sexta-feira, dezembro 20, 2024

Um Natal com cada vez mais dificuldades, em esconder debaixo do tapete as "misérias humanas"...


Não sei se lhe chame uma coisa curiosa, até porque pode ser mais comum do que aquilo que eu possa imaginar.

À medida que os anos vão passando,  tenho cada vez menos paciência para o Natal.

Sei que em parte isso deve-se a este mundo que nos rodeia, ter cada vez menos ares natalícios (as luzes e as montras não contam...). Gaza, Beirute, Damasco ou Kiev, são os maiores exemplos...

Por outro lado, como tenho os filhos já adultos (ainda não há netos...), perdeu-se um pouco o encanto e a sua alegria contagiante (mesmo que passageira...) em receber presentes...

Tenho vários defeitos, mas a hipocrisia, o cinismo e a inveja, não estão no "pacote" (e ainda bem, são das coisas mais miseráveis e vulgares dos seres humanos...). E esta época trás todas essas coisas - em "tamanho xl" - para as casas, para as ruas, para as igrejas e sobretudo para as lojas.

E se há coisa que nós vamos perdendo com os anos, é a paciência para fazermos fretes.

Claro que isto não tem nada a ver, por exemplo, com a reunião natalícias das famílias. Numa época em que este núcleo especial tem sido tão desvalorizado, é bom que as pessoas que se encontrem, nem que seja, na tal "uma vez por ano"...

É com gosto que janto a 24 com a minha sogra, passo ceia com os meus cunhados e mais família (onde até costuma aparecer o "pai natal"...). Ou almoço a 25 com a minha mãe e o meu irmão...

Mas não consigo suportar este regresso ao passado, ao tempo dos "coitadinhos", com os ricos a voltarem a "escolher" o seu pobrezinho, para a sua ceia (voltou-se a isto, com mais visibilidade, porque os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres...) ou a ver o presidente da república a servir refeições aos sem abrigo (ele bem podia fazer com que o natal para esta gente não fosse apenas um dia. Até lhe dou a ideia de, quando sair do cargo, fomentar estes encontros, mensalmente...).

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, dezembro 07, 2024

Um Amigo especial que regressou à nossa "tertúlia"...


O Carlos II é especial, por várias razões. 

O facto de pensar de uma forma diferente, nunca foi um problema, nunca fez com que não fosse "um de nós".

Às vezes é difícil de explicar, mas talvez seja nas diferenças que nos encontramos, que percebemos e entendemos, que é mais importante do que aquilo que parece, pelo menos nas ruas da amizade, respeitar o outro...

O Carlos tem uma história de vida diferente da maior parte de nós, porque sempre foi ambicioso, nunca aceitou de bom grado a palavra "impossível". E ainda bem.

A vida ensinou-lhe desde cedo, que havia valores e valores. Nunca quis ser um idealista, sempre teve um sentido prático da vida. Nem nunca teve qualquer pudor em sonhar que um dia, "talvez fosse possível ir à Lua".

Nunca teve um grande orgulho em pertencer à "classe operária". Deve ter sido isso que o tornou um dia patrão. Um dos bons, nas suas palavras, por ter aprendido, ao longo da vida, que não valia tudo. Não precisava de "pisar os outros", nem de lhes "passar por cima", para continuar a subir na vida.

É por todas estas coisas, e mais algumas, que é bom termos o Carlos (agora é primeiro) de volta à nossa "Tertúlia"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)