sábado, março 29, 2008

Convicções, Mentiras & Demagogias

Podia dizer que José Pacheco Pereira ensandeceu, mas não, ele esta a ser igual e ele próprio.

Ao ler o "Público" de hoje, só posso acrescentar que fiquei ainda mais esclarecido sobre a sua seriedade.
Não posso deixar de transcrever algumas das palavras de JPP: [...] «Não houve mentiras porque Bush e Blair estavam convencidos de que armas de destruição maciça existiam no Iraque, como também o estavam Chirac, Putin e o Estado-Maior iraquiano. Os interrogatórios feitos aos responsáveis militares iraquianos mostram que também eles estavam convencidos da existência destas armas e ficaram surpreendidos quando Saddan lhes disse no príncipio da guerra que não existiam. Muitos, aliás, continuaram convencidos de que as armas existiam em unidades muito especiais sob o controlo dos filhos de Saddan, Uday e Quday, e que Saddan os estava a enganar. [...]»
Melhor que estas palavras, só mesmo o "chamada de atenção" do artigo: «Sim, algumas "provas" eram "mentira, mas a convicção de que havia armas de destruição maciça não era mentira.»
Quando acabei de ler o artigo de JPP, esta manhã, no café, passei da "convicção" para a "certeza" de que ele é uma pessoa pouco séria (até por não ter a coragem de sair definitivamente do PSD, já que é incapaz de respeitar os seus dirigentes, eleitos democraticamente, por muito maus que sejam, há uma década...).
Quando alguém, que se tem em grande conta, continua a defender a legitimização da "convicção" de que existiam armas de destruição maciça, depois da destruição de um país e do assassínio de centenas de milhares de inocentes, só posso dizer que o mundo está realmente de pernas para o ar...

quinta-feira, março 27, 2008

Almada Cidade-Teatro

O teatro de Almada tem palcos, grupos, actores e até poetas, como a Anyana, que escreveu este bonito poema, do qual transcrevo o início e o final:

O Teatro é fantasia, é sonho, é arte, é magia,
Desde os críticos e coloridos “Autos de Gil Vicente”,
Às magníficas e históricas pelas de Shakspeare,
Passando por tantas e tantas obras de incalculável grandiosidade;
É algo que o actor sente,
Sente o poder de ser outro ser, outro alguém,
De outras vidas viver...
[...]
De pé, de pé como as árvores, não desfalece nunca...
Mas que sã compensação, que transmissão vem do público,
Que corre em transcendente, vigorosa e sólida corrente
De pura admiração...
Com um fluído profundo, envolve o actor em seu mundo...
Porque o teatro é sem dúvida, mensagem, comunicação.
É algo de fantástico e maravilhoso, embriaguez dos sentidos...
É marca vinculada de uma eterna missão.

A imagem é do CIA (Cénico Incrível Almadense), da peça "A Cantora Careca", numa homenagem ao teatro amador e também à Incrível Almadense, que sempre foi uma boa escola de actores...

quarta-feira, março 26, 2008

A Festa das Artes da SCALA


Esta noite foi inaugurada a Festa das Artes da SCALA, na Oficina de Cultura de Almada.
Registei várias curiosidades: a ausência de qualquer elemento do Município na inauguração (penso que pela primeira vez...); e também a ausência de bastantes artistas, naquela que deveria ser a sua Festa...
Se a primeira, não me merece qualquer comentário, em relação à segunda, sou incapaz de encontrar uma explicação lógica por este "desamor" dos artistas pela sua própria Arte...

quinta-feira, março 20, 2008

As Crianças do Tibete...

Há dois ou três anos, o meu filho perguntou-me, se as crianças na Palestina e em Israel, também brincavam...

Disse-lhe que sim.
Algumas brincam mesmo nos cenários de batalhas, porque são quase "filhas da rua". Gozam de uma liberdade excessiva, com todos os perigos que existem nos territórios de guerra, com minas e bombas perdidas aqui e ali...
Outras mais resguardadas pelas famílias, brincam fechadas em casa...
As crianças do Tibete, também brincam, quando e onde os chineses deixarem...
O mais grave disto tudo, é serem sempre as crianças, as principais vitimas dos erros dos adultos...
Na Páscoa, costuma haver tréguas, mas no dia seguinte, volta tudo à "normalidade"...

terça-feira, março 18, 2008

A Minha Primeira Viagem à Margem Sul

As primeiras imagens que guardo na memória, do Tejo e de Cacilhas, são dos anos sessenta, pouco tempo depois da inauguração da Ponte Salazar.

