«Ao longo deste cais viaja connosco a memória dos tanoeiros, a azáfama dos pescadores, a abundância de um rio que era transparente onde o dorso dos golfinhos se confundia com as sereias e os tritões das estórias inesquecíveis de Romeu Correia.
Vista assim deste lado, a ponte é uma linha harmoniosa que se abre sobre o horizonte, desafiando o azul até lá, onde o Tejo já é oceano e a silhueta das naus ainda é possível aos semeadores do Tempo-a-Haver.
Aqui o vento é brando e perfumado de maresia.
Caminho protegida pelo perfil das casas onde é fácil reinventar os rostos que as povoaram e parecem espreitar ainda, silenciosos, nas janelas mais altas, inventando romances de viagens e sorrisos de marinheiros.
Por entre as casas nascem os pátios, ervas breves, penumbras de mistério e humidade. Das paredes, os azulejos desaparecem, lentamente.
Pequenos fragmentos de louça, cordas, bocados de madeira, aromas inconfundíveis de um tempo que nos devolve o eco de vozes laboriosas mas para sempre presentes. [...]
Ao fim da tarde Lisboa ilumina-se. A ponte é uma linha suspensa. Os pescadores recolhem os baldes, as linhas e os iscos. [...]
Como diria Pessoa: "Todo o cais, é uma saudade de pedra".»
(In "Almada - uma gaivota no vento", capítulo: Ao Longo Deste Cais.
Da autoria de Maria Rosa Colaço - texto - e Carlos Canhão - aguarelas)
6 comentários:
Vou ver se me lembro de passear um dia destes com o vento brando e o cheiro da maresia, do Ginjal. Bonito texto, convida á leitura e ao passeio.
Espero que tenha passeado pelo Ginjal, nesta minha ausência voluntária, em tempo de férias, onde cheirei a maresia forte do Atlântico, na Costa Vicentina.
Bonito texto, bonita aguarela.
Descobri o Casario do Ginjal hoje, por acaso.
Parabéns. É um espaço agradável, de ler e olhar.
Obrigado pela visita e por ter achado este espaço agradável.
amigo...omtem me hicieron un regalo muito especial ...Uma gaivota no vento...un abrazo não sei si me dejará enviar comentarios....
omtem me regalaron uma gaivota no vento...un abrazo amigo
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