domingo, dezembro 27, 2020

O "Jardim Zoológico" de Elgee na Arealva


As mudanças de "cenário" nas paredes dos velhos armazéns do Ginjal e da Quinta da Arealva, por vezes oferecem-nos belas surpresas.


Hoje ao passar pela Quinta da Arealva reparei no "jardim zoológico" pintado por Elgee, que merece alguma "publicidade" aqui no Casario.



Acabei por publicar no "Largo da Memória" outras inspirações de Elgee, que não ficam nada a dever ao seu "mundo dos animais"...

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


quinta-feira, dezembro 24, 2020

A Falta de Sensibilidade Social do "Bloco Central" de Almada


Sei que hoje é um dia em que se desejam Boas Festas (mesmo que as que fazem de Norte a Sul, sejam demasiado curtas para todos nós).

Mas eu prefiro fazer uma reflexão crítica sobre as duas forças políticas que exercem o poder em Almada, que são os principais responsáveis por nunca termos tido uma política cultural e desportiva no nosso país, pois em 48 anos de democracia, nunca fizeram as reformas que necessárias para que o desporto e a cultura fossem acessíveis a todos os portugueses.

Foi sempre o tecido associativo (tão desprezado em Almada por ter a cor "vermelha, no seu entender...), que substituiu o Estado, que fomentou a cultura e o desporto, especialmente nos bairros mais pobres, "salvando" tantos jovens, que tiveram nestas duas áreas a única possibilidade de virarem as costas ao mundo do crime e da droga, que lhes batia à porta diariamente.

Se os socialistas e sociais democratas de Almada tivessem vergonha na cara, aplaudiam e apoiavam o movimento associativo almadense, em vez de continuarem a pedir a devolução de subsídios (alguns dados no mandato anterior da CDU), apenas porque o dinheiro não foi investido nas áreas para o qual tinha sido pedido.

Só mesmo quem nunca foi dirigente associativo é que não sabe qual é o dia a dia no interior de uma Colectividade, sempre a "tapar buracos", com despesas fixas (não falo apenas da água, luz e gás...) quase sempre superiores às receitas...

Espero que os Almadenses lhes dêem a resposta que merecem nas próximas eleições, pois já basta de tanta falta de sensibilidade social e estupidez (que vai muito para além do natural).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, dezembro 06, 2020

"Pré-Eleições" Precisam-se nas Estradas de Almada


As estradas da generalidade das freguesias de Almada, estão uma lástima. São raras as estradas que escapam sem buracos (alguns daqueles perigosos para pneus e amortecedores...) em Almada, Cacilhas, Charneca de Caparica, Costa da Caparica, Cova da Piedade, Feijó,  Sobreda, Laranjeiro, Monte, Pragal ou Trafaria.

Como normalmente (e vergonhosamente...) os autarcas das respectivas juntas de freguesias e do Município, só se "lembram" destas questões quando se aproximam as eleições, é caso para dizer: "Pré-Eleições", precisam-se, com urgência, nas estradas do Concelho de Almada...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


domingo, novembro 22, 2020

Um Fim de Semana Perfeito para o Miguel


Miguel Oliveira, conhecido como o "piloto de Almada", conseguiu um feito extraordinário durante o Grande Prémio de Portugal de motociclismo, disputado em Portimão neste fim de semana.

Começou por conquistar o melhor tempo das qualificações, que lhe deu direito a partir na primeira posição da prova principal  (MotoGP), disputada hoje. Primeiro lugar que nunca mais perdeu, do princípio ao fim e que lhe garantiu a vitória na competição. Não satisfeito ainda fez a melhor volta da prova, que passou a ser o recorde da pista algarvia.

Com duas vitórias e outras excelentes classificações durante a época Miguel promete muito para 2021, ano em que passará a fazer parte da equipa principal da KTM. 

E com tudo o que aconteceu nesta época, deixou de ser impossível podermos vir a ter um ano destes um português campeão do Mundo, da principal competição de motociclismo do Planeta (ainda por cima almadense...).

(Fotografia feita a partir da televisão)


terça-feira, novembro 17, 2020

No Dia em que Romeu Correia faz Anos...


No dia de anos de Romeu Correia (já são 103...), publicamos o folheto da festa de homenagem promovida pelo Município de Almada, na Academia Almadense (com uma bonita capa, com uma aguarela de Carlos Canhão).

