quinta-feira, julho 18, 2024

A Visita ao Castelo de Almada...


Gostei de passar hoje pelo Castelo de Almada e de ver as escavações arqueológicas levadas a cabo pelo Município e pela Universidade Nova, e claro, as vistas, sempre deslumbrantes deste lugar altaneiro (como acontece com todos os castelos).

Gostei desta iniciativa da Autarquia, de mostrar o que se está a fazer, a todos os interessados, por estas coisas da história.

E espero que esta equipa de trabalho consiga descobrir alguns vestígios, pelo menos da ocupação muçulmana, desta nossa Margem Sul, embora de certeza que também os romanos, tenham estado num lugar tão importante, em termos estratégicos, pela visão que nos oferece do Tejo, de Lisboa e até do Oceano.


Felizmente nem tudo é mau no Município de Almada. O desleixo das ruas (é geral, se excluirmos o eixo principal...) tem sido disfarçado por iniciativas como esta e outras das Culturas (tenho ficado feliz por alguns amigos continuarem a ter ideias e a conseguirem colocar algumas em prática, pelo menos nos Museus e Bibliotecas, lutando contra o desinteresse crescente das pessoas por coisas que nos elevam como seres humanos e contra a burocracia institucional...).

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


terça-feira, julho 16, 2024

Fernão Mendes Pinto: cada vez mais respeitado e "menos mentiroso"


Um dos livros que levei para ler nas férias foi "Na Senda de Fernão Mendes Pinto", de Joaquim Magalhães de Castro.

O autor não só desmonta muitas das falsidades que se foram escrevendo sobre este grande aventureiro, que felizmente se tornou escritor de viagens, quando estes ainda não existiam, como prova a passagem desta figura histórica pela China, Japão e muitos outros orientes. É importante recordar que Fernão viveu os últimos anos da sua vida no Pragal, em Almada, onde escreveu a "Peregrinação".

Neste caso particular, o tempo tem sido amigo do escritor português, pois, ano após ano, o seu registo histórico vai-se valorizando, pela quantidade de informação - cada vez mais respeitada e enaltecida - que nos ofereceu e também pela forma como conta as suas peculiares epopeias, positivas e negativas. Ou seja, afinal não é o "mentiroso" que muitos pensavam e difundiam.

Publico esta fotografia especial, de um amigo que já não está por cá, porque neste ano de 2024, se comemora o centenário do seu nascimento: o também almadense Fernando Barão. Fotografia tirada numa tertúlia histórica de Almada ("As Tertúlias do Dragão", organizadas pela SCALA no Café Dragão Vermelho...), com o Fernando a encarnar com graça e história, o extraordinário Fernão Mendes Pinto.

Nota: texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, julho 02, 2024

"Santos da terra não fazem milagres..."


É costume dizer-se que "santos da terra não fazem milagres", quando sentimos que não se dá o devido valor a alguém, que nasceu ou cresceu em determinado lugar.

Sempre senti isso em relação a Almada e a Manuel Cargaleiro. O melhor exemplo é o facto de não existir qualquer espaço museológico dedicado à sua obra, extensa e variada, tal como acontece em Castelo Branco (que belo museu...) ou no Seixal. E foi aqui que ele sempre viveu (se não contarmos com Paris e Lisboa nos últimos anos...).

O facto de ele sempre ter usado a sua Arte como o seu principal interesse e a única política, onde era realmente hábil, explica algumas coisas. Também não lhe devem ter perdoado o facto de ter sido vogal (nesse tempo não existiam vereadores...) da Câmara Municipal de Almada nos anos 1950, com o pelouro da Cultura, ou seja, no tempo do "outro senhor".

Tive o grato prazer de o conhecer e de viajar pelo seu mundo artístico, quando ainda não existiam estes museus e a sua "Quinta da Silveira de Baixo" tinha uma autêntica "caixa-forte" onde guardava parte da sua obra e as suas colecções particulares, especialmente a de cerâmica, que devia ser das mais importantes do mundo (até tinha peças de barro da autoria de Picasso...). É importante referir que a maior parte do dinheiro que o Mestre Manuel Cargaleiro ganhou com a sua pintura, foi investido em arte, de outros artistas...

Ainda tenho bem presente a visita guiada que fiz à Quinta da Silveira, com o Mestre Cargaleiro a mostrar-me com orgulho, as suas várias colecções (tinha obras de cerâmica do mundo inteiro) de arte, ao mesmo tempo que me ia contando uma ou outra história mais curiosa, sobre algumas peças.


É comum dizer-se que ficamos todos mais pobres quando desaparece algum dos nossos melhores. Almada ainda fica mais pobre, porque não soube aproveitar a arte de um artista tão singular e de renome mundial, como foi Manuel Cargaleiro.

Felizmente temos o seu mural publico, em azulejo, no Jardim Alberto de Araújo...

(Fotografias de Luís Eme - Sobreda e Almada)


sábado, junho 22, 2024

Uma tarde com o Fernando Barão e com a Selecção...


Foi bom que a exposição, "uma pequena viagem pelo mundo de Fernando Barão", recebesse a visita de vários amigos, apesar de sabermos que era tarde de jogo da Selecção...

Todos sabemos que a Cultura não pode competir com o futebol, mas o mais importante e continuarmos a não nos deixarmos condicionar demasiado pelo "opio do povo".


Mas havia tempo para tudo, para a exposição, cheia de motivos memoralistas da vida do "Barão de Cacilhas" e também para assistirmos à vitória da "Equipa de Todos Nós".

