quarta-feira, março 10, 2021

Almada, Terra de Cultura e de Artistas


Eu sei que a Cultura ainda é pior que o futebol, no campo da distribuição dos dividendos: são ainda menos os que ganham muito e muito mais os que ganham pouco.

Quando se vive numa terra como Almada, que sempre se gostou de afirmar pela Cultura (mesmo que muitas vezes fosse uma coisa "postiça", mais política que real), é normal que exista mais gente do que se pensa, a passar mal, a ver o chão a fugir-lhe dos pés nestes tempos pandémicos.

E nesta Cultura, há duas áreas que sobressaem, a música e o teatro. Na Arte de Talma, além de existirem duas companhias profissionais, existe mais de uma dezena de grupos, que vivem entre o amador e "fingimento" que se é profissional. No panorama musical, as bandas de culto quase que se resumem aos UHF (os Da Weasel, ainda estão só a "treinar" para o regresso...), mas existem largas dezenas de músicos, uns profissionais, outros quase e outros ligeiramente mais longe, que se espalham por bandas profissionais, estúdios de gravação e bandas de garagem (ainda existem muitas...). E depois ainda temos aqueles que queriam ser actores e músicos, mas que acabaram por ficar pelo caminho e hoje são apenas técnicos de som, técnicos de luzes (eles gostam mais que se diga luminotécnica e sonoplastia...) ou simples "carregadores de instrumentos". Embora no teatro exista menos espaço para "pessoal de fora" do palco (há muitos grupos em que os actores até vendem bilhetes...).

Ou seja, são muitas as famílias almadenses, com o futuro incerto, para além dos pobres do costume, que habitam os bairros clandestinos e (pouco) sociais. 

Não sei se o Município tem feito alguma coisa por toda esta gente. Acredito que deve ter dado algum apoio, até porque a presidente veio das culturas (das artes cénicas). Mas quem apoia, como sempre, são os pais e avós, que voltam a ser o "amparo" destes jovens de pelo menos duas gerações, que se estendem dos vinte aos cinquenta...

Em alturas como a que estamos a viver, vale menos de nada, ser artista, mesmo numa terra que gosta de se afirmar pela Cultura...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

A cultura já era o parente pobre português antes mesmo da pandemia.
Abraço e saúde

Graça Pires disse...

E como estão a passar dificuldades todas as pessoas ligadas à arte...
Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo Luís.
Um abraço.