segunda-feira, outubro 30, 2006

A Margueira e o Futuro


O "Público" de ontem publicou uma reportagem sobre as antigas áreas industriais da Margem Sul e os desafios do futuro.
Embora pense que Almada parta em vantagem em relação ao Seixal e ao Barreiro - pela sua localização privilegiada, junto ao Mar da Palha -, não acredito na onda de optimismo do Município em redor da nova "Cidade da Água" de Almada.
Nem tão pouco penso que será um projecto para 20 anos (será mais para os trinta, quarenta anos, talvez lá para 2050 exista algo de novo em Cacilhas...). Quando penso que já estamos quase em 2007 e o Metro continua a ser uma miragem no coração da Cidade, e por este andar, nem em 2010 estaremos livres desta embrulhada...
A história de 12 mil pessoas a morar e 12 mil a trabalhar, no espaço ganho ao Tejo durante a "invenção" da Lisnave, também me faz alguma confusão...
Pelo que conheço do projecto, em princípio, será um lugar de luxo e de sonho, acessível apenas à classe média alta. Isso faz com que não acredite que existam tantos "candidatos" a virem viver para a nova "Margem Sul". Quanto muito, poderão ser deslocalizados (por opção própria) do próprio concelho, perante a miragem da tal Cidade Nova...
Mas até nascer a nova "Cidade da Água" na Margueira - baptizada de Almada Nascente -, muita água vai correr pelo Tejo até ao Oceano...

sexta-feira, outubro 27, 2006

Romeu Correia Recordado nas Caldas


O cinquentenário da fundação do Conjunto Cénico Caldense foi motivo para uma série de actividades culturais, com o objectivo de recordar alguns dos melhores momentos desta colectividade artística. Uma dessas actividades foi uma exposição bio-bibliográfica, no histórico e renovado Café Central das Caldas da Rainha.
Nesta exposição encontrei uma pequena pérola: uma das vitrines prestava homenagem a Romeu Correia, o nosso grande escritor e dramaturgo de Cacilhas, com recortes da peça, o programa e também o livro “O Vagabundo das Mãos de Ouro”.
A peça foi representada nas Caldas da Rainha pelo CCC em 1968 (tinha apenas quatro anos...) e disseram-me que foi um sucesso na época...
Os anos sessenta foram os anos de ouro de Romeu como dramaturgo. As suas peças estiveram em cena um pouco por todo o lado, com dezenas de encenações, quer por grupos amadores quer por companhias profissionais. Houve inclusive, várias peças suas transmitidas na Televisão.
Nas muitas conversas que travámos, Romeu confidenciou-me, mais que uma vez, que uma das suas mágoas foi ter sido muito mais vezes representado no tempo da ditadura (com os olhos bem atentos dos censores), que em plena democracia.
Agradeço desde já a amabilidade de Natacha Narciso e da "Gazeta das Caldas", que me cederam a imagem que ilustra este "post".

quinta-feira, outubro 26, 2006

As Vedetas


Acabei esta noite da melhor maneira, assistindo a um excelente espectáculo teatral representado pelo Cénico da Incrível Almadense, nas comemorações dos 158 anos da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense.
A peça “As Vedetas” alimenta-se de um diálogo, vivo e delicioso, entre duas mulheres-actrizes com posturas diferentes, na vida e nos palcos.
O texto foi escrito por Lucien Lambert, encenado por Eugénia Conceição e interpretado por Andreia Freire (Sylvie) e Sónia Martins (Simone), de forma brilhante.
Quem assistiu a este espectáculo ficou com a sensação de ter descoberto duas excelentes actrizes - apesar de amadoras -, com capacidade e talento para agarrarem o público durante aproximadamente uma hora, sem oscilações.
As largas dezenas de pessoas que se deslocaram ao Salão de Festas da Incrível, devem ter ficado felizes por verem que algumas pessoas são capazes de fazer coisas óptimas, com um Papel, como foi o caso da Andreia e da Sónia...
Parabéns à Geninha, a encenadora e responsável pelo Cénico da Incrível Almadense, um grupo cheio de gente com arte e talento.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Cais de Cacilhas


