Todos sabemos que a Cultura não pode competir com o futebol, mas o mais importante e continuarmos a não nos deixarmos condicionar demasiado pelo "opio do povo".
(Fotografias de Luís Eme - Almada)
Nasceu como um espaço de opinião, informação e divulgação de tudo aquilo que vivia ou sobrevivia nas proximidades do Ginjal e do Tejo, mas foi alargando os horizontes...
Todos sabemos que a Cultura não pode competir com o futebol, mas o mais importante e continuarmos a não nos deixarmos condicionar demasiado pelo "opio do povo".
(Fotografias de Luís Eme - Almada)
Esta "Viagem ao pequeno mundo de Fernando Barão" tenta dar a conhecer, pequenos pormenores da vida deste "Renascentista da Cultura", que poderão ter escapado aos almadenses, que se interessam pela cultura e pelo associativismo.
Mesmo sendo suspeito, não tenho dúvidas que é uma mostra quase biográfica, que merece ser visitada, por todos aqueles que conheceram o Fernando Barão, e também por quem tenha curiosidade em ficar a conhecer um pouco esta grande Personalidade Cacilhense, a quem nunca ficou mal o título de "Barão de Cacilhas".
A exposição é inaugurada no próximo sábado, 22 de Junho, às 16 horas, na Sede/ Galeria da SCALA.
Este é o aspecto da escadaria da Rua D. Maria da Silva, quase na rua Francisco de Andrade, em Almada.
Até pode parecer uma "montagem", mas é real. É este o conceito de urbanidade da coligação PS/ PSD, que governa Almada...
Talvez a solução mais viável seja o Município adquirir um rebanho de cabras... e um pastor, claro...
(Fotografias de Luís Eme - Almada)
Mesmo assim andou atrás no tempo e falou do jovem adolescente que chegara da província com os país, onde a religião tinha (e continua a ter...) um peso maior que nos grandes centros urbanos. Foi por isso que as suas primeiras acções, foram mais sociais que políticas, e tiveram o dedo do Padre Sobral. António acabou por seguir os passos dos católicos progressistas, ajudando no que era possível, como aconteceu com a luta contra o analfabetismo, um problema social sério, que era cada vez mais difícil de esconder...
Mais curioso foi o seu testemunho, dos tempos em que cumpriu o serviço militar, em Mafra, no curso de oficiais milicianos (depois de vários adiamentos até cumprir a licenciatura em engenharia), já depois da Revolução de Abril. Teve como camaradas de armas muitos dos jovens que tinham fugido da guerra e se tinham exilado em vários países da Europa. Alguns já com mais de trinta anos. A maior parte deles estava ali para legalizar a sua situação e não para cumprir as normas castrenses, pelo que se recusavam a fazer a rotina diária de um recruta, para desespero dos instrutores. Como a alimentação também não era famosa, tornaram-se famosos os seus "levantamentos de rancho" (recusa colectiva de alimentação no refeitório militar). A solução que o Exército encontrou foi dividi-los e "despromovê-los" para o curso de cabos. Como os problemas se mantiveram, acabaram por passar todos a disponibilidade como "praças rasas"...
Pois é. Os militares tinham feito a revolução fora dos quartéis e não estavam à espera que a "sociedade civil" fizesse a sua revolução no interior dos quartéis...
Mais um bom apontamento histórico.
(Fotografia de Alfredo Cunha)
Crescer num mundo com tantas injustiças tornou-o Comunista. Como ele é um "Homem Colectivo" (escrevi um poema sobre ele com este título...), e sempre pensou nos outros, rapidamente se tornou um resistente activo. Começou a trabalhar para o Partido, dentro das colectividades e das fábricas. Recordou as "Escolas do Desportivo da Cova da Piedade" e o Gomercindo de Carvalho, todo o trabalho extraordinário que foi feito ao nível do ensino e também na consciencialização política. E claro, do João Raimundo, a grande referência da luta operária da Cova da Piedade.
Como é normal nestas coisas, acabou preso...
O mais curioso, é o Mário falar mais do muito que aprendeu dentro das prisões fascistas (Caxias e Peniche), que do que sofreu. E não quer esquecer, nunca, tudo o que viveu.
Depois na segunda ronda, falou da URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses), do contacto e da amizade com os Tarrafalistas, estes sim, os grandes resistentes do Salazarismo, que sofreram coisas inimagináveis em Cabo Verde, que era mesmo um "Campo de Morte Lenta". E também na sua importância nas escolas, no contacto com alunos e professores, para que não se "apague a memória"...
(Fotografia antiga do Caramujo, a grande zona industrial da Cova da Piedade)
Como são cada vez menos as pessoas capazes de falar em público das suas fragilidades e inseguranças, isso ainda torna mais relevante o testemunho de Maia, que também nos falou da sua "paralisia momentânea", quando foi convidado a deslocar-se para a Mesa da Assembleia da República, para exercer as suas funções de secretário (quase obrigado pelo seu Partido...) e usar da palavra pela primeira vez. Foi salvo pelo ligeiro empurrão de um camarada, que o fez seguir em frente, para cumprir o seu papel com grande dignidade durante este mandato inicial da história da nossa democracia.
Não menos importante foi o seu testemunho sobre o "cerco" à Assembleia da República, promovido pelos sindicatos ligados à construção civil no dia 12 de Novembro de 1975. Mais de 100.000 trabalhadores impediram a saída dos deputados e do primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, da Assembleia da República e do Palácio de São Bento, durante 36 horas. E de como uma manifestação de reinvindicações sobre o contrato colectivo de trabalho de uma actividade profissional ganhou importância política, ao ponto de ser usada por Mário Soares e pelo PS, para acelerar a contestação à esquerda e extrema-esquerda, que irá atingir o seu epilogo no dia 25 de Novembro, com a acção militar do "grupo dos nove", que alterará profundamente o rumo político do País.
(Fotografia do Arquivo da Assembleia da República)