Por José do Carmo Francisco
O texto de Luís Milheiro sobre Romeu Correia e a sua posteridade almadense veio chamar a atenção para esta pecha dos portugueses: embora o seu Dia Nacional recorde um poeta a verdade é que o povo, enquanto tal, trata muito mal os seus poetas e escritores. Desde logo Camões morreu à fome embora muita gente encha a barriga à sua custa e dos seus versos. Mas a ignorância é transversal à sociedade. Não basta lembrar que a secretária de Santana Lopes recebeu a incumbência de agradecer um livro ao escritor Machado de Assis. Eu próprio vivi durante cinco anos muito perto do escritor Alves Redol em Vila Franca de Xira mas, mesmo entre as pessoas da «oposição», a verdade é que a figura de proa da família Mota Redol era, para essas pessoas a Dona Inocência porque tinha um colégio de meninas. O escritor Alves Redol era apenas um homem que escrevia uns livros, o primeiro dos quais é um texto antropológico chamado "Glória - Uma Aldeia do Ribatejo".
Sobre as autarquias só uma «história» absolutamente terrível: um investigador e bibliotecário morreu mas teve o cuidado de deixar toda a sua vasta e valiosa biblioteca ao Município alentejano onde tem raízes. Só que, de repente, alguém descobre que a biblioteca desse senhor, instalada num determinado lugar do concelho, iria fazer muita «sombra» à modesta biblioteca municipal dirigida por um familiar de um indivíduo ligado à Câmara local. Então, para proteger o «tacho» da miúda, toca de desfazer tudo e arranjar maneira de aquele valioso espólio ser entregue à Câmara Municipal da vila de onde esse senhor era originário mas nunca, ou quase nunca, viveu nem trabalhou. Ora aí está. Esses ao pé destes são aprendizes...
9 comentários:
Esta história contada pelo José do Carmo Francisco não me surpreende nada. Cada vez oiço mais histórias do género, relacionadas com autarcas que se julgam donos e senhores das suas terras, usando e abusando do autismo e compadrio.
Visito o teu Casario e aprendo... sabia muito pouco sobre Romeu Correia.
Voltarei para ler mais sobre o Ginjal.Há locais que nos habituamos a ver e que mal conhecemos.
Volta sempre Ana.
Surpreende que este senhor utilize uma expressão tão pirosa como "desde logo" que não significa "a começar por" ou "em primeiro lugar" nem "por exemplo", como sugere a frase "Desde logo Camões".
Ou estou errada?
Afinal de contas, a expressão "desde logo" está ou não bem utilizada?
É que na minha escola primária, "desde logo" indica que uma acção começou algures no passado e continuou ao longo do tempo, no passado ou, mesmo, no presente.
Será que Camões ainda está por aí a morrer de fome?
O senhor Milheiro arranjou mais uma frente de luta contra os "comunistas". A favor de quem?
Seja homenzinho e deixe-se destas coisas.
Não faço ideia que é esta ave que resolveu dar à "Costa" por estes lados. Pelas suas palavras é alguém cheio de equivocos e mal informado. Não vou ligar à provocação política, pelo respeito que me merecem todos os verdadeiros comunistas - onde me incluo - muito menos à espécie de conselho salazarento, final. Senhor Costa d'Almada se me conhecesse, sabia que sou demasiado teimoso para me deixar condicionar, muito menos por quem "canta de galo no poleiro".
Achei interessante a observação da "quasanalfabet" sobre a expressão "desde logo" que, de facto, apesar de estar muito na moda, é quase sempre mal utilizada.
Estranho é que o Dr. José do Carmo Francisco não esclareça.
E o senhor doutor vai sair de cena, rumo ao arquivo, sem esclarecer.
Dessa forma, senhor doutor, não vai ajudar os inúmeros abnalfabetos que, "desde logo", nós (não o senhor doutor)somos...
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