quarta-feira, abril 29, 2009

O Olho de Boi


Esta estrada leva-nos até ao Olho de Boi, vindos de Almada Velha.
Trata-se de mais um topónimo bastante original do nosso Concelho.
Segundo o historiador Raul Pereira de Sousa, o termo "olho" era utilizado para designar exsurgências naturais e por vezes artificiais, na Estremadura.
Como também existe uma mina de água com apreciado caudal no local, Raul Pereira de Sousa também deixou esta pista...
É mais um lugar agradável rente ao Tejo, onde nos bons tempos do Ginjal existiu alguma indústria e um bairro habitacional, onde ainda moram algumas pessoas...

segunda-feira, abril 27, 2009

A Praia das Lavadeiras

Ontem, antes do almoço, fiz uma passeata um pouco mais longa pelo Ginjal, chegando mesmo até à Quinta da Arealva, cada vez mais destruída...
A maré estava baixa, era possível andar pela areia, cada vez mais clara, das praias do Rio nesta Margem Sul.
Esta é a melhor prova de que o Tejo está mais azul e mais vivo que há dez ou vinte anos atrás.
Não sei se será possível o regresso dos golfinhos ao Estuário, mas pelo menos fica a esperança...

domingo, abril 26, 2009

Certezas no Dia Seguinte

No dia 25 de Abril de 1974, apesar dos conselhos dados na rádio para que as pessoas permanecessem em casa, o povo de Lisboa saiu à rua e demonstrou estar de alma e coração com a Revolução.

Os militares, ainda antes da rendição de Marcelo Caetano, tinham percebido que não havia qualquer hipótese de se voltar atrás ou do golpe militar ser mal sucedido, com todo aquele apoio popular.
Quase todas as operações decorreram conforme tinha sido planeado, e até como menos oposição do que se esperava.
A única excepção foi (para variar...) a sede da PIDE na António Maria Cardoso, onde houve tiroteio e vitimas inocentes...
No dia 26 de Abril, todos tinham a certeza de que a ditadura marcelista era passado, que vinha aí um Portugal Novo.

A fotografia que escolhi é de Eduardo Gageiro, do Largo do Carmo no dia 25 de Abril de 1974.

sábado, abril 25, 2009

Rostos da Liberdade - 3


O verdadeiro Capitão da Revolução de Abril, que nunca quis ser poder, nem tão pouco se "vendeu" aos muitos interesses partidários que invadiram as Forças Armadas...

sexta-feira, abril 24, 2009

Indefinições no Dia da Véspera

24 de Abril de 1974 foi um dia que nasceu igual a tantos outros, cheio de indefinições, para muitos portugueses.

Milhares de jovens viam aproximar-se a chamada idade adulta, em que teriam de "defender a pátria" nas "nossas áfricas" e não sabiam o que fazer. Fugir ou ficar, era quase a mesma coisa que levantar ou baixar os braços ao país...
Pelo menos uma centena de homens e mulheres encontravam-se na clandestinidade, a lutarem contra a ditadura marcelista, com os olhos despertos para qualquer movimento estranho, logo que acordavam e com a mala feita, preparada para qualquer eventualidade...
Milhões de trabalhadores mal pagos sonhavam com a possibilidade de mudarem de vida, de emigrarem para conseguir ter aquilo que não lhes era permitido na terra onde nasceram...
Eram muito poucos os que acreditavam (e sabiam) que a Revolução estava tão perto, que ia sair à rua no dia seguinte...
A foto é de Rui Esteves.

quinta-feira, abril 23, 2009

Ler é...

Ler é estar vivo
Ler é conhecimento
Ler é sorrir
Ler é amar
Ler é escrever
Ler é sonhar

Ler é tanto...

Ler é olhar para lá do nosso umbigo
Ler é viajar pelo Mundo, reparando nas pequenas coisas que nos escapam nas outras viagens...

