quinta-feira, junho 28, 2007

A Arte é de Todos

No meu último "post" não deixei isso bem vincado, mas sou completamente à favor da massificação da cultura. Acho óptimo que o mundo das Artes e Letras seja acessível ao maior número de pessoas, porque se tratam de áreas determinantes para a evolução e compreensão da nossa própria história.
Se as pessoas começarem a visitar muitos dos nossos museus, vão descobrir pequenas grandes maravilhas. E vão perceber, que ser-se português, não é uma coisa tão má, como por vezes pintam por aí alguns "artistas", desapegados da nossa verdadeira essência...
É preciso cultivarmos o gosto. Claro que isso só é possível através do contacto com obras de inegável qualidade (estou a falar de livros, música, artes plásticas, cinema, teatro, arquitectura, etc).
Tudo isto para dizer que o facto de a exposição da colecção Berardo, estar aberta ao povo, gratuitamente, durante estes dias, é um bálsamo para a cultura portuguesa.

O óleo que escolhi para dar cor a estas palavras, é da autoria de Marques Pereira e tem com título "Cenas de Aldeia".

24 comentários:

Anónimo disse...

Temos que saber apreciar as boas obras. Serem de um consagrado ou de um desconhecido, é irrelevante.

Maria P. disse...

Visitar Museus ainda não é um hábito comum.

Bjos*

MGomes disse...

Completamente de acordo. Por uma cultura de portas abertas!!!!!!
Abraço

Maria disse...

Pelo incentivo e pelo bálsamo, tens razão........

Isabel Victor disse...

«A multidão é estúpida,
porque a inteligência é uma faculdade individual.»

Fernando Pessoa

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Caro Luís Éme

Confesso que a palavra "massificação" me causa alguma alergia. A palavra, em si mesma, é sufocante ! Muitas vezes é manipulação das ditas "massas" (para cabeçalhos de jornais)e contabilidades políticas, sem qualquer respeito pelas pessoas e pela sua individualidade.

A diversificação da oferta e a democratização no acesso aos serviços e produtos de natureza cultural/ artística é um príncipio de cidadania e um bem fundamental, mas está sujeito a regras, ritmos, planos, estratégias. Tem que ser feito com persistentemente, com regularidade e qualidade.

O que assistimos muitas vezes é a fenómemos de " diarreia cultural " em que as "massas" (não as pessoas) são arregimentadas para emoldurar "a coisa" ! Democratização, SIM ! Banalização, NÃO !

Um forte BlogAbraço, virtualmente individualizado ... nada de abraços em massa :))

Teresa David disse...

A educação e a cultura são coisas completamente diferentes para mim. Acho que a escola não tem poder para motivar os alunos para a cultura, mas sim os pais. Comecei pela mão do meu pai a frequentar museus, ir ao cinema e teatro aos 3 anos. Aos 5 ele deu-me os primeiros livros. Cresceu, portanto, muito cedo em mim a vontade do conhecimento. O problema neste País, logo, é, ancestral, pois os pais no masculino falam e só se interessam por futebol e as mães por novelas. Estou a generalizar por uma simples razão: neste país os frequentadores assiduos dos focos culturais são uma elíte de gente geralmente que teve acesso ao ensino superior, professores, e a própria classe artística.Claro, que existem franjas de gente menos ilustrada que se interessa por Arte, mas será uma minoria.
O problema seria mais facilmente resolvido, na minha opinião, se a TV nos noticiários, todos os dias, dispendesse o mesmo tempo para dar a conhecer a cultura em todas as suas vertentes, que dá ao futebol e novelas.Os programas culturais na sic e TVI vão para o ar pelas 3 da manhã e a RTP2 não faz ainda parte dos habitos nacionais. A pouco e pouco as pessoas assimilariam a Arte como uma parte integrante das suas necessidades.
Quanto ao Museu concordo que sendo á borla, (os portugueses tesos como são adoram borlas!) e com o mediatismo que teve a inauguração, aqui está bem patente o que digo atrás sobre a TV poder ser o meio de maior poder para influenciar a população, acabaram por aderir. Mas é uma pedrada no charco, pois para levar a população a aderir são precisas várias gerações que se interessem pela Arte, de forma a poder canalizar essa motivação aos filhos.Pelas várias capitais da Europa que já visitei senti mto mais presente no quotidiano das pessoas a ida a museus ou ao teatro.
Em suma, creio que já não assistirei a um Portugal interessado em engrandecer-se culturalmente, pois parece-me que as pessoas estão demasiado pobres para se libertarem da emotividade das suas necessidades, não lhes passando pela cabeça que a Arte pode ser uma forma de se sentirem mais livres dos problemas.
Bjs
TD

Alice C. disse...

Também não gosto da palavra massificação, mas concordo contigo, Luís, que a arte deve ser acessível a todos nós, até porque faz bem ao corpo e à alma.

