Na madrugada de 24 de Janeiro de 1777, Trafaria foi vitima de uma acção cobarde e miserável, de duas figuras cimeiras do poder de então, o Marquês Pombal e o intendente Pina Manique.
Tudo teve início quando o governo do Marquês resolveu fazer um recrutamento, rápido e obrigatório, para fazer frente à ameaça de invasão, espanhola, provocando a fuga de muitos jovens, que se refugiaram na Trafaria, com a protecção da povoado de pescadores, de cerca de 5000 habitantes.
A forma de castigo escolhida pelo homem que governava o país, foi queimar, pescadores e fugitivos, numa grande fogueira, como exemplo para o país.
O intendente Pina Manique foi o chefe operacional desta vingança monstruosa. Na calada da noite atravessou o Tejo, juntamente com trezentos soldados, para de seguida fazer um cerco ao aldeamento de casas de madeira, cobertas por colmo. Depois deu ordens para os soldados acenderem os archotes e começarem a incendiar as casas, que em poucos minutos, envolveram toda a área em chamas e fumo, semeando o pânico entre as gentes da Trafaria, que corriam para todos os lados, quase sem roupa no corpo, muitas transportando crianças ao colo e velhos às costas...
A chacina não foi completa porque alguns soldados, compadecidos com a aflicção dos habitantes da aldeia, transgrediram as ordens de Pina Manique e deixaram algumas clareiras abertas, para que pudessem escapar...
A povoação, essa ficou reduzida a cinzas...
Este foi um dos actos mais bárbaros da governação do Marquês de Pombal, ao qual não tem sido dado grande relevo, pelos nossos historiadores.
A fotografia que ilustra este texto é de uma casa tipica de pescadores das praias da Margem Sul, com uma das habitantes a provar a comida. Se quiserem conhecer este episódio com mais pormenores, aconselho-vos a leitura da obra, "Perfil do Marquês de Pombal", de Camilo Castelo Branco.
13 comentários:
Excelente apontamento,impressiona! Desconhecia.
Um abraço Luís.
Parabéns pelo registo.
Não me lembro de o Professor Hermano Saraiva ter falado nisto...
nós somos herdeiros da violência. oxalá sejemos capazes de a renegar aos nossos herdeiros. um beijo, luís. bom fim de semana *
Se impressiona, Maria P.
O Marquês do Pombal foi capaz do melhor e do pior...
Nem eu José...
Uns conseguem, outros nem por isso, Alice...
As casas típicas dos pescadores da Carrasqueira, Alcácer do Sal, também eram assim. Ainda há por lá alguns exemplares.
E como são bonitas, Isabela...
Ora aí está um pedaço da nossa história que eu desconhecia por completo
A Trafaria com 5.000 habitantes em 1777? Acho questionável.
O Marquês de Pombal pode ter tido alguns erros de governação, pode ter tido alguns atos de governação que vistos a luz da moral atual sejam de condenar, mas teve outros no sentido exatamente oposto.
Muito interessante, nasci na Trafaria e não tinha conhecimento.
Ponho alguma interrogação em relação aos 5.000 Habitantes da Trafaria em 1777 mas atendendo que Costa de Caparica não tinha Habitantes visto o nascimento nessa época fossem trafarianos as duvidas neste caso são desipadas .Ok.
Eu sou Trafariense e tambėm desconhecia tal .
Sendo assim a nossa terra Natal tem um passado com muita história.
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