sexta-feira, dezembro 20, 2024

Um Natal com cada vez mais dificuldades, em esconder debaixo do tapete as "misérias humanas"...


Não sei se lhe chame uma coisa curiosa, até porque pode ser mais comum do que aquilo que eu possa imaginar.

À medida que os anos vão passando,  tenho cada vez menos paciência para o Natal.

Sei que em parte isso deve-se a este mundo que nos rodeia, ter cada vez menos ares natalícios (as luzes e as montras não contam...). Gaza, Beirute, Damasco ou Kiev, são os maiores exemplos...

Por outro lado, como tenho os filhos já adultos (ainda não há netos...), perdeu-se um pouco o encanto e a sua alegria contagiante (mesmo que passageira...) em receber presentes...

Tenho vários defeitos, mas a hipocrisia, o cinismo e a inveja, não estão no "pacote" (e ainda bem, são das coisas mais miseráveis e vulgares dos seres humanos...). E esta época trás todas essas coisas - em "tamanho xl" - para as casas, para as ruas, para as igrejas e sobretudo para as lojas.

E se há coisa que nós vamos perdendo com os anos, é a paciência para fazermos fretes.

Claro que isto não tem nada a ver, por exemplo, com a reunião natalícias das famílias. Numa época em que este núcleo especial tem sido tão desvalorizado, é bom que as pessoas que se encontrem, nem que seja, na tal "uma vez por ano"...

É com gosto que janto a 24 com a minha sogra, passo ceia com os meus cunhados e mais família (onde até costuma aparecer o "pai natal"...). Ou almoço a 25 com a minha mãe e o meu irmão...

Mas não consigo suportar este regresso ao passado, ao tempo dos "coitadinhos", com os ricos a voltarem a "escolher" o seu pobrezinho, para a sua ceia (voltou-se a isto, com mais visibilidade, porque os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres...) ou a ver o presidente da república a servir refeições aos sem abrigo (ele bem podia fazer com que o natal para esta gente não fosse apenas um dia. Até lhe dou a ideia de, quando sair do cargo, fomentar estes encontros, mensalmente...).

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, dezembro 07, 2024

Um Amigo especial que regressou à nossa "tertúlia"...


O Carlos II é especial, por várias razões. 

O facto de pensar de uma forma diferente, nunca foi um problema, nunca fez com que não fosse "um de nós".

Às vezes é difícil de explicar, mas talvez seja nas diferenças que nos encontramos, que percebemos e entendemos, que é mais importante do que aquilo que parece, pelo menos nas ruas da amizade, respeitar o outro...

O Carlos tem uma história de vida diferente da maior parte de nós, porque sempre foi ambicioso, nunca aceitou de bom grado a palavra "impossível". E ainda bem.

A vida ensinou-lhe desde cedo, que havia valores e valores. Nunca quis ser um idealista, sempre teve um sentido prático da vida. Nem nunca teve qualquer pudor em sonhar que um dia, "talvez fosse possível ir à Lua".

Nunca teve um grande orgulho em pertencer à "classe operária". Deve ter sido isso que o tornou um dia patrão. Um dos bons, nas suas palavras, por ter aprendido, ao longo da vida, que não valia tudo. Não precisava de "pisar os outros", nem de lhes "passar por cima", para continuar a subir na vida.

É por todas estas coisas, e mais algumas, que é bom termos o Carlos (agora é primeiro) de volta à nossa "Tertúlia"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, novembro 26, 2024

A água que se desvie...


Por sermos um país onde  não chove muito, o planeamento das cidades continua a ser feito a pensar apenas no presente, ignorando as vicissitudes e os caprichos da própria natureza. 

Além de construirmos em cima de linhas de água (secas), ainda fazemos coisas mais parvas: reduzimos os cursos de água existentes a canais subterrâneos ou a meros ribeiros, muitas vezes ladeados de pedras ou cimento (algumas até têm o piso inferior forrado a cimento...). 

Mas ainda vamos mais longe: por não gostarmos muito de cortar as ervas nos espaços públicos, escondemos a terra com pedras, alcatrão e cimento, limitando cada vez mais os espaços onde a água, pode e deve, ser absorvida pelos solos...

Não tenho grandes dúvidas que num futuro próximo, iremos ter as nossas "Valências", principalmente nas localidades que se situam ao nível do mar e onde as pessoas preferem assobiar para o ar, em vez de pensar em mudarem-se para lugares mais seguros...

Percebem quase sempre, tarde demais, que a água não se desvia, escolhe sempre o caminho mais próximo e rápido para passar...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


sábado, novembro 23, 2024

Não há limites para a falta de vergonha (e respeito) da Câmara Municipal de Almada


Não percebo como é uma câmara dita socialista, governa tanto contra as pessoas, neste caso particular contra os almadenses.

A sua única preocupação é o lucro fácil. Pelo menos esta é a explicação que encontro para a instalação de parquímetros em todos os lugares onde é possível estacionar, sem que se efectuem quaisquer obras de melhoramentos desses espaços.

Na zona onde vivo (Quinta da Alegria), há um parque de estacionamento "meio selvagem", onde a única obra feita foi a colocação de linhas brancas para delimitar o estacionamento (provavelmente já a pensar no passo seguinte...).


Nos lugares onde costumo estacionar é visível a degradação do alcatrão, pois estes foram feitos pelo construtor dos prédios, há quase quarenta anos, sem que houvesse qualquer preocupação na melhoria do piso (tal como acontece com as estradas, naturalmente esburacadas...), por parte da Autarquia durante todo este tempo.

Autarquia que em vez de fazer as melhorias tão necessárias nos pisos (estradas e parques de estacionamento), coloca sinais e parquímetros, porque o que interessa é o "dinheiro fácil", de quem precisa de estacionar os seus carros, quando se desloca a Almada e não fazer o seu papel, como Autarquia, na defesa e melhoria da qualidade de vida dos seus concidadãos...