Devia ter quatro, cinco anos. Lembro-me de poucas coisas. A mais agradável é a viagem de cacilheiro, que devia furar as águas e fazer aquela espuma branca que encanta qualquer criança. Lembro-me especialmente, por estar sentado ao colo do meu pai, colado a uma das janelas, com frisos de madeira, envernizados, tal como os bancos, a olhar as águas do Rio mais lindo do mundo...
Mas a "excursão" familiar não se ficou por aqui, também fomos visitar o Cristo Rei. Fez-me alguma confusão ver os barcos no rio, muito pequenos. Da nova ponte, quase não me recordo de nada. Claro que devia ser possível contar os carros que passavam pelo tabuleiro, até porque a portagem nessa época era um "luxo"...
Nesta altura estava longe de imaginar que duas décadas depois, iria escolher Cacilhas para viver...
E pensar que nunca te agradeci, Pai, por me teres trazido à Margem Sul...

sábado, março 15, 2008

A Palavra Exterminar...

As palavras nunca precisaram de ficar reduzidas a palavrões para nos incomodarem. Por exemplo a palavra exterminar, sempre me irritou. Talvez por estar ligada a vários holocaustos.

É por isso que não entendo a possibilidade de se exterminarem algumas raças de cães, por serem nocivas aos seres humanos.
Todos nós sabemos que há vários animais selvagens, extremamente perigosos, em perigo de extinção, e apesar da sua perigosidade, continua a fazer-se um esforço titânico para que não desapareçam do planeta.
Gostava sim de ver a lei ir mais longe - e claro, ser aplicada, - em relação aos donos dos cães de raças perigosas, com multas elevadas, e até com a prisão. Não tenho dúvidas que são eles os verdadeiros "assassinos" e causadores dos acidentes graves que têm acontecido no nosso país, já que adoram "exibir" os seus animais de estimação (?) na via pública, sem açaimes e trelas, como se fossem o prolongamento da sua virilidade.
Os patuscos da fotografia, são uns cães dóceis do casario do Ginjal (no verdadeiro sentido da palavra), que por ali andam à solta e até posam para a fotografia...

quinta-feira, março 13, 2008

Orfandades 21

As pessoas deixaram de acreditar no colectivo, abandonaram bandeiras, que também funcionavam como âncoras, noutros tempos...

Nunca houve tantos jovens sem partido ou clube desportivo. «Para quê?», questionam eles, com a irreverência e a liberdade de escolherem o seu próprio caminho. Claro que não estou a falar das minorias que fazem parte dos "jotas" (a pensarem no futuro como "boys"...) ou nos "hooligans" das claques (a pensar na força cega da bestialidade que se enrosca na multidão).
Os meus sobrinhos cresceram, feliz ou infelizmente, sem estas febres. O mais velho, com vinte e dois anos, nunca votou. Eu já lhe tentei explicar a importância do voto, mas ele insiste, «para quê?». Falo-lhe de outros tempos, ele sorri, pouco convencido. Fala-me de anedotas, de gente como o Portas, Santana, Menezes, Durão ou Sócrates.
Futebol? Fala-me de apitos, de Loureiros, Pintos, Azevedos, e eu calo-me, sem deixar de sorrir...
Eu não consigo deixar de gostar do Benfica, apesar da equipa nunca ter jogado tão mal, como nestes tempos.
Já na política, as coisas são diferentes. Nunca fui militante em nenhum partido mas nunca me senti "orfão". Sempre votei, a pensar nas pessoas que me davam mais garantias de defender os meus ideais. Sempre votei à esquerda do PS ou em branco. Quero votar sempre, pelas vezes que os meus pais e os meus avós não votaram...
Mas não consigo fazer com que o meu sobrinho acredite que o voto é a arma do povo...
Será que ele tem razão, quando me diz: «para quê?»
A fotografia, "Homem Sentado ao Sol", é de Roy DeCarava.

quarta-feira, março 12, 2008

Novos Partidos

Não é de espantar que apareça por aí um novo partido e que queira ocupar o espaço entre o PS e o PSD.