Além de uma exposição sobre a vida e obra de Romeu Correia, foi apresentada a sua biografia, escrita por Alexandre M. Flores e houve também um espectáculo musical com as canções e os poemas do disco "Luísa Basto canta Romeu Correia".

(encontrámos este folheto no lixo, junto de outros materiais importantes sobre a história de Almada, que faziam parte do espólio de Abrantes Raposo)


quinta-feira, novembro 12, 2020

Fugir do Tempo e do Futuro...


Este tempo, em que as nossas vidas estão quase suspensas, podia ser um "tempo" virado sobretudo para o planeamento e para o estudo, para que o futuro pudesse ser menos cinzento e mais risonho para todos nós. Era bom ver preocupações acrescidas em relação ao ambiente e à nossa qualidade de vida.

Mas infelizmente são raras as situações em que conseguimos aproveitar as coisas positivas que as negativas nos oferecem... neste país demasiado povoado por governantes que "raramente se enganam"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, novembro 05, 2020

O "Lixo" que se Acumula...


Ao assistir ao "despejo integral" da garagem de um antigo companheiro de letras de Cacilhas, que nos deixou recentemente, fiquei a pensar (seriamente) que tenho de deixar de "acumular" livros e papelada.

Talvez seja tempo de começar a organizar as coisas e preparar "doações" (para alguns amigos e até para museus locais)  para que quando eu partir, não sejam deitadas fora, coisas com alguma importância - como foi o caso. Ainda retirei algumas "raridades" dentro do contentor do lixo... 

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, novembro 03, 2020

Marcas do Mau Tempo no Ginjal (2)


Volto às marcas deste Outono, que nem tem sido muito violento, no Ginjal. Não para falar dos "buracos" que vão aparecendo, aqui e ali, no paredão, mas sim pela única vantagem para quem gosta de passear por ali a pé, ou até de correr... os carros foram, finalmente, proibidos de entrar no Ginjal...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, outubro 24, 2020

Marcas de Mau Tempo no Ginjal...


Para arranjar uma legenda para esta fotografia, não são precisas muitas palavras. Basta usar um título histórico da nossa literatura, de Vitorino Nemésío, substituindo "Canal", pela palavra mágica, "Ginjal"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, outubro 18, 2020

"Atentado" na Fonte da Telha com Tons Laranja


O problema ambiental criado na Fonte de Telha neste último Verão pelo Município de Almada, fez com que me questionasse sobre as responsabilidades locais ao nível da vereação, mesmo sabendo que as obras efectuadas deverão ter sido discutidas em reunião de câmara e não desvinculam, nenhuma das forças políticas que fazem parte da coligação que governa o Concelho (PS/ PSD), muito menos a sua presidente, Inês Medeiros.

E bastou consultar o boletim municipal para constar que os pelouros directamente ligados a este "atentado", pertencem aos vereadores do PSD. Ou seja, Nuno Matias é o responsável pelos Espaços Verdes, Ambiente e Energia, e Miguel Salvado tem a seu cargo a Rede Viária, Trânsito e Frota.

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Telha)


sábado, outubro 17, 2020

"Invenções" que Podem sair Caras...


O título da notícia do "Expresso" é elucidativo, ainda que exagerado: «Obra de pavimentação de estrada viola plano de ordenamento e Município de Almada pode ter de pagar coima de €5 milhões.»

Depois, ao lermos a notícia,  ficamos a saber que a coima pode ir de dois mil euros (contraordenação leve) até aos tais cinco milhões.

Claro que isto não melhora nada a situação do Município e da sua presidente, que não "admitem o erro" cometido nos acessos à praia da Fonte da Telha, que coloca em causa a Reserva Ecológica Natural, ao mesmo tempo que viola o que está previsto no Plano de Intervenção de Praia, no Programa da Orla Costeira e no próprio PDM de Almada...

E para piorar a situação, há ainda a queixa apresentada pelo PCP no Ministério Público por alegado "crime ambiental grave", que pode levar Inês Medeiros a perder o mandato (segundo a notícia).

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Telha)


terça-feira, outubro 13, 2020

As Dúvidas e as Incertezas no Município...


Nestes tempos estranhos há muitos amigos que deixei de ver por razões óbvias. A pandemia reduziu muito os contactos sociais.

