sábado, dezembro 16, 2006

Contra a Corrente

Raramente concordo com as opiniões de Pulido Valente e Pacheco Pereira. Exageram sempre, quando se tentam demarcar da "opinião geral".
Em jeito de piada, até escrevi num dos meus cadernos, que não sabia, como é que tanto um como o outro, ainda não tinham sido apanhados a circular em sentido contrário, em qualquer autoestrada do nosso país...
Aliás, aquela sua vontade imensa de contrariar o senso comum, é de tal maneira exagerada, que os obriga a dizerem autênticas barbaridades (especialmente o Valente, muito pouco Pulido quando lhe dá para inventar...). Mas na sua crónica de ontem, o Vasco falou muito bem sobre a corrupção no nosso país. Quando ele diz que, «A corrupção no futebol é, além disso, a corrupção mais popular. Não a mais grave, não a mais comum, nem sequer, coitada, a mais prejudicial. Os "negócios" fazem coisas com que nunca sonhou o pior aldrabão do futebol. Mas fazem o que fazem discretamente, sem um nome à vista e em operações tão complicadas que ninguém percebe», retrata bem este país, cheio de gente que tem enriquecido, sobretudo à custa do próprio Estado.
Histórias sobre os dinheiros que vieram da Europa, existem quase para todos os gostos. Algumas envolvem ministros, outras banqueiros, mas a maior parte tem como actores principais, empresários, especialmente da construção civil, que tiveram no cavaquismo, a sua "galinha dos ovos de ouro"...
É por isso que estranho que o Pacheco Pereira ataque tanto o futebol e se esqueça destas negociatas, feitas nas suas barbas, quando era um dos guardiões do cavaquistão.
É pena que muitos dos que sabem destes episódios não sejam mais concretos (inclusive jornalistas)...
Pulido Valente até conseguiu terminar a sua crónica de uma forma brilhante: «A Corrupção no futebol é uma ínfima parte da corrupção geral do país. E serve sobretudo para a esconder.»

2 comentários:

Alice C. disse...

Também não acho muita piada a estes dois fazedores de opinião, que estão de facto sempre contra a corrente.
Essa de serem apanhados em contramão, está bem apanhada.
Eu não direi que somos um país de corruptos, somos sim um país onde ainda há a tradição de pagar favores. Ainda me lembro da minha avó além de pagar as consultas do médico, levar uma dúzia de ovos caseiros e uma galinha, de quando em quando. Infelizmente esta prática continua, só que já não se faz com ovos e galinhas, Luís.

Luis Eme disse...

Estás um pouco confundida Alice, o suborno é um primo direito da corrupção. A história dos ovos e das galinhas, são de outro país, que já era...
O problema é que este país pertenceu sempre a apenas meia dúzia de senhores... e assim continua, embora nesta meia dúzia, já se comece a falar portunhol...