Quando uma cidade deixa de possuir qualquer jornal de referência, passa-se uma coisa muito simples, as pessoas deixam de saber o que acontece de importante nas suas terras...
Porque não basta distribuir uma agenda informativa e um boletim municipal, gratuitamente, pelos cidadãos - à partida viciado e cheio de notícias felizes, da obra feita ou por fazer da Autarquia - , ou um semanário, mais preocupado em ganhar dinheiro com publicidade que em informar as pessoas. É preciso mais...
Infelizmente, o panorama informativo de Almada é este...
As cartas começam a ficar baralhadas porque, graças às novas tecnologias, a blogosfera começa a ocupar o lugar vago e a dar as notícias em cima da hora, que escapam aos jornais gratuitos e aos boletins das autarquias.
Sabem que mais? Hoje estavam a tapar com tapumes de madeira as janelas e portas da "Leitaria Estrela do Sul".
Adivinhem onde foi transmitida e discutida a notícia, em primeira mão? Claro, na blogosfera.
Parece que houve alguém que ficou com as orelhas a arder e resolveu fazer alguma coisa...
O texto está ilustrado com o óleo, "Alto de Santa Catarina", de João Abel Manta
6 comentários:
Concordo contigo sobre a questão do jornalismo regional e da sua importância na divulgação de notícias sobre a "vida das terras", daqueles acontecimentos que não tendo importância nacional escapam aos jornais de âmbito mais vasto.
A imprensa regional faz muita falta, mas a que existe, hoje dia (salvo raras e honrosas excepções), acaba por obedecer mais a critério de lucro comercial (daí a crescente ocupação das suas páginas com publicidade) do que satisfazer objectivos informativos isentos.
A blogosfera, por ser um espaço de publicação gratuito, acessível em tempo real, sem o espartilho dos critérios editoriais que impede que muitos acontecimentos sejam noticiados, acaba por subverter todo o sistema.
Todavia, continuo a considerar que o papel dos jornais regionais, na sua versão em papel, é insubstituível. Por isso lamento que, em Almada, o panorama seja tão empobrecido quando já foi tão rico.
Claro que um boletim municipal e uma agenda são portadores, porque sim, de uma elevada dose de "caseirismo" e tendenciosismo "à la carte".
Mas tempos houve, e eu gostava que não se repetisse, em que jornais havia que se dedicavam a dizer mal... por dizer mal.
Nem oito nem oitenta.
Há por aí quem queira fazer um jornal credível?
Almada, na voz dos políticos, tem vida própria.
Claro que não é bem assim.
Louvo a coragem de um homem (padre Manuel Marques), que há mais de cinquenta anos, quando chegou a Almada, percebeu, que não se passava nada nesta "santa" terrinha. E então teve a feliz ideia de criar um jornal ("Jornal de Almada"), para dar uma nova "alma" aos almadenses.
Claro que o jornal nunca se libertou do peso de ser propriedade da Igreja Católica, mas teve momentos muito bons, dos anos cinquenta ao princípio da década de noventa. Inclusive, foi muitas alvo da censura.
Um jornal regional atento e critico (sem exageros, claro) faz com que as pessoas olham para aquilo que as cerca com outros ângulos de visão.
Claro que faz falta um jornal assim.
Mas a manutenção de um jornal, que não seja a "voz do dono", está condenado à partida, porque sem o apoio das autarquias na publicidade, é muito difícil subsistir.
Não é Minda?
O problema é que os jornais não existem para dizerem coisas simpáticas, existem para dar notícias, para relatarem o que se passa.
Claro que o reporter tem razão, por vezes há exageros, quase sempre motivados por razões políticas.
Mas faz muita falta a Almada um jornal atento e livre (o que é cada vez mais difícil de aparecer...).
Pela primeira vez, em Almada, o Sol pôs-se a Nascente...
Apagou-se O Jornal de Almada...e Almada ficou às escuras. Cuidado!
É de noite que correm os ratos...
Quem é capaz de reacender o Jornal?
Boa pergunta...
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