«[...] Enquanto esperava, calmamente, pelo cacilheiro, ficou com a sensação que aquele largo que, fora nos anos oitenta o maior centro de circulação de pessoas e transportes da Europa, estava cada vez mais calmo. Tudo graças ao comboio da ponte...
Uns metros mais à frente descobriu uma cara conhecida, Pedro Sempre, outro herói das suas crónicas mundanas.
Pedro era um velho contador de histórias que passava parte dos seus dias fundeado num banco de madeira, assistindo ao cair da tarde rente ao seu Tejo.
Quem quisesse ouvir qualquer aventura do mundo só precisava de se sentar e escutar com atenção, a sua voz pausada, o melhor bilhete para uma mão cheia de viagens, extraordinárias, pelo Ocidente e Oriente. [...]
À medida que falava, o velho fazia festas ao Banzé, o seu companheiro de sempre, um cão escanzelado que lhe aquecia os pés e a alma, escondendo com o seu pelo deslavado, os buracos dos sapatos gastos, com ar de quem já dera mais que uma volta ao mundo [...]»
Algumas palavras do conto "Sonhos Cor de Água", do livro "Um Café com Sabor Diferente", da autoria de Luís Alves Milheiro, ilustradas com uma aguarela do livro "Carta de Lisboa", de Eric Sarner e Miguelanxo Prado.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Dia Internacional das Bibliotecas Escolares


Hoje comemorou-se o Dia Internacional das Bibliotecas Escolares.
Esta comemoração lembrou-me de imediato um projecto literário que tinha delineado para as escolas do meu concelho e que, infelizmente, acabou a marcar passo logo no começo, graças à falta de interesse e apoio da Escola Cacilhas – Tejo, candidata a sede da primeira edição.
Estou a falar do “Prémio Literário Romeu Correia” subordinado à nossa História Local e destinado aos alunos do secundário.
Além de termos como grande objectivo um melhor conhecimento dos alunos sobre a história da terra onde vivem e estudam, tínhamos também em atenção a distribuição de livros sobre Almada pelas Bibliotecas Escolares do Concelho, com o apoio das Autarquias Locais (praticamente inexistentes porque não existe uma boa política de distribuição e colaboração entre a Biblioteca Municipal e as suas congéneres escolares...)
Embora saiba que há escolas e escolas, professores e professores, fiquei extremamente desiludido com este virar de costas do “Mundo Escolar” ao “Mundo Associativo”...
O que me anima é verificar, através da “blogosfera”, que existem escolas e professores que não deixam passar em branco estas datas festivas.

domingo, outubro 22, 2006

Almada Forum de Costas Voltadas para o Desporto Almadense


Uma notícia publicada no "Record" de ontem, em que assinalava a assinatura de um contrato de patrocínio assinado entre o Centro Comercial "Almada Forum" e o Benfica, deixou-me no mínimo chocado. E eu até sou benfiquista...
Deixou-me chocado por estar a par das dificuldades económicas pela qual passam algumas das principais colectividades desportivas do Concelho, como particular destaque para o Ginásio Clube do Sul e o Almada Atlético Clube, que têm batido a várias portas à procura de apoios e os resultados têm sido quase nulos.
Embora os responsáveis pelo "Almada Forum" possam e devam fazer contratos com quem quiserem, não se deviam esquecer que vieram explorar comercialmente a Margem Sul, e como tal, seria boa ideia apoiarem também o desporto deste lado, sem terem de apanhar boleia do nome "Benfica"...
Concerteza que o Ginásio Clube do Sul - a principal colectividade de Cacilhas, fundada a 17 de Maio de 1920 -, o Almada Atlético Clube e os outros clubes desportivos do concelho agradeciam.
Este texto está ilustrado pela capa do livro "Ginásio Clube do Sul - 75 Anos de Glória", da autoria dos meus queridos amigos Fernando Barão e Henrique Mota (este último infelizmente já não está entre nós), ginasistas de alma e coração e dois grandes nomes do associativismo, desporto e cultura almadense.

