quinta-feira, julho 18, 2024

A Visita ao Castelo de Almada...


Gostei de passar hoje pelo Castelo de Almada e de ver as escavações arqueológicas levadas a cabo pelo Município e pela Universidade Nova, e claro, as vistas, sempre deslumbrantes deste lugar altaneiro (como acontece com todos os castelos).

Gostei desta iniciativa da Autarquia, de mostrar o que se está a fazer, a todos os interessados, por estas coisas da história.

E espero que esta equipa de trabalho consiga descobrir alguns vestígios, pelo menos da ocupação muçulmana, desta nossa Margem Sul, embora de certeza que também os romanos, tenham estado num lugar tão importante, em termos estratégicos, pela visão que nos oferece do Tejo, de Lisboa e até do Oceano.


Felizmente nem tudo é mau no Município de Almada. O desleixo das ruas (é geral, se excluirmos o eixo principal...) tem sido disfarçado por iniciativas como esta e outras das Culturas (tenho ficado feliz por alguns amigos continuarem a ter ideias e a conseguirem colocar algumas em prática, pelo menos nos Museus e Bibliotecas, lutando contra o desinteresse crescente das pessoas por coisas que nos elevam como seres humanos e contra a burocracia institucional...).

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


terça-feira, julho 16, 2024

Fernão Mendes Pinto: cada vez mais respeitado e "menos mentiroso"


Um dos livros que levei para ler nas férias foi "Na Senda de Fernão Mendes Pinto", de Joaquim Magalhães de Castro.

O autor não só desmonta muitas das falsidades que se foram escrevendo sobre este grande aventureiro, que felizmente se tornou escritor de viagens, quando estes ainda não existiam, como prova a passagem desta figura histórica pela China, Japão e muitos outros orientes. É importante recordar que Fernão viveu os últimos anos da sua vida no Pragal, em Almada, onde escreveu a "Peregrinação".

Neste caso particular, o tempo tem sido amigo do escritor português, pois, ano após ano, o seu registo histórico vai-se valorizando, pela quantidade de informação - cada vez mais respeitada e enaltecida - que nos ofereceu e também pela forma como conta as suas peculiares epopeias, positivas e negativas. Ou seja, afinal não é o "mentiroso" que muitos pensavam e difundiam.

Publico esta fotografia especial, de um amigo que já não está por cá, porque neste ano de 2024, se comemora o centenário do seu nascimento: o também almadense Fernando Barão. Fotografia tirada numa tertúlia histórica de Almada ("As Tertúlias do Dragão", organizadas pela SCALA no Café Dragão Vermelho...), com o Fernando a encarnar com graça e história, o extraordinário Fernão Mendes Pinto.

Nota: texto publicado inicialmente no "Largo da Memória".

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, julho 02, 2024

"Santos da terra não fazem milagres..."


É costume dizer-se que "santos da terra não fazem milagres", quando sentimos que não se dá o devido valor a alguém, que nasceu ou cresceu em determinado lugar.

Sempre senti isso em relação a Almada e a Manuel Cargaleiro. O melhor exemplo é o facto de não existir qualquer espaço museológico dedicado à sua obra, extensa e variada, tal como acontece em Castelo Branco (que belo museu...) ou no Seixal. E foi aqui que ele sempre viveu (se não contarmos com Paris e Lisboa nos últimos anos...).

O facto de ele sempre ter usado a sua Arte como o seu principal interesse e a única política, onde era realmente hábil, explica algumas coisas. Também não lhe devem ter perdoado o facto de ter sido vogal (nesse tempo não existiam vereadores...) da Câmara Municipal de Almada nos anos 1950, com o pelouro da Cultura, ou seja, no tempo do "outro senhor".

Tive o grato prazer de o conhecer e de viajar pelo seu mundo artístico, quando ainda não existiam estes museus e a sua "Quinta da Silveira de Baixo" tinha uma autêntica "caixa-forte" onde guardava parte da sua obra e as suas colecções particulares, especialmente a de cerâmica, que devia ser das mais importantes do mundo (até tinha peças de barro da autoria de Picasso...). É importante referir que a maior parte do dinheiro que o Mestre Manuel Cargaleiro ganhou com a sua pintura, foi investido em arte, de outros artistas...

Ainda tenho bem presente a visita guiada que fiz à Quinta da Silveira, com o Mestre Cargaleiro a mostrar-me com orgulho, as suas várias colecções (tinha obras de cerâmica do mundo inteiro) de arte, ao mesmo tempo que me ia contando uma ou outra história mais curiosa, sobre algumas peças.


É comum dizer-se que ficamos todos mais pobres quando desaparece algum dos nossos melhores. Almada ainda fica mais pobre, porque não soube aproveitar a arte de um artista tão singular e de renome mundial, como foi Manuel Cargaleiro.

Felizmente temos o seu mural publico, em azulejo, no Jardim Alberto de Araújo...

(Fotografias de Luís Eme - Sobreda e Almada)