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, junho 19, 2024

"uma pequena viagem pelo mundo de Fernando Barão"


É a segunda exposição que idealizo e organizo, em homenagem ao meu amigo, Fernando Barão, que fez em Janeiro 100 anos. É um pretexto natural para que se vá festejando (mesmo que de uma forma tímida...), a comemoração do seu Centenário.

Esta "Viagem ao pequeno mundo de Fernando Barão" tenta dar a conhecer, pequenos pormenores da vida deste "Renascentista da Cultura", que poderão ter escapado aos almadenses, que se interessam pela cultura e pelo associativismo.

Mesmo sendo suspeito, não tenho dúvidas que é uma mostra quase biográfica, que merece ser visitada, por todos aqueles que conheceram o Fernando Barão, e também por quem tenha curiosidade em ficar a conhecer um pouco esta grande Personalidade Cacilhense, a quem nunca ficou mal o título de "Barão de Cacilhas".

A exposição é inaugurada no próximo sábado, 22 de Junho, às 16 horas, na Sede/ Galeria da SCALA.


quarta-feira, junho 12, 2024

Talvez o Município precise de um rebanho de cabras (e de um pastor)...


Há meses que algumas ruas de Almada não são alvo de qualquer tipo de limpeza, por parte dos serviços verdes do Município.

Este é o aspecto da escadaria da Rua D. Maria da Silva, quase na rua Francisco de Andrade, em Almada.

Até pode parecer uma "montagem", mas é real. É este o conceito de urbanidade da coligação PS/ PSD, que governa Almada...

Talvez a solução mais viável seja o Município adquirir um rebanho de cabras... e um pastor, claro...

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, junho 07, 2024

Quando a sociedade civil fez a Revolução no interior dos quartéis, na "Tertúlia de Abril"


António Matos era o mais novo dos convidados (o moderador não contava...), pelo que tinha uma história pessoal para nos contar, sem grandes vivências revolucionárias. Falou da honra de estar ali com tão boa companhia e num lugar tão importante na história de Almada e dos Almadenses.

Mesmo assim andou atrás no tempo e falou do jovem adolescente que chegara da província com os país,  onde a religião tinha (e continua a ter...) um peso maior que nos grandes centros urbanos. Foi por isso que as suas primeiras acções, foram mais sociais que políticas, e tiveram o dedo do Padre Sobral. António acabou por seguir os passos dos católicos progressistas, ajudando no que era possível, como aconteceu com a luta contra o analfabetismo, um problema social sério, que era cada vez mais difícil de esconder...

Mais curioso foi o seu testemunho, dos tempos em que cumpriu o serviço militar, em Mafra, no curso de oficiais milicianos (depois de vários adiamentos até cumprir a licenciatura em engenharia), já depois da Revolução de Abril. Teve como camaradas de armas muitos dos jovens que tinham fugido da guerra e se tinham exilado em vários países da Europa. Alguns já com mais de trinta anos. A maior parte deles estava ali para legalizar a sua situação e não para cumprir as normas castrenses, pelo que se recusavam a fazer a rotina diária de um recruta, para desespero dos instrutores. Como a alimentação também não era famosa, tornaram-se famosos os seus "levantamentos de rancho" (recusa colectiva de alimentação no refeitório militar). A solução que o Exército encontrou foi dividi-los e "despromovê-los" para o curso de cabos. Como os problemas se mantiveram, acabaram por passar todos a disponibilidade como "praças rasas"...

Pois é. Os militares tinham feito a revolução fora dos quartéis e não estavam à espera que a "sociedade civil" fizesse a sua revolução no interior dos quartéis...

Mais um bom apontamento histórico.

(Fotografia de Alfredo Cunha)


quarta-feira, junho 05, 2024

A história da resistência associativa e operária na "Tertúlia de Abril"...


O testemunho mais real - e mais sentido - da Tertúlia de Abril" da Incrível, foi o de Mário Araújo. Mário falou da sua vida difícil, do lar pobre onde nasceu, da obrigatoriedade, por isso mesmo, de com dez, onze anos de idade, ter de ir trabalhar para ajudar a família, por muito que o professor insistisse com os pais que ele deveria continuar... Não era possível, não se podiam dar a esse luxo...

Crescer num mundo com tantas injustiças tornou-o Comunista. Como ele é um "Homem Colectivo" (escrevi um poema sobre ele com este título...), e sempre pensou nos outros, rapidamente se tornou um resistente activo. Começou a trabalhar para o Partido, dentro das colectividades e das fábricas. Recordou as "Escolas do Desportivo da Cova da Piedade" e o Gomercindo de Carvalho, todo o trabalho extraordinário que foi feito ao nível do ensino e também na consciencialização política. E claro, do João Raimundo, a grande referência da luta operária da Cova da Piedade.

Como é normal nestas coisas, acabou preso...

O mais curioso, é o Mário falar mais do muito que aprendeu dentro das prisões fascistas (Caxias e Peniche), que do que sofreu. E não quer esquecer, nunca, tudo o que viveu.

Depois na segunda ronda, falou da URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses), do contacto e da amizade com os Tarrafalistas, estes sim, os grandes resistentes do Salazarismo, que sofreram coisas inimagináveis em Cabo Verde, que era mesmo um "Campo de Morte Lenta". E também na sua importância nas escolas, no contacto com alunos e professores, para que não se "apague a memória"...