(Fotografias de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, outubro 30, 2024

Vagabundear pelo Ginjal (porta a porta)...


Não sei ao certo, há quanto tempo me perco pelo Ginjal. 

Há uns 35 anos, no mínimo. Foi a minha amizade com Romeu Correia que me "acordou" para a beleza e história desta "Margem Sul", que tanto pode começar em Cacilhas como no Barreiro. 

A minha margem deste Sul, deste além Tejo, sempre começou em Cacilhas (o tempo que vivi perto do Barreiro não conta para nada nestas vivências...). Provavelmente o Rio deve-me ter convidado a caminhar ao longo do Cais do Ginjal, logo nas minhas primeiras vezes que fiquei a ver o cacilheiro partir para a Capital (às vezes perdemos a barca por segundos e temos de esperar pela próxima, o que pode demorar entre quinze a trinta minutos...).

Mesmo que no início fosse para "matar tempo", foi assim que fui descobrindo, pouco a pouco, o Ginjal. O que existiu por ali, antes deste antigo espaço de restaurantes famosos e de várias indústrias, se ter tornado no conjunto de ruínas que hoje conhecemos, entre Cacilhas e o "Ponto Final" (sim, é ali rente ao restaurante que acaba o Ginjal e começa a Fonte da Pipa...), colorido, graças aos "grafiteiros" e pixeteiros". 

As descobertas com mais conteúdo histórico, aconteciam sobretudo nas conversas que tinha com os companheiros da memorável "Tertúlia do Repuxo", que durante mais de duas décadas, foi um espaço privilegiado de amizade e de conhecimento. 

Tertúlia que também contou nos últimos anos, com a presença de Luís Bayó Veiga, que se prepara para lançar no próximo sábado o livro, "O Ginjal, Porta a Porta - Referências e Memórias". Sei que ele também "bebeu" muita informação nas nossas conversas sobre história local à mesa do café. 

Felizmente o Luís não se ficou apenas pelas conversas e quis ir mais longe, quis viajar no tempo e saber que Ginjal era, o que existia há cem anos (para não recuar mais no tempo, coisa que ele faz nesta obra, com um rigor assinalável). E o resultado é um belo livro, que nos satisfaz todas as curiosidades, porta a porta, contando a história das gentes e dos lugares, que estão por detrás de cada "número de polícia"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, outubro 28, 2024

"O Ginjal, Porta a Porta (Referências e Memórias)" de Luís Bayó Veiga


Durante a semana vou deixar aqui algumas palavras, sobre um livro escrito por um amigo, que será apresentado no próximo sábado.

Isso acontece por duas ou três razões, para lá da amizade com o autor. Uma delas é este blogue chamar-se "Casario do Ginjal"...


quinta-feira, outubro 24, 2024

Os treinos da GNR na Lisnave, nestes dias estranhos e violentos...


Comecei a ouvir gritos e barulho de confusão, do exterior da minha casa, que me davam a sensação de serem de qualquer "recreio de escola", pouco habituais. 

Quando vim à janela reparei que a Lisnave estava com mais movimento do que o costume. Estava povoada de viaturas da GNR e de guardas (alguns disfarçados de bandidos...), que imitavam a realidade dos últimos dias, ensaiando distúrbios com a respectiva resposta das forças de autoridade.

Acho positivo este treino, até porque a "confusão" junto dos bairros problemáticos, parece ter vindo para ficar (quase sempre de forma gratuita e sem justificação). E os agentes e guardas da autoridade têm de estar, cada vez mais preparados, para enfrentar todo o género de bandidos.

Mas não deixa de ser curioso, os fins usados pelos velhos armazéns e docas da Lisnave (cada vez mais em ruínas), desde a publicidade, passando por filmes, e acabando agora, com treinos "anti-motim" (e não falo das "corridas de carros").

As coisas que descubro da minha "varanda indiscreta"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, outubro 13, 2024

Uma Bela Surpresa para Todos os Familiares e Amigos de Fernando Barão


Ontem, durante a apresentação do livro da minha autoria, "Fernando Barão; (Quase) Tudo o que Vivi", as mais de cem pessoas que encheram a Sala Pablo Neruda, no Fórum Romeu Correia, em Almada, tiveram uma bela surpresa, durante a intervenção do vereador Filipe Pacheco, que fez parte da mesa de honra, em representação do Município de Almada.

O Vereador deu a todos a excelente notícia, que iria ser atribuído, brevemente, o nome de "Largo Fernando Barão", ao espaço que ainda continua a ser conhecido, popularmente, pelo "Largo da Bomba", onde em temos idos existiu uma bomba de água que abastecia os locais deste bem precioso. Ou seja o Largo junto ao Centro de Turismo de Almada, que foi durante quase todo o século XX, o quartel dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas.

Este lugar tem ainda outra particularidade, foi o lugar de "namoro à janela" de Fernando Barão com a jovem e bonita Isabel, que viria a ser a esposa e companheira da uma longa vida. Foi ainda a propósito deste namoro que o Fernando ganhou a alcunha do "Vai à Bomba"...

Em suma, uma escolha muito feliz do Município, que muito honra os familiares e amigos mais próximos do nosso "Barão de Cacilhas".

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, outubro 11, 2024

segunda-feira, outubro 07, 2024

A História de vida de Fernando Barão em Livro...


No próximo sábado será apresentado o livro, "Fernando Barão - Quase tudo o que vivi", na Sala Pablo Neruda, em que junto uma série de conversas que fui tendo com este Amigo, nos anos de 2018 e 2019, que acabaram por ser interrompidas com a Pandemia...

Ou seja, este livro é a história de vida de Fernando Barão, contada por ele próprio...


sábado, outubro 05, 2024

As Portadas na Entrada do "Corredor do Luís dos Galos"...