Curiosamente nestas duas últimas semanas encontrei três conhecidos, ambos funcionários do Município, com quem conversei durante alguns minutos e que me contaram que neste Verão voltaram a mudar de local de trabalho (um deles já passou por quatro serviços diferentes...), no sector da cultura.

Nunca me preocupei em perguntar-lhes qual era o seu ideário político, embora, pelo menos dois deles ainda no longo "reinado" da CDU se queixassem de ser prejudicados, aqui e ali, por não terem o "cartão de militante do partido". Aproveitavam algumas conversas em que nos queixávamos do mau funcionamento das coisas na câmara (e habitual inércia do que é público...), para desabafarem, embora nunca fossem longe de mais.

Foi por isso que, ao sentir nas palavras de ambos as dúvidas e as incertezas em relação ao seu rumo profissional, que estavam longe de se centrar na pandemia, percebi que nada tinha mudado, para melhor. Nem tiveram qualquer problema em dizer que três anos depois do PS ter ocupado o poder em Almada, quase tudo funciona pior no Município. E a "perseguição" política em vez de ter sido apaziguada, aumentou. Todos os que se manifestam contra algo que está errado, são logo apelidados de "comunistas", e se for possível, mudam de serviço.

Eu sabia que a "caça às bruxas" tinha sido uma das principais armas no começo da governação da coligação PS/ PSD. E que era preciso mudar muitas coisas. Mas pensei sempre que com o tempo as coisas tomariam o rumo certo. 

Infelizmente estava enganado. 

Há quem finja não perceber a desilusão das pessoas, quando preferem não ir votar. Mas se a prática partidária é quase toda igual, à esquerda e à direita, é fácil virar-se as costas a esta gente e a este sistema. 

Há ainda a agravante de o PS e o PSD,  em mais de quarenta anos de democracia, se terem tornado autênticas  "agências de emprego", de Norte a Sul.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, outubro 05, 2020

Um Inverno Mais Rigoroso, pode Deitar Tudo a Perder...


O Ginjal continua a ser o meu espaço de caminhadas dilecto. Noto que hoje é mais concorrido que ontem, porque a companhia do Tejo (assim como do mar ou de outro rio qualquer), torna qualquer passeio mais agradável.

É demasiado visível que há zonas do paredão que começam a ficar marcadas pelas movimentações das águas do Rio (em marés mais vivas e violentas), porque nada é eterno e o Ginjal continua a marcar passo e usar involuntariamente as suas "ruínas" como o principal atractivo turístico desta margem do Tejo.

Este abandono de décadas faz com que pense que o paredão poderá ficar ainda mais esburacado, ao ponto de ser "cortado" à passagem das pessoas (esta é a resposta habitual das autoridades às intempérides, "limpam as mãos", de qualquer tragédia que possa acontecer, com a colocação de grades e fitas...), num futuro mais próximo do que se poderá julgar.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal, na última sexta-feira)


quinta-feira, outubro 01, 2020

O Tejo Merece Muito Mais...


Uma das coisas que me faz mais confusão é a relação que os pescadores têm com os rios e com os oceanos, como se não dependessem deles para a sua sobrevivência...

Só pensam no hoje. Para eles, o amanhã não existe mesmo.

Ainda hoje vi um pescador a deitar "lixo" para o Tejo, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Embora não me faltasse vontade, acabei por não o questionar. Mas se o questionasse, o mais certo era ser "enxovalhado", como se não tivesse nada a ver com o que ele fazia, como se o Rio não fosse de todos nós...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, setembro 25, 2020

Coisas Desconcertantes...


Ontem reparei que colocaram umas pintas de tinta na minha outra rua (traseiras). O meu filho comentou que deveriam colocar linhas de separação das duas vias.

Estava certo, hoje lá passou o "camião pintor" a tracejar a estrada. Coisa que nunca tinha sido feita, nos já trinta em alguns anos que moro nesta rua...

Achei estranho e desconcertante por duas razões. A primeira por se tratar de uma rua com pouco movimento rodoviário (o único movimento que tem aumentado é de pessoas e de cães, que aproveitam o pequeno espaço campestre que ainda existe...). A segunda por se tratar de um tapete gasto (este sim a precisar de renovação...), fazendo com este "investimento" pareça fazer pouco sentido.

