segunda-feira, novembro 13, 2006

Da Azinhaga à Babilónia



A proximidade do Natal faz com as principais editoras apostem no lançamento de novas obras dos seus escritores mais mediáticos.
António Lobo Antunes e José Saramago não escapam a estas encomendas, que significam mais vendas e mais dinheiro (sim, nisto dos livros, também há quem ganhe bom dinheiro...) por se tratar de uma época de consumismo, em que há o bom hábito de se oferecerem prendas.
Apesar de se tratarem dos nossos escritores mais próximos da Lua, estou à vontade para dizer que ambos estão longe de serem os mais lidos (apesar do seu sucesso nas vendas) no nosso país.
Digo isto porque conheço a sua prosa difícil, mesmo para leitores experimentados, o que me leva a imaginar os "amadores" na leitura a ficarem-se pelas primeiras páginas e a espreitar o fim...
A explicação do sucesso das suas vendas? Os seus livros são uma espécie de "bibelot", que segundo consta (provavelmente nas revistas rosa frouxo...) dá algum estatuto intelectual ter na estante...
Embora ache a literatura de Lobo Antunes superior, estou mais inclinado para comprar "As Pequenas Memórias", que "Ontem não Te Vi na Babilónia", por uma razão simples, gosto bastante deste género de livros de memórias. E este tem a particularidade de que nos ajudar a conhecer um outro país, dos anos trinta, quarenta.
Pelo que tenho lido nas críticas e também nos "doces" pré-publicados, o doutor António está a caminhar para terrenos perigosos, com demasiados espelhos á sua volta. Nem mesmo o facto de colocar Pragal no mapa, me desperta curiosidade de espreitar Babilónia...

8 comentários:

Alice C. disse...

Luís, quem não vai à Azinhaga ou à Babilónia sou eu.
Queres saber mais? Tenho mesmo um certo orgulho em não possuir em casa nenhum livro de Saramago e de Lobo Antunes.
São demasiado convencidos e vaidosos para o meu gosto.
Em relação à utilização do Pragal no livro, só pode ser negativa. Já vi numa entrevista qualquer, o Lobo Antunes a comparar Almada com a Amadora. Como todos nós sabemos, não há muito a comparar entre estas cidades, por isso...

Luis Eme disse...

Tenho vários livros dos dois, já os lí quase todos (faltam "O Ano da Morte de Ricardo Reis", de Saramago e "Fado Alexandrino" e "Hei-de Amar uma Pedra" do Lobo Antunes). Quando digo que são autores muito dificeis, falo por experiência própria, embora nunca tenha deixado nenhum livro a meio.
Concordo contigo, Alice, quando dizes que eles são demasiado convencidos e vaidosos. Pelo menos é essa a imagem que deixam transparecer para o exterior. Claro que têm todas as razões para serem vaidosos, porque são realmente muito bons escritores (reconhecidos no mundo inteiro).
Quando dizes que não há muito a comparar entre Almada e a Amadora... concordo contigo. Almada é uma cidade mais leve e fresca (o Tejo deve ter alguma influência), mas não passa de uma cidade suburbana... com aspirações a ser outra coisa qualquer, talvez daqui a uns anos...

Ida disse...

Amei a imagem dos bibelots e também a terminologia "revistas rosa frouxo"!!! Genial, sobretudo porque traduz a realidade à perfeição. E a realidade que ninguém comenta e faz de conta que lê... etc. Bem, eu li alguns, outros deixei a meio. Do Lbo Antunes, nunca deixei nenhum a meio, mas não lhe conheço toda a obra, do Saramago, acho q deixei a meio justamente o "Ano da morte de Ricardo Reis", mas gosto imenso do "Objeto quase", de "Viagem a Portugal" e do "Memorial do Convento".

Vi o Saramago falar no Porto, em 98, logo após o Nobel, na Cimeira Ibero-Americana. Achei-o presunçoso, mas, mais do que isso, achei-o jacobina, se é q ainda se usa este termo, do gênero: "sou português, mas preferia ter nascido em qq outro lado", me caiu mal. Do Lobo Antunes ainda não tive experiência ao vivo.

btw, Pragal não é a estação do Targus qdo se vem de Lisboa para a Almada?

Luis Eme disse...

Concordo contigo Ida, tanto o Saramago como o Lobo Antunes têm dito algumas coisas que revelam uma vaidade e presunção exagerada...
O facto de serem "as primas donas" da nossa literatura, não os devia colocar tanto alto...
Feitios...

Unknown disse...

Não posso fazer juizo de valor porque nunca li nada de nenhum deles...a imagem que eles transmitem como pessoas não me convence, e, o facto de todos andarem com os livros deles debaixo do braço, apenas porque é moda, corta-me logo a vontade de os ler.

Luis Eme disse...

Não tenho dúvidas da qualidade literária de ambos, "Cruzeiro", embora sejam cada vez mais um mero produto de mercado, dai a tal sedução em "comprar para pôr na estante" ou "passeá-lo debaixo do braço" na rua (é um bom exercício fisico, já que - pelo menos os livros do Lobo Antunes - pesam umas gramas valentes...).

Ida disse...

Vá, até me ri com a história do exercício físico, mas os dois têm qualidades literárias inegáveis. Do LA não tenho notícias de mostras de pretensão e o que acho pior no Saramago nada tem a ver com a qualidade literária, mas com o caráter e esse nasce conosco, em parte, e é construído por nós... bem diferente do talento.

Ms, afinal, o Pragal? Não me respondeste. :(

Luis Eme disse...

Pois foi Ida, esqueci-me de te falar do Pragal...
O Pragal do livro só pode ser uma das Freguesias de Almada que também dá o nome à paragem do comboio da ponte da Fertagus), embora fique um pouco distante da estação.