O cavaquismo, de triste memória, começou a definhar com o bloqueio na Ponte 25 de Abril, em Junho de 1994, protagonizado pelos camionistas, de mão dada com os utentes desta entrada e saída de Lisboa.
Parece que vai acontecer o mesmo ao socratismo. Curiosamente ou não, também em Junho e pela mão dos camionistas, catorze anos depois...
Penso que nem eles próprios, camionistas, tinham consciência de que podiam mesmo parar o país, com a complacência das autoridades e com o silêncio do governo.
As pessoas, essas correm às bombas de gasolina e aos hipermercados, como se o mundo fosse acabar amanhã...
Além de o protesto ser ilegal, já provocou uma morte.
Compreendo a luta dos camionistas, porque sinto, que, cada vez mais, é preciso lutar contra estes governantes que acham que podem fazer tudo e que nós não passamos de bonecos.
Não me agradam os "piquetes" (são um atentado à liberdade individual de cada um de nós), embora reconheça que são um mal necessário. Se eles não existissem, o país não estava tão atento e até temeroso, com todo este movimento de contestação...
22 comentários:
Muito lúcido o teu post.
Concordo contigo em relação aos piquetes, malgré tout...
Também não vou dar um passo para me precaver contra faltas de provisões.
É verdade que no país aumenta a contestação e o empobrecimento e com toda a razão, mas acabei de ouvir que partiram hoje para Genebra dez aviões cheios da nossa "brava" gente para ver o jogo com a República Checa!
Dá que pensar...
Abraço
Sem dúvida este teu post aborda muito bem todos os pontos.
E a esta hora, joga Portugal, os "piquetes" estão lá nos seus postos atentos?! Gostava de saber...
Beijos.
Participo, a partir de ontem, num blog colectivo.Passa por lá. Deixo-te o link mas encontras o selo no template do meu blog.
http://adlibitum2008.blogspot.com/
Voltarei para te comentar. Desculpa.
Beijinhos
Em 1994, aquando do bloqueio da ponte, estávamos a "aprender" a ser tecnocrats e bons cidadãos europeus, mas havia ainda alguma réstea de civismo e alguma capacidade de exercer aquilo que Mário Soares considerou o "direito à indignação". Penso que hoje andamos todos mais anestesiados e, por isso mesmo, duvido que este protesto tenha consequências relevantes.
Vejo as pessoas a dizerem, num primeiro momento, que estão de acordo com o protesto dos camionistas - mas depois, quando começam a sentir as consequências do protesto (falta de combustíveis nas bombas, falta de alguns artigos nos mercados) lá se vai a solidariedade com os camionistas: «o protesto tem limites». Enquanto for só aquilo que a gente vê na TV, tudo bem. Mas, se nos incomoda, e se temos algo a ver com isso, alto e pára o baile!
Gostava de estar enganado.
Mas eu sou como o Senhor Presidente da República: nunca tenho dúvidas e raramente me engano (claro que estou a brincar, com esta última frase... mas não com o que escrevi antes).
A.V.
Sim, Luís, é realmente complicado, porque ao mesmo tempo que afeta à população, e todo o resto que tu bem descreves, também há o outro lado, de quem usa o que tem para poderem ter uma conversa com os governantes.
Agora, o que me assombra, ou não, é o governo se manter calado durante tantos dias, só observando o caos acontecer... isso é de uma imaturidade política sem tamanho.
Ah... e concordo com o que diz o "debaixo do bulcão", as pessoas têm mesmo uma tendência típica do tipo "farinha pouca, meu pirão primeiro".
Beijinhos
Devemos distiguir o direito à indignação contra a prepotência a arrogância e a autocracia , do poder caído na rua naqueles piquetes que ameaçavam de uma forma idadmissível quem por eles passava.
Quem são esses individuos que tão diligentes e cheios de poder vimos nas câmara da TV?
Vivi uma vez estas cenas em 1975 , revê-las em 2008 aflige-me!!!
Desculpem, mas acho que Democracia, não é isto!
nada nos garante que o mundo não acabe amanhã... é lamentável! um beijo grande, luís.
Infelizmente é preciso chegar a certos extremos para se resolverem as coisas. Triste
Anota isto Luis:
O primeiro-ministro, José Sócrates, admitiu hoje que "em alguns momentos" da paralisação das empresas de transportes sentiu "o Estado vulnerável" e garantiu que irão ser tomadas medidas.
Isto tem algum significado, não?
- Senti algum receio nestes dias, uma coisa indefinida, uma sensação de insegurança.
- Os camionistas podem parar o país se se unirem por 3 dias! Como diz o PM , retirar lições disto é preciso e concordo com o Miguel S Tavares qdo diz q uma das lições é 'afinal estamos tão dependentes dos transportes terrestres, não apostámos na REFER, só queremos o TGV' ; um dia destes temos o TGV e a seguir saímos temos um supermercado vazio.
Gente burra!
- Custou-me ver aquele leite todo a estragar-se, as toneladas de frangos, idem e outros bens perecíveis aspas aspas, e isto porquê?
______pq estamos nas mãos dos senhores camionistas.
- Este país está a tornar-se um país de contrastes, o país do TGV e ao lado o supermercado vazio pq ninguém foi abastecer o supermercado.
- Foi colocado demasiado poder nas mãos dos transportadores e nós efectivamente dependemos deles. PQ não re-apostar numa forma de transporte de mercadorias por comboio tb? Não a substituir, mas a complementar.
- Acho q o PM esteve mal ao admitir perante o país q sentiu o Estado 'vulnerável'. É daquelas coisas que se engolem e não se apregoam. Se ele com o cargo q tem ele diz isso, imagina o q nós podemos pensar...
não gosto mto de catalogações, q falseiam a realidade mas se me quiserem à força inserir numa será nesta: cavaquista.
o Cavaco para PM é q era! :)
(estou aqui bem?... - : ))
assim como lúcido foi o teu comentário, Rosa...
também me faz confusão a nossa crise não chegar ao "europeu" e aos "rocks com ou sem rio"...
boa pergunta, M Maria Maio...
terão feito pausa para ver a selecção?
parabéns Sophiamar, já lá fui...
tens alguma razão, Vitorino, nas variações de solidariedade...
mas continuo a não gostar de "piquetes", gosto tanto da liberdade...
também não percebi o silêncio e a complacência do governo e das autoridades.
e percebi ainda menos o discurso de vitória do primeiro-ministro, Cris...
de certeza, Ponto Verde, que democracia não é isto...
cortar pneus, furar depósitos de gasóleo, soltar fios, partir vidros, roubar chaves de ignição, etc.
o mundo sorri a tudo isto, Alice...
penso que se abusou, Lúcia...
e pior, os camionistas perceberam que podem mesmo parar o país...
muito significado, Observador...
concordo praticamente com todo o teu primeiro comentário, Vague.
em relação ao segundo, claro que estás bem aqui. aqui reina a liberdade e a democracia, com respeito pelas diferenças e escolhas de cada um de nós...
eu sabia mas quis certificar-me, mulher prevenida... : )
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