terça-feira, fevereiro 19, 2008

Fidel e as Paixonetas Pelo Poder

Fidel disse finalmente adeus ao poder, alegando razões de saúde.

Podia ter abdicado há pelo menos vinte anos, invocando outras doenças graves da qual também sofre, como o "autismo", as "cataratas", a "limitação de movimentos" e, essencialmente, o medo da democracia, esse "monstro", etc.
Quase em simultâneo, Putin vai deixar de ser presidente da república da Rússia, mas mais jovem e dado a malabarismos, está a preparar o terreno para se manter no poder como primeiro-ministro, praticamente com os mesmos poderes (até já arranjou um "corta-fitas", como o Tomás, para o suceder...).
Por cá, alguns autarcas, que já conseguiram fintar alguns limites aos mandatos, se puderem, ficam no poder muito mais tempo que Salazar (36 miseros anos...).
Pois, o poder sempre foi uma coisa estranha, demasiado atractiva e perigosa. Parece que vicia como qualquer jogo, mas acaba por ser pior, já que as principais vitimas são os outros, e não o "jogador". Ainda não percebi qual é a coisa mais saborosa do poder, se a série de mordomias e atenções, os palcos de intervenção ou o poder decisório, que os vai transformando em pequenos e grandes tiranetes (aumentando ao mesmo tempo as contas bancárias...). Mas acredito que seja o todo da "refeição"...
A foto é de Burt Glinn, com Fidel num dos seus discursos vitoriosos, no longínquo ano de 1959...

13 comentários:

Maria P. disse...

Figuras assim, mesmo quando se retiram de cena, continuam a receber aplausos ou apupos...

Esta é uma frase de Fidel:
"Podem me condenar. Não importa. A história me absolverá"

E assim vão vivendo...

Um abraço*

Anónimo disse...

apetece-me dizer uma coisa que não tem muito a ver com o tema, luís. já entrei em cuba de barco, através do porto de havana. é um cenário portentoso, com o capitólio e o hotel emblemático nacional de cuba a distinguirem-se austeros na paisagem. recomendo *

beijinhos

Anónimo disse...

Excelente trabalho, Luís.
Nada a acrescentar, a não ser que assinaria o texto por baixo, sem a mínima dúvida.

Nota de rodapé: Atenção aos Fidéis perto de nós...

nabisk disse...

Não são fidels sr observador. São fieis.

Isamar disse...

Um texto excelente, como sempre. A atracção do poder faz com que muitos indivíduos " reinem" até à morte confundindo república com monarquia, com tirania...
Finalmente o adeus.
Beijinhos

Anónimo disse...

E não é que me enganei mesmo?
Acontece. Do lapso me penitencio.
Agradeço ao Nabisk, homem que desconhece o termo erro...
(sorrindo)

Luis Eme disse...

Não sei se a história o absolvirá, Maria Maio...

Mas tem alguma vantagem moral, em relação a outros lideres, não será reconhecido como corrupto, por exemplo.

Luis Eme disse...

Não conheço Cuba, mas deve ser uma ilha gira, até pelos contrastes, Alice...

Luis Eme disse...

Obrigado, Observador.

Luis Eme disse...

Acontece, "nabisk"...

Luis Eme disse...

Podes crer, Sophiamar, a confusão que o poder faz a certa gente...

Ida disse...

Genial, concisoe preciso este texto. Devias publicá-lo em papel. Se é que já não o fizeste. Milimetricamente perfeito. Ou será o meu olhar "biased" como diriam os americanos?

Beijos

Luis Eme disse...

Não iria tão longe, Ida (és uma critica querida e tendenciosa)...

é bom voltar a ter esperança, embora possa acontecer o que aconteceu por cá com o Marcelo quando substituiu Salazar. Mudaram-se alguns nomes, abriram-se portas, que rapidamente se fecharam, não fosse a democracia ter mesmo a ousadia de entrar...

beijos