(Fotografia antiga do Caramujo, a grande zona industrial da Cova da Piedade)


domingo, junho 02, 2024

O Cerco à Assembleia da República de 12 de Novembro de 1975 na "Tertúlia de Abril"


Na sua intervenção na "Tertúlia de Abril" da Incrível (28 de Maio), José Manuel Maia além de referir o seu percurso profissional - de como tudo começou e até onde chegou -, falou-nos do espanto que sentiu, depois de ser eleito para a Assembleia Constituinte, quando entrou pela primeira vez, nesta grande casa da nossa democracia.

Como são cada vez menos as pessoas capazes de falar em público das suas fragilidades e inseguranças, isso ainda torna mais relevante o testemunho de Maia, que também nos falou da sua "paralisia momentânea", quando foi convidado a deslocar-se para a Mesa da Assembleia da República, para exercer as suas funções de secretário (quase obrigado pelo seu Partido...) e usar da palavra pela primeira vez. Foi salvo pelo ligeiro empurrão de um camarada, que o fez seguir em frente, para cumprir o seu papel com grande dignidade durante este mandato inicial da história da nossa democracia.

Não menos importante foi o seu testemunho sobre o "cerco" à Assembleia da República, promovido pelos sindicatos ligados à construção civil no dia 12 de Novembro de 1975.  Mais de 100.000 trabalhadores impediram a saída dos deputados e do primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, da Assembleia da República e do Palácio de São Bento, durante 36 horas. E de como uma manifestação de reinvindicações sobre o contrato colectivo de trabalho de uma actividade profissional ganhou importância política, ao ponto de ser usada por Mário Soares e pelo PS, para acelerar a contestação à esquerda e extrema-esquerda, que irá atingir o seu epilogo no dia 25 de Novembro, com a acção militar do "grupo dos nove", que alterará profundamente o rumo político do País.

(Fotografia do Arquivo da Assembleia da República)


quinta-feira, maio 30, 2024

O controlo operário na "Tertúlia de Abril"...


Nunca tinha ouvido falar do "controlo operário", de uma forma tão simples e aberta, como a que Joaquim Judas - o médico que foi presidente do Município de Almada - nos resumiu e testemunhou, desse memorável "Verão Quente", na "Tertúlia de Abril" da Incrível.

Foi a partir de 28 de Setembro de 1974 (onde se tentou inventar uma "maioria silenciosa"...), que as grandes famílias do antigo regime, perceberam que não iriam ter uma vida fácil, porque a transição democrática não seria a que Spínola e Palma Carlos tinham "desenhado" logo após o 25 de Abril. E é então que começam a descapitalizar as suas empresas, bancos e seguradoras, colocando o capital no exterior.

A banca terá sido das primeiras vítimas deste "logro", mas graças aos seus funcionários mais atentos, foi desmascarada. O caminho foi a nacionalização (que chegou tarde demais, porque muito capital já tinha sido "desviado"...). Empresas lucrativas e que continuavam a laborar normalmente, começaram a alegar dificuldades em pagar os salários aos seus trabalhadores. A única razão para que isso acontecesse era o tal "desvio" do dinheiro (que deve ter sido concertado pelo patronato)...

Augusto Flor também focou esta "novidade", que foi os operários trabalharem normalmente e deixarem de receber salários, dizendo que a Sociedade de Reparação de Navios, foi a primeira do País a colocar em prática esta "artimanha", contrarrevolucionária.

Claro que se devem ter cometido muitos excessos, durante as muitas acções do "controlo operário", mas se este não tivesse acontecido, o país teria parado, deixando as pessoas sem trabalho e sem dinheiro...

Foi um passo decisivo para se virar de vez a página do "país cinzento" e este passar a ter "todas as cores"...

(Fotografia de Vitor Palla)


quarta-feira, maio 29, 2024

A Alfabetização e o Mercado da Reforma Agrária na "Tertúlia de Abril" da Incrível


Na "Tertúlia de Abril" da Incrível de domingo foram transmitidas memórias bastante importantes, algumas das quais ouvidas pela primeira vez (por mim, claro). Ai vão alguns exemplos:

Augusto Flor falou do "Mercado da Reforma Agrária", que se realizava nos armazéns que ficavam em frente da Lisnave, mesmo ao lado do actual Quartel dos Bombeiros de Cacilhas, que tinham feito parte da indústria corticeira. E também de um sistema de trocas de peixe por produtos agrícolas, que se realizava neste mesmo mercado, entre operários, pescadores e camponeses...

Antes Augusto falara da boa experiência que foram os cursos de alfabetização, que começaram a funcionar na Sociedade de Reparação de Navios, onde ele era operário. No início eram ministrados para os seus trabalhadores e familiares analfabetos (pelos operários mais instruídos), mas rapidamente despertou também o interesse dos moradores do Ginjal. Interesse que se expandiu de tal forma por Almada, que foram criados vários polos, espalhados pelo Concelho, permitindo a centenas de pessoas aprender a ler, a escrever, para depois obterem aproveitamento no exame da quarta classe.  

Quem tem memória, sabe dos quase "milagres", realizados pelas Comissões de Moradores e de Trabalhadores, com o apoio da Comissão Administrativa do Município de Almada, que num curto espaço de tempo nesse "Verão Quente" inesquecível, fizeram o que não se tinha feito em décadas...

Felizmente isso também aconteceu com a alfabetização, com gente a querer aprender e a crescer, em liberdade. Liberdade que lhes estava a dar o que o outro tempo lhes tinha roubado.