Mas como diz o outro, "quem manda sabe", mesmo que saiba muito pouco, como se observa diariamente...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quarta-feira, setembro 23, 2020

Quando a Presidente de Câmara nos "Envergonha"...


Quando ouvi Inês Medeiros, presidente do Município de Almada, a gracejar sorridente na televisão, que os moradores do bairro social do "Picapau Amarelo", "têm uma vista maravilhosa" e que não se importava de ir para lá viver amanhã, pensei que se tratava de uma "brincadeira". 

Não, é muito pior que isso: é a demagogia política no seu melhor.

Como é que uma presidente de Câmara é capaz de dizer isto? Até parece que as pessoas  vivem apenas da vista das suas habitações e que as condições de habitabilidade das suas casas não contam para nada. Com a agravante de existirem muitos apartamentos que precisam de obras há mais vinte anos (Isto sem pôr em causa que muitas vezes são os próprios moradores os culpados das más condições em que vivem, pelos seus comportamentos destrutivos e por não fazerem a manutenção devida). 

Se eu morasse no bairro do "Picapau Amarelo" (ou apenas "amarelo"...), aparecia na sede do Município e propunha-me trocar de casa com a presidente, já amanhã.

Pois é, parece que só falta mesmo, roubarem-lhes a vista (e vontade não deve faltar a muitos especuladores e agentes imobiliários, que adorariam encher toda a margem sul do rio com condomínios fechados e hotéis de luxo).

(Fotografia de Luís Eme - Monte de Caparica)

segunda-feira, setembro 21, 2020

Passa Tudo Pelas Pessoas...


Não sei o que vai acontecer ao Associativismo Almadense, num futuro próximo (fizeram-me essa pergunta há meia-dúzia de dias...). Sei apenas que nada será como dantes. E que muitas portas fechadas quando forem abertas irão ter muitas dificuldades em enfrentar o dia-a-dia  (as que forem...).

Sei apenas que há mais dúvidas que certezas, num cenário cada vez mais cinzento.

Infelizmente esta pandemia funcionou como lente, aumentando as dificuldades de sobrevivência de todas as colectividades, ao mesmo tempo que serviu para questionar a sua importância na sociedade almadense actual (ou pelo menos devia ter servido...).

Sei que qualquer solução terá passar pelas pessoas (mesmo que se perceba à légua que há pouco interesse em resolver problemas que se arrastam à décadas...). Em primeiro lugar pelos próprios dirigentes associativos, porque muitos têm "vistas curtas" (estão parados entre o passado e o presente...), depois pelos autarcas, que sempre se serviram das Colectividades para serem eleitos (claro que se o associativismo estiver quase "moribundo", como está actualmente, não servirá para nada...). E se forem autarcas do PS e do PSD (como é o caso no Município), continuarão a oferecer nenhuma solução, porque graças aos "óculos" que usam, continuam a ver em cada associativista um comunista...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

segunda-feira, setembro 14, 2020

Uma História com Quase Quatro Anos...


Pelos comentários, percebi que muitas pessoas não acompanharam todo este processo de recuperação e devolução do monumento do Burro e das Crianças aos cacilhenses. 

Foi por isso que achei por bem voltar atrás no tempo e "historiar" o que fui publicando aqui no "Casario", desde 2016. 

A primeira fotografia foi colocada juntamente com um pequeno texto, intitulado: "A Destruição e Banalização do Bem Público", publicada a 28 de Dezembro de 2016.



A 22 de Maio de 2019 resolvi escrever mais um texto, acompanhado desta fotografia, com o título: "Tudo Igual Quase Três Anos Depois".




Voltei a escrever novamente sobre o Monumento a 3 de Julho de 2019, porque a solução encontrada para resolver o problema, foi colocar-lhe uma vedação... Foi por isso que lhe chamei: "A Solução do Costume...".

(Fotografias de Luís Eme - Cacilhas)

domingo, setembro 13, 2020

Monumento às Burricadas é Devolvido aos Cacilhenses, Alguns Anos Depois...

Foi com agrado que verificámos que terminou a longa "quarentena" do monumento dedicado às burricadas e às crianças cacilhenses, que fica na rua Comandante António Feio.


