sábado, outubro 13, 2007

A Nossa Vida Quase Virtual


Os primeiros "Dias da Rádio" foram de grande animação. Alegraram as casas, com música, rádionovelas, notícias, conversas... etc, alterando os nossos hábitos, mas nada de preocupante.
A televisão também apareceu de mansinho, além de ser um objecto de luxo no final da década de cinquenta e principio dos anos sessenta, não funcionava de uma forma contínua e com dezenas de canais. No início havia apenas um canal e as emissões começavam ao fim da tarde e terminavam a horas decentes.
Só nos últimos 15 anos, primeiro com o aparecimento de mais dois canais, e posteriormente com a inovação do cabo e das dezenas de canais, é que os portugueses, mudaram os hábitos.
As pessoas cada vez saem menos à noite, é não é apenas porque as ruas estão mais perigosas. É sim, por culpa da telenovelas viciantes e de outros truques da programação.
Quem mais sofre com estas alterações, são os cinemas e os cafés (que cada vez fecham mais cedo...), quase desertos...
Para nos agarrar ainda mais às quatro paredes, surgiu a "internet", capaz de nos trazer o mundo, para dentro de casa...
E a nossa vida tornou-se ainda mais virtual...
O problema maior, é que estamos de tal forma enredados nesta panóplia tecnológica, que já não conseguimos viver sem estas coisas sem nos sentirmos uns ignorantes, uns "fora do mundo"...


24 comentários:

Maria P. disse...

Excelente post!
Este mundo virtual "agarra-nos" demais, digo eu...

Bom sábado Luís*

Rita disse...

Não sei se é o mundo virtual que nos afasta dos cafés se são os próprios cafés que se matam lentamente, escolhendo horários de encerramento cada vez menos tardios e não se reinventando.

Eu pelo menos sinto falta, aqui na Margem Sul, de espaços agradáveis, onde se possa conversar calmamente.

Rosa dos Ventos disse...

Concordo com a Maria P.
Vivo bem sem televisão, mas não sem internet!
Mas isto de manter um blogue vivo é obra!
Lá vou arranjando alento com algumas visitas diárias aos vizinhos.
Todos os dias visito o Casario...e gosto.

Abraço

Anónimo disse...

Os dias da rádio? Tecnologicamente foram atacados pela televisão.
Na altura, alguém pôs os Buggles a cantar "Video Killed the radio star".
Mas não matou.
Outras manias haveriam de aniquilar a verdadeira rádio.

A internet tem o seu lugar mas não ensombra o fenómeno rádio.

A má televisão que se pratica desde que foi implementada a televisão por cabo e que os canais SIC e TVI soltaram as amarras, aí sim, a rádio foi perdendo fulgor.
A isso se juntando a força negativa que levou o capital a criar grupos de influência.

Lembram-se do filme "Os dias da Rádio"?
Vale a pena pensar no que dava força à rádio comunicação...

Isabel Victor disse...

VIVA A RÁDIO ! :))

Quanto ao fenómeno internético, não te preocupes ...

Tudo tem o seu tempo.

Não sejamos " Velhos do Restelo "

"E se todo o mundo é composto de mudança ... troquemos-lhe as voltas ainda um dia é uma criança."

O problema é a escala. O tempo ...
o ângulo de visão. Poderia algum dia Camóes imaginar-se navegante virtual ?

um beijo*, Luís eme (não, dois ... um para ti e outro para o Luís Vaz de Camões!)

Maria disse...

Gostei de ler esta tua avaliação de como os tempos vão mudando. Cada vez mais nos enredamos em armadilhas que nos prendem a rotinas viciantes esquecendo-nos assim daquelas bons momentos passados no café com amigos à volta de uma boa conversa. Agora com o mundo desntro das nossas casas mas completamente e cada vez mais sós.
Um abraço.

Debaixo do Bulcão disse...

Só não concordo, em absoluto, com uma coisa: é que, contrariamente ao que afirmas, eu julgo que as ruas não estão mais inseguras.
Há 10, ou 15 anos, eu saía muito à noite. Nessa altura (até ao final dos anos 90), havia problemas com grupos organizados de jovens, violentos. Primeiro, foram os "sinheads" (desde o final da década de 80...), e depois, como reacção (mas extremamente desproporcionada, digo eu...), apareceram os "gangs" dos subúrbios.
Parece-me que, hoje, esse tipo de problemas já não se coloca (e é bom que estejamos atentos ao crescimento da extrema-direita caceteira, para que esse tipo de problemas não se volte a colocar).
A criminalidade, hoje, é mais organizada (não digo que isso seja bom, ok?), mas não ameaça tanto o "vulgar cidadão" que resolve saír à noite.
As pessoas até se podem sentir mais inseguras. Admito que sim.
Mas não me parece que isso seja razão para não sair de casa.
Eu cá, é mais porqua a minha geração já "calçou as pantufas", bem como a geração seguinte (a dos anos 90). Se eles não saem, e se eu sei que já não os vou encontrar na rua... também acabo por ficar em casa.

