Quando me dirigia para casa, cruzei-me com dois jovens funcionários da "TV Cabo", que estavam a petiscar algo parecido com um almoço, numa escadaria.
Sei que nos últimos anos, quem possui condições mínimas no trabalho (ou proximidades), para se acomodar a almoçar, trás esta refeição de casa, porque o dinheiro é um bem cada vez mais escasso, para a maior parte dos portugueses. Quem não deve achar muita piada a este facto, real, são os donos de restaurantes...
Apesar das palavras (que eu diria, quase injuriosas, para todos nós...) do primeiro-ministro, na entrevista encomendada pela SIC, em que, para variar, ofereceu-nos números, pouco consentâneos com a realidade portuguesa.
Como disse Mário Ramires, na sua coluna semanal no "Sol": «A propaganda vale o que vale. Só convence quem quer ou se deixa ser convencido.»
Infelizmente o país "inventado" por Socrates, está muito distante daquele que encontramos diariamente, feio, pobre e triste, cuja única virtude que oferece, é conseguir esvaziar-nos as "carteiras", quase sem darmos por isso...
Escolhi a "Sesta dos Ceifeiros", de José Malhoa, para colorir este pequeno texto...
17 comentários:
Até quando, Luís?
Ou, doutra maneira, durante mais quanto tempo?
Abraço
Os rapazes da TVCabo que viste nesse grande banquete, não fazem mais nem menos do que outras gentes que por falta de verba se vê obrigada a comer onde calha.
Mas há outra razão para o que se passa. E essa tem a ver com a necessidade de produção à pressa pois, em casos que conheço, essa rapaziada ganha à peça. Ou seja, se não atingir a produção desejada pelo patronato, está lixada e ... mal paga.
É revoltante ver como se acentuam cada vez mais as diferenças na população, este não é o caminho certo...até quando?! Como diz a Maria...
Um abraço*
eu tenho a felicidade de poder ir almoçar a casa dos meus pais :) e lamento muito que haja retrocesso em vez de evolução. um beijo, luís.
subscrevo por baixo e só lamento que não surjam alternativas viáveis e que as vozes de "oposição" sejam tão poucas
Na minha terra a brigada das marmitas, são as funcionárias do lar. Em certas aldeias do concelho, às vezes são os únicos a percorrer as ruas.
Não sou a pessoa mais indicada para falar de Ânimo e de Esperança, mas é preciso acreditar que seremos capazes de dar a Volta!
Abraço
O recurso à marmita é mais comum do que o que se possa julgar. Até nas grandes empresas há quem o faça... não 'calha' só à classe média, como alguns erradamente pensam.
Entretento ocorreu-me à memória um fenómeno que me surpreendeu quando estudei em Espanha: A 'moda da tupperware' singrava na faculdade. Não havia quem não a levasse e à hora de almoço os refeitórios reservados para esse efeito ( com microondas e outros apetrechos) enchiam. Concentravam-se ali centenas de pessoas, professores e funcionários inclusive. Surpreendeu-me muito este cenário e não tardei a aderir à moda, até porque se assim não fosse corria o risco de almoçar sozinha num qualquer bar...
Quanto ao país, não tardará o povo a aperceber-se de que tudo se resume a maquilhagem: aparentemente a imagem do país é aquela que Sócrates nos vende - um paraíso a emergir, uma nação simplex, de oportunidades e 'choques' - mas no fundo estamos longe de deixar de ser um país feio, cinzentão e envelhecido.
Oxalá eu esteja enganada...
Para não criar equívocos: ao falar em país ‘feio’ no comentário anterior queria dizer ‘fealdade’ relativa ao actual estado da nação, jamais me ocorreria pôr em causa a beleza do nosso Portugal. ;)
Não sei, Maria...
Eles fingem que está tudo bem, e há quem vá na cantiga...
Eu sei observador...
as coisas são estão fáceis para "meia-dúzia" de vampiros...
É revoltante mesmo, Maria P.
E as coisas não estão para melhorias, Alice.
Esse é o maior drama de todos nós...
É verdade Carla...
E por cá também já existe essa brigada, Nabisk...
não existe é a tal ausência humana, do interior...
Concerteza que sim, embora as alternativas não sejam muitas, Rosa...
Acho que já quase toda a gente percebeu o que é o "socretinismo", Dulce...
mas anda tudo triste e conformado... e de facto as alternativas não são muitas...
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