Além de ter sido limpa, a escultura de Jorge Pé-Curto também foi reparada (as crianças estavam presas por arames, ainda antes do ataque de vandalismo assinado com gatafunhos de mau gosto...).

Agora só esperamos que o respeito pelo património artístico  e histórico impere em Cacilhas.

(Fotografias de Luís Eme - Cacilhas)

sexta-feira, setembro 11, 2020

(Carta para um amigo que só pode morar no céu e que fez ontem cem anos)

«Nós que estamos cá em baixo, não sabemos rigorosamente nada do que se passa aí em cima. Só os frequentadores de templos é que fingem saber mais que o comum dos mortais e até falam no paraíso e no inferno, perante a nossa indiferença e cepticismo.
Se por acaso, tiveste a oportunidade de espreitar, viste um grupo de gente - mais do que é aconselhável nesta época, embora estivéssemos todos de máscara -, que te quis homenagear neste teu dia. 
Reconheceste os teus três queridos filhos, netos, bisnetos (que já vieram ao mundo depois de partires...) e mais alguns familiares. Depois olhaste com satisfação para alguns amigos e com curiosidade para os conhecidos e desconhecidos que também quiseram estar contigo.


Foi dado alguma solenidade a esta homenagem, pois além das flores colocadas junto à placa com o teu nome, houve as palavras habituais de circunstância, ditas por autarcas e associativistas, que à excepção do teu filho Henrique, quase só ouviram falar de ti... e talvez tenham folheado algum dos teus livros, de manhã, para escolherem uma ou outra palavra bonita que te identificasse.
Não sei o que disseram porque o vento foi levando as palavras para toda a parte e só mesmo quem estivesse perto dos "bem falantes" é que te poderia contar o que foi dito.
No meio destes discursos, aqueles que te conheceram bem (éramos mais de meía-dúzia...), olharam uma ou outra vez para o céu, à procura de um sinal de ti. Sabem que se existe mesmo um lugar paradisíaco no além, tu estás lá, porque és uma das melhores pessoas  com quem partilhámos amizade, bom, digno e integro, em todas as horas.»

(Fotografias de Luís Eme - Almada)

quinta-feira, setembro 10, 2020

O Centenário de um Amigo Impar...

Henrique Mota faz hoje cem anos.

Não foi apenas um grande atleta, treinador, dirigente e escritor de Almada e do Mundo.

Foi um dos melhores seres humanos que tive o prazer de conhecer ao longo da minha vida.

Como já escrevi, várias vezes, foi ele que me apresentou a verdadeira Almada, a cidade das pessoas comuns, mas também a Terra do associativismo, do desporto e dos amantes da história local...

Tanto que aprendi com ele, sem me aperceber, no nosso convívio tertuliano do "Repuxo" e no dia a dia da SCALA, que ele ajudou a fundar...

Permanece na minha memória como um amigo único. 

(Fotografia de Autor Desconhecido)

domingo, setembro 06, 2020

A Terceira Idade, o Movimento e o Covid 19...


Todos sabemos que as pessoas mais vulneráveis são as mais afectadas com o vírus Covid 19. E quanto maior for a idade, maior é a dificuldade de recuperação. Não é por acaso que a maioria das vítimas mortais têm mais de 65 anos...

Esta realidade, embora exija mais cuidados, não é motivo para que se fechem as pessoas da "terceira idade" em casa e não lhes seja permitida viver uma vida "o mais normal possível".

Até porque, se excluirmos o que acontece nos lares para idosos (há muitas outras razões para que sejam mais atingidos pelo vírus, que a idade...), não se têm verificado aumentos de casos entre as pessoas com mais de cinquenta anos, pois geralmente são mais cuidadosas no seu dia a dia, que a gente jovem.

É por isso que acho que se devia arranjar uma alternativa para viabilizar o "Programa Municipal Alma Senior" (vai continuar suspenso até nova avaliação...), com segurança para todos os envolvidos, com programas ao ar livre, de forma a que permita que as pessoas exercitam o corpo e a mente, em vez de ficarem fechadas em casa, presas à televisão, que cada vez é menos saudável...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sábado, agosto 22, 2020

As Dores da Idade...


Quando a mãe se queixou das dores de cabeça e culpou as "mudanças de tempo" (cada vez mais repentinas...), a minha filha sorriu, como se se tratasse de uma "invenção", ou de uma "desculpa".