É por estes exemplos que se percebe que os 25% oficiais da taxa de analfabetismo estava errada. Porque não se somavam todos aqueles que mal deixaram a escola nunca mais leram um livro ou até um simples jornal. Liam apenas aquilo que lhes aparecia à frente, nas ruas ou no trabalho, em placas, cartazes, etc. (e muitas vezes de uma forma "destorcida"...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, maio 27, 2024

Abril em Maio em Almada (nunca em Novembro...)


Passei a tarde de hoje no Salão de Festas da Incrível Almadense, onde me coube o papel de moderador de uma "Tertúlia de Abril", que procurava visitar o antes e o depois de Abril, em Almada, organizada pela Incrível.

Os convidados eram do melhor que se poderia encontrar no Concelho (Mário Araújo, José Manuel Maia, Joaquim Judas, Augusto Flor e António Matos), em conhecimento e experiência política. Isso muitas vezes complica a função do moderador. Não foi o caso, porque eu limitei-me a deixar esta gente da história de Almada, falar. Falar do muito que viveram, para as duas dezenas de pessoas presentes, sempre atentas, que saíram dali muito mais ricas (tal como eu...), sem arredar pé, nas quase três horas em que se "tertuliou" e visitou a história recente de Almada e de Portugal.

Foi uma pena não se ter filmado a sessão (nem fotografado.. .), porque se disseram coisas extremamente importantes e sentidas (foi uma boa ideia pedir-lhes na segunda ronda de intervenções, que nos contassem aquilo que mais os marcou durante esse tempo verdadeiramente revolucionário e progressista).

Também se falou do presente, dos avanços da direita à tentativa dessas mesmas forças em "compararem o que não é comparável": a Revolução de Abril com um Movimento Militar democrático (o mais curioso é que esta direita nem sequer teve nenhum papel activo neste movimento, protagonizado pelo "Grupo dos Nove" e pelo PS...), que tentou cortar com os extremismos que estavam a dividir o País (tanto à esquerda como à direita...).

(Fotografia de Júlio Diniz - Almada, 27 de Abril de 1974, sábado)

Nota: Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória". Durante a semana, irei publicar textos sobre o que de mais importante foi dito, nesta sessão, extremamente rica em testemunhos e história, por aqui, no "Casario do Ginjal".


quinta-feira, maio 23, 2024

Falar de Abril em Almada (com o antes e o depois)


Nem mesmo a o futebol (a final da Taça...) demoveu a Incrível Almadense de organizar uma tertúlia, na tarde do próximo domingo, às 16 horas (onde serei o moderador). 

Tertúlia onde se recordará a Almada, que antes de Abril, já não disfarçava que as suas principais colectividades, eram autênticas "Ilhas da Liberdade".

E também deverá existir espaço para se falar com orgulho do PREC, que em foi verdadeiramente revolucionário no nosso Concelho, com a união entre o Povo e o Poder Local. Sim, as Comissões de Moradores e as Comissões de Trabalhadores, a Comissão Administrativa do Município e as Juntas de Freguesia, uniram-se e foram mesmo transformadoras, melhorando de uma forma significativa a qualidade de vida dos Almadenses, em pouco tempo.

Esta é também uma das explicações para que o PCP (APU, FEPU e CDU) fosse poder de 1976 a 2017, e deixasse a marca do seu trabalho em todos os sectores da Sociedade Local (e não menos importante, pelo menos neste Portugal: uma Autarquia sem dívidas significativas).


terça-feira, maio 14, 2024

As "Conversas com Escritores" na Biblioteca


No dia 16 de Maio (quinta-feira) sou o convidado das "Conversas com Escritores, que se realiza na Biblioteca Central de Almada (rua da Liberdade), às 21 horas.

Estão desde já todos convidados, para esta iniciativa promovida pelo bibliotecário Davide Freitas.

Prometo responder a todas as questões, mesmo as quase "estranhas".


sexta-feira, maio 10, 2024

Um olhar diferente (mas com beleza e graça)


Hoje fiz algo que não fazia há anos, ajudei a montar uma exposição de pintura de três amigos (acho até que abusei do meu gosto pessoal na disposição final..).

Antes, ajudei a desmontar a exposição que estava na galeria. Gostei de uma boa parte dos quadros do artista (que desconhecia...), José Reis. que por aqueles acasos da vida, esperou pela reforma, para pintar (algo que sempre deve ter gostado de fazer), e ainda bem.

Gostei particularmente desta composição sobre a Almada urbana, quase antológica, com a mistura de monumentos com prédios, e claro, o Tejo com um cacilheiro... e o Ginjal.

(Acrílico de José Reis)


sábado, abril 27, 2024

A "Memória das Palavras"...


O grande José Gomes Ferreira tem livros cujo conteúdo se equipara aos belos títulos que escolheu, como este que "roubei" para título deste pequeno escrito memorial (talvez só suplantado pela sua "Gaveta de Nuvens")...

Se ele fosse almadense, tivesse menos uns anos, talvez também passasse pela "Tertúlia do Repuxo" aos sábados e domingos de manhã, e seria um excelente Mestre e Companheiro de muitos jogos de palavras e  de sapiência, como foram: Henrique Mota, Fernando Barão, Diamantino Lourenço, Abrantes Raposo, Victor Aparício e (mais tarde mas ainda a tempo...) Luís Bayó Veiga.

E ainda os menos assíduos (ou desistentes...) Jorge Gomes Fernandes, José Luís Tavares, Artur Vaz, Álvaro Costa, Virgolino Coutinho ou Henrique Costa Mota.

