Todos os dias de manhã levo o meu filho à escola. Vamos a pé e somos obrigados a passar diariamente pelas obras intermináveis da praça Gil Vicente e a percorrer os habituais carreiros criados pela construtora.
Por razões compreensíveis, as passadeiras, mudam várias vezes de sitio, na mesma semana, causando sempre maior transtorno aos peões que aos automobilistas. Isto faz com que os condutores respeitem menos as passagens para as pessoas e estas também tenham uma atitude mais defensiva, só passando (mesmo nas passadeiras) quando vêm os carros a reduzir a marcha.
O facto de algumas passadeiras serem colocadas em lugares estranhos, faz com que quase todos nós, atravessemos as estradas onde se torna mais fácil (sim, há passadeiras, colocadas em lugares, que são verdadeiros obstáculos, principalmente para quem anda com mais dificuldade, sem falar de cadeiras de rodas ou carros de bebé...).
Estava num desses lugares, sem as riscas, mas com mais segurança para se atravessar, parado, com o meu filho distraído a olhar para as máquinas e a mexer-se, o que fez com que um condutor da TST começasse a mandar vir, como se o meu filho fosse atravessar à sua frente, embora não tivesse parado o autocarro... limitou-se apenas a refilar. Uma senhora a nosso lado abanou a cabeça e disse: «o mundo está mesmo perdido».
Depois do almoço, estava numa outra passadeira, quando descubro o mesmo sujeito a conduzir o autocarro, desta vez a fingir que não via ninguém e a tentar continuar a marcha. Claro que, como sou um gajo lixado, meti-me à frente do autocarro e obriguei-o a parar. Ele ofereceu-me o seu melhor olhar de "amigo". Claro que lhe lembrei que estava a atravessar numa passadeira e que ele tinha de parar, apenas com gestos...
Notei qualquer coisa nos seus olhos, quase a faiscar, sorri, abanei a cabeça e segui o meu caminho. Provavelmente o senhor motorista não se devia lembrar da cena de manhã...
Infelizmente esta é a moral da generalidade das pessoas que conduzem nas nossas estradas. E é por essa razão que acontecem tantos atropelamentos, mesmo nas passadeiras...
12 comentários:
Almada está verdadeiramente virada do avesso! E não apenas pelas passadeiras mas tb pelos desvios que hoje se fazem pela direita e amanhã já se fazem pela esquerda. E ainda não começou a chuva! Depois a confusão passa a pandemónio!
Abraços
A "Moral" do Motorista da TST ...
Curioso que este fim de semana foi tema de conversa lá em casa precisamente "Moral" do Motorista da TST. É que é bem diferente da A "Moral" do Motorista da Carris, e não só para quem quer passar na passadeira mas também para quem vai dentro da própria carreira.
Teríamos todos a ganhar, peões e passageiros, pusesse os olhos na Carris e efectivamente modernizasse a sua frota (não falo de comprar carros com mais de 10 anos de uso), baixasse as tarifas de transporte e acima de tudo desse formação aos seus condutores.
A diferença que um rio faz...
Eu passo destemidamente nas passadeiras porque não ando com crianças. Se andasse pensaria duas vezes.
Por enquanto tenho-me saído bem!
É só espertos por aí!
E quando vamos a cumprir com o limite de velocidade e temos os espertos atrás de nós a buzinar?
Os motoristas dos TST são pessoas sérias e, sobretudo, escuruposamente cumpridoras das regras da empresa.
Não acreditam?
Eu dou-vos apenas dois exemplos:
Nas paragens de Cacilhas, em pleno Inverno, de noite (nas horas das últimas carreiras) faça chuva ou um frio de rachar, têm lá os autocarros estacionados (com eles lá dentro, de porta fechada) e não deixam entrar ninguém antes da hora de saída do autocarro. Isto repete-se, há anos e anos!
Melhor ainda: esses condutores são de uma "pontualidade britânica", principalmente quando se trata das últimas carreiras, e particularmente da última carreira para a Costa de Caparica. São tão pontuais, mas mesmo tão pontuais, que muitas vezes saem antes da hora estipulada.
(Já me aconteceu, mais do que uma vez, perder o último autocarro para casa nessas circustâncias!).
Isto acontecia quando a empresa era do Gupo Barraqueiro e continua a acontecer agora, que a empresa é de uns ingleses chamados Arriva (o maior grupo de transportes colectivos de passageiros da Europa, segundo os próprios).
Podemos dizer que, pelo menos no que diz respeito à tal "pontualidade britância", os trabalhadores devem ter assimilado sem dificuldade as "novas regras" que uma "mudança de patrão" sempre acarreta.
(E os utentes, ainda continuam a ter paciência para serem desrespeitados dessa forma?..)
António Vitorino
Um caso entre muitos.
A lamentar.
Tens toda a razão Dulce.
Quando começar a chover, vai ser um pouco de tudo, com alguma lama, a acompanhar...
Já deve ter sido tema de conversa em todas as nossas casas, "Red" e sempre pelos piores motivos...
Eu tenho dias, Rosa.
Quando estou sem pressa e bem disposto, deixo-os passar e fico à espera que apareça alguém que cumpra o código, e às vezes demora...
Quando estou com pressa, claro que passo as passadeiras, mas sem perder os carros de vista...
E eles ainda afirmam com uma grande lata, que o mundo é dos espertos, "Cap"...
Focaste outro problema não menos grave, Vitorino... a falta de respeito pelos passageiros.
E quando eles estão com pressa e não esperam pelas pessoas de mais idade que ainda ensaiam uma corrida para apanhar o autocarro, fingindo que não as vêm pelo espelho?
É como dizes Repórter, um caso entre tantos, da notória falta de respeito dos condutores pelos peões...
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