sábado, setembro 27, 2025

Almada: uma cidade que perdeu qualidade de vida e identidade (três)


Não é que eu seja adepto das obras quase "faraónicas", mas em oito anos de governação socialista, não foi feita nenhuma grande obra, estruturante, que beneficiasse os almadenses.

Quando vim viver para Almada em 1987, nem sequer tive a sensação do pouco que existia, no campo da oferta social, cultural e desportiva. Só no começo da década seguinte é que me comecei a integrar e a usufruir da Cidade, que tinha começado a construir duas obras essenciais para o seu crescimento, o Pavilhão dos Desportos do Laranjeiro (à época era dos melhores do país) e o Fórum Romeu Correia, que oferecia, finalmente, a todos os cidadãos locais, uma biblioteca com condições para satisfazer a curiosidade literária e as necessidades de estudo de uma grande comunidade, especialmente os jovens estudantes. Mas esta casa da cultura, além da biblioteca (com dois polos, a sala para gente crescida e a para as crianças...), oferecia um bom auditório, uma sala multiusos (para lançamentos de livros, colóquios, exposições, etc.). Havia também uma videoteca e uma fonoteca.

Houve também duas obras que vi crescer e que sempre gostei de usufruir, que continuam a ser emblemáticas na cidade, a Casa da Cerca (para mim é o melhor miradouro de Almada e um espaço expositivo e de lazer muito agradável, que foi transformada no Centro de Arte Contemporânea e tem acolhido exposições importantes e tem um belo jardim) e o Parque da Paz, o pulmão verde do Concelho, que foi crescendo ao longo dos anos e hoje se prolonga do Laranjeiro até ao Pragal. No campo das culturas poderia falar também do Museu da Cidade ou da Oficina de Cultura, e no desporto, da construção de piscinas e de pavilhões em todas as Freguesias do Concelho.

A única coisa diferente que os autarcas socialistas fizeram foi a, prestes a inaugurar, "Loja do Cidadão", na Romeira, cuja localização é no mínimo questionável, já que está afastada do centro da cidade. Se pensarmos que a CDU tinha adquirido as antigas instalações da EDP, na rua Bernardo Francisco da Costa, mesmo no centro de Almada (que continua abandonada, vá lá saber-se porquê, oito anos depois...), que seria o local ideal para uma infraestrutura do género, estamos conversados...

O que fizeram sim, foi fechar museus (Música Filarmónica, CIAV e Naval),  assim como outras infraestuturas socioculturais, que foram deslocalizadas e  deixaram de servir as pessoas como deveriam, como são os casos do Arquivo Histórico ou o Núcleo Arquelógico do Concelho.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


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