Tanta coisa que aprendi sobre Almada, sobre Cultura, sobre Associativismo, sobre livros, e claro, sobre os homens...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, abril 25, 2024

O 25 de Abril e o Associativismo em Almada


Como de costume, a Comemoração do 25 de Abril é festejada com o Movimento Associativo (mesmo que os actuais autarcas o tentem menorizar, sempre que podem...), com o tradicional desfile das Colectividades.

E a Incrível Almadense continua a marcar presença e a ser um exemplo para todos e para todas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 20, 2024

Ainda as "Bibliotecas Humanas" e Abril...


Uma das coisas que me espantaram na sessão de Abril das "Bibliotecas Humanas" desta semana que passou (e não devia, diga-se de passagem...), sobre a Resistência Antifascista em Almada, foram os testemunhos de dois "avôzinhos" que foram da extrema-esquerda.

Um deles, perante a passagem de fotografias da baixa lisboeta, poucos dias depois da Revolução, em que aconteceram autênticas "caças aos PIDE's", mostrou a sua indignação pelo tratamento que lhe demos (fiquei com a sensação de que por ele tinham sido todos levados ao "tribunal da justiça popular", como se tivéssemos deixado de ser um Estado de direito...). 

Tanto ou como outro, eram defensores da "luta armada" contra a ditadura (houve por ali uma crítica implícita ao PCP, que só fez surgir a ARA, depois do aparecimento das Brigadas Revolucionárias...).

Confesso que nunca percebi este argumento de "falta de sangue" na nossa Revolução. Mas pode ser um problema meu.

Cada vez estou mais convencido, que o que faltou, foi um maior escrutínio da democracia e dos novos democratas, principalmente no PREC. Embora essa seja uma das consequências de qualquer movimento revolucionário, foi das piores coisas que sucederam neste novo regime, A  transformação, em apenas dois ou três dias, de "furiosos marcelistas" (para não lhes chamar fascistas...) em "furiosos esquerdistas" (onde devem ter tido menos guarita foi no PCP, que tinha alguns critérios na angariação de novos militantes), não traz nada de bom a qualquer Revolução...

Ao ouvir estes dois testemunhos, percebi, mais uma vez, que foram estes elementos, "populistas e revolucionários furiosos", que deitaram tudo a perder. O 25 de Novembro de 1975 deve-se sobretudo aos seus "demandos", à sua acção nas cidades e nas fábricas, que estavam a partir o país ao meio. Cada vez tenho menos dúvidas de que sem o golpe (ou contragolpe...) militar do 25 de Novembro, haveria mesmo uma guerra civil, até porque haviam partidos e gente demais armada neste nosso canto da Europa.

E vou ainda mais longe, nestes nossos dias cada vez mais estranhos: não me admiro de todo, que alguns destes extremistas - que já foram tudo, desde fascistas a perigosos esquerdistas -, votem actualmente no Chega (nem que seja por vingança).

E não vale a pena insistir, que a democracia é outra coisa...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, abril 17, 2024

Visita a Exposição de Abril com Adeus a um Escritor de Abril e de Almada


Depois do almoço fui visitar a exposição, "25 de Abril de 1974, Quinta-Feira" (patente no "Museu de Almada, Casa da Cidade") com uma companhia agradável, num ambiente de Liberdade, proporcionado pelas fotografias cheias de história de Alfredo Cunha e também pelas nossas palavras.

Sabe sempre bem ver uma exposição e fazer de cada imagem deu um motivo para falarmos do que olhamos e também do que pensamos...

Já no final da visita recebemos uma má notícia, sobre o desaparecimento de António Policarpo, um dos escritores de Almada, que bem merece o epiteto de "Escritor de Abril", pelas suas origens operárias, pelo seu passado de luta e sobretudo pelo amor à história de Almada e pelo seu exemplo de partilha.

Quando o chamamos "Escritor de Abril", não nos referimos apenas aos vários livros que escreveu - de grande importância local. Recordamos sobretudo a sua abertura e disponibilidade para apoiar projectos de outros escritores. Conversámos sobre muitas assuntos, talvez mais sobre as Colectividades de Almada e a sua história. Também partilhámos saberes, porque nunca olhámos para a História como um compartimento fechado. E ainda bem.

Que o teu exemplo perdure, em Almada e no Mundo, mesmo que os tempos sejam de outros "ismos", António!

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, abril 02, 2024

A Gente Boa de Abril e de Almada


Cresci numa cidade conservadora, que nunca se livrou (por vontade da maioria das pessoas que votavam...) do domínio da chamada direita democrática (PSD). Mesmo hoje é governada por um movimento independente, cujo presidente é um "dissidente" dos sociais democratas. Embora tenha sido uma "lufada de ar fresco" não se podem esperar rasgos demasiado revolucionários na sua governação.

Falo de Caldas da Rainha. A minha ligação à prática desportiva desde cedo fez com que passasse ao lado de muitas coisas. Mas aquela mania de querer "mostrar aos outros", o que se tinha e não tinha, sempre me fez confusão à cabeça. Sim, ter vontade de fazer uma casa com mais um divisão ou comprar um carro mais caro, que o familiar, vizinho ou até amigo (é uma maneira estranha de se ser amigo, mas acontece...), só para mostrar que tinha subido mais um degrau da tal "escadaria social", como se isso fosse a coisa mais importante do mundo.

Felizmente foi possível partir aos dezoito anos para a Cidade Grande, viver os meus primeiros tempos com um casal solidário e amigo, cuja formação superior não os desviou das preocupações sociais, de olhar os outros, nem de sentir que o País se começava a desviar de uma forma significativa do sonho de Abril...

