Almada continua a comemorar Abril, trinta e seis anos depois.
Muita coisa mudou nestes anos, até a presidente já começa a receber coros de assobios, durante o seu discurso, mesmo com a distribuição de cravos e com a música de Janita Salomé e dos "OqueStrada", uma banda cá do burgo.
Mas o que mudou para pior foram as licenças para vendedores. Este ano apenas foi permitida a venda a três "roulotes", na praça S. João Baptista (hoje disseram-me que na rua em frente ao Fórum, estavam mais duas roulotes...), cada uma com a sua especificidade ( farturas, pão com chouriço e comes e bebes). O facto de só existir um vendedor de farturas na praça, fez com que surgissem filas intermináveis, para quem gosta de saborear este frito português com um cházinho, em casa, sem ter sequer possibilidade de escolha.
Sei que o comunismo de Almada há muito que se confunde com outras palavras acabadas em "ismo", especialmente nos direitos dos seus trabalhadores, só não esperava que alimentassem estes pequenos "monopólios" de uma forma tão notória (deve ter sido uma noite em cheio para estes três comerciantes, ao contrário dos outros, escondidos...), numa data que nos é tão querida, que não se resume apenas a discursos, que acabam com gritos de "25 de Abril Sempre", com a sempre cantável, "Grândola Vila Morena" e com um excessivo fogo de artifício.
Sobra a beleza do cartaz deste ano, do artista plástico almadense, Albino Moura...
10 comentários:
Isso me levou a pensar na maneira que a grande maioria das pessoas se relacionam hoje em dia, formando pequenos guetos. Nem em criança fiz parte de grupinhos...detestava, me dava com pessoas de tribos diferentes e desde sempre fui questionada por essa maneira de ser.
Enfim... Viva a Liberdade, Viva o 25 de abril. :)
Beijinhos, Luis
Farturas no 25 de Abril?!
Que saudades de comer uma fartura! Então não é que vou mesmo sair de casa, de propósito , para comprar umas farturas! Que se “lixe” as calorias! Perdoe-me a gíria, Luís, mas soube-me bem escreve-la neste contexto! : )
Até os potenciais vendedores de rua têm dificuldade em transpor a barreira monopolista erguida pela Câmara. Ainda conta o “quem conhece quem”!
Ó Luís, 'comunismo' em Almada? Como se fosse uma ilha isolada do resto do país? Não me parece...
Beijinho.
Lindo o cartaz!
Por aqui só vi balões à venda e olha que a noite resfrescou, sabiam bem as tais farturas!
Abraço
Quando Zeca Afonso cantava, a determinada altura, "terra da fraternidade" não se referia, era claro que não - ou estaria enganado - a Almada.
O texto que acabas de escrever é elucidativo do que até nesse aspecto, de torna discricionário na terra (Almada) que me viu nascer.
Viva o que resta de Abril, Cris...
conta tanta coisa, Catarina.
e dias não são dias...
eu sei que não somos uma ilha, Maria, mas algumas concessões feitas ao "capitalismo", incomodam-me.
e de "monopólios", só mesmo o jogo com os meus filhos...
sabem sempre bem, mas as filas, nem por isso, Rosa...
há coisas que não compreendo, esta é uma delas, Observador...
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