Já escrevi sobre esta gente, falsamente libertária, que depois da "ocupação" de espaços aparentemente abandonados - mas com dono -, tem o secreto desejo de construir por ali "condomínios fechados"...

Não foi de repente, foram chegando aos poucos. E hoje vivem dezenas de pessoas no Ginjal. Não fiz nenhum "recenseamento", mas acho que ainda não chegam à centena.

Ocuparam os espaços degradados e abandonados (a última família que ali viveu já saiu dali pelo menos há uma década), ou seja vivem aparentemente sem condições mínimas de habitabilidade (embora, "artistas" como são, lá fizeram as puxadas de luz da ordem, e electricidade é coisa que não falta. A água é que é um pouco mais complicada, tem de se usar o balde e o garrafão. Nada de preocupante, não por o Tejo estar ali mesmo ao lado, mas porque o "banho" está longe de ser a coisa mais importante para esta gente...).

Não estou muito preocupado com este aspecto (nem com nenhum, aliás...). Vivem como querem e como os deixam viver.

A única parte curiosa, é a história dos "condomínios fechados". Sim, ao longo dos mais de quarenta anos que conheço a entrada do "Corredor do Luís dos Galos", sempre foi um espaço aberto. Só hoje, é que tem portas... 

E no seu interior até já existe um "bar" e na parte de fora uma quase esplanada (já existem duas mesas e meia-dúzia de cadeiras...).

A liberdade sempre foi outra coisa. Aliás, "ocupação" nunca foi sinónimo de liberdade...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, setembro 30, 2024

O Adeus de um Grande Companheiro e Amigo...


Jaime Soares deixou-nos no dia 26 de Setembro. Era conhecido entre amigos apenas por "Jaiminho", um daqueles diminutivos que duraram a vida inteira, sem que fizesse alguma vez sombra ao grande desportista, ao grande associativista e ao ser humano de excepção, que sempre foi, defendendo e lutando por uma sociedade mais igualitária, fraterna e solidária.

Graças à "Tertúlia do Bacalhau com Grão", tornámo-nos bastante próximos (almoçarmos lado lado ajudou, porque a sua surdez acabava por ser um obstáculo no convívio com os amigos...). Era um prazer vê-lo "desempatar", as discussões acaloradas entre o Chico e o Orlando, quando andavam às voltas pela "Rua Direita" e metiam o número da porta de uma taberna ou da casa de um amigo comum, ligeiramente ao lado. E o Jaiminho lá explicava que a pessoa em causa morava em tal sítio, com argumentos que facilmente rendiam o Chico e do Orlando, que acabam a dizer "tens razão, é mesmo aí."

O mesmo se passava quando era o Almada, a Incrível ou a Academia, que, alimentavam as nossas memoráveis conversas. Apesar de ter sido operário a vida toda, era bastante culto e continuava a gostar de estar bem informado. O jornal continuava a ser uma das suas companhias durante o café da manhã (mesmo sabendo que o "Público" já não era o que tinha sido...).

Sei que há por aí muita gente que "detesta" a palavra coerência, e normalmente até metem "burros" ao barulho, para a denegrir. Eu sempre gostei, e continuo a gostar muito dela, tal como a maior parte dos amigos da nossa memorável "Tertúlia".

O Jaiminho além de ter sido sempre coerente com os seus princípios, foi uma das pessoas mais autênticas que tive o  prazer de conhecer, nesta terra especial, que é Almada.

(Fotografia do Carlos da "Olivença" - o Jaiminho aparece em primeiro plano à direita...)


quarta-feira, setembro 25, 2024

Gostamos de correr riscos...


Ao olhar para a sarjeta mais próxima da minha casa, quase coberta por folhas deste Outono, que chega quando lhe apetece, só tenho um comentário: gostamos de correr riscos.

Nos incêndios é o que sabemos, a prevenção fica quase sempre a meio caminho. Agora que começam as primeira chuvas, era bom que os responsáveis do urbanismo e das limpezas das nossas autarquias, não estivessem à espera que as suas localidades começassem a ficar "entupidas", abrindo o caminho às primeira cheias...

Já os antigos diziam que "mais vale prevenir que remediar"... Mas esta gente é moderna demais e finge não perceber o que é bom senso (e senso comum), ao mesmo tempo que demonstra gostar pouco de se antecipar aos problemas...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, setembro 19, 2024

A "Nova Sintese" de Abril


Sou um dos colaboradores da revista "Nova Síntese", comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, editada pelos Amigos do Museu do Neo-realismo, com o ensaio, "Sociedade Filarmónica Incrível Almadense - 175  de Associativismo Popular e Democrático".

A Revista será apresentada no próximo sábado, no Museu Neo-realismo, em Vila Franca de Xira.


domingo, setembro 08, 2024

Os nossos governantes andam há mais de 20 anos a "matar" o desporto popular...


Recebi um e-mail da direcção do Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro, há já alguns dias, a informar-me da decisão tomada em Assembleia Geral, da dissolução do Clube, cujo processo estava em curso.

Fiquei um pouco atónico, com esta informação, por se tratar de um dos clubes mais importantes de atletismo do Concelho de Almada, que foi durante décadas um espaço aberto aos jovens, para uma actividade saudável, numa freguesia socialmente problemática, ao mesmo tempo que ia fabricando campeões (vários recordistas e campeões nacionais, assim como atletas olímpicos)...

Mas depois de reflectir um pouco, sobre o que os vários poderes deste país têm feito ao desporto popular nos últimos 20 anos, obrigando-o a ter de seguir uma série de regras, para poderem competir oficialmente, mas sem que recebam o apoio devido, esta acaba por ser a consequência natural.

Embora algumas pessoas com responsabilidade continuem a dizer que se faz mais desporto hoje que  ontem, estão a mentir. Existem menos clubes e menos gente a praticar desporto de Norte a Sul (o futebol não conta, porque é mais negócio que desporto, desde as "escolinhas"... muito menos os ginásios, onde as pessoas vão "fazer" actividade física apenas para manterem a linha e não "fazer" desporto...). 

