se para bairros fantasiosos, como se tivessem nascido de novo.
Felizmente, no meio de toda esta confusão, ainda há quem se torne famoso por ter talento...
Um destes exemplos são os "Gato Fedorento". Começaram a escrever textos, criaram um blogue, iniciaram-se na SIC Radical e só depois é que começaram a ser reconhecidos pelo seu talento.
Este quarteto foi escolhido como exemplo porque fiquei a saber, através de uma conversa com uma amiga, que ela foi colega de escola de Ricardo Araújo Pereira, o "gato" mais famoso do nosso país. Além de ter confirmado que o tipo nessa época já tinha piada e era completamente maluco... alguns professores é que não achavam muita graça, disse que ele não tinha mudado quase nada.
A Marta embora não conheça o seu dia a dia, acha que ele se está borrifando para a fama e continua a relacionar-se com alguns dos seus amigos de infância, até porque precisa de estar em contacto com o mundo, ouvir anedotas e histórias sobre as personagens do nosso país.
Com um sorriso nos lábios, confidenciou-me que o bigode farfalhudo que o Ricardo usa num dos seus bonecos, fica-lhe a matar...
Com isto tudo, ficámos na mesma. «Mas afinal o que é que é isso de se ser famoso?»

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Como nos Tratam da Saúde em Almada...

Tudo o que o senhor ministro da saúde diz na televisão, soa-me a "tanga". Porque as suas teorias estão sempre a léguas da prática.
Podia dar vários exemplos, desde o preço dos medicamentos, as comparticipações do estado, ao fecho de urgências e maternidades dos hospitais, etc.
Quase pela surra, foram fechadas algumas unidades de saúde em Almada e alterados os horários do seu funcionamento (como foi o caso da Cova da Piedade e o SAP, que deixou de o ser, uma vez que agora fecha às 20.00 horas).
Depois de este senhor falar, nos seus primeiros tempos, de descentralização, da necessidade de não enchermos os hospitais, etc, está a apostar de novo na concentração. E com o fim do serviço permanente deste posto entre Almada e Cacilhas... resta-nos o Hospital Garcia de Orta, pela noite dentro.
Estas medidas são de uma cobardia política, que não deve ser silenciada.
Infelizmente, é graças a políticos destes que o país se encontra nesta situação de crise permanente.
Agora imaginem a confusão das pessoas que passam diariamente por este ex-SAP ( sei do que estou a falar porque estive lá ontem e esperei mais de duas horas, para ser mal atendido por um médico, que de certeza, se enganou na profissão. Lembrei-me a tempo de levar um livro para ler, cuja leitura acabou por atenuar estas vicissitudes...), que andam de fila em fila, de espera em espera... para serem atendidas por médicos, que já perderem há muito, o hábito de olhar os doentes nos olhos.
Quem acaba por ouvir as nossas reclamações e o nosso descontentamento, são os funcionários, também eles vitimas de um sistema, sempre em mudança, que todos sabemos como irá acabar: com o fim do Serviço Nacional de Saúde. Falta saber apenas quando...
Obrigado Senhor Ministro!
Ao menos que consiga poupar os tais milhões, com esta política, que pese o exagero, mais parece a favor da degradação humana e da morte, que da dignidade e da vida, de todos nós.