O Zé e a Elisete foram muito importantes para uma ainda maior consciencialização política, e para o bom uso que se devia fazer da liberdade individual. Embora os meus pais fossem de esquerda (tal como eu perdiam as eleições todas nas Caldas...), não tinham a cultura social e política dos primos.

Mas a grande mudança deu-se quando eu tinha 24 anos e escolhi Almada como o meu porto de abrigo. Em pouco tempo, senti logo que pertencia aquela gente, sem preconceitos e manias de grandeza. Por ser governada pela CDU, a cidade tentava resistir (e conseguiu por alguns anos...) ao cavaquismo e ao mundo dos "novos-ricos", que essa figura tão bem caricaturada como "múmia", trouxe para o poder.

Apesar das muitas transformações do País, a gente de Almada que tive o prazer de conhecer, era a minha gente. As pessoas que trato orgulhosamente pela "Gente Boa de Abril".

Não as vou enumerar, até porque são bastantes as pessoas que me ajudaram a ser um melhor ser humano e cidadão. Gentes que valorizavam sobretudo os valores colectivos e que continuavam (e continuam...) a sonhar com o "País de Abril"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, março 31, 2024

Almada: a obra publicitada que não se faz (e a que se faz sem que se cumpram prazos e se notem melhorias óbvias...)


Tenho evitado escrever aqui no "Casario" sobre o Município e sobre as obras que se fazem e não se fazem. Mas ao ver ontem mais um episódio do "Portugal Fenomenal" da RTP1, que falou sobre o Presídio da Trafaria, e onde deram espaço à Presidente do Município de Almada, para falar de mais um bom projecto, constantemente adiado (a transformação do Presídio num espaço de formação superior, ligado à Universidade Nova de Lisboa) sobre o futuro daquelas instalações e da própria Localidade Ribeirinha.

Sei que há lugares mais complicados que outros, como são os casos da Lisnave e do Ginjal, para se fazer algo de novo, embora 20 e 30 anos, seja já tempo e abandono a mais. E não têm faltado projectos para estes lugares ao longo dos tempos... 

Mas há coisas mais simples, que também não se resolvem. Quando a Câmara Municipal, ainda nos tempos da CDU, adquiriu as antigas instalações da EDP, que ficam no centro de Almada (e são de tal forma grandes e importantes que podem ser adaptadas para quase tudo: falou-se muito de Loja do Cidadão, Unidade de Saúde de Cuidados Continuados, Serviços Públicos Camarários, etc), não o fez com toda a certeza, para que continuassem abandonadas, a serem degradadas pelo tempo e pelo vandalismo. É por isso que pergunto: como é que é possível que este PS (aliado ao PSD), ainda não tenha conseguido encontrar uma solução que sirva os almadenses, num dos espaços mais centrais de Almada?

Mas tudo isto é ainda mais triste se pensarmos na obra feita ou a fazer (em que se gasta dinheiro, não se cumprem prazos e fica quase tudo na mesma...). Foi assim na Praça Gil Vicente, no Largo de Cacilhas e agora no Jardim Público dr. Alberto Araújo (junto ao antigo tribunal). Há quase um ano que o jardim está encerrado ao público. Felizmente, este mês abriu-se o caminho que nos leva do Largo Gabriel Pedro à Rua Capitão Leitão. Embora tenham cercado e fechado este jardim antes de Junho, a data em que foi afixado o início das obras, que segundo as indicações do cartaz deveriam demorar 180 dias. Ora, como estamos praticamente em Abril, mesmo só a contarmos com o tal Junho do cartaz, já passaram mais de 300 dias desde o "começo afixado"...

Quem vive em Almada há mais de três décadas, como eu, nota uma diferença gritante entre os mandatos da CDU (que deixou mesmo obra...) e este PS, de Inês Medeiros, que já está no poder há mais de seis anos. Infelizmente a imagem de marca da coligação PS/ PSD, é uma Cidade mais suja, mais esburacada (as ruas nunca estiveram em tão mau estado como estão actualmente), e sobretudo, adiada...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, março 17, 2024

«A Festa foi boa, Fernando»


«A festa de ontem, foi boa, Fernando, na nossa Incrível.

Deves ter gostado de tudo.  Do pequeno documentário realizado pelo teu neto, Pedro, que além de muitas imagens com história, tem o testemunho de vários amigos e também dos teus familiares mais próximos. Claro que há um testemunho que sobressai sobre todos os outros, o da tua filha Fátima, por ser provavelmente quem melhor te conhece e também quem mais te ama, de entre todos nós, que estamos no lado de cá.

Por isso o seu testemunho teve muita informação, alguma mais pessoal, mas o que mais se salientou, foi o amor filial e o enorme orgulho de ser tua filha (e da Isabel, que esteve presente, a teu lado como sempre), porque tu foste mesmo grande, a altura que constava no bilhete de identidade estava errada... Podias muito bem ser jogador de basquete, e dos bons.

Depois seguiu-se um pequeno concerto da Banda da Incrível, que como de costume, respira talento e juventude. E como tu gostavas de música e de filarmónicas. Não foi por acaso que foste um dos bons beneméritos deste agrupamento musical associativo, que nos anda a dar música há três séculos. Ias sentir-te orgulhoso desta homenagem de uma das muitas casas colectivas que amavas e onde deixaste a tua marca, como dirigente e como associado.

A festa podia ter acabado aqui, mas ainda havia a parte mais formal, com os discursos dos elementos da Comissão de Honra, que foram intervalados pela leitura de alguns poemas. 

