No meu próximo livro sobre Cacilhas falo dos retiros que existiram no Ginjal, que acolhiam fadistas lisboetas que adoravam a boémia e os petiscos da Outra Banda...
Sem saber o que escrever para o "Debaixo do Bulcão" (nº 36, Julho), fanzine de poesia de Almada, escrevi:
Fados no Ginjal
Todas as sextas-feiras eram santas e de fé
Para aquele grupo de amantes de cigarras
Que se juntava nos bancos do Cais Sodré
Com saudades do trinar das guitarras
Antes da meia-noite rompiam para o cais
Preparados para entrar na noite fria
Deixando para trás os cantos habituais,
Do Bairro Alto, Alfama e Mouraria
Assim que se juntavam no porão
Começavam logo a animar o pessoal
Troteando pedaços de fado e de canção
Transformando a viagem num arraial
De todas as vozes quentes e afinadas
A única que destoava era a do Xico Maravilhas
Que deixava escapar grandes gargalhadas
Com as suas caldeiradas de Cacilhas
Assim que viam aproximar-se a luz do Farol
Interrompiam o canto e a diversão
Davam descanso à voz de rouxinol
Debaixo dos aplausos de admiração
Sabiam que os retiros quentes do Ginjal
Esperavam-nos de braços abertos
Como se aquelas sextas fossem um ritual
Onde havia de tudo, até encontros secretos
Luís Milheiro
Todas as sextas-feiras eram santas e de fé
Para aquele grupo de amantes de cigarras
Que se juntava nos bancos do Cais Sodré
Com saudades do trinar das guitarras
Antes da meia-noite rompiam para o cais
Preparados para entrar na noite fria
Deixando para trás os cantos habituais,
Do Bairro Alto, Alfama e Mouraria
Assim que se juntavam no porão
Começavam logo a animar o pessoal
Troteando pedaços de fado e de canção
Transformando a viagem num arraial
De todas as vozes quentes e afinadas
A única que destoava era a do Xico Maravilhas
Que deixava escapar grandes gargalhadas
Com as suas caldeiradas de Cacilhas
Assim que viam aproximar-se a luz do Farol
Interrompiam o canto e a diversão
Davam descanso à voz de rouxinol
Debaixo dos aplausos de admiração
Sabiam que os retiros quentes do Ginjal
Esperavam-nos de braços abertos
Como se aquelas sextas fossem um ritual
Onde havia de tudo, até encontros secretos
Luís Milheiro
8 comentários:
e alguns desses retiros estão no meu guia turóistico quando aí for.
Obrigado por essa divulgação, Luís
beijos
A descrição de uma realidade tão típica só pode ser apresentada através de quadras e rima cruzada!
Não conhecia estes versos de Almada...
Obrigada pela partilha.
Abraço
Convido a um comentário em
http://furiadocajado.blogspot.com/2009/09/anonimato-talvez-um-dia-se-faca-um.html
Sem saberes o que escrever para o Debaixo do Bulcão, escreveste mais um grande poema que muito gosto de ver nas páginas daquele poezine. Só lamento ter, nesta altura, uma tiragem tão limitada.
Obrigado pelo(s) poema(s)!
Vitorino
mas já nada disto existe,
tudo isto é triste,
não fosse um fado, Lúcia...
ainda estão frssquinhos, são de Julho, Rosa...
sim, mas sem "fúria"...
é sempre um prazer colaborar numa publicação que já faz parte da história dos periódicos de Almada, Vitorino...
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