sábado, junho 24, 2006

Ensaios Para o Ginjal


Não vou ao teatro tantas vezes como gostaria, por várias razões. A desculpa mais fácil que descubro é o facto de ter em casa duas criancinhas, de dois e oito anos, que não me permitem muitas "escapadelas" nocturnas. Embora o preço dos bilhetes, também não seja muito convidativo, pelo menos para quem tem um salário considerado normal, neste país pequenote, cada vez mais desigual.
Mas isso não invalida que goste bastante de teatro. Além de ter um grande respeito pelos actores, capazes de "viverem tantas vidas" mesmo que sejam a brincar, sinto que muitas peças funcionam como um espelho da sociedade e até das nossas próprias vidas...
É por isso que vos vou falar dos "Ensaios Para o Ginjal" de Tchekhov, aqui no "Casario", em cena no Teatro da Cornucópia.
Esta peça retrata a confusão financeira de uma família que se vê na eminência de perder o seu bem mais precioso, a quinta e o respectivo Ginjal. Desenterram-se memórias, destapa-se o passado... mas o mais engraçado é a maneira como as gerações diferentes olham para o dilema. Para os mais velhos a perda daquele espaço onde foram muito felizes, é quase o "fim do mundo". Para Ania, a personagem feminina mais jovem, a venda do Ginjal é um bilhete para uma vida nova, a possibilidade de poder plantar outro jardim mais bonito, algures por aí...
Esta peça pode facilmente ser transportada para os dramas que preenchem o dia a dia dos portugueses, que segundo as estatísticas, estão cada vez mais endividados e a mais de meio caminho de perderem os seus "Ginjais"...

4 comentários:

Luis Eme disse...

Concordo perfeitamente com o António. O que seria da nossa vida sem os nossos "Ginjais", que vão ganhando formas cada vez mais perfeitas nos nossos sonhos?...

Anónimo disse...

Gosto do Ginjal e gosto do Tchecov.
E também gostei do teu Casario. Tens bom gosto.

Luis Eme disse...

Ainda bem que gostaste do "Casario". Também gosto do Tchecov, e claro, do Ginjal. Aparece sempre que te apetecer.

Minda disse...

Adoro ginjais... traz-me à memória gratas recordações da quinta dos meus avós, no ribatejo. Mesmo depois de vendida (não sei o meu drama familiar se assemelhou ao desta peça de teatro aqui postada - que muito gostaria de ir ver, porque ADORO tatro), esta quinta da minha infância, é o meu local preferido quando preciso de me refugiar nos sonhos bons que me alimentam o espiríto para recuperar forças e enfrentar as chatices do quotidiano...