Na minha modesta opinião há espaço ainda para mais partidos. Têm é de ser partidos com pessoas e para as pessoas, sem esta gente que fez carreira política, desde os "jotas", habituados a jogos de bastidores pouco recomendáveis, que se iniciam logo nas eleições para as associações de estudantes.
Tal como o Francisco, também estou farto destes pantomineiros (adoro esta palavra...) e sei que não são os meneses, os santanas ou os ribaus, que vão tirar o tapete aos socráticos. Além de não terem uma noção do país real, são incultos e não sabem, nem querem saber, o que significa sentido de Estado. Encaram a política como um "tacho", que se estende aos familiares e amigos, empurrados para cargos públicos, sem terem a mínima competência para os exercer.
Se pensarmos que metade dos portugueses não votam, percebe-se bem que tem de se fazer alguma coisa. O ideal seria uma limpeza geral, "varrer" esta gente sem qualidade que se tem afirmado na política e que tem a lata de se olhar ao espelho e compor a gravata, com a vaidade de pertencer à "élite" deste país...
O desenho é do Rui, ainda do tempo de "O Jornal", assinado em 1989, mas serve para caracterizar esta classe política que nos (des)governa...

terça-feira, março 11, 2008

Rogério Ribeiro Partiu...


Rogério Ribeiro despediu-se de nós, hoje...
Foi um artista plástico notável, que esteve ligado a Almada, como director da Casa da Cerca, o nosso Centro de Arte Contemporânea.
Também nos legou algumas obras públicas, das quais realçamos o painel sobre Fernão Mendes Pinto junto à entrada do "Fórum Romeu Correia".

O desenho é "O Pintor e o Modelo"...

domingo, março 09, 2008

Naide Campeã do Mundo




A atleta almadense, Naide Gomes, sagrou-se campeã do Mundo de pista coberta, na prova do salto em comprimento, com 7,00 metros, novo recorde nacional.

Parabéns Naide, por mais este extraordinário feito, com o qual tanto honras o nosso país, a nossa cidade e as mulheres portuguesas.

sábado, março 08, 2008

As Mulheres, Claro...

Hoje é o Dia Internacional da Mulher.

Poderia publicar um poema ou escrever sobre o porquê de gostar de mulheres. Se o fizesse, teria obrigatoriamente de falar da sua beleza, das suas curvas, da sua pele macia, do seu olhar, do seu cheiro, da sua sensibilidade, e de tantas outras coisas, que todos nós conhecemos e adoramos. Mas não vou por aí, prefiro falar de coisas mais “terra a terra”, como a forma aparentemente fácil, como me entendo com estes seres quase “divinais”...
Até podia dar como exemplo a blogosfera, onde visito e sou mais visitado, por mulheres que por homens, mas este espaço é virtual, e como diz o meu amigo Zé Gomes, está tão longe de ser um exemplo do mundo. É por isso que vos vou oferecer um exemplo mais concreto, de muitos que fazem parte do meu dia a dia, e que diferenciam o homem da mulher.

As duas primeiras vezes que levei o carro à inspecção, fui atendido por uma técnica. As coisas correram normalmente, com naturalidade, simpatia e respeito mútuo. Este ano, para variar, calhou-me um “macho”...
Acho que as coisas começaram logo ligeiramente estranhas, porque o sujeito olhou-me quase como o ar daqueles polícias, das “operações-stop”, que andam à procura de alguma coisa para nos ensaboar o juizo, com o seu tom ameaçador característico, deixando no ar a forte possibilidade de sermos multados, embora depois acabem por nos mandar embora, com a promessa que para a próxima não escapamos (felizmente as poucas vezes que me mandaram parar, só encontrei destes agentes e ainda não fui multado...).
Como diz o povo, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita, e tem toda a razão, pois as coisas lá foram correndo para o torcido, quase sem palavras. O melhor exemplo disto foi a meu pouco à vontade com o homem, ao ponto de acontecer a coisa caricata de ele me mandar travar e eu acelerar...
O ar pouco simpático do fulano, quase que deixava no ar, “desta não escapas” (embora acabasse por passar, com a anotação de ter de mudar as lâmpadas dos piscas...), e eu fiquei um pouco nervoso, o que não acontecera das duas vezes que tinha sido atendido por duas benditas mulheres, que simplesmente me trataram de uma forma normal, naquele centro de inspecções...

