Descobri hoje que estava enganado na forma como olhava as tertúlias. Sempre pensei que as tertúlias de café eram coisa de homem, que tanto podiam estar viradas para o intelecto, com discussões quase filosóficas, ou para o futebol, com conversas mais acesas, a muitos tons e cores...
Foi preciso estar sentado numa esplanada, ao lado de uma mesa de cinco senhoras com mais de meia idade, para descobrir uma verdadeira tertúlia cor de rosa, quase choque. As senhoras falavam com desenvoltura, quer dos temas do dia das revistas de actualidades femininas e do "24 Horas", quer das últimas aventuras das suas ruas.
As conversas eram bastante pormenorizadas, e tanto falavam da operação à "peida" da Merche Romero como da neta de não sei quem, que ia colocar silicone nas "tetas"...
Consegui sorrir várias vezes, com as expressões usadas, naquele "jornal" colectivo, onde se desfiaram histórias de várias ruas de Almada e até do país.
Abençoadas mulheres que ainda se encontram nas mesas de café para colocar a "escrita em dia". Elas vão quase sempre mais longe que nós e raramente usam palavrões...
É com esta pequenas coisas que descobrimos o quanto somos sexistas...
Pablo Picasso ilustra este texto com as suas "banhistas".
18 comentários:
e aposto que sabem tudo sobre quem casou com quem, quem está grávida, quem teve filhos, quem se separou ou se vai divorciar, quem deve o quê a quem, etc, etc, etc. ;)
:)
Provavelmente terei que me render a essa evidência, sem qualquer dificuldade.
Mas é verdade que essas tertúlias a que te referes, as femininas, não são muito antigas.
Evolução também aqui. E porque não?
Aposto que precisam urgentemente de falar!
Talvez nem se ouçam umas às outras...
Depois do dia (louco!) que tive hoje, só tu com um post assim!
Demais!:))
Luis
Bem, este post está o máximo!!
Depois de vir de uma discussão, ler o que escreveste, fez-me bem :))
Começei a rir e a pensar que por aqui também há conversas de café assim.
Aqui ( Alpiarça), dão-se ao luxo de conversar no meio da rua e carregadas com sacos do hipermercado,os carros a quererem passar e elas não saiem; antes pelo contrário, os carros é que têm de se desviar.Os condutores já nem reclamam , porque acontece muitas vezes
beijos
Ana Paula
Claro que sabem Alice, são verdadeiras "repórteres de rua"...
:)
Para ti também, MC!
Tens tada a razão Repórter, esta sua passagem para os cafés faz parte da evolução dos tempos. Antes reuniam-se nas mercearias de bairro, quase em desuso, levando-as para as mesas dos cafés...
Precisam e devem falar, Rosa.
Acredito que ouçam porque os temas interessam...
Espero que hoje tenhas um dia menos "louco" Maria P...
Abraço grande
é um fenónemo generalizado, Ana Paula.
E diga-se de passagem, que as senhoras estão muito melhor, sentadinhas no café a conversar, que no meio da rua, com o perigo dos carros e o peso dos sacos...
Bom Post, acompanhado de uma bela imagem!
Gostei de ler, pois fez-me pensar!
Olá Luís Milheiro.
Coloquei no meu blog Coisitas do Vitorino uma referência ao Jornal de Almada, onde a manchete é a tua entrevista como presidente da SCALA.
Depois de ler melhor a entrevista, reparei em algumas coisas com as quais não estou de acordo.
E, na caixa de comentários do artigo, acrescentei excertos da entrevista e três comentários meus.
O artigo chama-se "Uma boa surpresa: o 'novo' Jornal de Almada".
Não é para entrar em qualquer tipo de polémica, mas havia ali algumas coisas em relação às quais eu me sentia injustiçado, ou esquecido (porque também fiz, e faço, actividade de divulgação literária, com os mesmos objectivos por ti enunciados como sendo os da SCALA, e também desde os anos 90).
Senti, portanto, necessidade de "rectificar".
Cumprimentos
António Vitorino
É bom fazermos pensar "Cap"...
Já lá estive Vitorino...
Rectifica, sempre que achares necessário.
Ai, Luís, são tão lindas essas banhistas do Picasso! E têm tanta realidade e sensualidade, cubistas que sejam. Há muito tempo não via essa imagem e me soube super bem. Além de combinar às maravilhas com teu texto.
Ai, és mesmo um fofo, inclusive por reconheceres assim, como somos (somos todos e todas) sexistas, até sem nos darmos conta. Muito interessante teu texto-comentário e quem diz a verdade não merece castigo, tás perdoado já que o reconheces nessa simplicidade e bom humor. Queria ter assistido/ouvido a conversa.
Os cafés continuam a ser espaços para quase todas as conversas, Ida felizmente...
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