Almada é um bom exemplo. Embora existam boas instalações para a prática desportiva em todas as freguesias, há cada vez menos clubes de bairro abertos à população para a prática de modalidades como o atletismo, o andebol, o basquetebol ou o voleibol...

Nem sei como é que ainda existem atletas olímpicos e se conquistam medalhas, já que somos um país com cada vez menos desporto popular e, praticamente, sem desporto escolar...

(Fotografia de Luís Eme - Laranjeiro)


quinta-feira, setembro 05, 2024

"Uma cidade suja gerida por governantes cheios de nódoas e incompetentes..."


Um dos problemas mais graves da gestão autárquica em Almada é à falta de limpeza e higiene das ruas.

Além desta coligação contra natura (PS/ PSD) nunca ter resolvido o problema, apesar das promessas eleitorais - logo no primeiro mandado - conseguiu piorar tudo nas ruas e fazer com que a gestão anterior da CDU, se tornasse um bom exemplo (a todos os níveis).

O lixo não se limita aos contentores, ocupa o espaço público que os rodeia. Fica assim dias seguidos, sem que exista qualquer recolha. E o mais grave, é que não se sente a preocupação de resolver o problema com a população (que também está cada vez menos sensibilizada e acha que pode deitar tudo para a rua...). Este "deixa andar", além de ser grave em termos de saúde pública, é preocupante também ao nível da responsabilidade (que não existe...) política. Teoricamente, o pelouro é da responsabilidade do PSD, mas todo o executivo é responsável pelo que se passa nas ruas de Almada.

E nem vale a pena falar da vegetação que cresce por todo lado, meses seguidos, ou dos buracos nos passeios e nas estradas, que são companhia diária dos Almadenses, em praticamente todas as artérias do Concelho.

Tenho alguma curiosidade em saber o que é que esta gente pensa da sua acção governativa (e nem vou falar da cultura e do associativismo, áreas que me são queridas, onde nunca houve tanta falta de apoio ou de iniciativa...). Provavelmente estão preparados para cumprir mais um mandato e deixar tudo ainda pior, do que está, na actualidade...

Nota: texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, agosto 23, 2024

"As Marés Vivas no Ginjal..."


Quase tudo pode ser um "espectáculo", depende apenas do nosso olhar, daquilo que os nossos olhos querem ver.  

Graças às marés vivas as águas do Tejo subiram bem muito mais que um palmo durante as tardes desta semana. Lembrei-me de algumas aventuras curiosas vividas nas margens do rio perto de Vila Franca de Xira, quando o Tejo "transbordava"... 

Curioso, acabei por caminhar no paredão do Ginjal que estava quase ao "nível do mar", ao mesmo tempo que ia tirando algumas fotografias, aqui e ali.

Gostei bastante da fotografia que ilustra estas palavras.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

Nota: publicado inicialmente no "Largo da Memória".


quinta-feira, julho 18, 2024

A Visita ao Castelo de Almada...


Gostei de passar hoje pelo Castelo de Almada e de ver as escavações arqueológicas levadas a cabo pelo Município e pela Universidade Nova, e claro, as vistas, sempre deslumbrantes deste lugar altaneiro (como acontece com todos os castelos).

Gostei desta iniciativa da Autarquia, de mostrar o que se está a fazer, a todos os interessados, por estas coisas da história.

E espero que esta equipa de trabalho consiga descobrir alguns vestígios, pelo menos da ocupação muçulmana, desta nossa Margem Sul, embora de certeza que também os romanos, tenham estado num lugar tão importante, em termos estratégicos, pela visão que nos oferece do Tejo, de Lisboa e até do Oceano.


Felizmente nem tudo é mau no Município de Almada. O desleixo das ruas (é geral, se excluirmos o eixo principal...) tem sido disfarçado por iniciativas como esta e outras das Culturas (tenho ficado feliz por alguns amigos continuarem a ter ideias e a conseguirem colocar algumas em prática, pelo menos nos Museus e Bibliotecas, lutando contra o desinteresse crescente das pessoas por coisas que nos elevam como seres humanos e contra a burocracia institucional...).

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


terça-feira, julho 16, 2024

Fernão Mendes Pinto: cada vez mais respeitado e "menos mentiroso"


Um dos livros que levei para ler nas férias foi "Na Senda de Fernão Mendes Pinto", de Joaquim Magalhães de Castro.

O autor não só desmonta muitas das falsidades que se foram escrevendo sobre este grande aventureiro, que felizmente se tornou escritor de viagens, quando estes ainda não existiam, como prova a passagem desta figura histórica pela China, Japão e muitos outros orientes. É importante recordar que Fernão viveu os últimos anos da sua vida no Pragal, em Almada, onde escreveu a "Peregrinação".

Neste caso particular, o tempo tem sido amigo do escritor português, pois, ano após ano, o seu registo histórico vai-se valorizando, pela quantidade de informação - cada vez mais respeitada e enaltecida - que nos ofereceu e também pela forma como conta as suas peculiares epopeias, positivas e negativas. Ou seja, afinal não é o "mentiroso" que muitos pensavam e difundiam.

Publico esta fotografia especial, de um amigo que já não está por cá, porque neste ano de 2024, se comemora o centenário do seu nascimento: o também almadense Fernando Barão. Fotografia tirada numa tertúlia histórica de Almada ("As Tertúlias do Dragão", organizadas pela SCALA no Café Dragão Vermelho...), com o Fernando a encarnar com graça e história, o extraordinário Fernão Mendes Pinto.

Nota: texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, julho 02, 2024

"Santos da terra não fazem milagres..."


É costume dizer-se que "santos da terra não fazem milagres", quando sentimos que não se dá o devido valor a alguém, que nasceu ou cresceu em determinado lugar.