Embora as minhas palavras tenham “viajado” uns quilómetros, até ao centro de inspecções, não deixam de ser um elogio às mulheres, por serem diferentes, por não terem medo de tratar os clientes com cordialidade, com as devidas distâncias...

A fotografia é um hino à beleza da Mulher (é de 1989, com o exemplo de cinco modelos estupendos, que passados quase vinte anos, ainda continuam em grande forma...), e como é óbvio, também é dedicada, aos pobres homens, que se têm de contentar, discretamente, com 364 míseros dias, sem festas, flores, aplausos, etc.

sexta-feira, março 07, 2008

Só Sei Que Quase Nada Sei...

Os dias vão passando, a um ritmo cada vez mais avassalador...

Acho que não devia, mas cada vez tenho mais dúvidas, sobre quase tudo.
Até quando escrevo, consulto cada vez mais o dicionário.
Apesar de tudo, gosto da sensação de não saber tantas coisas. Porquê? Porque faz com que continue a querer aprender e a descobrir coisas novas, por muito simples que sejam.
Por exemplo, não me lembro de as grades da cerveja Sagres terem sido de madeira...

quarta-feira, março 05, 2008

Basta de Agressões e Falta de Respeito!

Não queria escrever mais sobre as obras do "metro", mas é impossível passar ao lado de tanta "agressão" diária aos peões almadenses.

Hoje de manhã, descobri que, pura e simplesmente, tinham eliminado a passadeira provisória onde costumo passar com o meu filho, quando o levo à escola. A única solução que nos restou foi atravessar a estrada, mesmo no meio da rotunda, com a compreensão habitual dos condutores, que até aceleram, para que fiquemos quietinhos no nosso canto.
E nem vou falar dos buracos, que têm provocado tantas quedas, especialmente nas pessoas mais idosas (algumas tem sido mortais, conheço pelo menos três casos de pessoas idosas, que depois de hospitalizadas, acabaram por falecer, devido às lesões sofridas na cabeça, devido aos vários objectos perigosos que são deixados nos carreiros, sem qualquer segurança...).
Gostava que fosse feito um estudo independente (e divulgado, claro), sobre o desleixo com que é tratada a segurança, quer dos trabalhadores, quer dos transeuntes, em Almada.
Lastimo ainda mais o silêncio do Município, que continua a afirmar-se humanista e solidário para com os almadenses, sempre que lhe dá jeito...

segunda-feira, março 03, 2008

Precisamos de Mostrar Que Somos Cultos?

A fotografia que escolhi, quase de certeza, que foi tirada como resposta à pergunta que faço, por parte da Catarina Furtado, que nunca quis ser apenas um "bibelot" televisivo.

Talvez exista encenação a mais, até na escolha do jornal de leitura.
Bárbara Guimarães também quis andar pela "SIC Notícias" a dar cultura, para mostrar que era mais que um rosto sensual, um corpo curvo, ou a esposa de um filósofo ex-ministro.
Acho que existem sempre situações em que nos tentam menorizar, de alguma forma, e em que temos de puxar de alguma coisa, para mostrar, que somos mais que o tal ser insignificante, prestes a ser "fotografado" pelos retratistas mundanos, sem olho clinico...
Claro que também há o reverso da medalha. Há quem quase tome banhos de cultura, apenas para se exibir, para demonstrar em público qualquer coisa como: «Vêem? Eu sou muito culto!»
Claro que estes "cromos" em vez de ler, decoram os títulos de livros, em vez de ouvirem música, memorizam os nomes dos compositores, e mais tarde ou mais cedo, são apanhados na curva como o Secretário de Estado da Cultura, que adorava os violinos de Chopin...

sábado, março 01, 2008

A Liberdade...

Não fui, mas apeteceu-me bastante ir, marchar pela Liberdade e Democracia...
Recebi ontem uma mensagem e um poema de um Senhor Democrata, chamado Cid Simões, que fez muita cultura e política, quando as paredes tinham ouvidos, inclusive no concelho de Almada, na sua Freguesia mais democrata, onde Humberto Delgado conseguiu vencer as presidenciais, apesar das chapeladas salazaristas...
Exactamente, na Cova da Piedade!
O Poema é lindo e é da Cecília Meireles.

Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.

Obrigado Cid Simões