Não tenho autorização para revelar o nome, mas posso pelo menos anunciar, que um grande actor português, aceitou participar na primeira longa metragem do Gui, a custo zero.
A história, que ainda não começou a rodar (a sério...), fala de cruzamentos de uma Lisboa antiga, e de uma outra, a perder a identidade e as pessoas. Dos bairros onde toda a gente se conhecia à invasão dos estranhos, sem nome. Sou um dos três co-autores do argumento e dos diálogos.
O orçamento não é muito grande, mas os apoios resumem-se, quase todos, apenas a promessas verbais, nem sequer foram escritas na areia...
É uma pena, mas este, tal como outras dezenas de filmes portugueses, corre o risco de andar por aí, anos e anos, aos caídos, porque a Cultura é uma coisa muito estranha neste país...
O compadrio e os dados viciados, fazem com que a "teta" da vaca, só dê leite para meia dúzia de heróis, com passado e presente, como cineastas, mesmo que possa soar a duvidoso.
Queria falar de um actor e estou a alargar-me...
Mas também não posso dizer grande coisa deste actor. É reconhecido pelos seus excelentes desempenhos na televisão, teatro e cinema. E é extremamente culto e generoso...
Estivémos uma tarde à conversa, à beira do Tejo, falámos de tantas coisas. Aprendi tanto sobre as vidas que começam e acabam nos palcos...
Falámos muito de cinema, até chegámos à conclusão que temos realizadores e actores de grande qualidade, falta sim,o essencial, dinheiro suficiente para se fazerem bons filmes, e claro, a contrapartida, de poderem ser exibidos nas salas de cinema, cada vez mais "americanizadas"...
Pois foi, passaram pela mesa realizadores como: Fernando Lopes, José Fonseca e Costa, António Pedro Vasconcelos, Edgar Pêra, João Botelho, Joaquim Leitão, Margarida Gil, Pedro Costa, José Mário Grilo, Paulo Rocha, Teresa Vilaverde ou Ana Luísa Guimarães.
Os actores e actrizes foram mais: Luís Miguel Cintra, Nicolau Breyner, Diogo Infante, Margarida Marinho, Ana Medeiros, Rogério Samora, Vitor Norte, Alexandra Lencastre, Paulo Pires, Maria João Luís, Diogo Morgado, Inês Medeiros, Nuno Lopes, Teresa Madruga, João Perry, José Wallenstein, e outros tantos, que não guardei.
Também já não faltam histórias, começa a haver bastante gente a escrever ficção, que pode ser facilmente adaptada para a sétima arte... falta o resto, "aquilo" que é dado, sem reservas, a Manoel de Oliveira...
8 comentários:
é verdade a teta da vaca é escasa para uns mas muito ambundante para tantos outros que de certa forma não trazem de todo sentido ao cinema portugues! Parabens pela noticia incisiva!
E agora com a ponta do véu levantada, basta aguadar!
Que corra tudo bem.
Beijinho.
Artista escondido com rabo de fora.
Mas, mais importante que saber quem é o autor, é perceber a indignação que começa a ser constante, de se querer fazer e não poder porque não há dinheiro e os subsídios, sempre necessários, são decididos por quem não percebe nada de nada.
E está mais que provado que quando queremos e podemos, fazemos coisas bonitas.
É, contudo, necessário que nos deixem fazer.
É a imagem deste país, onde o compadrio continua a dar cartas, em todos os lugares onde existe algum ser "todo poderoso".
Fala-se muito do Alberto João, mas o nosso país está cheio deles, em ponto mais pequeno, com a agravante de andarem mais escondidos e morderem pela calada...
E fazem parte de todos os partidos políticos, não há qualquer exclusividade.
A Cultura, como continua a ser entendida como uma brincadeira... não passa disso mesmo, o que é uma pena, porque existe gente de muito valor em todas as áreas, embora permanecem quase sempre ofuscados pelos "iluminados" dos muitos regimes que existem no país.
Almada, por exemplo, também tem os seus "iluminados", em quase todas as artes... sobram umas migalhas para os outros.
Infelizmente, isto passa-se de Norte a Sul.
Só no nosso país é que alguém com 98 anos (ou serão 99?...), continua a realizar filmes, sempre com o apoio efectivo (e chorudo) do Estado, sem que alguém tenha coragem de o acusar de estar "gá-gá", ou ultrapassado...
E depois as audiências dos seus filmes são o que todos sabemos...
Era bom que tudo corresse bem... mas as dificuldades começam de início e nunca mais nos deixam...
O mais grave é quererem que estejamos de mau esticada, como se fossemos pedintes, à espera que caia qualquer coisa (deve notar-se que estou irritado... mas as coisas que se passam neste país, na Cultura, enojam-me cada vez mais...).
É grave as coisas serem decididas por quem percebe pouco da "coisa", Repórter. Mas mais grave é sabermos que antes de se analisarem os projectos, já há alguém escolhido.
Faz lembrar a história do presidente de Câmara que arranjou lugar para a filha como psicóloga e nomeou a mulher, secretária, como sua chefe de gabinete.
Já ninguém tem vergonha na cara. E as pessoas assistem a isto, impávidas e serenas.
Somos ou não somos uma republica de "Bananas"?
Manoel de Oliveira não merece os seus adjectivos. A sua obra devia merecer-lhe mais respeito.
Presumo que esse seu amigo seja mais um caçador de subsídios. Mas parece que a mama acabou-se, para os lados do Instituto das Artes, principalmente para quem brinca com a "Branca de Neve".
Em relação ao Manoel de Oliveira, merece-me o mesmo respeito que outro realizador. A idade não é sinónimo de qualidade ou de outra coisa qualquer.
Em relação aos subsídios aconselho-o a ler, se ainda for a tempo, a crónica de Pedro Borges, "Vai-te Embora, João Nicolau!", publicada no suplemento "Ipson" do "Público" desta semana. Talvez aprenda alguma coisa de cinema e perceba que o filme "Branca de Neve" do João César Monteiro, foi a resposta que os senhores do ICAM mereciam, já que tratam os cineastas como "pedintes" e não como "caçadores", como o senhor fala.
Provavelmente mereciam um filme a preto, mas sem som. O César Monteiro ainda lhes ofereceu algumas palavras...
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