Conheci Edmundo Pedro em Almada, no lançamento do meu livro, "Almada e a Resistência Antifascista", na qual constava a biografia do pai, Gabriel Pedro, um nome grande na luta contra a ditadura salazarista.
Depois deste primeiro encontro encontrámos-nos várias vezes, inclusive na sua casa, onde me contou pormenorizadamente as suas muitas lutas, desde o 18 de Janeiro de 1934, a passagem de quase dez anos pelo Tarrafal, ao 25 de Abril de 1974. Falou-me com grande admiração e orgulho de Bento Gonçalves, secretário geral do PCP nos anos trinta e quarenta, e claro, de seu Pai.Embora não tenha presente a data certa, penso que foi durante o centenário do nascimento de Bento Gonçalves, que a Cooperativa Piedense organizou um colóquio em sua homenagem. Fui convidado e estive presente, assim como Edmundo Pedro, que até levou a maquete de uma das máquinas criadas por Bento Gonçalves, revelando a sua enorme capacidade e inovação técnica.
Infelizmente fiquei com más recordações desta sessão. Não gostei logo da maneira como foi feita a abertura da sessão, em que o escritor Modesto Navarro, em vez de falar em nome da Cooperativa, falou em nome do PCP, para todos os camaradas presentes, como se estivéssemos num encontro partidário e não numa sessão pública de homenagem a um grande lutador antifascista, que também era comunista.
O pior ainda estava para vir. Edmundo Pedro pediu a palavra, para falar de Bento Gonçalves, até por ser, de todos os presentes, o único que teve o privilégio de conviver e trabalhar com ele, diariamente, quer no Arsenal da Marinha, quer no Tarrafal, onde Bento Gonçalves viria a falecer.
Pouco agradados com esta "intromissão", os elementos da mesa não descansaram enquanto não lhe cortaram a palavra, deixando-o a meio da sua intervenção.
Completamente indignado com esta actuação do PCP, assim que Dias Lourenço começou a falar, levantei-me e sai porta fora...
Embora continue a ter muitos amigos comunistas e me sinta em tantas coisas, marxista, continuo a ter muitas dificuldades em compreender a postura do PCP na história recente, demonstrando pretender ter a exclusividade da luta antifascista em Portugal, durante o salazarismo e marcelismo, coisa que não é possível, por muitas tentativas que faça, porque a história é feita com todas as pessoas que lutaram pela liberdade, independentemente do seu credo político...