terça-feira, setembro 30, 2008

Conversas de Café (14)

- O teu blogue é mesmo regional, nem uma noticiazinha sobre as eleições nos EUA...

- Sabes que sou muito terra a terra...
- Não te agradam os candidatos?
- Digamos que não me agradam muito os EUA. Aquela gente que mora daquele lado de lá do Atlântico faz-me muita confusão.
- Porquê?
- Não é das coisas mais fáceis de explicar. Mas desde que o Bush ganhou as segundas eleições, depois de todas as asneiras que cometeu, fiquei a pensar que os americanos e o seu presidente se merecem. Ponto final.
- E agora?
- Agora o quê?
- Não me digas que não tens um candidato...
- Sinceramente, não. Claro que acredito que seria melhor para todos nós a vitória de Obama, mas como não somos nós que votamos, prefiro manter-me a leste.
- Então zero de notícias da América?
- Pelo menos dessa América "bushiana"...

sexta-feira, setembro 26, 2008

Um Poema e as Mulheres...


A Margem da Alegria


Quando repito existiam as mulheres sempre elas as mulheres
sempre as mesmas sempre diferentes mulheres
mãos postas sobre as mesas na penumbra rostos
onde havia tudo e tudo por detrás de tudo
e uns olhos e nos olhos e a partir dos olhos um olhar
que para nomear teria de falar de mar e de água
e da profunda mágoa de ter de desistir de as reter

O poema é de Ruy Belo, a actriz da imagem é Alida Valli, ambos retirados do álbum de João Bénard da Costa, "Como o Cinema era Belo".

quarta-feira, setembro 24, 2008

A Cacilhas de Anyana

Anyana além de escrever e declamar poesia, também gostava muito de desenhar e pintar.
Pintou muitos motivos da sua terra, como este quadro, que nos mostra os principais atractivos da Freguesia...


Anyana é o nome artístico de Idalina Alves Rebelo, uma cacilhense amorável que nos deixou ontem...


terça-feira, setembro 23, 2008

Nunca Tinha Pensado Nisso...

Nunca tinha pensado a sério no assunto. Mas um dos objectos que se foi tornando dispensável cá em casa é a televisão, para mim claro. Passo cada vez menos tempo à frente do "ecran maravilha" (a excepção são os filmes).

Reconheço que isso não tem só a ver com a qualidade da programação. Tem também a ver com opções pessoais. Prefiro ouvir música e ler, revistas, jornais ou livros...
Pensei nisso por estar inteiramente de acordo com a crónica de hoje de João Miguel Tavares, no "DN".
Todos sabemos que há programas que só têm sucesso pela polémica criada à sua volta, por muita publicidade e "palha" que é metida à sua volta. E a SIC e a TVI sempre se mostraram mestres nesses "deslumbramentos" populares.
Como já devem ter percebido, estou a falar do famoso "Momento da Verdade".
Não estou a falar de cor, porque vi uns minutos do programa em que a figura central era um rapaz militar. Achei aquilo tão deprimente, que não consegui perceber onde estava o interesse do programa como espectáculo televisivo, tendo como figura central um rapaz a vender-se por uns euros, na presença de familiares e amigos.
Ainda por cima aquilo parecia tudo (mal) encenado, com trocas de olhares cheias de cumplicidade.
O que me parece mal, e está bem explicito na crónica do João Miguel, é a lata de todos os "siclistas" que se tem "vendido" por causa daquele "sabonete", com um perfume tão manhoso. Certamente, mais motivados pelos euros que caem da bolsa do Balsemão que pelo tão propagandeado amor à camisola da casa...
Felizmente, a minha noção de entretenimento está mais próxima da "A Roda da Sorte ou do "Jogo Duplo", que destes confessionários decadentes e mentirosos.
E, segundo parece, o famoso "fundo do buraco" não existe em televisão, é sempre possível descer mais baixo...


domingo, setembro 21, 2008

A Estrita Intimidade...

Tenho a sensação que o casamento entre homossexuais se está a tornar mais numa causa de heterossexuais demagogos, que propriamente desta minoria.

Apesar de poder estar enganado, penso que eles preferiam ser respeitados pela sua opção sexual, deixando de se sentirem olhados de lado pela sociedade, a entrar neste espectáculo...

"A Estrita Intimidade", é de Robert Doisneau.

sábado, setembro 20, 2008

Ainda a Travessia do Tempo...

Tive o grato prazer de visitar a exposição da Transtejo na companhia do meu amigo Fernando Barão.

Já no seu interior, encontrámos dois visitantes também da "velha guarda", um deles tinha sido maquinista da Parceria Vapores Lisbonenses, e posteriormente da Transtejo, depois das nacionalizações de 1975...
Foi delicioso ouvir os seus testemunhos sobre muitos dos cacilheiros fotografados e também ver o seu esforço em identificar os elementos, que constavam numa foto gigante de familia, com os patrões e funcionários da Parceria...

sexta-feira, setembro 19, 2008

Travessia no Tempo

A "Travessia no Tempo" é o título da excelente exposição que está patente no hall de entrada do Fórum Romeu Correia, em Almada.

