sexta-feira, novembro 28, 2014

O Alentejo Já não Começa Aqui


A maior parte dos almadenses sente que o Alentejo começa em Almada, no Seixal e no Barreiro, quase em simultâneo.

Sei que sou uma excepção à regra, pois vim da Estremadura, mas a maior parte da gente que me rodeia veio do Sul. Há uma ligação familiar muito forte, é o avô, a avó, o pai, a mãe, a tia, o primo, há sempre alguém que nasceu no Alto ou no Baixo Alentejo.

Mas agora, depois do Cante Alentejano ter sido considerado pela UNESCO, Património Imaterial da Humanidade, o Alentejo  sobe a estende-se até ao Minho.

Ou seja, somos todos Alentejanos, mesmo que tenhamos quase ao nosso lado o Douro, o Mondego ou outra fronteira natural qualquer...

O óleo é de Igor Levashov.

quarta-feira, novembro 26, 2014

Ainda o Teatro, e a Vida, Claro...


A minha peça representada pelo CIA (Cénico Incrível Almadense) e encenada pela Eugénia Conceição, foi uma boa surpresa, a vários níveis.

Uma das coisas mais estranhas com que me confrontei foi ver os actores (no primeiro ensaio a que assisti...) a dizerem as palavras que escrevi e a duvidar que fossem da minha autoria. Perguntei a mim próprio: «fui eu que escrevi isto?», agradavelmente surpreendido.

Gostei tanto das interpretações femininas que já estou de volta de outra peça (sobre a Guerra Colonial), em que as duas personagens mais fortes são duas mulheres...

sexta-feira, novembro 21, 2014

É Amanhã...


(síntese crítica publicada no folheto sobre a "18 ª Mostra de Teatro de Almada")

quarta-feira, novembro 19, 2014

O Amor Inventado Pelo Cinema Regressa aos Palcos


A peça que escrevi volta ao palco do Salão da Incrível Almadense, no próximo sábado, dia 22 de Novembro, às 18 horas.

Convido-vos a todos para aparecerem e assistirem à quase comédia,  "O Amor é uma Invenção do Cinema", que faz parte da programação da "18 ª Mostra de Teatro de Almada", encenada pelo Cénico Incrível Almadense.

terça-feira, novembro 18, 2014

Nas Ditaduras Podem...


Reparo que algumas pessoas se pudessem escolhiam os vizinhos. Nas suas ruas não haveria lugar para pretos, homossexuais, prostitutas, velhos, pobres, entre outra gente que consideram "escumalha", como os poetas.

Felizmente ainda vivemos em democracia e aparentemente temos direitos iguais.

Embora apenas tenha vivido em ditadura na meninice, acho que estas ondas preconceituosas nem nos tempos de Salazar existiam. A estratificação que existia era mais entre ricos e pobres.

Felizmente nunca fomos como a Alemanha de Hitler, que queria fabricar um país de apenas arianos... ou alguns países de África e América Latina, onde ainda se dizimam populações.

Pergunto: «porque razão não mudam eles de rua. E porque não, de país?»

É que em algumas ditaduras, ainda podem escolher...

O óleo é de David Martias.

sábado, novembro 15, 2014

Os Anos Passam e o Nunca Parece ter Deixado de Existir


Olho para trás e sinto que à medida que os anos vão passando por nós, a palavra "nunca" vai deixando de fazer sentido. Ou então que se tornou uma palavra perigosa.

E não tem nada a ver com a perca de convicções ou de valores. Tem sim a ver com a vida, que me mostra que o mundo dá demasiadas voltas para utilizarmos uma palavra tão definitiva...

É por isso que desisti de dizer que não volto a escrever mais nada sobre a história de Almada, para ir "navegar" nos "mares" da ficção...

Ainda por cima já tenho dois projectos em mãos, um para 2015 e outro para 2017.

terça-feira, novembro 11, 2014

Regresso ao Ginjal


Apesar do dia não estar convidativo, apeteceu-me passear pelo Ginjal.

E foi o que fiz a meio da tarde.

E como  foi bom andar ao lado do Tejo, que hoje parecia um mar, com ondas, não as da Foz do Arelho mas sim as das praias do Sul.

Cruzei-me com umas tantas gaivotas, que já nem tento fotografar, tão esquivas se revelam...

Subi a escadaria até à Boca do Vento e depois desci à Cidade.

E claro fui tirando fotografias, aqui e ali, quase todas repetições de outras viagens (por acaso a que ilustra estas palavras foi uma estreia), deliciosas, de mão dada com o melhor rio do mundo.

domingo, novembro 09, 2014

Curiosidades & Vaidades


Não deixou de ser curioso, ver na "Agenda Cultural" de Almada, de Novembro, o meu nome misturado com alguns autores famosos, por a minha peça, "O Amor é Uma Invenção do Cinema", encenada e apresentada pelo CIA, fazer parte da Mostra de Teatro de Almada, que começou dia 7 e se prolonga até ao dia 22 de Novembro, em vários palcos de Almada.

quinta-feira, novembro 06, 2014

"A Casa do Gato"


«Nesta casa, que dava nas vistas a toda a gente, quando o trânsito para todo o Sul, simulou-se por razões de simetria, uma janela entreaberta com um gato no parapeito.

Foi esta casa durante muitos anos a residência de D. Francisco de Noronha, funcionário público e escritor.»

(extraído de um artigo do "Jornal de Almada", dos anos 1960, não assinado)

segunda-feira, novembro 03, 2014

Arte e Criatividade


Foi inaugurada hoje a exposição, "Arte e Criatividade", com trabalhos realizados por pessoas portadoras de deficiência.

É uma das exposições que gosto mais de ver, pela cor e pela imaginação dos autores das obras expostas.

Se puder, não deixe de visitar a Oficina de Cultura de Almada, a mostra pode ser visitada até ao dia 9 de Novembro.

sábado, novembro 01, 2014

O Milagre de Cacilhas (1 de Novembro de 1755)


Novembro começava:
nem farrapo de tule
a perturbar o céu,
do mais profundo azul.
O Tejo preguiçoso e calmo,
deslizava, ao receber
os beijos que o astro
rei lhe dava,
E o povo sereno,
por esse raro encanto,
sentia-se feliz,
naquele dia santo...
mas eis que num momento
quem pensar poderia?!
Apagava-se o sol,
o céu escurecia,
as árvores gemiam
(pois seus troncos vergavam)
e logo emudeceram
as aves que cantavam:
a Terra começava a tremer
a tremer... a tremer...
era a mão da tragédia
a fazê-la mover!
As águas do Tejo
as margens galgaram,
horror de miséria 
p'las ruas entraram,
em Cacilhas junto ao mar,
a tragédia era irreal,
o pobre povo a chorar,
pedia a Deus um sinal.
Mas eis que um pescador,
cheio de fé e confiança,
foi à capela buscar,
Nossa Senhora da "Esperança"
naquela hora em que,
nos braços a Virgem leva
ele entra nas ondas bravas, 
quando o mar galgava a Terra.
E tudo se aquietou,
naquele tão triste dia,
foi um milagre de Amor,
da Virgem Santa Maria
e passados estes anos, 
voltamos a recordar,
a tragédia e o milagre
que houve aqui neste lugar.

Clara Mestre

(Este bonito e sentido poema de Clara Mestre - Amiga e Gente grande da poesia almadense - foi publicado aqui, porque hoje é o dia grande da Cacilhas, o dia da procissão e da homenagem dos cacilhenses a Nossa Senhora do Bom Sucesso, pelo seu milagre, bem descrito nas palavras da Clara)