Nasceu como um espaço de opinião, informação e divulgação de tudo aquilo que vivia ou sobrevivia nas proximidades do Ginjal e do Tejo, mas foi alargando os horizontes...
sábado, setembro 30, 2006
Almada a Terra e as Gentes
quarta-feira, setembro 27, 2006
Um Jornal de Cacilhas
Texto de José do Carmo Francisco
domingo, setembro 24, 2006
As Burricadas de Cacilhas
sábado, setembro 23, 2006
As Matinés Dançantes do Ginjal
sexta-feira, setembro 22, 2006
A Semana da Hipocrisia
Embora não tenha a certeza, penso que o Município de Almada é um dos pioneiros desta iniciativa, à qual tem aderido sempre.
Embora seja de louvar a participação do Concelho na Semana Europeia da Mobilidade, é uma pena, que em sete anos, não exista qualquer indicador de mudança no trânsito e no próprio ordenamento de Almada. Os carros continuam a encher a cidade e a ocupar os passeios, dificultando a passagem dos peões e dos deficientes que se fazem transportar de cadeiras de rodas, obrigando-os a circular nas estradas, porque é a única maneira de contornar os obstáculos de quatro rodas. As tão badaladas ciclovias contam-se pelos dedos e existem em lugares afastados da cidade. o Metro continua em “banho-maria” e a ser uma incógnita, pelo menos no centro da cidade. Os transportes públicos não melhoraram nada, em alguns casos a oferta até piorou...
Ou seja, esta comemoração não passa de mais uma “Semana de Hipocrisia”, onde o trabalho realizado pelas Autarquias não passa de uma brincadeira, sem qualquer efeito prático. É uma pena...
É a Política à Portuguesa, no seu melhor.
terça-feira, setembro 19, 2006
A Praia da Margueira
No livro «Ao fim da memória» de Fernanda de Castro (Edição Círculo de Leitores) há uma curiosa referência à praia da Margueira. Assim: «Também me lembro da casa da minha bisavó, em Cacilhas, isto é, lembro-me de uma casa onde havia sempre muita gente, onde não me obrigavam a beber café com leite, onde ninguém me ralhava nem me punha de castigo. O resto, os pormenores, o tempo se encarregou de mos revelar; á medida que íamos crescendo, os meus irmãos e eu. Era uma casa pombalina, cor-de-rosa. Nem pequena nem enorme, tinha janelas de sacada com grades pintadas de verde e muitos vasos de sardinheiras nas varandas. A casa de jantar e a sala, ambas muito grandes, tinham pinturas a fresco nas paredes, cenas de caça na primeira, anjinhos, instrumentos musicais e grinaldas de flores na segunda. Os quartos, excepto o da minha bisavó e o da tia Emiliana, eram alcovas com portas de vidrinhos que davam para a sala e para a casa de jantar. O sótão, enorme, tinha um delicioso cheiro a pó e a bafio. Por uma grande escada de pedra chegávamos aos aposentos da tia Emiliana que se compunham de sala, quarto de dormir, quarto de vestir e lavagens. O quarto de dormir tinha uma janela que dava para o Tejo, podendo ver, quando estava deitada, o vaivém das fragatas no rio. No pátio lajeado da cozinha havia outra escada de pedra toda enredada numa trepadeira que dava umas flores esverdeadas chamadas «martírios».
A quinta que me parecia muito grande era, na realidade, pequena e bastante mal tratada por falta de água e por já não haver, nessa altura, hortelão nem jardineiro. Ainda assim tinha algumas árvores de fruto, pereiras e macieiras, alguns pés de uva moscatel, uma enorme amoreira e duas figueiras que davam uns figos pequenos mas muito doces. E havia ainda o mirante, a praia da Margueira e o poço onde – dizia a cozinheira Guilhermina – viviam lagartos e lacraus.
(texto de José do Carmo Franciscoe óleo de Alfredo Keil)
segunda-feira, setembro 18, 2006
O Ginjal na Literatura V
"Memórias do Ginjal" acaba por ser o aspecto mais visivel do projecto "Ginjalma", desenvolvido desde 1994 pelo Centro de Arqueologia de Almada, com o objectivo de caracterizar o espaço do Cais de Ginjal, em Cacilhas, nos campos histórico, antropológico e social."Memórias do Ginjal"
Esta obra editada em 2000 pelo Centro de Arqueologia de Almada e coordenada por Elizabete Gonçalves é bastante importante para o Concelho, uma vez que retrata muito bem toda aquela zona ribeirinha, graças ao testemunho de vários cacilhenses com ligações afectivas e profissionais ao Ginjal.
Podemos ainda acrescentar, que este livro está estruturado de uma forma bastante apelativa e é uma mais valia para o Património Local.
sábado, setembro 16, 2006
A Luminosidade do Ginjal
quarta-feira, setembro 13, 2006
Uma Cidade em Trespasse
segunda-feira, setembro 11, 2006
Cinco Anos Depois...
Cinco anos pode ser uma eternidade,
Ou ser apenas o dia seguinte...
Nova Iorque não voltou a ser igual,
As pessoas perderam tantas coisas...
Até a liberdade de serem quem eram.
O simples gesto, de um aceno ou sorriso,
Foi suprimido pela ditadura da segurança,
Assim como qualquer palavra circunstancial
Trocada na rua, com estranhos.
Cinco anos pode ser uma eternidade
Ou ser apenas o dia seguinte...