Ler é ficar mais rico, mesmo que os bolsos estejam vazios...

Rostos da Liberdade - 2

A Revolução também se pode fazer com palavras...
A Sophia de Melo Breyner Andressen conseguiu-o como ninguém.
Está lá tudo, na sua poesia livre, suave, sentida e solidária...

quarta-feira, abril 22, 2009

Rostos da Liberdade - 1

Perguntaram-me quem era o rosto português com a qual eu mais me identificava e conseguia sentir o espírito de Abril, da Liberdade e da Democracia, sem qualquer tipo de amarras...
Nem tive tempo de andar às voltas pela minha história, o Zeca Afonso apareceu logo...

terça-feira, abril 21, 2009

Conversas de Café (18)

- Percebes a razão de as pessoas não gostarem de votar para as eleições europeias?
- Percebo. E há mais que uma...
- Sim?
- Sim. Mas não me apetece fazer desenhos...
- Está bem. Mas vais votar?
- Vou. Voto sempre, por mim, pelo meu pai e pelos meus avós. Mesmo que vote em branco.
- Eu não.
- Porquê?
- Porque não me apetece alimentar esta Europa dos ricos, que nos deixa cada vez mais pobres.
- Ao não votares, continuas a alimentá-la, e da pior maneira, elegendo os protectores dos ricos do bloco central.
- Não me interessa. Além disso acho uma obscenidade o que ganham. E os portugueses agora vão ganhar ainda mais...
- Vão ganhar o mesmo que os outros. Para as mesmas funções salários iguais.
- Então porque é que ganhamos menos que na maior parte dos países europeus, fazendo as mesmas funções?
- Boa pergunta para se fazer ao senhor José Manuel Barroso...
- Podes querer...

sábado, abril 18, 2009

Almad'abril em Almada

Há muitas formas de comemorar Abril.

Hoje em Almada a música e a poesia são as formas escolhidas para se festejar Abril. A sessão começa às 16.30 horas na Sala Pablo Neruda, do Fórum Romeu Correia, em Almada.
É também apresentada uma colectânea de poesia, com trinta e cinco poemas de trinta e cinco poetas, intitulada, "Almad'abril", editada pelos "Poetas Almadenses", principal promotor da iniciativa.
Participo com o poema "João D'Abril":

João espera Abril desde Janeiro,
Não tem pátria nem cidade
Pertence ao mundo inteiro,
É filho legítimo da liberdade.

Quando o tempo começa a aquecer
Faz a sacola e parte para o Sul
Lugar maravilhoso para viver
Por ter o céu sempre pintado de azul

João passa a vida a cantar
Canções de paz, amor e liberdade
Foi a forma que escolheu para lutar

João não tem pátria nem cidade
Pertence ao mundo inteiro,
É filho legítimo da liberdade.

quarta-feira, abril 15, 2009

O Fluviário de Mora

De regresso a casa, resolvemos passar por Mora, para ver o já famoso Fluviário.

Pensávamos que ficava mais próximo da vila alentejana, por se falar tanto, como uma mais valia para a localidade.
O sitio é agradável, tem um rio ali mesmo ao lado, assim como um parque de campismo e uma zona ajardinada para quem trás merenda.
Depois de ver as vistas, por dentro e por fora, pensava que era algo maior, até pelas comparações que já vi fazerem com o Oceanário, mas não há nada a comparar, são mundos diferentes...
É por isso que acho o preço demasiado elevado para a oferta.
Uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) paga a módica quantia de 20 euros no chamado bilhete familiar (com um desconto de cinquenta cêntimos por cabeça).
Ainda disse à senhora da caixa que com aqueles preços não se safavam por muito tempo. Ela respondeu-me à letra, dizendo que estava enganado, que cada vez tinham mais visitantes...

Como podem ver, as lontras do Fluviário são extremamente simpáticas e até sorriem para a fotografia...

segunda-feira, abril 13, 2009

Os Comunistas São Pessoas Como Nós!