sexta-feira, outubro 20, 2006

O Velho Comandante


Hoje vou falar do Velho Comandante dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas, que além da sua passagem de mais de meio século pela Corporação Humanitária ribeirinha, deixou-nos um legado extremamente importante: duas obras literárias muito ricas para quem se debruça sobre a História Local Almadense.
Não tive o prazer de conhecer Eduardo Alves pessoalmente. O nosso primeiro contacto aconteceu ocasionalmente, quando vim viver para Cacilhas, já que a rua que tem o seu topónimo fica nas traseiras da minha casa, onde ainda consigo vislumbrar o Tejo, apesar da vista se ter reduzido, com a construção dos últimos anos.
O meu envolvimento associativo fez com que conhecesse a sua filha, Idalina Alves Rebelo, uma excelente poetisa e pintora da nossa terra.
Há mais de um ano a Junta de Freguesia de Cacilhas lançou o desafio aos escritores da SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada, para que escrevessem a sua biografia.
A ideia não floresceu de imediato, porque havia apenas um escritor (Alberto Afonso) que mostrou interesse em realizar este trabalho, embora não se sentisse à vontade para escrever a obra sozinho. A sua falta de experiência fez com que me pedisse para que fosse co-autor do livro. Acabei por aceder à sua vontade.
Em boa hora o fiz, já que fiquei a conhecer um grande cacilhense, que embora não seja uma figura consensual (mais por desconhecimento da sua obra, que por outra coisa), realizou um trabalho notável como Mestre dos Estaleiros da Parry& Son, como Comandante dos Bombeiros de Cacilhas e sobretudo como Historiador.
Como estudioso da História Local do Concelho, tenho de referir novamente os seus dois livros: "Almada Terra Nossa" e "Cacilhas dos Tempos Idos". Tão diferentes e tão iguais, especialmente no amor e no rigor devotado às suas duas terras.
A propósito, devo dizer que a biografia "Eduardo Alves, Vida e Obra de um Bombeiro Exemplar", será lançada no dia 21 de Outubro, às 16.00 horas, no Auditório do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas e a apresentação da obra será feita pelo arqueólogo e historiador almadense, Luís Barros.

terça-feira, outubro 17, 2006

Um País Cheio de Filmes da Treta...


Como devem calcular, o Tony e o Zézé, não são os actores do filme do qual vos vou falar...
Os actores principais do outro "Filme da Treta", são os ministros da Educação e da Saúde, que apesar das contestações, um pouco por todo o lado, lá vão usando e abusando da sua qualidade de governantes, para continuarem a atirarem-nos "pazadas de areia para os olhos".
A última invenção do ministro da saúde foi o pagamento de uma diária de internamento nos hospitais públicos. Não sei o que virá a seguir...
Conseguiu alterar os sistemas de assistência da saúde na função pública, nivelando-os por baixo, como é óbvio; reduziu as comparticipações dos medicamentos, com o argumento falacioso de que íamos pagar menos, uma mentira, como todos nós sabemos; fechou maternidades e urgências nos hospitais, sem se preocupar com os habitantes das respectivas localidades; limitou horários e encerrou Centros de Saúde de uma forma discutível.
Apesar do seu discurso, estas medidas só tiveram em atenção o dinheiro, os gastos e os custos da saúde, nunca o bem estar e os direitos dos contribuintes (sim, direitos, apesar das tentativas governativas, o Direito à Saúde continua inscrito na nossa Constituição e todos os trabalhadores efectuam descontos para os vários sistemas de assistência à doença).
Na educação, a confusão não é menor: encerraram-se escolas de norte a sul, umas com razão de ser, outras nem por isso. O pior, é que só daqui a alguns anos, é que iremos saber, até que ponto, estes encerramentos contribuiram para o abandono e insucesso escolar...
O novo estatuto de carreira e a avaliação do desempenho dos professores - que tanta confusão tem gerado de norte a sul, com várias manifestações e jornadas de greve (como a de hoje e amanhã) - também está mais associado a razões economicistas que aos argumentos reformadores apresentados pela ministra.
Depois destas cenas, acho que o melhor é vermos o verdadeiro "Filme da Treta". De certeza que o Zézé e o Tony têm mais graça que os ministros da saúde e da educação...