Podemos banalizar o que aconteceu
Fingir que as Torres Gémeas desapareceram,
Num truque qualquer de magia,
Podemos dizer que a vida continua,
Que o que já lá vai, lá vai...
Cinco anos pode ser uma eternidade
Ou ser apenas o dia seguinte...
Mas os rostos daqueles que partiram,
Sem marcar qualquer viagem,
Permanecem vivos no coração de Nova Iorque.
Sim, coração, de Nova Iorque!
O coração de qualquer cidade
São sempre os seus habitantes.
(foto de Fina e palavras de Luís MIlheiro)
sexta-feira, setembro 08, 2006
A Revolta dos Marinheiros
Há setenta anos o nosso Tejo foi palco da célebre “Revolta dos Marinheiros”, que colocou as duas margens do rio em polvorosa, pelos muitos tiros disparados e pela agitação nas águas, provocada pela fuga dos militares revoltosos. Na imagem podem ver o estado em que ficou um dos navios ocupados.
Embora o texto que se segue, seja um pouco extenso, achei que era importante saberem o que realmente aconteceu...
«A Revolta dos Marinheiros, de 8 de Setembro de 1936, foi uma das primeiras grandes agitações sociais promovidas com o apoio directo do Partido Comunista Português, através da ORA (Organização Revolucionária da Armada), a sua célula no interior da Marinha de Guerra Portuguesa, que começara a ter alguma força junto dos marinheiros, ao ponto de assustar os comandos da nossa Armada.
Esta revolta teve algumas singularidades, a maior das quais, ter sido desencadeada apenas por marinheiros e grumetes, com idades entre os dezoito e os vinte e dois anos.
As comemorações do décimo aniversário da revolução do 28 de Maio de 1926, que tiveram o ponto alto na Praça do Comércio que se encheu de gente, fruto da presença de uma grande massa de representantes dos sindicatos e trabalhadores obrigados a comparecer, transportados em camionetas fretadas pelos patrões, com a ameaça de desemprego para todos aqueles que se recusassem a participar na festa, marcariam o início da revolta.
As intimidações aos operários para engrandecerem a festa do Estado Novo também chegaram ao navio que prestava honras militares às altas individualidades do poder. A sua guarnição recebera ordens superiores para levantar os braços em frente do Cais das Colunas e soltar urras de aclamação. Mas os marinheiros fizeram ouvidos de mercador e quando passaram junto ao cais não fizeram qualquer gesto, permanecendo apenas em sentido. Essa atitude louvável fez com que o comando, e até a própria PIDE, começassem a ter alguns marinheiros debaixo de olho.
Com o começo da Guerra Civil Espanhola, o NRP Afonso de Alburquerque partiu para o país vizinho, com a missão de escalar alguns portos a sul e recolher os portugueses radicados nessas paragens que quisessem regressar a Portugal.
Quando o navio chegou a um porto ocupado pelas forças governamentais, foram dadas ordens superiores, proibindo toda a guarnição de sair para terra.
Os problemas surgiriam, dias depois, quando atracaram noutro porto, sob o domínio das tropas de Franco e foram concedidas licenças.
As praças recusaram-se a sair, como protesto pela dualidade de critérios do comando, provocando mau estar a bordo. O comandante do navio ao constatar que parte da sua guarnição simpatizava com o governo da Frente Popular Espanhola, eleito democraticamente pelo povo, fez a respectiva denúncia ao poder central.
A denúncia foi tal que mal o navio entrou no Tejo, já a PIDE estava plantada no cais, à espera dos prevaricadores. Quase toda a guarnição sofreu penas disciplinares, embora a fatia maior coubesse a 17 dos marinheiros envolvidos, que foram imediatamente expulsos da Marinha, sem direito a qualquer defesa.
A atitude injusta e prepotente da chefia da marinha semeou no seio da classe de praças um ambiente de indignação e de revolta que os levou a planearem uma acção de luta armada, que ficaria conhecida para a história como a “Revolta de Setembro”.
O grande objectivo era ocupar os três navios fundeados no Tejo e sair à barra, fora do alcance das peças de artilharia, ameaçando disparar contra a Assembleia da República, exigindo a libertação dos camaradas que ainda se encontravam presos.
A revolta acabou por ser reprimida sem dó nem piedade pelas forças afectas ao Estado, a que nem a aviação faltou.
O plano de sabotagem abortou devido à traição de alguns elementos que fingiram estar ao lado dos revoltosos.
Nessa noite de 8 de Setembro de 1936, em que estiveram envolvidas 200 praças, resultaram: 5 marinheiros mortos nos confrontos; 92 julgados em tribunal militar; 82 condenados a penas entre os 2 e os 16 anos de prisão; 34 dos quais foram inaugurar o Campo do Tarrafal (5 pereceram aos maus tratos e ao clima agreste da Ilha de Santiago).
O governo levantou logo o boato de que os marinheiros eram uns traidores que queriam entregar os navios à vizinha Espanha.
A ditadura tremeu com este acto de coragem. A prova foi a repressão que se seguiu no interior da Armada portuguesa.
Como os fascistas não se poupavam a meios para se manterem no poder, escolheram os marinheiros mais incómodos para estrearem o presidio do Tarrafal que ficou conhecido internacionalmente como o “Campo da Morte Lenta”.»
quarta-feira, setembro 06, 2006
Os Telhados do Ginjal
Quem olhar os Telhados do Ginjal (que talvez sejam de vidro para quem tem passado a vida a atirar pedras aos do vizinho...), pensa várias coisas: quanta incúria; quanto abandono; quanta miséria; e por aí fora...