domingo, julho 15, 2007

Os Dias de Verão


Os dias de verão vastos como um reino
Cintilantes de areia e maré lisa
Os quartos apuram seu fresco de penumbra
Irmão do lírio e da concha é nosso corpo

Tempo é de repouso e festa
O instante é completo como um fruto
Irmão do universo é nosso corpo

O destino torna-se próximo e legível
Enquanto no terraço fitamos o alto enigma familiar dos astros
Que em sua imóvel mobilidade nos conduzem

Como se em tudo aflorasse eternidade

Justa é a forma do nosso corpo

Poema da grande senhora da poesia portuguesa, Sophia de Mello Breyner Andresen, óleo de Manuel Amado...

sexta-feira, julho 13, 2007

Pessoa Veio ao Teatro a Almada

Além da Carmen Dolores o Festival de Teatro de Almada também homenageia uma figura impar da cultura portuguesa do século vinte.
Estou a falar do Mestre Lagoa Henriques, escultor, poeta, pintor e, essencialmente professor. Influenciou tantas gerações de artistas... desde os anos quarenta do século passado ao início do século XXI, em várias universidades e escolas superiores, com relevo para as faculdades de Belas Artes do Porto e de Lisboa.
Tive o grato prazer de o conhecer através do jornalismo. Voltei a encontrá-lo mais vezes no seu atelier de Belém.
Numa das últimas visitas que lhe fiz, tive a honra de visitar a sua Casa-Museu (que continua fechada ao público, sem saber muito bem porquê), que fica ao lado da Universidade Moderna e do seu Atelier. Foi a melhor visita guiada que alguma vez me proporcionaram. Este espaço artístico não é muito grande, mas passei ali quase três horas, a ouvir o Mestre Lagoa Henriques, contar a história de cada quadro, de cada escultura, com a sua forma única de comunicar, tão simples, tão poética e ao mesmo tempo tão rica...
Foi bom ver o Fernando Pessoa rente ao palco da António da Costa, juntamente com as outras duas obras, alusivas a Camões e à Ilha dos Amores, para recordar a arte e a qualidade humana de Lagoa Henriques.

quarta-feira, julho 11, 2007

Orgulho, Dinheiro e Demagogia

O último boletim municipal dá vivas ao orgulho da nossa presidente, por estar à frente da Autarquia com melhor liquidez financeira, entre os 308 Municipios portugueses.
Embora não seja pessimisma, estou longe de me sentir orgulhoso com este feito, porque tudo aquilo que observo à minha volta, dá-me a imagem de uma cidade sem rumo e cada vez mais triste e empobrecida.
Gosto muito do Tejo, não sou um homem parado à beira do rio.
Conheço outras cidades que têm crescido a olhos vistos e onde as pessoas vivem melhor, apesar do cenário nacional de crise. Parece que têm dividas, mas isso não tem sido um obstáculo para a melhoria das suas condições de vida.
É por isso que pergunto, de que vale ter dinheiro em caixa, se a cidade parece estar cada vez mais próxima do abismo?
Há várias pessoas a mudarem de cidade porque o emprego quase que já não existe.
É raro o dia em que não fecha mais uma casa comercial no Concelho.
As ruas estão sujas e esburacadas, mesmo as mais afastadas das zonas de obras.
Há demasiadas casas abandonadas, nas zonas mais antigas da cidade. Em Almada, Cacilhas e Cova da Piedade, existem dezenas de exemplos de casas quase a ruirem, sem que se faça alguma coisa...
Vivo há vinte anos em Almada e digo sem qualquer problema, que a cidade está cada vez mais feia e triste.
E o Metro - apesar de todas as esperanças que se escondem atrás das suas carruagens -, infelizmente, está longe de ser a solução milagrosa para os muitos problemas que se têm avolumado ao longo dos últimos seis, sete anos na cidade...
O estado actual da cidade de Almada, é a melhor prova de que o dinheiro, por si só, não vale nada.

terça-feira, julho 10, 2007

Olá Ginjal


Estou a colocar aqui a "posta de pescada" número 200.
Claro que é apenas um número.
Mesmo assim decidi realizar algumas mudanças visuais.
Espero que o "Casario" fique mais atractivo...

Alfredo Keil foi o pintor escolhido, para dar uma cor diferente ao Ginjal, com um óleo dos finais do século XIX, onde ainda conseguimos encontrar algumas mulheres a lavar roupa na Praia das Lavadeiras.

segunda-feira, julho 09, 2007

Não Há Pessoas Insubstituíveis...


É comum dizer-se que ninguém é insubstituível.
Embora seja verdade, todos sabemos que existem pessoas com mais capacidade que outras, para ocuparem certos cargos. E mesmo não sendo insubstituíveis, quando saem deixam sempre um vazio, que demora algum tempo a ser preenchido.
Henrique Carreiras, até há pouco tempo, vereador do Município de Almada, com o pelouro da Protecção Civil no Concelho, é uma destas pessoas.
É por isso que acaba por ser natural, que agora que se despede das suas funções, seja aplaudido na Assembleia Municipal por todas as forças políticas que ali têm assento.
Quando se trabalha com rigor, competência e honestidade, numa área extremamente difícil e delicada, como esta, que envolve os Bombeiros, as Forças de Autoridade e a População em geral, dificilmente se passa despercebido (no bom e no mau sentido).
Não foi obra do acaso que a área ardida no concelho tenha sido das menores do país, nos últimos anos. Isto só foi possível por existir um grande espírito de entreajuda entre todas as pessoas envolvidas, muito graças à capacidade de trabalho do vereador Henrique Carreiras.
Obrigado Henrique, por tudo o que fez de bom por Almada, nos últimos vinte e dois anos, como Autarca.

