terça-feira, abril 30, 2019

O Mundo é que Está ao Contrário...

Quando o Luís Bayó Veiga deixou ontem o comentário de que a fotografia do Cine-Incrível e do começo da Rua Capitão Leitão estava ao contrário, pensei logo em repeti-la, porque se há alguma coisa que está ao contrário em toda esta história, não será a fotografia, com toda a certeza.

A fotografia foi tirada a um dos vidros dos Paços do Concelho, cujo reflexo produz esse efeito.

Aliás, ela já foi colocada assim, como uma metáfora deste tempo, em que o "poder do dinheiro", provoca a "cegueira" a tanta gente...

Neste caso em particular, acaba por ser isso que está em causa, pois o "vil metal" é colocado acima de todas as coisas.

A Incrível nunca colocou em causa a lei ou o senhorio. Foi este senhor que entrou nas nossas instalações (são nossas enquanto pagarmos renda...), sem tentar sequer dialogar ou tentar chegar a um consenso, sobre o que lhe pertencia e o que era propriedade da Incrível (muito menos sobre um valor de renda que fosse justo para ambas as partes...). 

E o mais grave, é que nem se dignou a respeitar os 170 anos de história da Incrível Almadense, algo que sempre foi feito pelo seu pai...

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, abril 29, 2019

A Incrível Precisa de Almada!

Ontem realizou-se mais uma Assembleia Geral Extraordinária da Incrível Almadense, infelizmente com pouca participação dos seus associados.

A lei por mais injusta que seja, é soberana. E a Incrível Almadense não é mais nem menos que as dezenas (provavelmente centenas...) de Colectividades lisboetas - algumas também centenárias - que foram desalojadas dos seus espaços graças à famosa "lei cristas", que protege de forma obscena os proprietários, em prejuízo dos inquilinos.

Foi por essa razão que a Incrível teve de pagar 13 mil euros na semana passada (as rendas atrasadas da sua sede desde Agosto de 2018, acrescidas de 20% do seu valor, exigidas pelo senhorio...), ainda que este valor tenha sido calculado sobre áreas que são pertença da Incrível Almadense (algo que terá de ser resolvido em tribunal...).

Neste período bastante complicado para a Colectividade mais antiga de Almada, não podemos deixar de registar a "ausência" do Município (nem sequer se dignou a responder aos vários pedidos de audiência com a vereadora do respectivo pelouro, apesar do apoio prometido. Salientamos que o apoio pedido não foi monetário, mas sim técnico...).

A Incrível Almadense está neste momento a lutar sozinha nesta "batalha", pelo que é imperioso que Almada acorde perante este problema, e seja solidária, com a Colectividade que mais contribuiu para o seu desenvolvimento cultural, sendo a grande pioneira do teatro, do cinema, da música e da literatura do Concelho.

Não temos dúvidas, que sem o trabalho desenvolvido ao longo de 170 anos, pela Incrível (e por outras colectividades, como por exemplo a SFUAP e a Academia), Almada não seria o que é hoje, tanto na qualidade como na oferta cultural.

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, abril 27, 2019

«Estupidamente, a Câmara pensa mais na comunicação social que nos almadenses.»


Mesmo que não nos apetecesse muito, por estarmos na manhã de 25 de Abril, não tivemos outra hipótese, senão dar razão ao Francisco. 

Quando ele nos disse: «Estupidamente, a Câmara  pensa mais na comunicação social que nos almadenses», arrancou-nos um sorriso e uma mão cheia de palavras, carregadas de ironia e de liberdade.

Tudo porque o "Público" trazia uma reportagem de uma página inteira sobre uma exposição de que ninguém sabia que se realizava em Almada (em vários lugares...), com 45 cartazes da autoria de 45 artistas (do desenho à fotografia, passando pela pintura, escultura, arte urbana, etc). 

O mais curioso, é que éramos todos malta das "culturas", não da batata, mas das artes e letras...

Depois de lermos a notícia, concluímos que o Francisco é mesmo espertalhaço, pois estava mais uma vez certo. 