domingo, outubro 15, 2006

O Ginjal na Literatura - VI


"Cacilhas - Memórias Soltas", da autoria de Fernando Barão é um excelente repositório da vida em Cacilhas na primeira metade do século vinte.
Neste livro o autor fala sobretudo das pessoas que foi conhecendo e que o marcaram, especialmente na juventude. Apetece-me acrescentar, que é um hino ao cidadão comum, inserido no contexto associativo.
Naturalmente o Ginjal surge em vários capítulos, pela sua importância sociocultural no Lugar de Cacilhas, mas também com alguma graça, como a "história teatral" em que Fernando Barão cantou o faduncho do Ginjal, da sua autoria...
Aproveito esta oportunidade para homenagear este extraordinário cacilhense, que, apesar da sua provecta idade, continua a ser uma das grandes referências culturais de Almada, com uma acção preponderante no Associativismo e na Literatura Local.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Os Sobreviventes


Quase ao lado do antigo restaurante "Gonçalves", encontra-se em funcionamento a última empresa metalomecânica naval do Ginjal.
Se espreitarmos para o seu interior ainda encontramos meia dúzia de operários especializados, de fato de macaco, que vão fazendo pequenas reparações e construindo cópias de peças, encomendadas pelos donos de embarcações de vários tamanhos.
Não sei até quando, estes homens irão resistir e merecer o título de últimos "sobreviventes", de uma indústria que cresceu e floresceu no Ginjal, desde a segunda metade do século XIX até ao final dos anos sessenta do século XX...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Novos Caminhos Para o Ginjal


Durante o fim de semana descobri na Região do Oeste alguns caminhos óptimos para se fazerem caminhadas e circular de bicicleta, sem se perder de vista o mar.
Sei que não descobri nada de novo porque, por exemplo, os Concelhos de Cascais, Vila Nova de Gaia ou Espinho, possuem infra-estruturas de qualidade, para que os seus concidadãos possam passear em contacto com a natureza, sem perder de vista o Oceano.
Mesmo a nossa Costa de Caparica, apesar de ter sido esquecida durante décadas pelos vários poderes e ter crescido de uma forma desordenada, continua a ter no seu velho paredão, um dos pontos de encontro mais agradáveis do concelho, para todos aqueles que gostam de respirar o ar salgado, permitindo caminhar à beira-mar, embora com as limitações que todos conhecemos.
A grande novidade foi descobrir que alguns autarcas perceberam, finalmente, a importância de se construírem espaços de passeio e lazer, para que os seus concidadãos possam usufruir da natureza com toda a plenitude, sem a presença de veículos poluentes por perto.
Ao descobrir estas novas vias, pensei imediatamente no Ginjal, nas suas enormes potencialidades sem qualquer aproveitamento. Até fui ao encontro de uma ideia que tem pouco de original, divulgada na segunda metade do século XIX: a ligação de Cacilhas à Costa de Caparica, sem se perder de vista o Tejo e o Atlântico.
Um projecto destes poderia ser uma das soluções para o rejuvenescimento de lugares como o Ginjal, Porto Brandão e Trafaria, numa aposta clara num novo género de turismo, tendo a natureza como principal polo de atracção.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Fraude Eleitoral na Costa de Caparica


«A cidade da Costa de Caparica, durante as eleições autárquicas de 9 de Outubro, foi protagonista de um caso de fraude eleitoral. O incidente teve lugar na mesa de voto número dez da freguesia, onde os seus membros viciaram os resultados apurados, com a colocação de 56 boletins de voto de várias forças políticas, junto dos do PSD.
Esta descoberta só foi possível porque não existia qualquer acta assinada nesta mesa de voto, e segundo a Lei Eleitoral é obrigatória a realização de uma acta após o acto eleitoral, redigida pelo secretário da mesa, onde são registadas todas as operações realizadas desde a abertura até ao fecho da mesa de voto. A sua não existência anula os resultados obtidos e obriga a que se proceda a uma nova contagem votos.
No acto da recontagem verificou-se, que no somatório dos votos atribuídos ao PSD, constavam 56 das forças de oposição, colocados indevidamente por alguém da mesa, que procurou beneficiar os sociais democratas.
Perante este acontecimento grave o BE fez um requerimento de protesto, para que fosse feita uma recontagem dos votos para a Assembleia de Freguesia de Costa de Caparica, em todas as mesas da Costa. A CDU, tal como já fizera anteriormente, na Trafaria, recusou o protesto da força política de esquerda, com o argumento de não querer abrir precedentes.
O Bloco de Esquerda como tinha ficado a apenas 22 votos de eleger um representante, e tinha 15 votos misturados com os 56 sonegados, viu diminuir para apenas 8, os votos necessários para esta eleição. O seu protesto baseava-se neste e noutros casos que tinham levantado a suspeição na Costa, como o desaparecimento da acta da mesa número nove, que só apareceu três dias depois das eleições.
Intransigente na clarificação dos resultados eleitorais, o BE pondera consultar juristas para tomar uma decisão em relação ao envio, ou não, de um recurso para o Tribunal Constitucional.
O juiz responsável pelo acto eleitoral no concelho, como não podia deixar de ser, fez uma queixa crime contra os elementos da mesa, envolvidos nesta fraude.»