O quadro que acompanha este texto é a "Poltrona" de Manuel Amado. Simboliza a cadeira da "Protecção Civil", vazia por breves instantes. Para satisfação de todos nós, era bom que ficasse tão bem ocupada como até aqui...

domingo, julho 08, 2007

Porquê?

Porque será que algumas pessoas insistem em não respeitar o que devia de todos e para todos?
Porque será que as crianças não podem brincar nos espaços relvados em Almada, sem terem de encontrar cães à solta, juntamente com os seus "presentes"?
Porque será que algumas pessoas insistem em achar que os animais são "humanos"?
Para que servem as placas de proibição, se quase ninguém as cumpre?

sábado, julho 07, 2007

As Marchas em Almada


As Marchas Populares começam a ser sinónimo de qualidade em Almada.
Apesar de não ser uma tradição local, devemos sublinhar que as colectividades têm aderido a esta iniciativa de uma forma entusiástica, e de ano para ano, é notória a melhoria de qualidade, em quase todos os aspectos.
Claro que esta análise só a faço no Pavilhão dos Desportos do Feijó, porque o recinto ao ar livre, onde decorre a Primeira Apresentação é demasiado restrito (este ano existe desculpa, já que as obras do Metro obrigaram a que se escolhesse um outro lugar, para o desfile, junto à Lisnave), praticamente a exibição resume-se à passagem pela tribuna de honra.
Apesar de resultar numa sobrecarga de trabalhos, era bom que o Município de Almada pensasse seriamente em fazer o mesmo que é feito em Lisboa, colocando bancadas desmontáveis em toda a área onde decorre a apresentação da Marcha, possibilitando a visualização deste espectáculo a um maior número de pessoas, sem terem de estar quase encavalitadas em cima umas das outras.
A imagem que acompanha o texto é das Marchas do ano passado, da Marcha da Incrível e da Academia Almadense (este ano não tirei fotografias...).

quinta-feira, julho 05, 2007

O Ginjal e a Arte Almadense (II)

Carlos Canhão é um dos artistas plásticos almadenses que mais e melhor tem retratado o concelho de Almada, com aguarelas de grande qualidade, como esta que reproduzimos, que faz parte do livro, "Uma Gaivota no Vento", da qual é co-autor, juntamente com Maria Rosa Colaço.
Também é o autor de vários murais de azulejo, colocados em várias freguesias do Concelho.

quarta-feira, julho 04, 2007

Histórias de Vida...


Estamos sempre a descobrir coisas novas...
Ontem, aconteceu mais uma tertúlia, em Almada. Além de todo o saber transmitido pelo professor Manuel Lima, sobre a história de Corroios, desde os tempos em que toda aquela área era composta por quintas de frades, pertencentes a várias irmandades de Lisboa, que semeavam e colhiam os produtos para a sua subsistência, nas suas ordens e conventos da Capital, houve algo mais que ficou...
Quase a leste do tema da tertúlia, a descoberta de um simples nome, Brites, pouco feminino, que nem sequer imaginava que existisse (embora fosse o nome verdadeiro da Padeira de Aljubarrota), fez com que me intrometesse na conversa de algumas mulheres da geração da minha mãe, que me contaram a história triste desta senhora, que infelizmente teve muito pouco de "padeira de aljubarrota"...
O marido era mau como as cobras (foi a expressão usada, claro que as cobras não têm nada a ver com isto...) e batia-lhe praticamente todos os dias, deixando-a toda negra e ela, pequenina, aceitava tudo aquilo como se fizesse parte do seu quotidiano.
Disse-lhes o que senti, o quanto devia ser triste ser propriedade de um homem, e fazer parte de uma sociedade que assistia impávida e serena a estes casos de violência, como se fosse algo natural.
Elas acenaram que sim, que era muito triste...
Felizmente as coisas mudaram, a mulher dos nossos dias já não é propriedade de ninguém, seja ele pai, marido ou irmão, tem os mesmos direitos e deveres do homem.
Claro que há muita "besta" por aí à solta, que ainda não assimilou isso. É a única explicação que encontro, para o número de casos de violência doméstica que ainda acontecem no nosso país, alguns com consequências mortais...

Escolhi a ilustração da Padeira de Aljubarrota, porque há muita gente por aí, a precisar de levar com umas pazadas de uma mulher com a energia e a força da Senhora Dona Brites de Almeida...

domingo, julho 01, 2007

O Ginjal e a Arte Almadense (I)

O Ginjal ao longo do século XIX e século XX tem sido um lugar privilegiado pelos nossos artistas plásticos, que encontram ao longo das suas margens motivos de inegável beleza, com os quais nos têm brindado.
Mártio, ou Mário Martins, um excelente pintor do nosso concelho, enviou-me um bonito motivo do Ginjal, com o qual abro esta mostra local sobre este lugar esplendoroso.