Sempre senti isso em relação a Almada e a Manuel Cargaleiro. O melhor exemplo é o facto de não existir qualquer espaço museológico dedicado à sua obra, extensa e variada, tal como acontece em Castelo Branco (que belo museu...) ou no Seixal. E foi aqui que ele sempre viveu (se não contarmos com Paris e Lisboa nos últimos anos...).

O facto de ele sempre ter usado a sua Arte como o seu principal interesse e a única política, onde era realmente hábil, explica algumas coisas. Também não lhe devem ter perdoado o facto de ter sido vogal (nesse tempo não existiam vereadores...) da Câmara Municipal de Almada nos anos 1950, com o pelouro da Cultura, ou seja, no tempo do "outro senhor".

Tive o grato prazer de o conhecer e de viajar pelo seu mundo artístico, quando ainda não existiam estes museus e a sua "Quinta da Silveira de Baixo" tinha uma autêntica "caixa-forte" onde guardava parte da sua obra e as suas colecções particulares, especialmente a de cerâmica, que devia ser das mais importantes do mundo (até tinha peças de barro da autoria de Picasso...). É importante referir que a maior parte do dinheiro que o Mestre Manuel Cargaleiro ganhou com a sua pintura, foi investido em arte, de outros artistas...

Ainda tenho bem presente a visita guiada que fiz à Quinta da Silveira, com o Mestre Cargaleiro a mostrar-me com orgulho, as suas várias colecções (tinha obras de cerâmica do mundo inteiro) de arte, ao mesmo tempo que me ia contando uma ou outra história mais curiosa, sobre algumas peças.


É comum dizer-se que ficamos todos mais pobres quando desaparece algum dos nossos melhores. Almada ainda fica mais pobre, porque não soube aproveitar a arte de um artista tão singular e de renome mundial, como foi Manuel Cargaleiro.

Felizmente temos o seu mural publico, em azulejo, no Jardim Alberto de Araújo...

(Fotografias de Luís Eme - Sobreda e Almada)


sábado, junho 22, 2024

Uma tarde com o Fernando Barão e com a Selecção...


Foi bom que a exposição, "uma pequena viagem pelo mundo de Fernando Barão", recebesse a visita de vários amigos, apesar de sabermos que era tarde de jogo da Selecção...

Todos sabemos que a Cultura não pode competir com o futebol, mas o mais importante e continuarmos a não nos deixarmos condicionar demasiado pelo "opio do povo".


Mas havia tempo para tudo, para a exposição, cheia de motivos memoralistas da vida do "Barão de Cacilhas" e também para assistirmos à vitória da "Equipa de Todos Nós".

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, junho 19, 2024

"uma pequena viagem pelo mundo de Fernando Barão"


É a segunda exposição que idealizo e organizo, em homenagem ao meu amigo, Fernando Barão, que fez em Janeiro 100 anos. É um pretexto natural para que se vá festejando (mesmo que de uma forma tímida...), a comemoração do seu Centenário.

Esta "Viagem ao pequeno mundo de Fernando Barão" tenta dar a conhecer, pequenos pormenores da vida deste "Renascentista da Cultura", que poderão ter escapado aos almadenses, que se interessam pela cultura e pelo associativismo.

Mesmo sendo suspeito, não tenho dúvidas que é uma mostra quase biográfica, que merece ser visitada, por todos aqueles que conheceram o Fernando Barão, e também por quem tenha curiosidade em ficar a conhecer um pouco esta grande Personalidade Cacilhense, a quem nunca ficou mal o título de "Barão de Cacilhas".

A exposição é inaugurada no próximo sábado, 22 de Junho, às 16 horas, na Sede/ Galeria da SCALA.


quarta-feira, junho 12, 2024

Talvez o Município precise de um rebanho de cabras (e de um pastor)...


Há meses que algumas ruas de Almada não são alvo de qualquer tipo de limpeza, por parte dos serviços verdes do Município.

Este é o aspecto da escadaria da Rua D. Maria da Silva, quase na rua Francisco de Andrade, em Almada.

Até pode parecer uma "montagem", mas é real. É este o conceito de urbanidade da coligação PS/ PSD, que governa Almada...

Talvez a solução mais viável seja o Município adquirir um rebanho de cabras... e um pastor, claro...

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, junho 07, 2024

Quando a sociedade civil fez a Revolução no interior dos quartéis, na "Tertúlia de Abril"


António Matos era o mais novo dos convidados (o moderador não contava...), pelo que tinha uma história pessoal para nos contar, sem grandes vivências revolucionárias. Falou da honra de estar ali com tão boa companhia e num lugar tão importante na história de Almada e dos Almadenses.

Mesmo assim andou atrás no tempo e falou do jovem adolescente que chegara da província com os país,  onde a religião tinha (e continua a ter...) um peso maior que nos grandes centros urbanos. Foi por isso que as suas primeiras acções, foram mais sociais que políticas, e tiveram o dedo do Padre Sobral. António acabou por seguir os passos dos católicos progressistas, ajudando no que era possível, como aconteceu com a luta contra o analfabetismo, um problema social sério, que era cada vez mais difícil de esconder...

Mais curioso foi o seu testemunho, dos tempos em que cumpriu o serviço militar, em Mafra, no curso de oficiais milicianos (depois de vários adiamentos até cumprir a licenciatura em engenharia), já depois da Revolução de Abril. Teve como camaradas de armas muitos dos jovens que tinham fugido da guerra e se tinham exilado em vários países da Europa. Alguns já com mais de trinta anos. A maior parte deles estava ali para legalizar a sua situação e não para cumprir as normas castrenses, pelo que se recusavam a fazer a rotina diária de um recruta, para desespero dos instrutores. Como a alimentação também não era famosa, tornaram-se famosos os seus "levantamentos de rancho" (recusa colectiva de alimentação no refeitório militar). A solução que o Exército encontrou foi dividi-los e "despromovê-los" para o curso de cabos. Como os problemas se mantiveram, acabaram por passar todos a disponibilidade como "praças rasas"...