Nota: Em nome da verdade e pelo respeito que me merecem as pessoas de bem que visitam o "Casario do Ginjal", achei que devia publicar aqui a notícia que saiu no "Jornal de Almada" no dia 21 de Outubro de 2005, assinada por Luís Milheiro, para que tirem as suas próprias ilacções, em relação ao que por aqui tem sido comentado.
Não insulto ninguém e se atinjo a honra de algumas pessoas, só podem ser as envolvidas na fraude. Esta notícia também foi divulgada na imprensa diária e no semanário almadense "Notícias de Almada", após as eleições autarquicas. Não se trata de nenhuma invenção como algumas pessoas pretendem fazer crer.

sábado, outubro 07, 2006

Fernando Lopes-Graça em Almada


Os meses de Outubro Novembro e Dezembro foram escolhidos para homenagear Fernando Lopes Graça (17/12/1906 – 27/11/1994), um pouco por todo o lado, no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.
Almada não é excepção, e faz muito bem, pois Lopes Graça está fortemente ligado ao Concelho pela sua importante acção pedagógica nas principais colectividades populares de Almada.
É por isso que é uma honra para todos os almadenses, que o Auditório do “Fórum Romeu Correia”, tenha sido baptizado com o seu nome.
Lopes Graça foi um dos maiores nomes da nossa música do século XX, como intérprete, compositor e autor. Embora fosse um predestinado para o ensino, foi proibido de ensinar no ensino público, por nunca ter escondido as suas preferências políticas. Mas não desistiu da sua vocação de ensinar e criar, deixando um grande legado do tempo em que esteve à frente da Academia de Amadores de Música e também da sua passagem um pouco por todo o país, onde ajudou a organizar centenas de coros de amadores de música, ao mesmo tempo que ia escrevendo canções memoráveis, como as suas “Canções Heróicas”, que contaram com a colaboração de vários poetas como José Gomes Ferreira, Carlos Oliveira, entre outros.
Estas canções de paz e de liberdade estiveram proibidas até Abril de 1974...
Acreditamos tal como ele que:

(...)
Não há machado que corte
A raiz ao pensamento

Não há morte para o vento
Não há morte.
(...)

quinta-feira, outubro 05, 2006

Viva a República!


Hoje comemora-se mais um aniversário da Implantação da República no nosso país, pelo que é sempre agradável evocar José Elias Garcia (1830 - 1891), um Cacilhense que foi uma das principais figuras do Partido Republicano nas décadas de setenta e oitenta do século XIX. Jornalista, político e militar, o seu exemplo democrático foi uma das fontes inspiradoras dos revolucionários, que derrubaram a monarquia a 5 de Outubro de 1910.
Há ainda outro aspecto curioso que liga a nossa cidade à Revolução Republicana: no dia 4 de Outubro foi hasteada nos Paços do Concelho, a bandeira do Centro Republicano Elias Garcia, ou seja, Almada resolveu antecipar-se um dia em relação ao resto do país, na vitória republicana.
Tudo bons motivos para gritarmos: Viva a República!

