Graças à "Tertúlia do Bacalhau com Grão", tornámo-nos bastante próximos (almoçarmos lado lado ajudou, porque a sua surdez acabava por ser um obstáculo no convívio com os amigos...). Era um prazer vê-lo "desempatar", as discussões acaloradas entre o Chico e o Orlando, quando andavam às voltas pela "Rua Direita" e metiam o número da porta de uma taberna ou da casa de um amigo comum, ligeiramente ao lado. E o Jaiminho lá explicava que a pessoa em causa morava em tal sítio, com argumentos que facilmente rendiam o Chico e do Orlando, que acabam a dizer "tens razão, é mesmo aí."
O mesmo se passava quando era o Almada, a Incrível ou a Academia, que, alimentavam as nossas memoráveis conversas. Apesar de ter sido operário a vida toda, era bastante culto e continuava a gostar de estar bem informado. O jornal continuava a ser uma das suas companhias durante o café da manhã (mesmo sabendo que o "Público" já não era o que tinha sido...).
Sei que há por aí muita gente que "detesta" a palavra coerência, e normalmente até metem "burros" ao barulho, para a denegrir. Eu sempre gostei, e continuo a gostar muito dela, tal como a maior parte dos amigos da nossa memorável "Tertúlia".
O Jaiminho além de ter sido sempre coerente com os seus princípios, foi uma das pessoas mais autênticas que tive o prazer de conhecer, nesta terra especial, que é Almada.
(Fotografia do Carlos da "Olivença" - o Jaiminho aparece em primeiro plano à direita...)