Discursaram: Fernando Dias (o teu genro leu um testemunho de teu amigo Diamantino), Luís Milheiro, Henrique Costa Mota, Artur Vaz, Alexandre M. Flores, Rui Raposo (O Farol), Beatriz Ferreira (Ginásio Clube do Sul), Carlos Pinto (Bombeiros Voluntários de Cacilhas), Luís Ramos (Clube de Campismo de Almada), Fernando Viana (Incrível Almadense), Joaquim Barbosa (Santa Casa da Misericórdia), António Matos (Vereador do Município) Maria de Assis (União de Juntas de Almada), Ivan Gonçalves (Assembleia Municipal de Almada) e Ana Catarina Mendes (Ministra do Governo Socialista ainda em funções)

Declamaram poemas: Maria Gertrudes Novais, Fátima Dias Barão, António Boeiro (e outro senhor, que não fixámos o nome...).

Para a sessão acabar com "chave de ouro", vimos e ouvimos uma mensagem da Presidente da Câmara de Almada,  Inês Medeiros, que estava ausente do País, para ti.

Mas o mais importante, estava na plateia e nas galerias, com muitos amigos que não quiseram perder esta oportunidade de te recordar e abraçar. Gratos pelo teu companheirismo, pela tua amizade e alegria, sempre contagiante.»

Nota: Crónica escrita em jeito de carta, para Fernando Barão, um amigo inesquecível, que como já perceberam, fez cem anos em Janeiro, e que iremos homenagear e festejar, até pelo menos, ao mês de Janeiro de 2025.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, março 11, 2024

«Quem são estas pessoas que votam num partido, assumidamente, racista, xenófobo, conservador e autoritário?»


Depois de saber os resultados eleitorais no meu distrito, Setúbal, com o Chega no segundo lugar, fiquei completamente abismado.

Por saber o que está pela frente e por detrás desta força política, a única pergunta que fiz a mim próprio foi: «Quem é esta gente que vive à nossa volta? Quem são estas pessoas que votam num partido assumidamente, racista, xenófobo, conservador e autoritário?»

Mesmo que esteja a divagar um pouco, não me deverei enganar muito.

Provavelmente é o merceeiro da rua de baixo, que usa um bigode fininho e ainda se penteia com brilhantina (onde só entro por necessidade extrema, porque tem sempre os preços mais altos do bairro...); o meu barbeiro, que ainda vive com os "fantasmas do Prec" dentro da cabeça; ou o meu vizinho da frente que vê em cada estrangeiro um bandido...

Só faltava mesmo este partido saltar para o poder, para todos "curarem a tosse" e fingirem-se felizes por a "missa" voltar a ser um acontecimento nacional...

Nota: texto publicado inicialmente no meu "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, março 07, 2024

É mesmo uma Festa...


Voltei a participar na "Festa das Artes da SCALA", com três fotografias.

É a 29.ª exposição (não é a trigésima devido à pandemia, para estar a par com os anos da Associação...). Não sei o número exacto, mas já participei em muitas destas mostras colectivas.

O que acho mais curioso, é o seu simbolismo artístico. Funciona muito como uma porta aberta, para todos aqueles que querem expor os seus trabalhos (não haver qualquer tipo de selecção facilita muito as coisas, e ainda bem, até porque faz parte dos princípios dos seus fundadores, que queriam tornar as artes e letras mais acessíveis a todas as pessoas...). São muitas, muitas dezenas de pessoas - provavelmente já passam a centena -, que se estrearam na "Festa", para depois seguiram a sua caminhada no mundo das artes, com mais ou menos sucesso.

E claro que tenho alguma vaidade em ter sido eu a baptizar a exposição anual como "Festa das Artes da SCALA", porque é o nome certo para esta mostra de arte...

(Fotografia de Luís Eme - as minhas três imagens, com o Tejo e bichos  por perto)


sexta-feira, março 01, 2024

A Festa das Artes da SCALA


É amanhã que é inaugurada a "Festa das Artes da SCALA", na Oficina de Cultura de Almada.

Esta exposição de arte colectiva continua a tentar fazer jus ao nome, a ser uma festa e a mostrar a arte dos Scalanos (não tenho actualizado os dados estatísticos, mas são dignos de registo... São centenas de artistas que expuseram as suas obras nestas 29 exposições...).

Como de costume participo com três fotografias.


terça-feira, fevereiro 27, 2024

Recordar Fernando Barão na USALMA...


Uma das várias homenagens, que serão feitas a um dos meus grandes amigos de Almada (e em que participarei com todo o gosto)...


sexta-feira, fevereiro 23, 2024

"Reservado", o destino mais popular em Almada...


Provavelmente sou eu que tenho azar, mas sempre que decido utilizar os transportes públicos, fico na paragem a ver passar autocarros (e "metros" também...).

Normalmente ando a pé na Cidade. Mas quando tenho de me deslocar para qualquer freguesia do Concelho vou de carro. Isso acontece porque os transportes de Almada sofrem do mesmo mal, há uns vinte ou trinta anos, normalmente vêm em carreirinha (dois ou três seguidos), depois de durante largos minutos não passar um único autocarro pelas paragens.

A última vez que tentei, foi ontem de manhã. Fiquei "pendurado" na paragem do "canecão", mais de vinte minutos, onde passam 15 autocarros para vários destinos. E enquanto esperava passaram seis autocarros cujo destino era "Reservado", na direcção da Cova da Piedade. Curiosamente, ou talvez não, passarem também três "Reservado" na direcção contrária (para Cacilhas...). Ainda não eram 11.30 horas, mas há sempre a possibilidade dos motoristas da "Carris Metropolitana" almoçarem cedo...