Pois é. Os militares tinham feito a revolução fora dos quartéis e não estavam à espera que a "sociedade civil" fizesse a sua revolução no interior dos quartéis...

Mais um bom apontamento histórico.

(Fotografia de Alfredo Cunha)


quarta-feira, junho 05, 2024

A história da resistência associativa e operária na "Tertúlia de Abril"...


O testemunho mais real - e mais sentido - da Tertúlia de Abril" da Incrível, foi o de Mário Araújo. Mário falou da sua vida difícil, do lar pobre onde nasceu, da obrigatoriedade, por isso mesmo, de com dez, onze anos de idade, ter de ir trabalhar para ajudar a família, por muito que o professor insistisse com os pais que ele deveria continuar... Não era possível, não se podiam dar a esse luxo...

Crescer num mundo com tantas injustiças tornou-o Comunista. Como ele é um "Homem Colectivo" (escrevi um poema sobre ele com este título...), e sempre pensou nos outros, rapidamente se tornou um resistente activo. Começou a trabalhar para o Partido, dentro das colectividades e das fábricas. Recordou as "Escolas do Desportivo da Cova da Piedade" e o Gomercindo de Carvalho, todo o trabalho extraordinário que foi feito ao nível do ensino e também na consciencialização política. E claro, do João Raimundo, a grande referência da luta operária da Cova da Piedade.

Como é normal nestas coisas, acabou preso...

O mais curioso, é o Mário falar mais do muito que aprendeu dentro das prisões fascistas (Caxias e Peniche), que do que sofreu. E não quer esquecer, nunca, tudo o que viveu.

Depois na segunda ronda, falou da URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses), do contacto e da amizade com os Tarrafalistas, estes sim, os grandes resistentes do Salazarismo, que sofreram coisas inimagináveis em Cabo Verde, que era mesmo um "Campo de Morte Lenta". E também na sua importância nas escolas, no contacto com alunos e professores, para que não se "apague a memória"...

(Fotografia antiga do Caramujo, a grande zona industrial da Cova da Piedade)


domingo, junho 02, 2024

O Cerco à Assembleia da República de 12 de Novembro de 1975 na "Tertúlia de Abril"


Na sua intervenção na "Tertúlia de Abril" da Incrível (28 de Maio), José Manuel Maia além de referir o seu percurso profissional - de como tudo começou e até onde chegou -, falou-nos do espanto que sentiu, depois de ser eleito para a Assembleia Constituinte, quando entrou pela primeira vez, nesta grande casa da nossa democracia.

Como são cada vez menos as pessoas capazes de falar em público das suas fragilidades e inseguranças, isso ainda torna mais relevante o testemunho de Maia, que também nos falou da sua "paralisia momentânea", quando foi convidado a deslocar-se para a Mesa da Assembleia da República, para exercer as suas funções de secretário (quase obrigado pelo seu Partido...) e usar da palavra pela primeira vez. Foi salvo pelo ligeiro empurrão de um camarada, que o fez seguir em frente, para cumprir o seu papel com grande dignidade durante este mandato inicial da história da nossa democracia.

Não menos importante foi o seu testemunho sobre o "cerco" à Assembleia da República, promovido pelos sindicatos ligados à construção civil no dia 12 de Novembro de 1975.  Mais de 100.000 trabalhadores impediram a saída dos deputados e do primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, da Assembleia da República e do Palácio de São Bento, durante 36 horas. E de como uma manifestação de reinvindicações sobre o contrato colectivo de trabalho de uma actividade profissional ganhou importância política, ao ponto de ser usada por Mário Soares e pelo PS, para acelerar a contestação à esquerda e extrema-esquerda, que irá atingir o seu epilogo no dia 25 de Novembro, com a acção militar do "grupo dos nove", que alterará profundamente o rumo político do País.

(Fotografia do Arquivo da Assembleia da República)


quinta-feira, maio 30, 2024

O controlo operário na "Tertúlia de Abril"...


Nunca tinha ouvido falar do "controlo operário", de uma forma tão simples e aberta, como a que Joaquim Judas - o médico que foi presidente do Município de Almada - nos resumiu e testemunhou, desse memorável "Verão Quente", na "Tertúlia de Abril" da Incrível.

Foi a partir de 28 de Setembro de 1974 (onde se tentou inventar uma "maioria silenciosa"...), que as grandes famílias do antigo regime, perceberam que não iriam ter uma vida fácil, porque a transição democrática não seria a que Spínola e Palma Carlos tinham "desenhado" logo após o 25 de Abril. E é então que começam a descapitalizar as suas empresas, bancos e seguradoras, colocando o capital no exterior.

A banca terá sido das primeiras vítimas deste "logro", mas graças aos seus funcionários mais atentos, foi desmascarada. O caminho foi a nacionalização (que chegou tarde demais, porque muito capital já tinha sido "desviado"...). Empresas lucrativas e que continuavam a laborar normalmente, começaram a alegar dificuldades em pagar os salários aos seus trabalhadores. A única razão para que isso acontecesse era o tal "desvio" do dinheiro (que deve ter sido concertado pelo patronato)...

Augusto Flor também focou esta "novidade", que foi os operários trabalharem normalmente e deixarem de receber salários, dizendo que a Sociedade de Reparação de Navios, foi a primeira do País a colocar em prática esta "artimanha", contrarrevolucionária.

Claro que se devem ter cometido muitos excessos, durante as muitas acções do "controlo operário", mas se este não tivesse acontecido, o país teria parado, deixando as pessoas sem trabalho e sem dinheiro...

Foi um passo decisivo para se virar de vez a página do "país cinzento" e este passar a ter "todas as cores"...

