Caminhava nas ruas de Almada, quando sou surpreendido por uma voz irritada e irritante que dizia: «Eu não tenho medo deles, Tenho é medo de mim!»
Olhei para trás sem dar muito nas vistas e vi um homem a rondar os quarenta anos, pequeno e franzino, acompanhado de uma mulher. Ele não desarmava com a mesma lenga-lenga. Alguns metros à frente já matava e tudo...
Apeteceu-me perguntar-lhe se estava ali bem, na rua. Claro que não o fiz. Além de não conhecer o homem "perigoso" de lado nenhum, estava sujeito a ser enxovalhado, por me meter onde não devia...
No próximo cruzamento mudei de rua e deixei de assistir a este espectáculo, tão português. Claro que fui andando e pensando nesta maneira, mais de dizer que de fazer, tão portuguesa, do género, «Agarra-me, senão mato o gajo!»
Felizmente a maioria dos cães que ladram não mordem...
12 comentários:
E causas para esse "desabafo"?
E quem é que matou quem? Ou não chegou a haver pecado?
Pois... ameaças com ou sem motivo mas que nos deixam na expectativa...
Ou será o homem franzino daqueles que falam, falam, e não dizem nada?!?!
Caro Luís Milheiro,
A propósito do comentário que deixaste no vitorinices:
Se eu agora te dissesse que me sinto ignorante por não ter visto essa cena que tu viste, só podia estar a ironizar, não é?
Não estive nessa rua. Estive na do Ponto de Encontro, nos tais anos de "efervescência cultural".
Não podemos estar todos no mesmo sítio e ver as mesmas coisas. Ainda bem.
Mas gosto de sentir que, nesse tempo, participei em coisas que, pelo menos, servirão de referência a quem, no futuro, quiser fazer algo semelhante.
Quanto aos que eventualmente me criticaremm pelas minhas opiniões pouco "ortodoxas"... eu não tenho medo deles, tenho medo é de mim!...
António Vitorino
Sabes que tenho muitas vezes esse pensamento perante algumas situações: será que estou bem aqui?!
Mas o título do post diz tudo.
Uma boa semana para ti Luís.
Apesar da sabedoria popular nos dizer que tristezas não partem dividas, o que é certo, Repórter, é que as pessoas andam chateadas, e a maior parte até tem razão, pois a nossa vida, vem piorando, ano após ano. cada vez temos de fazer mais "ginástica" porque a perda do poder de compra é uma constante do nosso dia a dia.
Depois há quem precise de arranjar bodes espiatórios para os seus problemas, e escolha a mulher para libertar a raiva (neste caso como confidente e não como saco de boxe, felizmente...) que quer ser libertada...
Falar é sempre mais fácil que agir, em tudo na vida...
Eu não estava a ironizar Vitorino. Estava a falar a sério. Mas sei que não sou estúpido ou burro. Sou sim ignorante em muitas coisas, porque estamos sempre a aprender, basta querermos...
Como tu bem dizes não podemos estar em todo o lado, há sempre coisas que nos passam ao lado, até por questões de interesse pessoal.
Como a onda "gótica" não faz parte dos meus gostos, é perfeitamente natural que não conheça as bandas que referiste.
Quando falas dos que criticam as tuas opiniões pouco ortodoxas, não sei do que estás a falar (continuo a não ironizar...), mas acho bem que não tenhas medo deles, mas sim de ti...
Percebeste-me na perfeição, Maria.
Quantas vezes não sentimos isto nas ruas, perante a "algazarra verbal" de gente anónima que, ou está chateada ou gosta de dar espectáculo.
Trabalhar a expressão dos sentimentos, desenvolver o amor-próprio, o respeito ao próximo, a fantasia (que adoça a vida) ... aprender a domar a ansiedade e a moldar as palavras ... a relativizar os problemas, a relativizar-se face aos mundos próximos e distantes, a gostar e a gostar-se, implica operações intlectuais complexas, elevação espiritual e elasticidade emocional que se adquire ao longo da vida, em contextos diversos. São os nossos referentes comportamentais e os nosssos quadros de valores que nos tornam pessoas. Mas tudo isto se aprende e apreende ... elabora e reelabora, na nossa mente com resultados evidentes na expressão física do nosso agir quotidiano.
Mais uma vez estamos perante um problema de ... (?)
Um beijo* Luís
Educação, paz, amor... como nos diz o Sérgio Godinho, numa das suas canções, Isabel.
Um bom retrato da forma de estar bem portuguesa, com a agressividade verbal da treta.
Nós devemos conhecer-nos pois o seu nome é-me familiar, e vivo aqui no concelho de Almada há 27 anos, mais exactamente em frente ao Pavilhão Municipal de Desportos do Feijó, e fui mulher do falecido escritor Virgilio Martinho de quem tenho um filho de 23 anos, que foi um dos fundadores do Teatro de Campolide, hoje Teatro Municipal de Almada.
Ainda há pouco tempo encontrei tb aqui na blogosfera alguém que conheço mto bem de Almada.
Este é um Mundo enorme mas acabamos sempre por encontrar as pessoas que nos são afins em termos de escolhas de vida, como é, neste caso a escrita, embora no meu caso tb pinte, já fiz 27 exposições de tapeçaria e aguarelas, algumas em Almada e faça fotografia, mas realmente a escrita desde miúda tem sido uma companheira constante.
Um abraço
TD
O nome da Teresa também me é familiar. Tenho a certeza de que já assisti a exposições com trabalhos seus.
É provável que me conheça de nome, ou até de vista, por ser autor e co-autor de vários livros sobre Almada.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, Almada ainda tem algumas coisas de aldeia... e ainda bem.
É curioso, em Almada há muita gente que gosta de falar alto.
Em Lisboa não, anda tudo em silêncio e passo rápido.
Conclusão: Há mais heróis em Almada (estou a brincar)!
É mesmo curiosa, e verdadeira, a tua constatação Alice...
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