A Transtejo transporta-nos numa "viagem" deliciosa pelo Tejo, que se inícia com os primeiros vapores até aos cacilheiros dos nossos dias, com fotografias, objectos e miniaturas de várias embarcações.
Nem sequer falta o "Cacilheiro" de José Carlos Ary dos Santos...
A não perder...

quarta-feira, setembro 17, 2008

Louvor às Mulheres Corajosas

Começo por dizer que este texto não tem uma ponta de ironia.

É sim uma mostra da identidade feminina das algumas mulheres, que não dispensam o salto alto, mesmo em "tempos de guerra"...
Só mulheres com coragem, vaidade e bastante amor próprio, são capazes de desafiar os arruamentos do centro Almada, constantemente em mudanças e povoados de buracos para todos os gostos.
Provavelmente estas mulheres já deram cabo de alguns saltos, e até já torceram os pés, mas nem por isso desistem, de andar de salto alto, porque a beleza é fundamental nestes tempos que correm...

domingo, setembro 14, 2008

Este País Não é Para Velhos Nem para Novos...

Este país não é para velhos nem para novos, aliás, parece não ser para ninguém, se ignoramos a minoria que governa e que se tem "governado", ao longo de todos estas anos de liberdade (?)...

Digo isto porque não consigo aceitar, que um governo que divulga estatísticas e faz publicidade sobre a melhoria e a aposta da educação, comece a meter água, logo na pré-primária.
Não aceito que crianças com mais de quatro anos - como é o caso da minha filha -, fiquem em listas de espera (a maneira airosa de dizerem até para o ano...) no começo da sua vida escolar, apenas porque as escolas só estão preparadas para terem x alunos.
Numa altura que assistimos a um constante fecho de escolas e aumento de professores no desemprego, é ridículo que esta gente que nos governa e se governa, apenas pense em "vender banha da cobra" nos jornais e televisão, sem pensar seriamente no desenvolvimento do país, que devia começar numa aposta séria na educação e não nesta nova moda "socrática" de cortar fitas nas poucas escolas que abrem na data oficial e oferecer "medalhas" de mérito aos melhores alunos.
Era bom que a escola fosse cada vez mais um espaço de inclusão e não de exclusão, para os alunos, de todas as idades, e para os professores, claro.

A "Fila de Espera Numa Mercearia", de Robert Doisneau, também pode ser usada para as nossas escolas, para os nossos alunos e para os nossos professores, infelizmente.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Novas Oportunidades Para Quem?

Embora não tenha qualquer dúvida, que o ensino melhorou nos últimos anos, por várias razões, inclusive a melhoria qualitativa dos professores, não compreendo esta tentação de se caminhar para o facilitismo, apenas com o objectivo de melhorar as médias escolares e também os níveis de habilitações escolares da nossa população (apenas para a Europa ver).

Fiquei sempre com a sensação de que o programa das Novas Oportunidades era demasiado frágil, sem grandes objectivos qualificativos, para além da distribuição de diplomas. Com os exemplos que tenho colhido, aqui e ali, percebi que pouco contribui para o desenvolvimento do país.
Também não entendo muitos dos cursos mirabolantes que os Centros de Emprego obrigam os seus inscritos, a frequentarem, sem qualquer efeito prático, além das bolsas, tão necessárias para o seu dia a dia...
A Lúcia toca na ferida muito bem.
Não percebo como é que alguns dos maus exemplos vividos durante o "cavaquistão",com o mau uso fundos comunitários, continuam a prevalecer.
Tenho muita pena que este país socrático, continue a ser "faz de conta", com os custos que todos nós conhecemos e sentimos na pele...

A fotografia, "A Informação Escolar", é de Robert Doisneau.

terça-feira, setembro 09, 2008

Essa Coisa Estranha Chamada Democracia

Todos nós sabemos que a democracia e a liberdade, infelizmente, variam de continente para continente.

Foi assim em Pequim, é agora em Angola...
Os observadores internacionais e os governantes portugueses acham perfeitamente normal que o MPLA ganhe as eleições com mais de 80% e apressam-se a felicitar os vencedores e a forma como decorreu o sufrágio (ainda antes do seu final)...
Os observadores além de terem sido escolhidos a dedo, devem ser especialistas em eleições africanas, onde é hábito derramar sangue. Como desta vez isso não aconteceu, foi tudo muito transparente...
Sobre o Cavaco e o Sócrates, também estamos conversados. Ambos têm um sentido de democracia muito pessoal. Até no espaço aéreo...
Só posso dizer uma coisa: tenho cada vez mais asco pelo contorcionismo das nossas "prima-donas", quase sem coluna vertebral...

