domingo, junho 15, 2008

Duas Sombras


Duas sombras
Vogam em total liberdade,
Um imenso corpo
Feito de águas e de batalhas.

São duas aves brancas
Que anunciam o regresso
De uma breve viagem
No tempo e na vida.
Poisaram nas margens do Tejo
Como quem poisa num sonho
Perfumado por vozes e maresia.

São agora dois seres imensuráveis
Embriagados de um silêncio azul e voluptuoso
Tal como o rio, que os viu nascer há tanto.

Em fino areal humedecido
Homem e mulher, caminham harmoniosamente
Como se fossem dois dóceis animais
Que desvendam
Em cada concha sem vida
Tudo o que lhes resta
Do seu mundo de memórias por contar


O poema é da autoria de Alberto Afonso, poeta almadense, o óleo é de Alfredo Keil.

10 comentários:

Maria P. disse...

Belíssimo...

Beijo, Luís M.

Anónimo disse...

é bom poder "caminhar harmoniosamente" neste casario :) um grande beijinho, luís.

Carla disse...

duas sombras, dois seres...uma corpo: BELO
boa semana
beijos

Isamar disse...

Um poema lindíssimo para começar a semana. E um óleo não menos bonito do autor da música do nosso hino. Maria Keil, a filha, também é uma boa pintora.

Uma boa semana!

Beijinhos

Lúcia disse...

Luis Eme - vou-te dizer uma coisa: conheço mal essas bandas daí. O habitual: fins-de-semana com amigos, onde estamos mais na confraternização dentro de portas, do que a passear. E de Almada guardo na memória uma cidade viva, mas entupida de prédios por todo o lado, com aquela arquitectura magnífica à anos 70, que povoa por todo o país e que nem deixa o sol espreitar por entre as ruas. Mas tenho que te confessar que o teu blog tem-me despertado uma curiosidade imensa de conhecer, como deve ser, os recantos de que falas. A próxima viagem por aí será, com certeza, mais demorada. Vou fazer questão disso.
Beijos

Luis Eme disse...

é, M. Maria Maio...

Luis Eme disse...

sim, com o sol à brilhar nas águas do Tejo, Alice...

Luis Eme disse...

é belo, é Alberto Afonso, Carla...

Luis Eme disse...

duas boas escolhas, Sophiamar...

Luis Eme disse...

e tens razão Lúcia, Almada é vitima da construção desenfreada nos anos setenta e oitenta, e de sempre ter vivido de costas voltadas para o Tejo...

mas há sempre algo de belo à nossa espera, mesmo nas ruinas, à beira do rio...