Claro que também quero espreitar os tesouros desse "pirata" da Madeira, mas lá mais para a frente...

vague disse...

concordo completamente ctg qto à 'massificação da cultura'; os hábitos aprendem-se e apreendem-se assim e refinar-se-ão sensibilidades e gostos.
e goste-se ou não dele (e ele é daquelas pessoas de que ou se gosta ou se detesta o género) o berardo tem mérito nesta divulgação e 'massificação' da cultura.
como diz, 'não será por falta de dinheiro q alguém deixará de ir ver a exposição'
(o preço a partir de domingo é 5 euros)

Menina Marota disse...

Por favor vai aqui... e vê se tem algum fundamento e se podes alertar alguém... (fiquei preocupada)

http://jeunesfillesenfleur.blogspot.com/

Um abraço ;))

Luis Eme disse...

Pois temos Repórter.

Mas para isso é preciso que se comece a descobrir a Arte logo nos bancos da primária...

Luis Eme disse...

Mas já foi muito pior Maria.

Mesmo que muita gente vá por ser moda, há sempre a possibilidade de começarem a gostar...

Luis Eme disse...

É a melhor maneira, Manuel, abrir as portas e falar... o povo acabará por aparecer.

Luis Eme disse...

Acho e penso que sim, Maria...

Luis Eme disse...

A frase de Pessoa diz tudo, Isabel!

Exagerei no uso da palavra "massificação", que pode ser entendida da pior maneira, cmo muito bem exemplificaste.

Mas somos um país muito especial. Parece que as pessoas gostam de ser "empurradas" para cima das coisas, com publicidade em doses cavalares ou ao descobrirem filas com muita gente num museu...

Apesar de tudo é melhor entrarem desta maneira que nem sequer ficarem a saber onde fica o museu tal...

Luis Eme disse...

Disseste tantas verdades, Teresa...

Desde o "buraco" que existe entre a Educação e a Cultura; ao facto de haver uma élite que além de ser privilegiada, também gosta de guardar as coisas da cultura só para eles; o mais engraçado é que é esta élite que bem podia pagar estas coisas, que é sempre convidada de borla para assistir às ante-estreias dos espectáculos e inaugurações, espectáculos que são quase sempre caros demais para o cidadão comum, que não tem outro remédio senão adorar borlas, quando aparecem; A televisão nunca foi tão vazia de cultura como hoje, só se preocupa em entreter e não em educar.

Mesmo assim acredito que a Cultura pode e deve chegar a mais pessoas, nos tempos mais próximos, porque é uma coisa positiva para todos nós.

Luis Eme disse...

Adorei a expressão "tesouros do Pirata da Madeira", Alice.

E a Cultura faz realmente bem ao corpo e à alma!

Luis Eme disse...

Vou aproveitar a expressão da Alice...

O "Pirata" da Madeira tem mérito sim senhor. Quer que toda a gente aprecie os seus "tesouros", quanto mais não seja para os valorizar, ainda mais...

A Cultura deverá ser um bem cada vez mais acessível a todos nós, mas a palavra "massificação" é exagerada, Vague...

Luis Eme disse...

Não deves ficar exageradamente preocupada, "Menina Marota".

Penso que quando as pessoas querem fazer algo do género, não o publicitam desta forma...

Mas...

Rosa dos Ventos disse...

Não gosto do Joe "Mecenas" mas concordo com a ideia de abrir a exposição ao público, gratuitamente.

Luis Eme disse...

Também concordo e sobre o José, é um "comprador" de tudo, até de pessoas (das que estão para aí em saldo permanente...).

MJLF disse...

Acho que a massificação das artes tem aspectos positivos e negativos: Walter Benjamim alertou-os para eles no inicio da seculo passado, nomeadamente, para o modo como os mecanismos de reprodução contribuiram para a democratização das artes, premitindo um acesso da arte a um publico mais alargado e em simultaneo, como se tornaram uma ameaça para a aura das obras de artes - para o caracter sagrado ou unico que elas podem possuir. Eu acho que todos os fenomenos têm sempre lados positivos e negativos.

Luis Eme disse...

Como quase tudo na vida, Maria João...

Mas acho que é saudável, as pessoas terem uma visão mais abrangente do que é Arte. A colecção de Berardo presta-se a isso.

Ida disse...

QUerido Luís, ontem vi um filme que tem um personagem a combinar tão bem com o que dizes aqui. No Brasil ficou como "Um lugar na Platéia" (Une place d'orchestre, no original) e tem um pianista que está farto de ser um objeto de consumo das elites. Ele rompe com tudo pois quer tocar em hospitais e florestas (palavras dele) e para gente que nem nunca escutou o nome Mozart. Há uma cena genial q bem podia ilustrar o teu texto. Concordo basolutamente contigo, a arte tem que ser pra todo mundo e não só para quem "entende" de arte. Quem fez as pinturas rupestres não sabia que era artista, e Picasso tb não o saberia se não vivesse no mundo em que viveu e ainda assim o seria.

Luis Eme disse...

Eu também penso assim, Ida...

Mas como tudo na vida, tem os seus quês...