sábado, setembro 23, 2006

As Matinés Dançantes do Ginjal


Aquele que foi um dos grandes restaurantes de referência de Cacilhas, a "Floresta do Ginjal", mudou de ramo, há já alguns anos.
Pouco tempo depois de ter fechado as portas como casa de pasto, alguns empresários resolveram utilizar o espaço vago como sala de espectáculos musicais, apresentando bandas de música alternativa.
Era comum cruzarmo-nos nas imediações do Ginjal com gente que primava pela diferença, essencialmente pela sua forma peculiar de vestir e pentear. Ao passarmos pela "Floresta" éramos obrigados a escutar sons metálicos que aconselhavam as gaivotas a voar para outras freguesias.
Hoje a música continua, mas é bastante diferente...
O som que sai das janelas é mais calmo e tenta reviver os bailes e as músicas mais apropriadas para se dançar aos pares, dos anos cinquenta e sessenta.
Pelas suas portas entram homens e mulheres de meia idade, à procura de muitas coisas, com um destaque especial, para o combate à solidão.
Uns querem companhia para dançar e namorar, se houver tempo...
Outros pretendem ir mais longe. Procuram um companheiro ou companheira, para partilharem o resto das suas vidas, encurtadas pela força vertiginosa do tempo.
Ao ouvir um tango, lembrei-me que, por falta de tempo - sempre o tempo... -, nunca aprendi a dançar convenientemente este bailado argentino, sensual e fatalista...

17 comentários:

Anónimo disse...

Não sabia desta nova faceta da "Floresta do Ginjal". Espero que o cupido passe por lá e consiga fazer muita gente feliz.

Pedro Martins disse...

Primeiro a ligação fluvial pelo Seixal, depois o comboio, fizeram-me, aos poucos, na última década, desviar a agulha de Cacilhas.

Mas o prédio da "Floresta", com a sua silhueta peculiar, e, especialmente, o inconfundível reclamo luminoso (marcaram uma época, não foi?), é-me bem familiar. Dei-me conta disso agora, ao olhar para a foto que ilustra esta sua belíssima crónica, melancólica e suavemente esperançosa.

P.S. - Aproveito o ensejo para lhe agradecer a lembrança, hoje recebida. Nos próximos dias, mando-lhe algo prometido, já na minha posse, pelo correio.

Um abraço

Pink disse...

Olá! Venho retribuir a visita lá no meu cantinho. Não resisti à curiosidade.

Interesante trecho este acerca de um local que tem uma função extremamente necessária na sociedade actual em que a sólidão é rainha. Deverão aparecer por esse país fora mais locais como esse!

Um beijo

Minda disse...

Nunca frequentei o restaurante mas assisti a alguns concertos de música ao vivo. Apesar de não ser o meu género de música preferida, gostei, sobretudo, de um espectáculo de uma banda portuguesa com dois bateristas ao despique... muito barulho mas um som que foi demais!!! Já reparei que, entretanto, o género musical mudou, penso que será, contudo, apenas durante a tarde, porque éo que oiço quando chego do trabalho. Não deixa de ser interessante esta pluridade de utilizações.
Até terça feira. Um abraço e bom domingo.

Luis Eme disse...

Pois é, Pedro, durante muitos anos a "Floresta do Ginjal" foi um dos melhores cartões de visita de Cacilhas, graças às suas "mariscadas".
A decadência da indústria no Ginjal acabou por afectar a zona comercial... e hoje, temos o restaurante transformado em Salão de Baile.

Luis Eme disse...

Por acaso, ainda frequentei o restaurante, no começo da década de oitenta. Além de ter uma vista espectacular (que se mantém), ainda mantinha alguma opulência, Minda.

Luis Eme disse...

Pink, acredito que este espaço, além de ser palco de múltiplas histórias de amores e desamores, reduz, mesmo que seja momentaneamente, a solidão de muitos homens e mulheres.

Luis Eme disse...

Alice, também espero que a "Floresta" consiga fazer muita gente feliz, que a dança empurre a solidão, pelas escadas abaixo.

Blackbird disse...

Conheço algumas pessoas que acabaram com a sua solidão nesta casa. Conheço casais que se conheceram neste local devido às matinées que ali existem. Luis mais um bocadinho de nada para o lado e via-se a casa dos meus avós e dos meus pais onde passei toda a minha vida, até á ano e meio atrás...

Anónimo disse...

Por vezes, quando almoço numa das esplanadas em Cacilhas, vejo passar os frequentadores da Floresta. São fáceis de distinguir. Elas bem penteadas e vistosas e eles de fato e gravata, por vezes com flor ou lenço ao peito. É uma imagem que me enternece por duas razões: a solidão que todos eles trazem consigo, e o sorriso que mesmo assim não deixam em casa.
Vou roubar esta foto para mim, sim ? :-)

Luis Eme disse...

Blackbird, é óptimo que as matinés da "Floresta" sejam um conforto para muito boa gente, cansada de estar só.
Nas palavras sobre a tua vivência, percebe-se que conheces o Ginjal como poucos.

Luis Eme disse...

Pois é Maria, os bailes da "Floresta" são um bom motivo para as senhoras visitarem o cabeleireiro e para os senhores vestirem um fato mais domingueiro...
Podes guardar a fotografia à vontade, o autor é um mãos largas...

Unknown disse...

Alguém me sabe dizer se as matinés ainda acontecem neste espaço? Em que dias ou a que horas. Não consigo encontrar um numero de telefone atribuído e a junta de freguesia de cacilhas não me sabe dar informações...
obrigada
Nádia Santos

Anónimo disse...

Sabados e domingos matines e possivelmente as 5ªs e feriados.

Anónimo disse...

Gostaria de ir aos bailes do ginjal mas não sei os dias k tem ....se alguém souber por favor diga ..pois vi hoje uma reportagem e me encantei com o que vi ...obrigada .bjhossss

Germina disse...

Boa tarde, alguem me poderia dizer em que dias e às horas que abre, e qual as fauxas etarias? Nao gostaria de por lá aparecer e me sentir filha deles todos, como nao gosto de ir a um local e me sentir mae de todos. Agradecia muito uma resposta e se possivel o contacto telefónico . Obrigado

Lena Rocha disse...

Boa tarde, eu tambem quero partecipar as tardes dançantes pois amo bailar....Lena de Italia e da dois meses em Portugal.