quarta-feira, outubro 17, 2007

O Voo de Um País Aparentemente Democrático

Cheguei a casa, liguei a televisão e encontrei o bom do Sócrates a discursar, com o mesmo estilo demagógico, com que prometeu 150 mil empregos, que continuam sem aparecer...
Minutos antes tinha estado numa reunião de trabalho, onde - para variar -, se comentou a situação actual de Almada...
Desliguei a televisão e coloquei uma música, cansado da política e dos nossos políticos...
O Jorge Palma disse-me, entre outras coisas:
Agora já não vejo o sol/ nem o seu reflexo lunar/ levo as asas nos bolsos/ e o coração a planar/ neste voo nocturno/ não sei onde vou aterrar
Jorge Palma não me fez esquecer a realidade. O facto de vivermos há mais de três décadas num regime aparentemente democrático, onde quem detém o poder decide apenas o que mais lhe convém, e nunca, o que é melhor para todos nós.
É impossivel passar ao lado de coisas como os "Fóruns de Participação" sobre os grandes projectos da cidade, que nunca se conseguiram afastar do modelo habitual das sessões de propaganda política. Nem tão pouco ignorar alguns projectos de pessoas qualificadas, que tentam resolver alguns erros, com soluções que visam melhorar a nossa qualidade de vida e também poupar uns cobres ao erário público, que são pura e simplesmente ignorados, por questões pequenas como a cor política (ou a ausência dela...).
A nível nacional as coisas não são melhores. As situações mais vergonhosas passam-se sempre que um governo é substituido por outro. Escudados na habitual lenga-lenga dos lugares de confiança políticia, os novos "donos" do poder despedem gestores de qualidade, para colocarem nos seus lugares, militantes do respectivo partido, quase sempre incompetentes, pelo menos para as funções atribuidas.
Quem fica sempre a perder é o Estado, ou sejamos todos nós.
O pior é que já vivemos há mais de 31 anos, neste país aparentemente democrático, com os resultados que estão à vista...
Entretanto o Jorge Palma perguntava:
Sempre apanhaste o tal comboio?/ Já perdi dois ou três/ entre o ócio e as esquinas,/ ganhei o vicio da estrada,/ nesta outra encruzilhada/ talvez agora a coisa dê/ o passado foi história/ cá estamos nós outra vez/ cá estamos nós outra vez...

10 comentários:

Maria disse...

Deste-me uma ideia fixe. Costumo estar por aqui até às tantas, ao som da SIC Notícias.
Pois agora vou por um DVD do Adriano, que comprei ontem....
... sempre estou melhor acompanhada....

Beijinho

redonda disse...

Pelo menos temos a música e estou a gostar também do Encosta-te a mim

Anónimo disse...

Belo post, Luís.
Estamos (quase) todos fartos de ver ... coisa nenhuma.

Maria P. disse...

Excelente post!
Este será um país do faz-de-conta-tudo-bem?!...

Beijinho*

Luis Eme disse...

Só por isso valeu o "post" Maria...

Luis Eme disse...

O Jorge Palma é um espectáculo, Redonda...

Luis Eme disse...

É isso mesmo Repórter,

estamos fartos de promessas e de ver que o país já nem anda como o caracol, mas sim como o carangueijo...

Luis Eme disse...

Cada vez tenho mais dificuldade em classificar este país, Maria P...

Ida disse...

Tás inspirado! Juntar poesia e música com política e desmandos não é tarefa simples e, menos ainda, de resultado garantido. Linda a capa do cd, bonitas as palavras que fazem pensar em imensas coisas e nos jogam de volta ao que discutes. Quem dera todos os jornalistas tivessem essa sensibilidade para sensiblizarem as pessoas. Aos políticos eu só pediria decência, mas isso parece utopia. Beijos.

Luis Eme disse...

Este cd do Jorge Palma é bonito (assim como quase todas as suas canções...).

Tens razão Ida, às vezes misturar as coisas, não dá grandes resultados literários...

Estava irritado e em vez de ouvir políticos resolvi ouvir música. Só não me consegui abstrair do quotidiano...