Quando vim viver para Almada em 1987, nem sequer tive a sensação do pouco que existia, no campo da oferta social, cultural e desportiva. Só no começo da década seguinte é que me comecei a integrar e a usufruir da Cidade, que tinha começado a construir duas obras essenciais para o seu crescimento, o Pavilhão dos Desportos do Laranjeiro (à época era dos melhores do país) e o Fórum Romeu Correia, que oferecia, finalmente, a todos os cidadãos locais, uma biblioteca com condições para satisfazer a curiosidade literária e as necessidades de estudo de uma grande comunidade, especialmente os jovens estudantes. Mas esta casa da cultura, além da biblioteca (com dois polos, a sala para gente crescida e a para as crianças...), oferecia um bom auditório, uma sala multiusos (para lançamentos de livros, colóquios, exposições, etc.). Havia também uma videoteca e uma fonoteca.
Houve também duas obras que vi crescer e que sempre gostei de usufruir, que continuam a ser emblemáticas na cidade, a Casa da Cerca (para mim é o melhor miradouro de Almada e um espaço expositivo e de lazer muito agradável, que foi transformada no Centro de Arte Contemporânea e tem acolhido exposições importantes e tem um belo jardim) e o Parque da Paz, o pulmão verde do Concelho, que foi crescendo ao longo dos anos e hoje se prolonga do Laranjeiro até ao Pragal. No campo das culturas poderia falar também do Museu da Cidade ou da Oficina de Cultura, e no desporto, da construção de piscinas e de pavilhões em todas as Freguesias do Concelho.
A única coisa diferente que os autarcas socialistas fizeram foi a, prestes a inaugurar, "Loja do Cidadão", na Romeira, cuja localização é no mínimo questionável, já que está afastada do centro da cidade. Se pensarmos que a CDU tinha adquirido as antigas instalações da EDP, na rua Bernardo Francisco da Costa, mesmo no centro de Almada (que continua abandonada, vá lá saber-se porquê, oito anos depois...), que seria o local ideal para uma infraestrutura do género, estamos conversados...
O que fizeram sim, foi fechar museus (Música Filarmónica, CIAV e Naval), assim como outras infraestuturas socioculturais, que foram deslocalizadas e deixaram de servir as pessoas como deveriam, como são os casos do Arquivo Histórico ou o Núcleo Arquelógico do Concelho.
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
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