domingo, fevereiro 27, 2022

Encontros e Reencontros na "Festa das Artes da SCALA"


Ontem voltei a ter uma agradável tarde artística em Almada.

Combinei com o meu amigo Américo bebermos um café e ver a sua exposição na IMARGEM ("Caminhos se Abrem Caminhos").

Além de metermos a conversa em dia, não há como uma visita guiada pelo próprio artista. Gostei do que que vi e também das palavras do Américo. Embora conhecesse quase todos os trabalhos expostos, gostei do equilibro, da arte com que a exposição foi montada.


Depois passámos pela inauguração da Festa das Artes da SCALA, na Oficina de Cultura, onde também tínhamos expostos trabalhos artísticos. Foi bom rever alguns amigos e amigas, conversar e sorrir com eles. 

Como havia um momento musical a decorrer (lembrei-me das palavras da Maria Manuel, quando dizia que a inauguração devia ser para as pessoas olharem as obras expostas conversarem e serem apresentadas umas às outras - se sentissem curiosidade, o que aconteceu comigo -, e não para músicas e poesias. Cada vez estou mais de acordo com ela...), tivemos de ficar na parte livre a conversar e a olhar para as paredes e para as esculturas espalhadas pela sala.


Quando finalmente foi possível olhar com olhos de ver (embora a confusão fosse muita e tenha de lá ir novamente, para ver o que não vi...), descobri um quadro da Rosarlette Meirelles, autora do que melhor se encontra em Almada de arte de rua. Quis muito conhecê-la, para lhe dizer que gosto muito dos seus desenhos, sempre com pessoas sofridas e preocupações sociais nas suas temáticas. 

Felizmente ainda estava na exposição e foi bom trocarmos algumas palavras e conhecermo-nos pessoalmente.

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


terça-feira, fevereiro 22, 2022

A Defesa do Ambiente devia ser de Todos para Todos (infelizmente não é assim...)


É uma constatação, que quanto mais se caminha para o lado direito da política, menos preocupações existem com ambiente. Até porque o "dinheiro" raramente é amigo da qualidade de vida ambiental...

Podia falar de Almada, em que a CDU quis retirar os carros do centro da Cidade (um pouco antes do tempo, é certo...). Também foi criada uma zona industrial nos subúrbios, para retirar da cidade as industrias mais poluentes. 

Com a subida ao poder do PS, aliado ao PSD, tudo isso tem sido esquecido, quase que até se festejou a entrega do centro da cidade aos veículos, em detrimento das pessoas. E até oficinas de reparação automóvel já voltaram ao centro de Almada (o que até faz sentido, mais carros, mais oficinas)...

Em Lisboa passa-se a mesma coisa. As preocupações ambientais de Medina estão a ser colocadas no bolso do Moedas. Além da destruição de ciclovias, as vias de circulação automóvel vão expandir-se no centro da Capital.

Sei que existe algum fundamentalismo das associações ambientais e até de alguns partidos de esquerda mais virados para a ecologia. Mas outra coisa, bem diferente, é assobiar-se para o lado e fingir que está tudo normal, que não há alterações climáticas, que a "seca" é uma coisa passageira (o antigo ministro da agricultura socialista, Capoulas Santos, disse algo parecido...) e que se deve continuar a apoiar a agricultura intensiva ou a plantação de eucaliptais, por exemplo.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, fevereiro 11, 2022

"De Boas Intenções Está o Inferno Cheio..."

Diz o povo, há muitos e muitos anos, que "de boas intenções está o Inferno cheio". Quando o diz, fá-lo quase sempre com a sua sabedoria milenar, raramente escutada e analisada pelos políticos, de todos os tamanhos e feitios.

Já falei aqui das alterações que foram feitas na Praça Gil Vicente, um dos eixos mais movimentados do centro da cidade, que fica na fronteira entre Almada e Cacilhas.

A colocação de sinais para os peões (em todas as passadeiras...), é de uma estupidez notável. Além de não ter melhorado o trânsito (são sinais a mais para todos...), ainda o tornou mais lento e confuso.

Os automobilistas param vezes demais, porque agora além da paragem obrigatória por cada passagem do metro, ainda têm ainda de obedecer ao capricho dos peões, que carregam no botão dos sinais das passadeiras, para puderem passar em segurança.

Mas o pior de tudo, foi esta colocação de sinais ter desviado uma boa parte das pessoas das passadeiras. Para não terem de parar e ficar à espera que o sinal vermelho mude, passam para o outro lado da estrada, por onde lhes dá  mais jeito, sem a segurança das passadeiras.

Ou seja, esta tentativa de regular a circulação de automóveis e peões, só fez com que as pessoas passassem a infringir, ainda mais, as regras de trânsito e a colocarem em perigo a sua própria segurança...

Só não existem acidentes com mais frequência, porque esta continua a ser uma zona onde os veículos circulam a pouca velocidade, pelas filas de carros normalmente existentes e também pelo hábito.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Abril, a Indústria Naval e o Associativismo...


Tenho reflectido e escrito sobre o quanto crescemos nos últimos 48 anos (pois é, já vivemos em liberdade há praticamente tanto tempo como o que vivemos em ditadura...).

Crescemos muito, felizmente. Onde se notam mais diferenças é na saúde, na educação e na habitação (mesmo que ainda existiam lacunas...), que passaram praticamente a ser um direito de todos nós.

Claro que cada Terra tem as suas especificidades. Almada, por exemplo, sempre foi um concelho muito singular. E foi por causa dessas singularidades, que a liberdade e a democracia não lhe trouxe apenas coisas boas.

Há dois sectores, que pela importância que tinham na comunidade local, acabaram por ser as grandes vítimas do progresso: a Indústria Naval e o Associativismo. 

Os pequenos estaleiros, como nunca se tinham modernizado, foram fechando, por falta de trabalho e também pelo aumento da despesa em salários (o fim da exploração dos trabalhadores trouxe tudo a nu...). A Lisnave, apesar da sua grandiosidade, também nunca deixou de estar em "crise" (mesmo que muitas vezes fosse uma crise artificial,  provocada pela má gestão empresarial, que até se deu ao luxo de recusar encomendas de trabalho...). Estes encerramentos na indústria provocaram um vazio, que nunca foi colmatado no Concelho.

O Associativismo também acabou por ser "vítima" da democracia, porque foi perdendo a sua auto suficiência e independência, devido à melhoria das condições de vida dos habitantes do Concelho. O primeiro revés aconteceu com o fim do "monopólio" da projecção de filmes (as salas de cinema que existiam em Almada pertenciam todas a Colectividades e  era a sua grande fonte de receitas).  O 25 de Abril também deu a possibilidade a quase todas as pessoas de terem televisão e puderem contruir a sua biblioteca pessoal. Ou seja, a melhoria da qualidade de vida das pessoas, acabou por ir "esvaziando", de uma forma natural, a importância das Associações, culturais e recreativas, no dia a dia dos almadenses...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)