quarta-feira, dezembro 31, 2008

Fim de Ano em Cacilhas

Não tinha pensado passar o ano em Cacilhas, mas como está tudo esgotado...

Ainda não é desta que vou à Madeira, ficar mais uma noite no sempre agradável "Reid's"...
Um bom ano novo para todos.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

A Crise Desapareceu...

Não me venham falar de crise, nos tempos mais próximos.

Não vi as lojas com menos gente na segunda quinzena de Dezembro. Então nos últimos dias antes do Natal, as filas aumentaram de uma forma considerável, assim como a circulação automóvel, provocando congestionamentos onde menos se esperava...
No dia de Natal fui almoçar às Caldas da Rainha. Há muito tempo que não apanhava tanta confusão de trânsito no garrafão da Ponte 25 de Abril, a um feriado. O mesmo se passou na A 8, onde encontrei mais trânsito que num dia de semana, normal.
Espero que a crise tenha mesmo fugido, não esteja apenas escondida por ser Natal...

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Boas Festas


Vou fazer umas "feriazitas" de Natal, pelo que só voltarei a "postar" depois de 26 de Dezembro.
Desejo-vos a todos boas festas.

sábado, dezembro 20, 2008

A Impaciência dos Cem Anos...

Embora não seja nenhum milagre, são raras as pessoas que chegam aos cem anos. E ainda menos, aqueles que o fazem, mantendo alguma autonomia e lucidez.
Carlos Sameiro, o velho faroleiro de Almada, com 98 anos, tinha tudo isso, embora uma queda (graças às obras do Metro, que felizmente já acabaram), o tenha debilitado, fisicamente, roubando-o aos quase passeios diários que dava pelo centro de Almada, com paragem na esplanada da "Rifera", para conversar com os amigos...
A última vez que conversámos, penso que deve ter sido no final de Setembro, onde estava sentado na companhia do nosso amigo comum, Carlos Durão.
Quando Carlos Sameiro, soube que eu era das Caldas, falou-me com satisfação da sua adolescência passada em S. Martinho do Porto e das suas visitas, a pé (uma brincadeira de mais de dez quilómetros para cada lado...), numa época em que a força nunca se acabava...
Todos nós queríamos (e ele claro...) que chegasse aos cem anos. Infelizmente não resistiu a este frio, um autêntico calvário para as pessoas mais idosas...
Soube do seu falecimento no blogue "Alma d' Almada", de onde retirei a fotografia.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Era Mais um Lobo Disfarçado de Cordeiro

O seu sorriso nunca me agradou, assim como o seu cinismo.

Tinha uma grande audiência nas suas "Conversas em Família" (até a minha mãe gostava de ouvir o senhor...), pois conversa nunca lhe faltou.
Mas com todas estas palavras, nunca explicou o porquê das perseguições que moveu a centenas de homens livres, nem a obrigatoriedade dos jovens participarem numa guerra em defesa de um império, que só existia na imaginação de alguns sonhadores
O meu pai não gostava dele, como não gostara antes de Salazar. Ambos simbolizavam a antítese dos homens livres, aquilo que ele sempre quis ser. Se não tivesse outra razão, esta sobejava-me.
Ainda hoje...

domingo, dezembro 14, 2008

Conversas de Café (17)

- Sei que estás cheio de sorte, já podes levantar a "massa" do Banco Privado...

- Nem no banco privado nem no público, mas adiante...
- Não me digas que não tens "plaffon" para ter lá dinheiro...
- Se é verdade o que vem nos jornais, não.
- Nunca pensei que o teu amigo sócrates fosse tão indiscreto, a proteger os amigos ricos...
- As pessoas que estão no poder vão perdendo a vergonha.
- O mais engraçado, é que o próprio nome da instituição diz tudo. Sempre pensei que privado era o contrário de público.
- Eu também. Vais ver que com esta crise, qualquer dia também subsidiam o "Gambrinus"...
- Falando a sério, nunca vi um governo que protegesse tanto o grande capital como este. As PME's que se cuidem...
- Vão fechando, um pouco por todo o lado. Fazem lembrar a agricultura, onde para receberes subsídios do Estado, tens de ser "latifundiário"...
- Até quando é que eles vão teimar em chamar-se socialistas?
- Boa pergunta...

sexta-feira, dezembro 12, 2008

«Vendedores de Jogo»

Era assim que o meu pai apelidava os grandes "palradores", capazes de dar grandes voltas numa conversa, para nos tentarem levar à certa, com um pedido ou uma venda qualquer. A única certeza que ele tinha, é que ficávamos sempre a perder...

Mas achava-lhes piada, às vezes era capaz de comprar qualquer "inutilidade", apenas pela satisfação de apreciar a lata e o jogo de cintura do vendedor, que em muitos sítios, era também conhecido como "vendedor de banha da cobra" (embora estes também existissem de verdade, com as suas caixinhas de latão, com a poção mágica que curava todas as doenças possíveis e imagináveis...)
Claro que os verdadeiros vendedores de jogo de rua, não serão todos grandes "palradores", ao contrário dos "vendedores de banha da cobra", como este da fotografia de Eduardo Gageiro...

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Sessenta Anos de Quê?

A comemoração dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos só pode ser encarada como uma brincadeira, neste começo de século.

Perdeu-se quase tudo, inclusive a vergonha, de usar como bandeira uma declaração que não é cumprida por praticamente nenhum Estado.
O trabalho que era, e é, o alicerce económico de qualquer família, está pelas ruas da amargura. O desemprego cresce, à mesma velocidade que o trabalho precário e as horas de trabalho. Nunca se viveu com tanta insegurança, com tantos medos, com tanta violência.
Falhámos em toda a linha nos últimos anos. Esquecemos tanta coisa importante, especialmente a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Nos seus primeiros dez artigos, não existe um, que seja cumprido integralmente no nosso país. E não vou para as áfricas e américas...