Não tínhamos grandes dúvidas que para os organizadores da exposição, era mais importante que ela fosse difundida na comunicação social que ser visitada pelos habitantes da Cidade...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, abril 25, 2019

Abril é Sobretudo Liberdade


De alguma forma é o que vejo, quando olho para este desenho de Mártio, que ele me enviou, com o desejo de um feliz dia da Liberdade.

Porque a Liberdade é sermos nós próprios, não termos medo de pensar, de escrever, de falar, de desenhar...

É, Abril para mim, é sobretudo a Liberdade, esse bem tão precioso, que nem sempre valorizamos.

quarta-feira, abril 24, 2019

Albino Moura Partiu na Primavera...


Quando chegámos a casa, na segunda-feira, fomos informados do desaparecimento de Albino Moura, um dos grandes pintores de Almada.

Embora Albino fosse reconhecido sobretudo como o "pintor das gordas" (dentro e fora do país), ele foi muito mais que isso, como facilmente se pode comprovar, se viajarmos no tempo com a sua obra.

Sabíamos que Albino Moura não usava a poesia apenas nas suas telas e no papel, também gostava das palavras...

Foi por isso que escolhemos o seu óleo, "A Mensageira da Primavera", para ilustrar esta pequena homenagem, e também  a quadra da sua autoria, "Primavera:

Cheira a vento, 
o sol cheira a Primavera.
Canta o vento,
sopra a Primavera.

terça-feira, abril 23, 2019

Almada, os Livros e os Escritores


Almada também é uma cidade de livros e de escritores (pois é, parece que  afinal não é só de Teatro...).

Digo mesmo que há poucos concelhos com tanta gente a escrever livros. E menos ainda a interessarem-se pela sua história. 

Sem me levantar da secretária, vou citar de memória, escritores almadenses que escreveram livros sobre história local, com o devido aplauso (mesmo que nem sempre tenham o apoio que deveriam ter a nível autárquico (quer do Município quer das Juntas de Freguesia).

Alexandre Castanheira, Alexandre M. Flores, António Correia, António Henriques, António Pereira Ramos, António Policarpo, Artur Vaz, Carlos Guilherme, Conde dos Arcos, Diamantino Lourenço, Edite S. Condeixa, Eduardo Alves, Eduardo M. Raposo, Elisabete Gonçalves, Fernando Barão, Francisco Silva, Henrique Mota, José Abrantes Raposo, Luís Alves Milheiro, Luís Bayó Veiga, Manuel Lima, Manuel Lourenço Soares, Orlando Laranjeiro, Raul H. Pereira de Sousa, Romeu Correia, Rui Mendes, Sebastião Caldeira Ramos, Victor Aparício, Victor Reis (entre outros que me escaparam da memória...).

Homenagear quem escreve apenas com o objectivo de partilhar o seu conhecimento foi a forma que escolhi para festejar o Dia Mundial do Livro, aqui no "Casario".

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, abril 17, 2019

Aprender a Dizer Não...


É quase uma verdade "la paliciana", a palavra sim, ser sempre muito mais agradável, e fácil de dizer, que a palavra não.

Durante anos e anos, quase que só "pratiquei a palavra sim", tantos nos meios associativos como nos meios literários locais.

Isso acontecia por gosto (e vaidade claro...), por amizade (é sempre difícil dizermos não a um amigo...) e também por dever (estarmos bastante ligados ao meio e sentirmos que devemos transmitir aos outros as nossas inquietações e os nossos conhecimentos...).

Depois começamos a perceber que estamos a aparecer vezes demais... "ensaiamos o primeiro não", com a desculpa da "agenda" (mesmo que ela esteja quase vazia de compromissos do género...). Achamos que não devemos voltar a escrever o prefácio de um livro do mesmo autor, mesmo que seja de um amigo, para não nos repetirmos (o "não" nem sempre é bem aceite, as pessoas acham que a recusa se deve à sua qualidade - nestes casos, a falta dela...).

O mais curioso, é que quando nos habituarmos a usar a palavra "não", sentimos-nos muito mais livres...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, abril 14, 2019

«Os factos são como o algodão, não enganam»


Há dias tive uma discussão sobre a verdade e a mentira das notícias (que depois até saltou para a própria história...).

Houve um momento em que parei de falar, à espera do silêncio (é complicado quando as conversas ficam parecidas com os debates futebolísticos televisivos, em que cada vez de fala mais alto e ninguém entende nada do que se diz...).

