As escolas e os programas de ensino de hoje não têm nada a ver com as do passado. Apesar das críticas que escutamos todos os dias, penso que estão muito melhor.
Os alunos podem escrever com mais erros e não saber toda a tabuada, mas possuem um maior grau de conhecimentos sobre o mundo que nos rodeia.
De longe a longe sou convidado por professores amigos, para participar em acções nas suas escolas, sobre a importância da leitura.
Normalmente as conversas não incidem apenas sobre a minha pessoa, embora fale de experiências pessoais, de como era a escola no meu tempo, da quase ausência de livros nos nossos lares, da utilidade das bibliotecas públicas da Fundação Calouste Gulbenkian, dos primeiros livros que li, das viagens que fiz através dos livros, etc.
Na semana passada os alunos tiveram uma parte mais activa, porque tinham vários trabalhos de grupo para fazer, sobre o tema. Fizeram-me inclusive uma entrevista, com perguntas que nunca me tinham feito e que me deixaram quase sem resposta. Perguntas objectivas mas um pouco para o "cor de rosa". Há três que me ficaram na retina, e que decidi partilhá-las convosco: «A quem se compara como escritor?» perante a surpresa, disse: «A ninguém». A segunda foi ainda mais inesperada: «Como descreve os seus livros?» com um sorriso disse que: «não os descrevia, só os escrevia...» A terceira também foi gira: «Em quem se inspira?», pois, como não me inspiro em nada especial, disse a verdade: «No mundo que nos rodeia.» Claro que não ficaram muito convencidos, com estas respostas curtas...
Os miúdos de hoje são completamente diferentes do meu tempo. São sobretudo mais livres, na maneira de pensar e de agir, com tudo o que isto tem de positivo e de negativo.
Acho que é essa liberdade que ainda nos divide, em casa e nas escolas, que nos coloca dúvidas sobre quais são os melhores métodos de educação.
A perfeição, essa, continua a ser uma utopia...
A Fotografia é de Alfredo Cunha, datada de 1974, pouco tempo antes da revolução, onde a timidez e a vergonha eram qualidades escolares...
16 comentários:
Ó Luís, quando abri o post e vi a foto do cabeça ia-me dando um treco...
Mas os miúdos amenizaram "a paisagem". É um retrato fiel do que eram as escolas há 35 anos....
O que é importante mesmo é que as crianças saibam quanto custou a liberdade e o que ela significa...
A utopia será um sonho, mas não é pelo sonho que vamos?
Abraço
É mesmo!
Comovidos e mudos..., Luís e Maria!
Abraço
PS. Faltou o crucifixo na foto!
A Maria a a Rosa dizem tudo.
Apenas sublinho a pergunta que a Maria deixa:
"A utopia será um sonho, mas não é pelo sonho que vamos?"
Excelente post Luís.
Um abraço*
LUÍS
EXCELENTE O TEXTO e as evidências, gosto muito de te ler.
A minha sobrinha é uma jovem de 25 anos, peço desculpa por deixar este pedido:
Não é meu hábito andar a incomodar pedindo favores, mas tendo em atenção a situação da m/sobrinha, que aguarda a todo o momento um «transplante de coração» se puder vá ao blog dela e, responda ao questionário sobre «grupo sanguíneo» ela está a fazer uma sondagem que é muito importante para ela:
http://pikenatonta.blogspot.com/
Qual é o seu tipo de sangue?
PS - Coloquei uma sondagem no blog. Agradecia a TODOS que pudessem responder pois não custa nada... MUITO OBRIGADA!!!!!
ATENÇÃO: há pessoas que não entendem e pensam logo que é para dar sangue, NÃO, NÃO É...é apenas uma sondagem sobre grupo sanguíneo.
QUEM PUDER COLABORAR, lá no blog dela, eu fico muito grata.
Um abraço.
Ai como eu preciso de um Abraço!!!
off-topic, sorry
acabei por não saber a tua 'não-definição'
;)
Mas isso nem sempre sabem, por nossa culpa, claro, Maria...
Pois faltou Rosa...
Claro que é, Maria P...
Sem a capacidade de sonharmos, o que seria de nós?...
Passei por lá Kalinka...
Pois, e não se a terás, Vague...
Bem, eu também fui uma aluna do antigamente, e o acesso à cultura não era fácil. A cultura era um luxo, bem como a educação. Hoje existe a tv cabo como óptimos documentários que me regalo a ver. Aprendo imensa coisa vendo o Odisseia, o História, o National Geographic... Existe a internet, com um acesso impossível de bater, a todos os temas... é diferente. Penso que o que mudou muito foi essa essa timidez que, nos dias de hoje se perdeu. E, sinceramente, se se tivesse mantido um bocadinho, ou transformado em mero respeito, em alguns casos, não faria grande mal. Mas eu penso que as coisas estão melhor, hoje, mesmo dando as crianças mais erros. Acho que têm mais utensílios para pensar criticamente. Se isso não acontece já é caso para se pensar.
Com tanta oferta há a tendência dos nossos filhos desvalorizarem isto tudo...
O problema é que eu acho que nunca houve muito respeito no nosso país, Isabela, havia sim muito medo...
Nunca fomos um exemplo de educação e civismo. Lembro-me que havia coisas que eram entendidas quase com sinónimos de "masculinidade", como coçar os tomates na rua, cuspir para o chão e afins...
Concordo. Respeito, nunca houve muito. O que havia era o "respeitinho", que é bem diferente. Até se dizia: "Respeitinho é uma coisa muito bonita". Pois era: servia apenas para baixar a cabeça e obedecer, sem levantar ondas e sem pensar, que isso era só para quem podia. E a maioria dos portugueses não podia.
Respeito é um conceito que vive de outros - do conhecimento, da cidadania, etc.
Hoje em dia, continua a não haver. Até quando??
É isso mesmo Paula...
Respeito não é de certeza o "respeitinho" bonito...
A foto é deliciosa. Melhor ainda a tua resposta: «não os descrevia, só os escrevia...».... genial! Pobres miúdos!
Concordo contigo no resto todo sobre as escolas de hoje, os moleques e nós, pobres adultos confusos.
É verdade, Ida.
Acho que o mundo está a tornar-se rápido demais e nós não estamos preparados, falta-nos velocidade e elasticidade...
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