(Fotografia de Vitor Palla)


quarta-feira, maio 29, 2024

A Alfabetização e o Mercado da Reforma Agrária na "Tertúlia de Abril" da Incrível


Na "Tertúlia de Abril" da Incrível de domingo foram transmitidas memórias bastante importantes, algumas das quais ouvidas pela primeira vez (por mim, claro). Ai vão alguns exemplos:

Augusto Flor falou do "Mercado da Reforma Agrária", que se realizava nos armazéns que ficavam em frente da Lisnave, mesmo ao lado do actual Quartel dos Bombeiros de Cacilhas, que tinham feito parte da indústria corticeira. E também de um sistema de trocas de peixe por produtos agrícolas, que se realizava neste mesmo mercado, entre operários, pescadores e camponeses...

Antes Augusto falara da boa experiência que foram os cursos de alfabetização, que começaram a funcionar na Sociedade de Reparação de Navios, onde ele era operário. No início eram ministrados para os seus trabalhadores e familiares analfabetos (pelos operários mais instruídos), mas rapidamente despertou também o interesse dos moradores do Ginjal. Interesse que se expandiu de tal forma por Almada, que foram criados vários polos, espalhados pelo Concelho, permitindo a centenas de pessoas aprender a ler, a escrever, para depois obterem aproveitamento no exame da quarta classe.  

Quem tem memória, sabe dos quase "milagres", realizados pelas Comissões de Moradores e de Trabalhadores, com o apoio da Comissão Administrativa do Município de Almada, que num curto espaço de tempo nesse "Verão Quente" inesquecível, fizeram o que não se tinha feito em décadas...

Felizmente isso também aconteceu com a alfabetização, com gente a querer aprender e a crescer, em liberdade. Liberdade que lhes estava a dar o que o outro tempo lhes tinha roubado.

É por estes exemplos que se percebe que os 25% oficiais da taxa de analfabetismo estava errada. Porque não se somavam todos aqueles que mal deixaram a escola nunca mais leram um livro ou até um simples jornal. Liam apenas aquilo que lhes aparecia à frente, nas ruas ou no trabalho, em placas, cartazes, etc. (e muitas vezes de uma forma "destorcida"...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, maio 27, 2024

Abril em Maio em Almada (nunca em Novembro...)


Passei a tarde de hoje no Salão de Festas da Incrível Almadense, onde me coube o papel de moderador de uma "Tertúlia de Abril", que procurava visitar o antes e o depois de Abril, em Almada, organizada pela Incrível.

Os convidados eram do melhor que se poderia encontrar no Concelho (Mário Araújo, José Manuel Maia, Joaquim Judas, Augusto Flor e António Matos), em conhecimento e experiência política. Isso muitas vezes complica a função do moderador. Não foi o caso, porque eu limitei-me a deixar esta gente da história de Almada, falar. Falar do muito que viveram, para as duas dezenas de pessoas presentes, sempre atentas, que saíram dali muito mais ricas (tal como eu...), sem arredar pé, nas quase três horas em que se "tertuliou" e visitou a história recente de Almada e de Portugal.

Foi uma pena não se ter filmado a sessão (nem fotografado.. .), porque se disseram coisas extremamente importantes e sentidas (foi uma boa ideia pedir-lhes na segunda ronda de intervenções, que nos contassem aquilo que mais os marcou durante esse tempo verdadeiramente revolucionário e progressista).

Também se falou do presente, dos avanços da direita à tentativa dessas mesmas forças em "compararem o que não é comparável": a Revolução de Abril com um Movimento Militar democrático (o mais curioso é que esta direita nem sequer teve nenhum papel activo neste movimento, protagonizado pelo "Grupo dos Nove" e pelo PS...), que tentou cortar com os extremismos que estavam a dividir o País (tanto à esquerda como à direita...).

(Fotografia de Júlio Diniz - Almada, 27 de Abril de 1974, sábado)

Nota: Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória". Durante a semana, irei publicar textos sobre o que de mais importante foi dito, nesta sessão, extremamente rica em testemunhos e história, por aqui, no "Casario do Ginjal".


quinta-feira, maio 23, 2024

Falar de Abril em Almada (com o antes e o depois)


Nem mesmo a o futebol (a final da Taça...) demoveu a Incrível Almadense de organizar uma tertúlia, na tarde do próximo domingo, às 16 horas (onde serei o moderador). 

Tertúlia onde se recordará a Almada, que antes de Abril, já não disfarçava que as suas principais colectividades, eram autênticas "Ilhas da Liberdade".

E também deverá existir espaço para se falar com orgulho do PREC, que em foi verdadeiramente revolucionário no nosso Concelho, com a união entre o Povo e o Poder Local. Sim, as Comissões de Moradores e as Comissões de Trabalhadores, a Comissão Administrativa do Município e as Juntas de Freguesia, uniram-se e foram mesmo transformadoras, melhorando de uma forma significativa a qualidade de vida dos Almadenses, em pouco tempo.

Esta é também uma das explicações para que o PCP (APU, FEPU e CDU) fosse poder de 1976 a 2017, e deixasse a marca do seu trabalho em todos os sectores da Sociedade Local (e não menos importante, pelo menos neste Portugal: uma Autarquia sem dívidas significativas).


terça-feira, maio 14, 2024

As "Conversas com Escritores" na Biblioteca


No dia 16 de Maio (quinta-feira) sou o convidado das "Conversas com Escritores, que se realiza na Biblioteca Central de Almada (rua da Liberdade), às 21 horas.

Estão desde já todos convidados, para esta iniciativa promovida pelo bibliotecário Davide Freitas.

Prometo responder a todas as questões, mesmo as quase "estranhas".


sexta-feira, maio 10, 2024

Um olhar diferente (mas com beleza e graça)


Hoje fiz algo que não fazia há anos, ajudei a montar uma exposição de pintura de três amigos (acho até que abusei do meu gosto pessoal na disposição final..).