Quando o silêncio regressou disse: «os factos são como o algodão, não enganam». 

Só que as pessoas, estão de tal forma equivocadas, que acham que tudo é discutível, até os factos, o que realmente acontece, sem qualquer desvio.

Talvez esta confusão tenha que ver com a forma como se faz jornalismo nos nossos dias (principalmente o televisivo), em que se tenta distorcer a realidade em nome das audiências (e das conveniências)...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, abril 11, 2019

«O que é isso de 'rabos de palha'?»


Pois é, a sabedoria popular tem muito que se lhe diga. Nem parece que foi criada quase em oposição aos "eruditos" dos tempos passados...

A minha filha com catorze anos, perguntou-me o que era isso dos 'rabos de palha' (ela pergunta-me muita coisa, que eu tenho a mania que ela já devia saber...  esqueço-me de que não passou uma boa parte das férias grandes da infância, na aldeia, na casa dos avós, tal como eu e o meu irmão. Esta passagem pelos campos foi decisiva para o enriquecimento do meu vocabulário, sem que me apercebesse...).

Comecei por dizer que os rabos de palha deixam sempre rasto por onde passam... Depois fui mais longe e disse, que às vezes falamos de coisas, como se não tivéssemos nada a ver com elas, mas há sempre alguém que nos lembra que não é bem assim. Somos traídos pela memória mais vezes do que devíamos.

Acabei por lhe dar um exemplo prático, de Cavaco Silva (que como diz o meu amigo Gui, é a "virgem mais puta de Portugal"...), que sempre que tem uma oportunidade destila os seus "ódios de estimação", esquecido dos seus "pecadilhos" enquanto governante e político. Mas basta perceber que ele é o homem que garante a pés juntos, que nunca foi político, quando foi dez anos primeiro-ministro e outros dez presidente da República (sem somar o seu tempo como ministro das Finanças...).

Pois foi, afinal nos seus governos também havia primos, tios, e até esposas de ministros...

quarta-feira, abril 10, 2019

A Diferença entre Gente Conhecida e Desconhecida...


Agora que ando a fazer a primeira pesquisa sobre pessoas, para duplicar aquele que foi o meu primeiro livro sobre história de Almada, a diferença que existe entre retratar "conhecidos" e "desconhecidos" torna-se mais visível (nesse final dos anos 1990, as pessoas que biografei eram quase todos desconhecidos e gente que já tinha partido... ou seja, os "ajustes de contas" que tive de travar foi com os familiares).

Agora não. Uma boa parte da gente nova que quero biografar, são conhecidos, alguns mesmo amigos. Mesmo que os vivos já sejam poucos, sinto que há uma responsabilidade maior. O conhecimento é sempre assim, oferece-nos mais saber, mas também mais dúvidas, mais incertezas...

(Fotografia de Luís Eme)

sábado, abril 06, 2019

«25», um Número quase Mágico...

Tinha pensado fazer uma pausa na escrita sobre Almada (até por ter dois projectos a longo prazo...), mas as ideias continuam a ser como as cerejas e estou com outros dois projectos, que estão a andar a tal velocidade, que poderão muito bem ser apresentados no corrente ano.

Um é o que se pode chamar de uma obra escrita a quatro mãos (biográfica), que por enquanto irá permanecer no "segredo dos deuses".

O outro é um ensaio sobre a minha experiência como associativista em Almada. O título será  um simples número, o "25", os anos que dediquei às minhas duas associações, SCALA e Incrível Almadense (e também a outras, quase por empréstimo...), entre 1994 e 2019.

Já escrevi alguns episódios e noto que estou a ser "fintado" pela própria história. A minha ideia inicial era referir apenas as pessoas que me marcaram positivamente, nesta já quase longa passagem, mas à medida que vou escrevendo, percebo que é impossível passar ao lado de alguns acontecimentos e de algumas pessoas. Não as queria referir, mas não posso esconder o quanto me ensinaram, sobretudo com os seus exemplos negativos (lá ficarão algumas orelhas a arder...). 

E como todos nós sabemos, as pessoas inteligentes aprendem com todo o tipo de exemplos...

(Fotografia de Luís Eme)