quarta-feira, outubro 04, 2006

O Poder Local Ilusório - Parte Dois


Quando começamos a escrever ao sabor da pena, por vezes perdemos a objectividade. Foi o que aconteceu no meu último "post", em que usei demasiadas generalidades, sem falar em nomes.
Não tenho qualquer problema em falar dos Municípios mais individados, até por serem do conhecimento geral. De certeza que não me estava a referir a Almada, que pelo que sei goza de uma saúde financeira razoável, pelo menos para os tempos que correm. Estava a falar sim de cidades como Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra, Aveiro, Faro, Leiria, Santarém, Braga, entre outros concelhos mais modestos, com menos proventos e por isso mesmo, dificuldades acrescidas, graças a gestões autárquicas, que se podem e devem, considerar danosas.
Continuo a dizer, alto e a bom som, que na maior parte das Autarquias, a grande preocupação dos governantes tem sido o seu enriquecimento pessoal e não a melhoria da qualidade de vida dos seus concidadãos.
Quantas cidades cresceram de uma forma equilibrada no nosso país nos últimos trinta anos? Acredito que possam existir algumas, mas devem contar-se pelos dedos de uma mão...
Nem mesmo as cidades comunistas conseguiram resistir ao canto da sereia do "capitalismo" (como tem sido o caso de Almada...), com a construção desenfreada por tudo o que são espaços livres e com a implantação de grandes superfícies comerciais, que se assumem, cada vez mais, como "a morte anunciada" do chamado comércio local.
É importante referir que as grandes vitimas deste "desgoverno local" têm sido as pequenas autarquias, ou seja as Juntas de Freguesia. Além de receberem sempre uma "fatia do bolo" insignificante, ainda são obrigadas a participar em jogos partidários, viciados logo à partida, por possuirem uma cor política diferente da sede dos Concelhos a que pertencem.
Em relação à última parte do texto, é sabido que vamos ser nós, contribuintes locais, a pagar esta e outras crises.
Quem tiver dúvidas, só tem de esperar meia dúzia de meses...

segunda-feira, outubro 02, 2006

O Poder Local Ilusório


Já todos percebemos que a frase feita, «O Poder Local foi a maior conquista de Abril», dita com orgulho pela generalidade dos presidentes de Câmara do nosso país, não passa disso mesmo.
Vou mesmo mais longe, trinta anos depois, podemos dizer (salvo raras excepções), que os autarcas têm sido os grandes "carrascos" desta grande conquista de Abril.
Na maior parte das Autarquias a grande preocupação dos governantes locais tem sido o enriquecimento pessoal, através da criação de redes de interesses económicos e partidários, que se têm transformado numa espécie de "polvo", cujos tentáculos conseguem chegar a todo o lado. São essas mesmas redes que têm ajudado estes senhores a perpetuarem-se no poder, com a agravante de se tornarem, ano após ano, cada vez mais autoritários, centralistas, despesistas... e sobretudo, autistas.
O resultado está à vista: ninguém sabe onde começa e acaba a corrupção nas Câmaras, com dezenas de casos graves de iregularidades e ilicitudes, de Norte a Sul. Quando olhamos para os lugares onde vivemos, descobrimos que a construção desenfreada transformou-os em lugares feios e desiquilibrados, com uma vitória clara do cimento (os autarcas querem é receitas, seja das licenças de construção, da contribuição autárquica, do saneamento ou da distribuição das águas) em relação ao verde, castanho e azul.
Mesmo assim, a maior parte das Autarquias encontram-se endividada, algumas próximas da falência técnica.
É por isso que o Estado quer por um travão a este "despesismo", para não lhe chamar outra coisa.
O sr. Ruas, da Associação de Municípios e companheiros, insatisfeitos com a aparente retirada de "uma teta da vaca", fazem ameaças veladas ao Governo, falando no desinvestimento local nas escolas, centros de saúde, policiamento, bombeiros.
Este senhor vai estar hoje com o Presidente da República.
Claro que o Palácio de Belém não é o Vaticano, das suas chaminés não sai fumo branco ou de outra cor qualquer.
Os senhores autarcas vão ter mesmo de se habituar a viver com menos dinheiro...
O que me preocupa, é que mais uma vez, vamos ser nós a ter de pagar a crise.
É só esperarmos algum tempo, para ver até onde vai chegar a habilidade destes senhores (e senhoras claro...), para nos sacarem mais uns cobres, aqui e ali...