Antes, ajudei a desmontar a exposição que estava na galeria. Gostei de uma boa parte dos quadros do artista (que desconhecia...), José Reis. que por aqueles acasos da vida, esperou pela reforma, para pintar (algo que sempre deve ter gostado de fazer), e ainda bem.

Gostei particularmente desta composição sobre a Almada urbana, quase antológica, com a mistura de monumentos com prédios, e claro, o Tejo com um cacilheiro... e o Ginjal.

(Acrílico de José Reis)


sábado, abril 27, 2024

A "Memória das Palavras"...


O grande José Gomes Ferreira tem livros cujo conteúdo se equipara aos belos títulos que escolheu, como este que "roubei" para título deste pequeno escrito memorial (talvez só suplantado pela sua "Gaveta de Nuvens")...

Se ele fosse almadense, tivesse menos uns anos, talvez também passasse pela "Tertúlia do Repuxo" aos sábados e domingos de manhã, e seria um excelente Mestre e Companheiro de muitos jogos de palavras e  de sapiência, como foram: Henrique Mota, Fernando Barão, Diamantino Lourenço, Abrantes Raposo, Victor Aparício e (mais tarde mas ainda a tempo...) Luís Bayó Veiga.

E ainda os menos assíduos (ou desistentes...) Jorge Gomes Fernandes, José Luís Tavares, Artur Vaz, Álvaro Costa, Virgolino Coutinho ou Henrique Costa Mota.

Tanta coisa que aprendi sobre Almada, sobre Cultura, sobre Associativismo, sobre livros, e claro, sobre os homens...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, abril 25, 2024

O 25 de Abril e o Associativismo em Almada


Como de costume, a Comemoração do 25 de Abril é festejada com o Movimento Associativo (mesmo que os actuais autarcas o tentem menorizar, sempre que podem...), com o tradicional desfile das Colectividades.

E a Incrível Almadense continua a marcar presença e a ser um exemplo para todos e para todas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 20, 2024

Ainda as "Bibliotecas Humanas" e Abril...


Uma das coisas que me espantaram na sessão de Abril das "Bibliotecas Humanas" desta semana que passou (e não devia, diga-se de passagem...), sobre a Resistência Antifascista em Almada, foram os testemunhos de dois "avôzinhos" que foram da extrema-esquerda.

Um deles, perante a passagem de fotografias da baixa lisboeta, poucos dias depois da Revolução, em que aconteceram autênticas "caças aos PIDE's", mostrou a sua indignação pelo tratamento que lhe demos (fiquei com a sensação de que por ele tinham sido todos levados ao "tribunal da justiça popular", como se tivéssemos deixado de ser um Estado de direito...). 

Tanto ou como outro, eram defensores da "luta armada" contra a ditadura (houve por ali uma crítica implícita ao PCP, que só fez surgir a ARA, depois do aparecimento das Brigadas Revolucionárias...).

Confesso que nunca percebi este argumento de "falta de sangue" na nossa Revolução. Mas pode ser um problema meu.

Cada vez estou mais convencido, que o que faltou, foi um maior escrutínio da democracia e dos novos democratas, principalmente no PREC. Embora essa seja uma das consequências de qualquer movimento revolucionário, foi das piores coisas que sucederam neste novo regime, A  transformação, em apenas dois ou três dias, de "furiosos marcelistas" (para não lhes chamar fascistas...) em "furiosos esquerdistas" (onde devem ter tido menos guarita foi no PCP, que tinha alguns critérios na angariação de novos militantes), não traz nada de bom a qualquer Revolução...

Ao ouvir estes dois testemunhos, percebi, mais uma vez, que foram estes elementos, "populistas e revolucionários furiosos", que deitaram tudo a perder. O 25 de Novembro de 1975 deve-se sobretudo aos seus "demandos", à sua acção nas cidades e nas fábricas, que estavam a partir o país ao meio. Cada vez tenho menos dúvidas de que sem o golpe (ou contragolpe...) militar do 25 de Novembro, haveria mesmo uma guerra civil, até porque haviam partidos e gente demais armada neste nosso canto da Europa.

E vou ainda mais longe, nestes nossos dias cada vez mais estranhos: não me admiro de todo, que alguns destes extremistas - que já foram tudo, desde fascistas a perigosos esquerdistas -, votem actualmente no Chega (nem que seja por vingança).

E não vale a pena insistir, que a democracia é outra coisa...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, abril 17, 2024

Visita a Exposição de Abril com Adeus a um Escritor de Abril e de Almada


Depois do almoço fui visitar a exposição, "25 de Abril de 1974, Quinta-Feira" (patente no "Museu de Almada, Casa da Cidade") com uma companhia agradável, num ambiente de Liberdade, proporcionado pelas fotografias cheias de história de Alfredo Cunha e também pelas nossas palavras.

Sabe sempre bem ver uma exposição e fazer de cada imagem deu um motivo para falarmos do que olhamos e também do que pensamos...

Já no final da visita recebemos uma má notícia, sobre o desaparecimento de António Policarpo, um dos escritores de Almada, que bem merece o epiteto de "Escritor de Abril", pelas suas origens operárias, pelo seu passado de luta e sobretudo pelo amor à história de Almada e pelo seu exemplo de partilha.

Quando o chamamos "Escritor de Abril", não nos referimos apenas aos vários livros que escreveu - de grande importância local. Recordamos sobretudo a sua abertura e disponibilidade para apoiar projectos de outros escritores. Conversámos sobre muitas assuntos, talvez mais sobre as Colectividades de Almada e a sua história. Também partilhámos saberes, porque nunca olhámos para a História como um compartimento fechado. E ainda bem.

Que o teu exemplo perdure, em Almada e no Mundo, mesmo que os tempos sejam de outros "ismos", António!

(Fotografia de Luís Eme - Almada)