Depois de ter escrito sobre as diferenças que existem na sociedade de hoje, no seio dos jovens, fiquei logo com a sensação que o texto poderia ser confundido com a acção de luta contra os transgénicos de Silves.
Quando escrevi, estava a pensar nas traços de tinta sem qualquer sentido estético que invadem as ruas da maior parte das nossas localidades, e que nem sequer poupam edifícios históricos e artísticos; estava a lembrar-me da destruição de coisas tão simples como caixotes do lixo, que têm como função, tornar as ruas mais limpas, ou ainda do roubo de sinais de trânsito, que depois até são vendidos como objectos decorativos.
Continuo a ter dificuldade em perceber, e aceitar, esta postura tão evidente de desprezo pelas coisas públicas, que deviam ser consideradas de todos e preservadas por todos.
Claro que se tratam de práticas de civismo, de cidadania, da qual a nossa sociedade continua tão ausente. Não podemos exigir que parte das gerações de hoje tenham comportamentos pacíficos e de respeito, quando sabemos que cresceram em "guettos", sem fronteiras e sem distinções, entre aquilo que sempre nos dividiu, o bem e o mal...
Não posso nem devo confundir uma invasão politica concertada, a uma propriedade privada, com os actos de selvajaria urbana sem rosto, apesar de considerar ambos os actos infelizes.
Tinha pensado colocar junto a este texto um busto artístico do Parque das Caldas da Rainha, que alguém resolveu pintar, num acto de selvajaria e de mau gosto. Mas como não consegui encontrar a fotografia, deixo-vos uma foto dos silos abandonados das Caldas da Rainha, que em tempos guardaram cereais como o milho, quando ainda não se falava de transgénicos...