quinta-feira, janeiro 24, 2008

Madrugada Negra na Trafaria


Na madrugada de 24 de Janeiro de 1777, Trafaria foi vitima de uma acção cobarde e miserável, de duas figuras cimeiras do poder de então, o Marquês Pombal e o intendente Pina Manique.
Tudo teve início quando o governo do Marquês resolveu fazer um recrutamento, rápido e obrigatório, para fazer frente à ameaça de invasão, espanhola, provocando a fuga de muitos jovens, que se refugiaram na Trafaria, com a protecção da povoado de pescadores, de cerca de 5000 habitantes.
A forma de castigo escolhida pelo homem que governava o país, foi queimar, pescadores e fugitivos, numa grande fogueira, como exemplo para o país.
O intendente Pina Manique foi o chefe operacional desta vingança monstruosa. Na calada da noite atravessou o Tejo, juntamente com trezentos soldados, para de seguida fazer um cerco ao aldeamento de casas de madeira, cobertas por colmo. Depois deu ordens para os soldados acenderem os archotes e começarem a incendiar as casas, que em poucos minutos, envolveram toda a área em chamas e fumo, semeando o pânico entre as gentes da Trafaria, que corriam para todos os lados, quase sem roupa no corpo, muitas transportando crianças ao colo e velhos às costas...
A chacina não foi completa porque alguns soldados, compadecidos com a aflicção dos habitantes da aldeia, transgrediram as ordens de Pina Manique e deixaram algumas clareiras abertas, para que pudessem escapar...
A povoação, essa ficou reduzida a cinzas...
Este foi um dos actos mais bárbaros da governação do Marquês de Pombal, ao qual não tem sido dado grande relevo, pelos nossos historiadores.

A fotografia que ilustra este texto é de uma casa tipica de pescadores das praias da Margem Sul, com uma das habitantes a provar a comida. Se quiserem conhecer este episódio com mais pormenores, aconselho-vos a leitura da obra, "Perfil do Marquês de Pombal", de Camilo Castelo Branco.

13 comentários:

Maria P. disse...

Excelente apontamento,impressiona! Desconhecia.

Um abraço Luís.

José Ferreira Marques disse...

Parabéns pelo registo.
Não me lembro de o Professor Hermano Saraiva ter falado nisto...

Anónimo disse...

nós somos herdeiros da violência. oxalá sejemos capazes de a renegar aos nossos herdeiros. um beijo, luís. bom fim de semana *

Luis Eme disse...

Se impressiona, Maria P.

O Marquês do Pombal foi capaz do melhor e do pior...

Luis Eme disse...

Nem eu José...

Luis Eme disse...

Uns conseguem, outros nem por isso, Alice...

Isabela Figueiredo disse...

As casas típicas dos pescadores da Carrasqueira, Alcácer do Sal, também eram assim. Ainda há por lá alguns exemplares.

Luis Eme disse...

E como são bonitas, Isabela...

Unknown disse...

Ora aí está um pedaço da nossa história que eu desconhecia por completo

Rui Ribeiro disse...

A Trafaria com 5.000 habitantes em 1777? Acho questionável.
O Marquês de Pombal pode ter tido alguns erros de governação, pode ter tido alguns atos de governação que vistos a luz da moral atual sejam de condenar, mas teve outros no sentido exatamente oposto.

Anónimo disse...

Muito interessante, nasci na Trafaria e não tinha conhecimento.

Manuel de Lima e Silva disse...

Ponho alguma interrogação em relação aos 5.000 Habitantes da Trafaria em 1777 mas atendendo que Costa de Caparica não tinha Habitantes visto o nascimento nessa época fossem trafarianos as duvidas neste caso são desipadas .Ok.


Anónimo disse...

Eu sou Trafariense e tambėm desconhecia tal .
Sendo assim a nossa terra Natal tem um passado com muita história.