Quando se tem dezasseis anos, duvida-se de tudo, também por o corpo suportar quase tudo... É cedo demais para sentir as dores físicas da idade, sentem-se mais as emocionais...

(Fotografia de Luís Eme - Porto Covo)

quarta-feira, agosto 19, 2020

Vem Aí "Mau Tempo no Canal"...


Hoje, ao fim do dia, a mudança de tempo na foz do Tejo, ofereceu uma bonita tonalidade de castanhos e cinzentos, amarelados...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

domingo, agosto 16, 2020

O Tejo está a Voltar a Ter Movimento...

Os turistas estão a voltar à Capital, e seduzidos pelo Tejo, não perdem um bom passeio do Estuário à Foz...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

segunda-feira, agosto 10, 2020

Uma "Pequena (grande) Ilusão" no Ginjal...


Quem passa pelos restaurantes do Ginjal, sente que está tudo normal.

É impossível manter o distanciamento, entre quem passa e quem lancha ou janta... 

E depois, o Tejo, com a sua beleza natural, ajuda a alimentar esta "pequena (grande) ilusão"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sexta-feira, agosto 07, 2020

Um Amigo Único

Talvez nem ele saiba de onde lhe vêem as forças... que o ajudaram a chegar, hoje, aos noventa anos.

A vida teimou, vezes demais, em lhe oferecer "o pão que o diabo amassou". Mas ele enfrentou-a de peito aberto, decidido a construir o seu próprio destino. E conseguiu-o.

Claro que não comemora este aniversário, como desejava, rodeado de amigos. Este tempo maldito tentou "passar-lhe a perna", mas ele continua com a esperança de voltar a abraçar e a beijar os amigos, não fosse ele um Homem de afectos, que nunca teve pudor em utilizar a palavra amor no seio da família e dos amigos.

Para o Orlando o melhor da vida continuam a ser as pessoas. Foi por isso que encontrou no Associativismo um campo de amizade, companheirismo e solidariedade. Foi por isso que sempre que lhe foi possível, criou "tertúlias", para estar com os amigos.

Faço parte da última tertúlia que ele criou (juntamente comigo, com o Chico e com o Carlos), a "Tertúlia do Bacalhau com Grão", que se foi alargando a mais amigos e que foi interrompida pela pandemia.

Sei que a Amizade não se agradece, mas sabe tão bem sentirmos que temos um verdadeiro amigo, único... 

(Fotografia de Carlos da "Olivença" - Almada)

quinta-feira, julho 30, 2020

Detesto Portas Fechadas "Apenas porque Sim"...

Continuo a não perceber o porquê do encerramento do "Museu da Música Filarmónica"  por parte do Município (não fixei a data, mas já deve ter sido há mais de um ano...), em Almada, até porque as suas instalações, novas, não voltaram a ter qualquer outra utilidade.

Isto lembra-me sempre o que fizeram na minha Cidade Natal ao "Cine-Teatro Pinheiro Chagas" (foi todo esventrado por dentro, para que não se fizesse cultura, cinema, teatro ou outra coisa, mas deixaram o mono  - a estrutura exterior - anos e anos, de pé, sem qualquer utilidade)...

Há gente com muitos complexos sobre algumas culturas, diferentes das que tanto gostam... 

Em Almada há ainda outra questão: será que o "fantasma comunista" também está por detrás da falta de apoio que é dado às bandas filarmónicas centenárias, assim como no desprezo pela sua história?

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, julho 27, 2020

A Ignorância Atrevida dos Políticos


Percebe-se que os políticos (e provavelmente todos aqueles que não sentem curiosidade em aprender coisas novas...) demonstram cada vez mais ignorância sobre os vários saberes. Descobrimos isso graças à sua obsessão por microfones e câmaras de televisão. Tanto querem falar que, facilmente sai asneira...

O que eles aprendem com facilidade, são as frases feitas que colam aos discursos, sem tão pouco se importarem muito com o seu "distanciamento" da realidade local.

Onde noto mais a sua "pobreza pouco franciscana", é quando "chocam de frente" com a história dos lugares que governam. Limitam-se a debitar uma série de lugares comuns, com algumas lendas bonitas e fantasiosas à mistura, que, felizmente, graças ao trabalho de vários historiadores, têm sido afastadas da história "real".