Uma viagem que fazia em 15 minutos de carro, foi percorrida em 60 em transportes públicos...

Com estes modelos de funcionamento, é muito difícil tirar os transportes próprios das estradas...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


domingo, fevereiro 18, 2024

A Reportagem é (naturalmente) diferente do Ensaio...


Comprei a revista "Sábado" esta semana porque a capa me deixou curioso, graças ao título maior, dedicado à "fantástica saga da Família Theotónio Pereira".

Embora conhecesse a "saga", pensei que poderia aprender mais alguma coisa, com a leitura. 

Compreendo que a reportagem tenha enveredado pelo "fantástico", até porque percebe-se que o objectivo era elevar esta família, sempre fiel ao Estado Novo (o arquitecto Nuno Teotónio Pereira foi a excepção que confirmou a regra...). Não é por acaso que todos os testemunhos são de familiares.

Almada é devedora da família, tal como a família é devedora de Almada, pois foi na nossa Banda que ela cimentou os seus negócios do vinho, do azeite e do vinagre. E sim, penso que Luís Theotónio Pereira foi um bom presidente de Câmara.

Mas claro que não foram tão beneméritos como se diz na reportagem, ao ponto de até terem incentivado a criação da Cooperativa dos tanoeiros...

Cooperativa essa que teve de fechar portas por falta de trabalho, pois os empresários do Ginjal decidiram comprar os seus tonéis e pipas nas fabriquetas do Norte do País, e não no Ginjal. Na época não estavam a achar muita piada ao "crescimento" da Cooperativa...

O livro de Romeu Correia, "Os Tanoeiros", explica muito bem a aventura dos cooperantes e o papel nocivo dos "patrões" do Ginjal...


terça-feira, fevereiro 13, 2024

Gostava tanto de ter motivos para dizer bem...


Não tinha previsto que o "Casario" se fosse tornando um espaço quase de "má língua", mas a realidade é o que é, mesmo que se deixem os óculos em casa.

Vínhamos a caminhar pelos passeios, cada vez mais esburacados, quando o Chico disse que os tipos da "junta" tinham andado com um spray amarelo a assinalar a falta de pedras da calçada (coisa que já deve ter sido feita há mais de um ano), esqueceram-se foi de passarem pelas ruas nos dias seguintes para as repor e colocar no sítio...

Como não sou uma "alma caridosa" como o Chico, disse que era mais provável que tivesse sido algum almadense a "pintar" os buracos, para chamar a atenção de peões desatentos, que algum funcionário das autarquias locais.

O meu companheiro já não conduz, pelo que não sabe o que se passa nas estradas, em que esta bendita chuva alarga as "crateras" e cria quase "facas" em redor das tampas das sarjetas. Mas os olhos não enganam, quando atravessamos a estrada e ele acrescentou que estava tudo uma "lástima"...

Foi quando chegámos à conclusão que a Presidente de Câmara e respectivos vereadores (tal como a Presidente de Junta e vogais...), devem deslocar-se de helicóptero em Almada e não de carro (lá estamos nós a dar-lhes ideias...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, fevereiro 09, 2024

A liberdade colectiva e a "política asfixiante" socialista...


O problema dos blogues (e de quase tudo que não é uma obrigação), é que se deixarmos de escrever por uns dias, não temos grande vontade de regressar.

Posso sempre dar a desculpa, de continuar mais distante das questões locais que noutros tempos.

Mesmo assim, é impossível deixar de ligar aos desabafos de amigos, sobre a continuidade da "política asfixiante" socialista, sobre aquilo que continua a não dominar, como é o movimento associativista (nem sequer se dão ao trabalhar de fingir que apoiam, simplesmente não apoiam...).

Pensava que já tinha passado essa "febre" de destruir tudo o que parecesse "vermelho" (pois é, pode ser encarnado, como o Benfica...), mas parece que não.

Só posso lamentar esta perseguição à liberdade individual e colectiva, por parte de quem governa Almada, o que é muito pouco, eu sei...

Perseguição essa, que acaba por se reflectir na Cultura e no Desporto que é oferecida aos Almadenses.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, janeiro 17, 2024

"Fernando Barão a SCALA e as suas Gentes"

Mesmo que nem sempre seja evidente, há algum grau de loucura quando pensamos em fazer coisas um pouco fora do habitual.

Foi o que aconteceu com a exposição que será inaugurada no sábado, na Sede/Galeria da SCALA, de homenagem a Fernando Barão.

Pensámos que por se comemorar o seu centenário era giro reunir 100 imagens que pudessem documentar a passagem do Fernando por esta Sociedade Cultural que ajudou a fundar. Só quando começámos mesmo a procurar, a escolher, é que percebemos que as coisas nunca são assim tão simples...


terça-feira, janeiro 02, 2024

Fernando Barão faz cem anos


Um dos meus melhores amigos de Almada faz hoje cem anos. 

Embora já não esteja por cá para festejarmos este número redondo (falhou por menos de quatro anos...), Fernando Barão merece ser homenageado e recordado, por tudo o que nos deu. Foi por isso que criei um blogue para ele, Fernando, o "Barão de Cacilhas", onde irei recordar um pouco do que foi a sua vida, enquanto grande Associativista e Homem das Culturas, do nosso Concelho.

Se vos apetecer passem por lá...

(Fotografia de Luís Bayó Veiga - na nossa Incrível)