segunda-feira, outubro 04, 2010

Vivas à República em Almada


Almada faz jus à sua situação geográfica, na Margem Esquerda do Tejo e sempre que pode antecipa-se às revoluções, foi assim a 23 de Junho de 1833 e também a 4 de Outubro de 1910. E se recuarmos mais algum tempo, em 1580 também vendeu cara a derrota aos espanhóis...

Voltando ao 4 de Outubro, de há exactamente cem anos, a presença de dois dirigentes republicanos e a acção dos agentes políticos locais, com realce para Bartolomeu Constantino, sapateiro de profissão e ainda mais revolucionário que os próprios republicanos, graças ao seu ideário, próximo do socialismo e do anarquismo, fizeram com que Almada se tornasse republicana, antes do tempo.

Bartolomeu Constantino tinha qualidade oratórias invulgares e foram as suas palavras, junto das fábricas, que conseguiram trazer para a rua cerca de oito mil operários, que percorreram as principais artérias de Almada, com vivas à República, e claro, com outros "mimos" muito menos agradáveis, em relação ao Rei, à Monarquia e à própria Igreja.

O cortejo revolucionário só parou em frente aos Paços do Concelho, ocupados pacificamente e onde se ergueu a Bandeira do Centro Republicano Capitão Leitão e se fizeram discursos inflamados pelas principais figuras da revolta.

O Castelo de Almada também foi ocupado, com a cumplicidade da guarnição, que viu ser içada a Bandeira do Centro Republicano Elias Garcia.

E mais uma vez se fez história em Almada, antes do tempo...

A ilustração mostra-nos Bartolomeu Constantino, que Romeu Correia apelidou de "Idealista sem Mácula" e cujo falecimento em 1916 foi um acontecimento nacional, com a presença de mais de vinte mil pessoas, tendo sido erguidas no Cemitério dos Prazeres oito tribunas para que usassem da palavra todos os oradores inscritos para lhe prestarem homenagem. O cortejo fúnebre contou ainda com a presença de três bandas filarmónicas: a Academia Verdi, de Lisboa e a S.F.U.A. Piedense e a Academia Almadense, de Almada.

4 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

E viva a República em Almada!
Hoje e para sempre... :-))

Abraço republicano

Luis Eme disse...

Viva a República em Portugal, Rosa!

Lear disse...

Eram outros tempos em que os almadenses tinham coragem.
Hoje, podem-lhes pôr os pés em cima como a edilidade almadense põe, que a maioria dos almandense nem tuge nem muge.
Não admira que Almada esteja a morrer!

Luis Eme disse...

sim, os tempos são diferentes, mas não é só Almada, Lear, é o país que amorfou...