A fotografia é de Sebastião Salgado, do livro "Retratos de Crianças do Êxodo".

segunda-feira, setembro 08, 2008

Uma Tarde de Sábado Inesperada

Quando o telefone tocou, depois do almoço de sábado, estávamos a "quilómetros" da Festa do Avante. Mas os amigos que não se esquecem de nós, são assim... era mesmo um convite irresistível para visitarmos a Quinta da Atalaia.
Só tínhamos de passar lá por casa e recolher as EP's...
A chegada à zona da Cruz de Pau, Amora e Fogueteiro foi infernal, carros e mais carros, com o estacionamento possível a quilómetros da Festa.
A meio caminho, com a minha filhota às cavalitas e a suar as estopinhas, lá desabafei que só me apanhavam ali de "borla"...
Chegámos e fomos absorvidos por aquele mar de gente gigantesco, que olhámos com admiração. É ele que alimenta um partido especial onde ainda existe o espírito solidário e muito voluntarismo, como se vê no atendimento nas barracas de tudo e mais alguma coisa...
Outro aspecto único é o desfile de gente de todas as gerações, que vai ao guarda-roupa buscar a indumentária adequada à Festa: as boinas bascas com estrela; os lenços e camisas do Che ou da foice e martelo; as "mantas" da Palestina; os vestidos floridos dos anos da "paz e do amor", etc.
Só não disparei em todas as direcções porque não tinha um bom "zoom" e os tempos mudaram, quase tudo é esfera privada e ainda podia ficar sem máquina...
Não vou falar da confusão para jantar, das filas intermináveis para os petiscos mais sugestivos, nem da música para todos os gostos ou da originalidade dos WC's...
Não devia visitar a Festa há uns bons dez anos e já não me lembrava de andar num mar de gente assim. Apesar de me sentir cada vez mais distante das multidões, esta iniciativa do Ruben de Carvalho é uma grande manifestação cultural e social, e também a "galinha dos ovos de ouro" do PCP.
E essa é uma das razões da Festa fazer tantas cócegas aos restantes partidos...

sábado, setembro 06, 2008

O Dever de Informar

A atitude do governo angolano, de recusar a entrada de vários orgãos de comunicação social portugueses, para cobrir as eleições legislativas, depois de longos anos de guerra e de uma democracia apenas para português ver, é no mínimo vergonhosa.

Quando o presidente, José Eduardo dos Santos, afirmou a 4 de Agosto que: «Angola pode dar um exemplo ao continente e ao mundo sobre a forma como realizar eleições democráticas, livres e transparentes», pensei que alguma coisa ia mudar.
Na prática já se percebeu que tratou-se apenas de mais uma falácia. Por exemplo, como é possível realizar eleições transparentes sem a existência de cadernos eleitorais?
Isto faz com que se perceba que a presença da "SIC", do "Expresso", da "Visão", do "Público" e da "Rádio Renascença" em Angola, podia de facto ser incómoda...
Isto faz com que sinta que o jornalismo é a profissão onde existe menos corporativismo. Claro que isto não acontece apenas por se ter o "dever de informar", há também o gosto especial pelos "exclusivos" da maior parte dos órgãos de comunicação social.
Não esqueço alguns exemplos nacionais - com relevo para os do F.C.Porto de Pinto da Costa e a Madeira de Alberto João Jardim -, onde quem não publica notícias felizes, sujeita-se a ficar, no mínimo, à porta das conferências de imprensa...

Este desenho do Rui, publicado em 1989 no semanário "O Jornal", não mudou muito. José Eduardo dos Santos continua a ser o rei do ilusionismo angolano, agora mais só, com a certeza de não tirar Jonas Savimbi da cartola. Em relação à pomba, também estamos conversados...

quinta-feira, setembro 04, 2008

Uma Cidade com Pouco Sentido

Tenho assistido a este "filme" na plateia, em silêncio, como se deve estar numa sala de cinema.

Tinha algum receio de estar a ser injusto, de estar a falar antes do tempo.
Mas já chega de silêncio, de estar comodamente sentado na cadeira, a ver esta colocação de sinais de trânsito, luminosos e de proibição e obrigação, em quase todo o lado, sem descobrir qualquer benefício para o trânsito e para os almadenses...
Estive uns dias ausente da cidade, a gozar a vida prazenteira do Interior.
Regressámos ontem à noite a casa. Retirámos a bagagem e fomos jantar fora.
Cacilhas era o primeiro destino escolhido, mas como começou a "borraçar", resolvemos ir de carro e decidimos-nos por "Almada Velha".
Com a mudança de sentidos no trânsito e com a invasão de sinais proibidos e obrigatórios, quase rua sim rua sim, a maior parte deles desprovidos de sentido, demos várias voltas para trás e para a frente, até conseguirmos chegarmos ao destino...
À medida que íamos avançando pelas estradas molhadas, íamos percebendo a monstruosidade que nos estavam a fazer...
E, sinceramente, tenho pena que quem governa Almada não perceba, que ao retirar os carros da cidade, de uma forma quase compulsiva, também está a afastar as pessoas e que a nossa terra está a ficar quase deserta. Nem estou a falar por mim, uma vez que me desloco quase sempre a pé pelas ruas da cidade.
Claro que não é apenas por isso, mas ultimamente também tenho pensado bastante no assunto. E talvez esteja na altura de mudar, de voltar à minha cidade natal ou de descobrir outra terra diferente para viver...