«[...] A boina basca, a barba aparada e o fato completo, aliados à sua figura imponente, foram a sua imagem de marca durante anos a fio nas ruas de Lisboa.
Júlio fez da vida um autêntico manifesto cultural, sempre fiel a quatro coisas: o surrealismo, o anarquismo, a mulher e os filhos, que felizmente, nunca lhe faltaram pela vida fora.[...]
Júlio Verne dizia, aos sete ventos, que quase tudo o que aprendera sobre o mundo fora nas mesas de café.
Mas a faceta mais curiosa e inimaginável da sua vida, era o facto deste artista surrealista alfacinha nunca ter saído de Lisboa. Dizia, orgulhosamente, que devia ser o único lisboeta que jamais saíra da sua cidade.
Júlio nem sequer tivera a tentação de atravessar o Rio Tejo em qualquer barca para apreciar as saborosas mariscadas de Cacilhas... quanto mais envolver-se em outras viagens por esse mundo fora. [...]
In "Um Café com Sabor Diferente", de Luís Alves Milheiro, ilustrado pelo óleo de Carlos Botelho, "Lisboa e o Tejo".
2 comentários:
Esse Júlio Verne de Lisboa, existe ou existiu mesmo, ou não passa de uma personagem romanesca?
Este não existiu... mas poderão ter existido personagens similares, porque Lisboa continua a ser demasiado grande, capaz de albergar gente de todo o género, inclusive idealistas e sonhadores...
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