Eu sei!

Por isso é que nem sequer ousei ter uma atitude crítica, no último "post". Tentei apenas relatar uma história que me contaram.
Este desabafo, «Os Comunistas São Pessoas Como Nós!», foi-me transmitido por uma pessoa amiga, comunista, que se sentiu (ligeiramente) incomodada com a minha quase inconfidência.
Sei que por norma, socialmente, temos tendência a exigir mais às pessoas que servem um "credo", de uma forma apaixonada e dedicada, que de quem vive despreocupadamente, sem grandes comprometimentos. Eu tenho. Especialmente aos religiosos. Adoro chamar-lhes hipócritas. Esqueço-me que são humanos como nós. Que navegam no erro como qualquer ser humano.
Os comunistas têm ainda outra coisa que eu admiro, são pouco dados às tais inconfidências, são bons a guardar segredos, mesmo os difíceis.
Mas os filhos às vezes (tantas) alteram a ordem natural (ou outra qualquer) das coisas...
A Escultura, "O Segredo", é do mestre Lagoa Henriques.

quarta-feira, abril 08, 2009

Um Comunista Inflexível

Embora não possa confirmar a veracidade da história (foi-me contada à mesa do café, sem nomes...), não deixa de ser curiosa.

Contaram-me que um militante comunista, pai de um trabalhador "precário e inflexível", tinha dado um prazo ao Município para resolver a situação de trabalho do filho (dois anos). Como não tomaram qualquer posição durante vinte e quatro meses, este entregou o cartão de militante na concelhia.
Acrescentaram ainda que o filho se mantém na mesma situação, que pelo menos não tinha sido despedido...
O episódio pode e deve ter várias leituras: a Autarquia pode se ter defendido, para não ser acusada de passar ao quadro apenas militantes do PCP ou familiares destes; o militante pode ser insignificante para os seus camaradas...
Uma coisa é certa, Isto de se andar "descalço", mesmo com cartão, tem que se lhe diga...

segunda-feira, abril 06, 2009

A Oferta de Livros...

Encontrei ocasionalmente um amigo que também escreve livros.

Deu tempo para bebermos um café e falarmos do que andamos a fazer (nas escritas claro...).
Embora ele não faça parte dos "regionais" como eu, continua na segunda divisão, embora tenha conseguido arranjado nos últimos tempos uma editora, mas com um contrato quase estranho.
A grande vantagem (diz ele...), é que deixa de ter livros em casa à solta e de os oferecer a quem finge que gostava de o conhecer como escritor e nem sequer os abre...
Quem quiser ler os seus livros agora tem mesmo de passar pela livraria...
Na viagem de cacilheiro para a Margem Sul, fiquei a pensar no que ele disse. Pois é, provavelmente mais de metade das pessoas a quem oferecemos livros (e eu gosto de oferecer livros...), não deve ler uma única página...
Apetece-me dizer: não faz mal, são eles é que ficam a perder...

quinta-feira, abril 02, 2009

Premunições...

Jorge Gomes Fernandes, filósofo e historiador, teve uma premunição certa antes do tempo, que descobri com a reedição de uma pequena entrevista que lhe fiz entre Outubro e Dezembro de 2000...
«O fim do capitalismo já se deu e está a dar-se, porque já não existe liberalismo puro. Vivemos numa social democracia. E só se devem analisar as coisas em prazos mais longos.
Apesar de haver quem tente evitar ou a prolongar a agonia do capitalismo, o liberalismo tende a morrer, tem os seus dias contados.
Só há uma maneira de nos preparamos para o ajudar a morrer, e para vivermos após a sua morte, e para isso só há uma coisa a fazer: melhorar a justiça social, melhorar o serviço de saúde, aumentar a educação e a cultura ao maior número de pessoas.»

Só não sei é se a gente que domina o poder económico terá inteligência e humanismo para o perceber...