Se há coisa que me irrita, é a hipocrisia da maior parte dos articulistas e comentadores, "especialistas" temáticos de todas as áreas da nossa sociedade.
Neste desfile semanal o "professor Martelo" surge sempre à frente, como qualquer general estrelado, seguido de perto por Pacheco Pereira e Pulido Valente (coitados, vão sempre com o passo trocado...). No pelotão segue o resto da "maralha", numa grande confusão de mãos, braços, pernas e pés pelo ar. Percebe-se facilmente que a maioria não cumpriu o serviço militar, e como tal, não sabem sequer marchar, embora sejam uns autênticos estrategas de "guerra"...
Apetece-me referir dois casos que levantaram alguma celeuma, inclusive na blogosfera, vividos nos últimos dias, pelo escritor Günter Grass e pelo treinador Jesualdo Ferreira.
O primeiro escolheu a proximidade dos 80 anos de idade, para "confessar" no seu livro de memórias (best-seller, ainda antes de ser publicado...) que com 17 anos tinha pertencido às Waffen-SS alemãs, isto durante a II Guerra Mundial. Houve logo quem tivesse a lata de comparar esta força militar especial com a PIDE.
Isso só acontece por ignorância. Quanto muito poderiam compará-lo aos nossos Comandos ou Fuzileiros.
Mas não se ficaram por aqui, também defendem que Grass "deixou de ser uma autoridade moral". Autoridade Moral? O que é isso? Será por ter vencido o Prémio Nobel da Literatura? Não creio que o nosso Saramago seja autoridade do que quer que seja... nem mesmo no seu partido.
Era bom que alguns deste senhores voltassem aos seus 17 anos. Os mais idosos são capazes de ficar surpreendidos com as fotografias em que aparecem vestidos com a farda da Mocidade Portuguesa. Talvez esbocem um sorriso amarelo e digam que se tratava de uma brincadeira de carnaval...
Outros mais jovens, aos 17 anos eram fervorosos revolucionários, seguidores do Mau e de outros ditadores. Capazes de os seguirem até ao "Fim do Mundo do Disparate"...
Presumo que estes senhores (claro que também existem algumas senhoras...) quando olham para o espelho, é só para perguntarem: «Espelho meu , espelho meu, há alguém mais esperto que eu?» Provavelmente, do lado de lá, encontram um rosto, a abanar a cabeça, com umas leves parecenças com o seu ego e com a mesma carantona do seu B.I.
Em relação a Jesualdo Ferreira, embora a história seja diferente, a hipocrisia é a mesma:
1º. Com a saída de Co Adriaanse do F.C.Porto surgem nos jornais uma série de nomes de substitutos. Jesualdo Ferreira é tido com o preferido por Pinto da Costa.
2º. Os jornalistas conseguem criar um ambiente insustentável no clube que treina, ao ponto de ser insultado e vaiado pelos adeptos do Boavista.
3º. Os mesmos senhores que insistiram no seu nome, começam agora a questionar a sua ideonidade profissional, por abandonar um clube, onde está apenas a dois meses.
3º. O treinador resolve mesmo mudar mesmo de ares, argumentando, com legitimidade, não ter condições de continuar a trabalhar no Bessa, assinando pelo F.C.Porto.
4º. A gente do costume, continua a colocar o "dinheiro" à frente do negócio, sem dizerem que Jesualdo Ferreira ao treinar o clube do "Dragão", arrisca-se a ser Campeão, o que não aconteceria no Boavista. com toda a certeza. Nem sequer se dão ao trabalho de pensarem no que fariam no lugar do treinador...
Pobre país, que se deixa condicionar por tantas "sapiências pardas", com a indiferença de uma simples viagem...
("Interior de Comboio", óleo de Arnaldo Louro de Almeida)
7 comentários:
Infelizmente, não só os comentadores que são hipócritas.
Para conseguirmos viver neste mundo, se não fingirmos que está tudo bem, estamos tramados. O nosso emprego é o melhor exemplo.
Claro que para muitas das "sapiências pardas" que fala, as coisas que dizem e escrevem, não passam de um jogo de palavras. Raramente dizem aquilo que pensam. E isso é que é pena.
Concordo plenamente, a maior parte das opiniões não passam de um jogo de palavras. De um lado estão instalados as "vozes", sempre contra a corrente. Do outro, as "vozes" que defendem interesses corporativos (apesar dos disfarces usados), quase sempre suspeitos.
Nunca tinha pensado nisso, Zé do Carmo Francisco, mas de facto o exagero de "fazedores de opinião" (não estou a falar de comentadores...) tem muito a ver com o nosso alheamento em ralação ao mundo que nos rodeia. às vezes parece até, que as pessoas têm medo de pensar pela sua cabeça.
Toda a gente sabe que esses gajos são uns farçolas.
Tanto o Pulido (realmente eu já tinha percebido que o gajo nem era pulido nem valente...) como o Marcelo e o Pacheco, gostam é de ser eles, a notícia.
Deve ser por isso que gostam tanto de subverter o que acontece.
Concordo com o seu ponto de vista. Este trio "maravilha" e alguns seguidores, querem é ser notícia, nem que para isso tenham de nadar "quilómetros" contra a corrente e puxar pelo espírito inventivo.
A hipocrisia é algo pelo qual tenho asco. Assim, como por aqueles que nutrem sentimntos de superioridade, tal como muitos desses comentadores/ especialistas/ videntes infalíveis e sei lá que mais... Ouvir, ou ler, o que dizem? Sim! Há que ter termos de comparação. Considerar as suas palavras como lições? NÃO! Servem, quando muito, para concluirmos o inverso do que afirmam. Mas não deixam de ser um excelente exercício reflectivo (as conversas do "prof. Martelo", então, são o máximo). Quanto ao passado de certa gente, o melhor é nem querer saber mas, pergunto: quem errou (e não estou a pensar em membros das SS, PIDE ou MP nem nada que se pareça - todavia, nem todos cometeram crimes só por terem por lá passado, atenção) não se pode arrepender? tem de ser condenado toda a vida? que raio de justiça é esta? O resto do post é sobre futebulês e, sinceramente, é tema que não me interessa muito.
Na verdade, é este "interior de Comboio" que me merece toda a atenção, daquele que foi Mestre Arnaldo Louro de Almeida.
Enviar um comentário