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)

domingo, julho 26, 2020

O que o Tejo Une e Separa...


Penso que o Tejo é o principal responsável pelo facto das localidades ribeirinhas, próximas da Capital, possuírem uma identidade própria, que também tem sido alicerçada por séculos de história.

Almada, Barreiro, Seixal ou Montijo, por exemplo, são muito diferentes da Amadora, de Odivelas ou de Loures.

Esta "fronteira" natural só começou a ser esbatida nos últimos cem anos, com a melhoria das condições de travessia do rio, com o começo da oferta de carreiras regulares entre as duas margens do rio. 

E a partir de 1966, com a construção da Ponte 25 de Abril (é muito mais bonito que o nome anterior...) que liga Alcântara ao Pragal, tudo ficou mais próximo...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

segunda-feira, julho 20, 2020

A Quase Desaparecida "Política (Autárquica) de Proximidade" em Almada...

Como se costuma dizer, os exemplos (bons e maus...) "vêm sempre de cima". Embora não rime, é verdade. E tanto podem ser transpostos para um governo (nacional ou local), para uma empresa ou para as nossas casas...

Um comentário bastante pertinente feito ao último texto que aqui publiquei, revela muitos dos pecadilhos cometidos pela actual presidente e pelo seu executivo, que antes do "covid 19" já tinha algum cuidado com o distanciamento em relação aos almadenses.

Há uma década ainda era possível assistir à prática de uma política de proximidade, especialmente por parte das Juntas de Freguesia, que faziam questão de se encontrarem próximas dos seus cidadãos (a malfadada redução destes órgãos autárquicos, com o dedo do Relvas, não justifica toda esta "invisibilidade" dos últimos anos...). O mesmo se passava com a presidente do Município de então. Embora Maria Emília de Sousa cultivasse um estilo quase de "evita péron", ela ia a todas. Não faltava a um aniversário de uma colectividade, a uma inauguração ou a a outra festividade, que lhe permitisse estar junto da população almadense.

É também por isso que volto ao comentário de "Alma de Almada". Como ele muito bem disse, a democracia não se resume às Assembleias Municipais, nem às reuniões de Vereação. A democracia pratica-se diariamente nas ruas, nas colectividades, nas empresas e nas escolas do Concelho.

Embora não faça qualquer sentido (e é assim que se perdem eleições...), a sensação que se tem na actualidade, é que a coligação PS/PSD, governa de costas voltadas para a população almadense...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sexta-feira, julho 17, 2020

As Portas Fechadas que não Voltam a Abrir...


Vou transcrever aqui para o "Casario", uma parte do texto que escrevi hoje no "Largo". Porque além de ser um retrato social, é também uma reflexão sobre Almada e sobre o Associativismo...

«Muitas das pessoas que agora passam a maior parte do tempo em casa (quase todos nós...), quando puderem voltar a sair para a rua, para voltarem a ter uma vida quase normal, percebem que isso não é possível.
Terras como Almada, com muitas colectividades, quando acordarem deste pesadelo, vão descobrir que uma boa parte delas já passou à história (para satisfação dos governantes actuais, que olham para todas as associações, como se estivessem pintadas de vermelho e tivessem nos seus emblemas foices e martelos...). 
Pois é, continuarão a receber "convites" invisíveis, para voltarem para casa...
É por isso que eu digo, que já apareceram por aqui muitos vírus, mas nenhum tão fascista e anti-social como este...»

Gostaria muito de estar enganado, mas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

domingo, julho 12, 2020

A Parábola Sempre Actual de "O Velho, o Rapaz e o Burro" (a ordem é arbitrária...)


Não faço ideia de quem escreveu a parábola de "O Velho, o Rapaz e o Burro". Sei apenas que ela irá permanecer actual enquanto existirem no mundo pessoas de idade, jovens e animais.

Pensei nela numa conversa que tive recentemente com alguém, mais jovem que eu, que queria saber o que tinham sido as "Tertúlias da SCALA no Dragão". 

