segunda-feira, dezembro 04, 2006

Um Mundo Cheio de Barreiras e Obstáculos

Tenho alguma alergia aos dias mundiais, internacionais ou nacionais do que quer que seja, porque são sempre aproveitados por um número incontável de demagógicos e hipócritas, que adoram espreitar e falar para as câmaras e microfones. Prometem mil e uma coisa, no ano seguinte, fazem a mesma coisa... com o mesmo sorriso nos lábios e a mesma "falsa" boa vontade.
Vou abrir uma excepção e falar do dia dos deficientes, quase sempre tão mal tratados e amados no nosso país. Apesar de darem provas de serem uns grandes campeões (e não estou a falar apenas das suas proezas olímpicas), no dia a dia, tal é a força de vontade com que lutam diariamente contra todas as barreiras e obstáculos colocados em lugares chave das suas vidas.
São esquecidos e ignorados nas ruas, nos prédios, nas escolas, nos centros de saúde, nas repartições públicas, etc, como se não existissem, ou os seus lugares se confinassem às suas casas...
Almada, além de ter os passeios mais desnivelados e esburacados que conheço, é uma cidade cheia de obstáculos e perigos, para quem anda de cadeira de rodas.
É por isso que me apetece gritar: «Já chega! Basta de palavras vãs e sem sentido! Parem e olhem para todos os lados!»

11 comentários:

Dulce disse...

Tal como prometido, voltei a passar por aqui, agora com mais tempo...

Também já tive uma postura como a sua, no que respeita aos dias internacionais, mundiais, etc.
Mas com o tempo cheguei à conclusão de que a maioria deles faz sentido que se assinalem...

É que assinalar determinadas datas é a única forma de alertar e sensibilizar a sociedade civil e os demais para questões/problemáticas/lutas que não parecem ter fim à vista.

No caso da data de hoje, que o Luís tão oportunamentos nos lembrou... a dos deficientes.
Pessoas que à partida se vêm confrontadas com muitos mais problemas que nós... diariamente deparam-se com enormes obstáculos, barreiras intransponíveis...
e não falo só de barreiras materiais, mas também das fisícas e psicológicas...
Das barreiras preconceituosas e egocêntricas que muitos teimam em construir...
...
Em boa hora veio o seu apelo Luís.
Já é tempo de deixarmos de nos concentrar no nosso umbigo e de olharmos para o lado...

Flôr disse...

Infelizmente não é só em Almada que há falta de acessibilidades...
Impressiona-me que edifícios novos continuem a ser projectados sem acessos a cadeiras de rodas, pois há sempre um degrau para subir ou descer....
Mas cá estamos nós para continuar a fazer "barulho" para que algumas mentes se iluminem...

Luis Eme disse...

Apesar do que disse, Dulce, também sinto que estas comemorações fazem sentido, porque pelo menos há um dia no ano em que se fala disso... e um é sempre mais e melhor que zero ou nada...
Infelizmente, não tenho muitas dúvidas de que somos o país da Europa que trata pior os deficientes, a todos os níveis.

Luis Eme disse...

O problema das acessibilidades é o mais visivel para todos nós, mas não é menos grave que as barreiras que ainda existem, tanto na educação como no mundo laboral.
Ana, dizes muito bem, o que é preciso é continuaremos a fazer barulho!

Rosa dos Ventos disse...

Também me irritam um pouco essas comemorações. Umas vezes porque são ridículas, outras porque cumprem apenas calendário e volta tudo ao mesmo de sempre.
Todos os dias deviam ser dias de pensar naqueles que, no quotidiano, têm dificuldades iguais às nossas e ainda outras, gravíssimas, que até têm solução.
De facto, é tempo de agir !

Menina Marota disse...

Por vezes os dias Mundiais servem para, pelo menos naquele dia, muita coisa ser lembrada. Tal como o Dia da Ceiança, o Dia do Idoso, porque de outra forma, ninguém se lembraria deles...

Com o deficiente é, infelizmente, a mesma coisa...

«Já chega! Basta de palavras vãs e sem sentido! Parem e olhem para todos os lados!»

Mas o problemas é que mesmo depois de serem alertados os problemas, o resto do ano, mais ninguém fala dele, até ao próximo Dia...

Um abraço solidário

Luis Eme disse...

Colocaste o dedo na ferida, "Rosa dos Ventos", somos um país cada vez menos solidário, pelo menos de uma forma anónima e desinteressada...

Luis Eme disse...

Sinto que baixamos demasiado os olhos e os braços, a estas histórias de festarolas de um só dia, tão ao gosto dos políticos, "Menina Marota".

Minda disse...

Dias mundiais disto e daquilo mais não servem do que mostrar as nossas fragilidades e atitudes egoístas durante o resto do ano.
Mesmo assim, apesar da muita hipocrisia que se esconde por detrás de certas comemorações, não deixo de achar que é importante que estes se assinalem, embora o sentido de oportunidade se comece a banalizar o que transforma o seu significado em coisa nenhuma.
Quanto aos dificientes, só acrescento uma coisa ao que foi dito: enquanto não eliminarmso as barreiras que existem na nossa mente não são as rampas de acessibilidade que vão resolver o problema. Elas podem e devem existir, como é óbvio, em termos arquitectónicos mas os maiores entraves estão na forma como encaramos e integramos essas pessoas em termos sociais e profisisonais, por exemplo.

Minda disse...

Peço desculpa pelos lapsos de português (algumas palavras e pontuação)... deve ser do tempo que aqui por Santarém se faz sentir e me deixa nervosa (sempre é melhor desculpa do que dizer que quero escrever depressa demais e, depois, dá asneira).

Luis Eme disse...

Concordo contigo Minda...