Esta fotografia de Gordon Parks, continua actual, espelha o desespero das mães deste país, que têm cada vez mais dificuldade em oferecer aos seus filhos, aquilo a que deveriam ter direito, segundo a Declaração...

terça-feira, dezembro 09, 2008

«O Diabo Anda à Solta!»

Era esta a expressão da minha avó, neste dias ventosos, em que quase tudo dança à nossa volta, com violência.
Nesse tempo, eu, ainda pequenote, sorria e espreitava o vento, mas do demónio nem sinal. Era invisível, feito de uma massa parecida com a de Deus, que também não gosta de se mostrar, embora esteja em toda a parte...

Nestes dias está-se bem é em casa, como eu neste momento a ouvir os Clã, já no "sorriso de Gioconda"... onde também há um amante furtivo.
«Para quem sorri Gioconda? Está tão longe e tão perto...», pergunta a Manuela Azevedo, uma das vozes que mais gosto de ouvir cantar em português... e agora já está noutra canção, a dizer-me: «deixa que o amor se entranhe na terra seca do coração», isto tudo, com «o ritmo do mar», imaginem só.
Deu-me para aqui, porque o diabo, dizem, que anda por aí à solta...

domingo, dezembro 07, 2008

O Ginjal no Mural de Romeu Correia

Ontem foi inaugurado, em frente das piscinas da Academia Almadense, o Mural de azulejos da autoria de Louro Artur, que homenageia o escritor almadense Romeu Correia. Não estive presente porque à mesma hora havia o lançamento do livro de Diamantino Lourenço...

Sabemos que este painel tem estado armazenado em caixas, há já uns anos, nas instalações do Município.
Não conseguimos perceber o porquê. Porque razão se tem escondido este bonito Mural (gosto mais desta palavra que de painel...) dos almadenses...
Ainda menos percebemos que tenha sido colocado num lugar quase escondido, da Cidade...
Entre os muitos motivos escolhidos pelo autor da obra, lá está o Ginjal, lugar de predilecção de Romeu, na infância e adolescência...

sábado, dezembro 06, 2008

O Livro Sobre Cacilhas de Diamantino

"Cacilhas - Ponto de Partidas Local de Passagem", é o título do livro de Diamantino Lourenço, que é apresentado hoje na sede da ARPIFC, na localidade ribeirinha.

Assisti a todo o percurso deste livro, que em meses passou de um pequeno opúsculo de quarenta páginas a um belo livro com mais de cem folhas...
O mais curioso foi o autor ter ido buscar acontecimentos que tinham passado ao lado de quase todos os cacilhenses, como a partida da Primeira Volta a Cavalo, em 1925, ou várias partidas de etapas da Volta a Portugal em Bicicleta...
Mas Diamantino não se fica por aqui, também nos dá uma perspectiva dos estudos e construções de pontes sobre o Tejo e dos caminhos ferroviários (que só agora chegaram a Almada, através do Metro de Superfície).
O mais bonito disto tudo, é vermos alguém que escreve bem, com dezenas de artigos publicados aqui e ali, ter esperado pelos setenta e sete anos, para publicar a sua primeira obra a solo.
Parabéns Diamantino!

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Eram Poetas...


ERAM POETAS...

«Não eram vultos, eram poetas!»
Exclamou o taberneiro, com orgulho,
Ao velho polícia do giro.

«Eram poetas sim senhor.»
Insistiu o taberneiro.
O polícia coçou o nariz,
Só conhecia aqueles marginais
Dos livros e dos filmes.
Até pensava que não saiam à rua.

«Saem sim senhor,
Embrulhados na noite.»
Explicou o taberneiro.
O polícia agora coçava a cabeça,
Enquanto fazia sinal ao homem,
Para lhe encher mais uma vez o copo.

«Eles param sempre aqui,
Antes de trocaram algumas palavras
Com as nuvens e as estrelas.»
Sorriu o taberneiro.
O polícia olhou-o fixamente nos olhos,
Antes de soltar uma valente gargalhada.

«E também namoram sereias.»
Disse o Taberneiro com satisfação.
Os dois homens não conseguiam parar,
De rir e de beber aquele vinho,
Tonto e tinto...

Foi por isso
Que em boa hora
Decidiram fazer um brinde:
«Aos poetas do Tejo,
Das noites e das sereias belas...»

Poema publicado inicialmente no fanzine almadense, "Debaixo do Bulcão", nº 33, Junho de 2008 (de aniversário), escrito para homenagear os seus criadores, em particular António Vitorino. Posteriormente foi "agarrado" pelo caderno, "Palavras ao Tejo". E é para ti, Ivone...

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Olhares Sobre o Tejo...

Com a polémica dos contentores na frente ribeirinha, em Alcântara, percebi que nem todos os olhares que se debruçam para o Tejo, refletem sentimentos de serenidade, amor ou alegria.

Além do sentimento de indiferença - há quem atravesse o rio, como se estivesse numa auto-estrada, apenas preocupado com os dez minutos que demora a travessia -, também há alguma desconfiança. Há quem nunca tenha achado muita piada a rios largos e a mares, muito menos a ondas eriçadas pelo vento, que fazem os cacilheiros dançar um pouco.
Para estes passageiros o Outono e o Inverno são um suplício, principalmente quando está mau tempo no canal...
É por isso que mal o cacilheiro parte, lançam o olhar num jornal ou num livro e só olham para a Margem, quando já estão a atracar no cais...