Fiz uma pequena síntese histórica onde tive obrigatoriamente de falar no seu ideólogo, Fernando Barão, sem me retirar do retrato (fui eu que continuei o seu legado durante vários anos...). Mas o que este rapaz quis saber era quais eram os nossos objectivos, e se eles tinham sido conseguidos, ao longo de mais de onze anos, em que realizámos tertúlias culturais no primeiro andar do café "Dragão Vermelho", por onde passaram algumas das personagens mais importantes e curiosas da Cultura Almadense (e também algumas figuras nacionais, como foram o caso de Raul Solnado ou Vasco Lourenço).

Disse-lhe que os nossos objectivos, enquanto associação cultural (a SCALA é sobretudo uma associação cultural), foram amplamente conseguidos. Destruímos alguns mitos, o maior talvez fosse a capacidade de fazer algo de importante, sem ter nenhuma ligação ao Poder Local (o único apoio que recebemos foi dos donos do "Café Dragão Vermelho", que sempre nos deram apoio e a única contrapartida que recebiam era a despesa que fazíamos, quem queria ía lá jantar, quem queria apenas assistir à "Tertúlia", podia apenas beber um café...).

Por sabermos que havia uma grande défice cultural no nosso país, achámos por bem, fazer algo de diferente, que enriquecesse as pessoas, ao mesmo tempo que lhes oferecia um convívio familiar (e durante anos sentimos-nos mesmo uma "família", os meus filhos cresceram lá, apaparicados por todos aqueles amigos...). 

Claro que tivemos alguns "inimigos" de peso. O maior talvez fosse o futebol (a "Tertúlia" era mensal e realizava-se na primeira quinta-feira no mês e muitas vezes coincidia com as jornadas europeias. Notava-se a ausência de alguns amigos quando jogava o Benfica, o Sporting e o Porto...).

Mas estou a "estender o lençol", sem dizer o que queria... Quando fui buscar "O Velho, o Rapaz e o Burro", tem muito a ver com as reacções dispares de algumas pessoas, para justificarem a sua ausência: uns não iam porque era demasiado "intelectual"; outras achavam que aquela cultura era demasiado popular; e outros ainda, achavam que deviam ser só para a SCALA e com pessoas da SCALA...

Estavam todos errados. Embora soubéssemos (eu e o Fernando, falámos várias vezes sobre o assunto...) que a cultura era uma coisa de minorias, queríamos chegar ao maior número de pessoas, sem qualquer tipo de prurido social ou cultural.

E foi muito bom, enquanto durou... Como tudo na vida, teve o seu tempo. Mas foi uma boa "pedrada no charco" na cultura de Almada.

(Fotografia de Gena de Souza - Almada)


domingo, julho 05, 2020

A "Ligação à Comunidade Local"


Há quase 27 anos realizou-se em Almada o "3.º Congresso Nacional de Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto".

Houve dezenas de intervenções, algumas bastante importantes, mas que acabaram por passar ao lado de quase todos os participantes, inclusive dos Almadenses. Uma delas foi da autoria do meu amigo Fernando Barão (em representação da Incrível Almadense), que nos deixou em Maio, que passados estes anos, não só mantém a actualidade como nos demonstra todo o tempo que se perdeu, sem fazer essa coisa simples e praticável, que é a "Ligação (das Colectividades) à Comunidade Local", que temos todo o gosto em transcrever os seus três primeiros parágrafos:

«A verdadeira e única saída para a evolução do Movimento Associativo será a sua ligação à comunidade que o rodeia.
Assim é da máxima importância, o estabelecimento de ligações pragmáticas e afectivas de todos os núcleos colectivistas de uma localidade com a sua população, de forma a que esta reconheça as suas validades e sintam, no dia a dia, as suas acções benéficas e altruístas.
Uma instituição colectiva, nos tempos que vão correndo terá de ir ao encontro da sua comunidade local, com objectivos certeiros, perscrutando primordialmente as suas carências. Terá de ser, insofismavelmente, o elemento necessário ao seu abastecimento de índices que alterem superiormente, as formações físicas e anímicas dessas gentes vítimas de uma sociedade consumista onde impera  o lucro fácil em troca de péssimos serviços.»

Todos aqueles que fizeram o que o Fernando, muito bem escreveu, que conseguiram com que as suas Colectividades se aproximassem das comunidades onde estão inseridas e lhes oferecessem o que necessitavam, de certeza que ficaram melhor que, os que se limitaram apenas a assobiar para o ar ou a bater à porta das autarquias, para pedir o respectivo "subsídio"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)