António Vitorino

sofia disse...

é bom lembrar tempos idos... sei-os pelas conversas que tinha com o meu avô. Ele era do tempo que quase ninguém tinha televisão e rádio já era um luxo... então ao Domingo á tarde iam todos ao café mais próximo ver o programa de Domingo, havia o convivio das familias, ás vezes até por lá se arranjavam namoros, como ele dizia... dava-se um valor inestimavel á vida e aos pequenos momentos de prazer. Hoje em dia tem-se tudo e todos ou quase todos vivemos em função do nosso umbigo... os bairros são ao alto, o que lhes chamam de prédios, com a trsite diferença que ninguém se conhece...
Gostei muito de "andar para trás2 e sentir saudades das conversas do meu avô.
Obrigado.

Mater Dynamics disse...

A JSD Almada atravessa um período eleitoral que termina dia 20 de Outubro.

A nossa lista candidata (lista J), por uma atitude de respeito pelos cidadãos almadenses, sente o dever de o comunicar afim de esclarecer a pesada ausência no blog

Para mais esclarecimentos:
site http://lista-jota-jsdalmada.pt.vu

ou o e-mail
listajota.jsd@gmail.com

Ida disse...

Tens razão, Luís, carimbar pessoas de"idiotas", ignorantes ou olhar com ar de pena só pq não fazem parte do clube que liga o computador antes mesmo de pousar a bolsa ou a pasta é o fim. O mundo, globalizado como é, podia tb ser mais democrático e respeitar quem, simplesmente, não está pra isso... Pq vai bem obrigado e não precisa de correio eletrônico, conversas online, jornal online, banco online, vida online.

Devia haver mais respeito, mas essa tal de tecnologia tem uma mídia mt poderosa, estes dias vi um anúncio na traseira de um ônibus e lembrei de ti, fiquei furiosa também, explico. 12/10 é aqui o Dia da Criança, e na foto publicitária havia uma criança a olhar sorridente para um pc cheio de acessórios e atrás dela um grande X vermelho sobre uma peteca. Por que diabos não pode haver quem goste de PCs e outros que gostem de petecas? Até pq, podem se fazer presentes em momentos diferentes e em idades diferentes, também. Essa uniformização é que enche as medidas.

Beijinhos, amanhã é feriado aqui: dia do professor!:)

Paúl dos Patudos disse...

Luis, subscrevo. Considero um mal necessário.
Boa semana para ti.
bjos
Ana Paula

Luis Eme disse...

Se agarra Maria P...

Luis Eme disse...

Oh Rita, os cafés fecham cedo porque não têm clientes...

Cada vez há menos pessoas na rua, pelo menos em Almada...

Luis Eme disse...

É mesmo obra, Rosa...

E é isso que nos prende, tal como a "amizade virtual" com os visitantes mais regulares...

Luis Eme disse...

Falei dos "Dias da Rádio" para historiar a evolução da comunicação, Repórter... mas as coisas não são assim tão simples e acho que a "net" rouba espaço a tudo, porque o computador leva-te para outros mundos, para além do real...

Luis Eme disse...

Não sou "velho do restelo" mas cada vez tenho menos "tempo" para fazer coisas que gosto, Isabel...

Luis Eme disse...

E é perigoso, Dulce...

É por isso que tento manter alguns bons hábitos, como o de passar as manhãs de domingo no café, em tertúlia...

Luis Eme disse...

Concordo contigo Vitorino.

As pessoas não saem à rua e isso fez com que os "ladrões" também se mudassem...

Fora de brincadeira, o crime está a mudar no nosso país, é mais violento e estudado. Felizmente assaltam-se menos velhinhas para lhes tirarem cinco tostões...

Luis Eme disse...

Tens toda a razão Sofia, o próprio conceito de família está diferente, menos importante, não sei porquê...

Luis Eme disse...

Okei Jota!

Luis Eme disse...

É muito difícil equilibrar esta balança, Ida...

e os dias a ficarem cada vez mais curtos...

Luis Eme disse...

É uma mal necessário e que conforta muita gente, Ana Paula...

Não conseguimos inventar coisas perfeitas...

Anónimo disse...

Saudades do rádio lá de casa, quando o meu pai "chefe de familia" é que mandava qual o "posto" a ouvir... que saudades

Obrigada pela imagem Luis

Beijocas e boa semana *

Luis Eme disse...

Lá em casa era mais democrático, Cor do Mar...

acho mesmo que eu e o meu irmão éramos quem mais mexia no rádio...